A iminência de crise global, antecipado pelo crash do mercado japonês, trouxe de volta a sombra de Nikolai Kondratiev, o economista russo que Lenin nomeou para a chefia de planejamento da economia soviética nos anos 1920. Ainda não havia sido desenvolvido o conceito da “mão invisível” do mercado.
Quando ocorreu a Grande Depressão, de 1929, Kondratiev previu o renascimento do capitalismo na etapa seguinte.
Os ciclos de Kondatriev foram desenvolvidos analisando o comportamento da economia capitalista.
O economista identificou três fases principais:
- Expansão: quando inovações tecnológicas ampliam os investimentos, ao aumento da produção mas, concomitantemente, a uma concentração da riqueza.
- Estagnação: quando ocorre a desaceleração da economia, com menor investimento e aumento do desemprego.
- Recessão: período de contração econômica, com queda da produção e aumento da inflação.
Kondatriev dividiu as ondas em ciclos longos e ciclos curtos. Os estudiosos identificaram cinco ciclos longos.
- Primeira Onda (1780-1840) – Revolução Industrial:
- Ascensão: Inovações na tecnologia de tecelagem e metalurgia.
- Declínio: Saturação do mercado e crise de produção.
- Segunda Onda (1840-1890) – Expansão das Ferrovias e Aço:
- Ascensão: Desenvolvimento das ferrovias, telégrafo, e produção de aço.
- Declínio: Saturação de investimentos em infraestrutura e crise financeira.
- Terceira Onda (1890-1940) – Eletricidade e Química:
- Ascensão: Inovações na eletricidade, química e automóveis.
- Declínio: Grande Depressão e saturação tecnológica.
- Quarta Onda (1940-1990) – Eletrônica e Tecnologia da Informação:
- Ascensão: Desenvolvimento de eletrônica, computação e telecomunicações.
- Declínio: Crise do petróleo, inflação e recessões dos anos 70 e 80.
- Quinta Onda (1990-presente) – Tecnologia da Informação e Comunicação:
- Ascensão: Expansão da internet, biotecnologia e tecnologias de informação e comunicação.
- Declínio: Crises financeiras e bolhas tecnológicas.
No período 1938-1973, o Brasil foi o segundo país com maior crescimento no mundo, atrás apenas da União Soviética: cresceu 16 vezes, contra 19 vezes da União Soviética e 11,7 vezes do Japão, terceiro colocado.
Mencionado no trabalho “O Quarto Ciclo de Kondratiev”.
A quinta onda de Kondratiev começou em 1990 e, ali, o Brasil perdeu o bonde da história.
Agora, pode se estar chegando ao fim da 5ª onda. Em outros momentos, houve bolhas, como as do Japão, no início dos anos 90, a bolha das empresas de tecnologia, uns dez anos depois.
A questão é identificar as relações de causa-efeito entre economia influenciando a política, que influencia a economia novamente.
Nos anos 10/20, o fim de um ciclo legou uma concentração enorme de riqueza, bolhas financeiras pipocando em várias partes do mundo, até eclodir na Primeira Guerra e, posteriormente, na Segunda Guerra Mundial.
A saída deveu-se a Franklin Delano Roosevelt, com o New Deal, um planejamento econômico visando enfrentar o desemprego – que explodiu após a crise de 1929 – e recuperar a economia via aumento dos gastos públicos e políticas sociais inclusivas.
Foi o que o Brasil fez no longo trajeto entre 1930 e 1964, quando o processo de inclusão e de criação de uma classe média robusta esbarrou no golpe militar.
O quadro atual do mundo ocidental induz a se pensar em um fim de ciclo:
- Uma riqueza financeira muitas vezes maior do que a riqueza econômica.
- A necessidade do capital ir atrás de remunerações crescentes.
- Todo o ajuste das economias nacionais dando-se em torno da alta volatilidade do mercado de câmbio.
- Concentração de riqueza reduzindo o dinamismo do mercado de consumo, e enfraquecendo mais ainda a economia real.
- O fracasso do modelo democrático em promover a melhoria de vida da população, levando a um movimento mundial de desconstrução das instituições.
- O avanço do crime organizado em todos os níveis.
- Agora, a emergência de guerras cada vez mais internacionalizadas.
Essa soma de problemas faz com que os personagens dos mercados globais andem permanentemente com a mão no revólver, aguardando o primeiro prenúncio forte de queda para desovarem seus ativos.
O caso do Japão foi simbólico. Com o yen com taxas de juros praticamente em zero, tomadores do mundo inteiro recorreram aos mercados do Japão. A possibilidade do FED (o Banco Central norte-americano) reduzir as taxas de juros significa uma alta no valor de face dos títulos públicos norte-americanos. Houve um primeiro movimento de fluxos financeiros, promovendo uma apreciação do yen. A apreciação do yen, frente o dólar, significa um encarecimento das taxas de empréstimo do Japão. O resultado foi a corrida que derrubou os mercados japoneses.
Agora é aguardar novos soluços da economia mundial, até a grande bolha financeira ser definitivamente furada. E saber se, desta vez, o Brasil se comporta como JK nos anos 50, ou como os militares nos anos 70, promovendo o crescimento à custa de uma enorme bolha de endividamento externo.
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NASSIF TENH O UNS BILHÕES SOBRANDO,QUANTO É A COMPANHIA DE “AGUA”LA EM POÇOS?SE TIVER UNS CONTATOS POLÍTICOS Q FAÇA EU COMPRAR COM O PRÓPRIO DINHEIRO DO GOVERNO MELHOR,PODE COBRAR O Q QUISER EU PAGO !!!
Quando eu era muito jovem, e ainda não entendia muito bem como funcionava o mundo, uma das coisas que me impressionaram mais vivamente foram as histórias e o folclore em torno da quebra da bolsa de Nova York, em 1929. Filas da sopa, desempregados sujos e esfarrapados nas ruas, suicídios em série, pobreza generalizada…um verdadeiro apocalipse. As duas primeiras ondas do Kondratiev, destacadas pelo Nassif, mencionam saturação. Por que as outras não? Será que nem da saturação dos mercados, o Capital precisa mais? Depois de emprestar dinheiro a meio mundo de gente, nos anos que antecederam a quebra, e tendo essa gente comprado ações de empresas, que assim expandiram sua produção, os bancos simplesmente deixaram de rolar as dívidas dos ‘clientes’. O excesso de produção não pode mais se colocar no mercado, as ações despencaram, aqueles que haviam tomado dinheiro emprestado aos bancos se suicidaram, as indústrias fecharam as portas, os empregados foram para o olho da rua, onde foram fotografados daquela forma deprimente que até hoje nos assombra, enfim, a bolha estourou. Isso é crise? Ou apenas especulação, que é a base do funcionamento normal do Capitalismo? Algum banqueiro “too big to fail” se suicidou? Duas coisas no pano de fundo dessa crise não mudam jamais: os capitalistas e sua concentração de riqueza, e as bolhas, nas quais o resto da população do planeta está presa. Para esses, a crise; para eles, apenas um recomeço, para o qual não precisam fazer qualquer esforço – basta especular. Que foi o New Deal senão o processo inicial de formação de uma nova bolha, que gerou os famosos 30 anos de glória do capitalismo, e depois estourou nas crises do petróleo dos anos 70? Que foi a Segunda Guerra Mundial, senão o ‘boost’ final para a recuperação do Capitalismo, para uma nova bolha, a trocentésima bolha mundial? A Revolução Russa também cumpriu esse papel. Os bancos mandam no mundo desde a fundação do Banco da Inglaterra, e a partir do século XIX passaram a contar com o auxílio luxuoso das corporações, a partir dos robber barons da América. Essa bolha financeira será sucedida por outra bolha, Nassif. O Capitalismo precisava que seus produtos fossem consumidos, e para isso, precisava captar recursos. Agora ele capta recursos para que seus produtos, agora virtuais, circulem nas veias fechadas do sistema financeiro. Quando a bolha estoura, nós, que estamos dentro delas, somos jogados para fora, sem que façamos falta – já outras bolhas estão se formando, com outros neoinúteis dentro. Não haverá um big bang para o Mercado financeiro. O Mercado financeiro é uma sucessão de big bangs. É a sua natureza, inflar, inflar, e gerar uma nova bolha. A bolha da vez. Essas bolhas não vem de tubulações furadas, vem daqueles copinhos de sabão, vendidos na praia, uma brincadeira de crianças. É uma atrás da outra.
O problema não é o sistema mas a natureza humana podre e falida…
Absolutamente certo, Pulserio. Não se sabe, ainda, da existência de outros povos inteligentes no universo. Mas eu tenho uma certeza inabalável, não são ruins como os terraqueos
Nem piores do que os brasileiros. Pior ser do universo
É da “natureza” do capitalismo ser lucrativo, mesmo que às custas do apodrecimento dos Ambientes Natural e Humano.
“O fracasso do modelo democrático em promover a melhoria de vida da população, levando a um movimento mundial de desconstrução das instituições.”
Vai ver, esse termo, “modelo democrático” consta apenas no Dicionário Capitalista da Novilíngua. Será que democracia é apenas poder votar? Será que democracia é poder fazer tudo que se quiser? Democracia é liberdade absoluta ou é a adoção de um conjunto de regras, leis, tratos e contratos que garanta verter o estado para atendimento a todos de forma isonômica mas aos mais vulneráveis em primeiro lugar?
Quando a barbárie em que o Capitalismo “ocidental” se tornou recorre ao termo “democracia” para destruir as sedes nacionais dos três poderes ou para espalhar mentiras e dissociação cognitiva pelos meios de comunicação às massas, parece que vivendo qualquer coisa menos democracia. Se o povo não está sendo atendido é porque, afinal, não está no poder.
Pode-se pensar em autocracia, em plutocracia, ditadura do capital privado… vários termos exceto num modelo que se possa chamar “democrático” exceto em novilíngua…
Interessante Nassif. Só acho que o Brasil, em função deste último governo, já está estagnado demais. BC independente, classe média alta insatisfeita com o atual governo, (sem motivo nenhum, simplesmente porque foi iludida pelo governo anterior), umas sociedade que tributa os pobres…enfim. Uma série de fatores que na minha opoinião deixa o país praticamente insensivel ao que acontece lá fora. Em outras palavras, O Brasil já está estagnado demais. Muito por causa deste BC. Acho eu.
Estava indo bem até abrir parênteses.
Daqui 72h ele fecha!
Bom dia este é o meu comentário: O BRASIL precisa impulsionar o crescimento interno aproveitando-se do Bom momento vivido atualmente no ótimo crescimento que o país vive e que reflete diretamente na melhora da qualidade de vida da sua população. Ao meu ver o país precisa incentivar cada vez mais a sua excelente agricultura em todas as áreas, promovendo políticas que melhore ainda mais o conhecimento técnico e melhorando ainda mais a renda dos trabalhadores, incentivando-os a permanência na terra. No campo industrial há a necessidade de inovação tecnológica de alguns setores e que pode ser resolvido num curto espaço de tempo, basta haver sensibilidade de algumas pessoas que tem que pensar no crescimento geral do país não só em determinadas regiões.Quanto ao ministério da saúde o governo precisa melhorar mais o que já está melhorado com mais investimentos.em todos os setores que envolvem este segmento, capacitando ainda mais profissionais de níveis auxiliar, técnicos e superiores, para atender ainda melhor a população. No campo da Odontologia o país precisa muito a melhorar, porque este problema é antigo. Eu cito como exemplo o tratamento dentário público que não é capaz de fazer o implante dentário de uma população que sofre a vários séculos. Mas este problema não é de agora e vem de muito tempo e precisa de um seminário Nacional de debate sobre o tema. A população pobre não é capaz de custear o pagamento, na verdade nunca foi. No campo econômico e financeiro precisamos de políticas altamente eficientes pra melhorar as finanças públicas e posteriormente as privadas, porque todos sabem e é comprovado que Município, Estado e Governo federal precisa creditar muito mais do que debitar, pra isto acontecer é necessário uma fiscalização altamente competente nos gastos públicos. Promovendo assim o andamento das 3 esferas. Sempre bem amparado por leis sérias e honesta. Talvez precisando mudar pra melhor algumas leis junto ao Congresso, Senado e STF. Para o bem de todos. Melhor pra todos muito bom para o País….
Nassif, peço licença para um pequeno reparo. O conceito da “mão invisível do mercado” é a essência do pensamento de Adam Smith, um dos pilares do liberalismo clássico, e data do final do século XVIII. Portanto, já existia há muito tempo em 1920.
Acho que houve um soluço, não um engasgo.
A crise dos EUA, com reflexos mundial, é o fim do suprimento de petróleo da Venezuela aos EUA. Para a máquina de guerra…
https://www.youtube.com/watch?v=x23EFRgaBks
https://www.youtube.com/watch?v=o9XN9Dczfwo&t=3s
O mundo não precisa de um novo sistema de economia. Todos os sistemas já se mostraram falhos, sejam de capital particular ou público. Nenhum sistema político até hoje mostrou-se eficiente para melhorar substancialmente a vida humana. Caminhos de esquerda, de direita, de centro, comunismo, socialismo, capitalismo entre outros, dão apenas rumos materiais a seguir. O que a humanidade precisa é de uma mudança de consciência, de um avanço em nossa curta caminhada aqui nesse pequeno planeta de um ordinário sistema solar na borda de uma galáxia média. A humanidade precisa harmonizar o sentido de crescimento material, social, emocional e espiritual. Enquanto nossas decisões forem apenas ancoradas em nossa crença materialista, estaremos sempre à mercê das forças do mesmo nível. No momento em que encontrarmos nossa consciência coletiva de sociedade planetária, essas forças não serão mais capazes de nos derrubar.
Krishna Simpson
Certa a resposta!
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Matéria descrita com base em fundamento lógico.
Há uma diferença fundamental desta vez. Parte dos países (os BRICS) não aceitam mais moedas sem lastro. Ativos sem lastro não serão cobertos por eles. Nem empréstimos extorsivos. Nem acordos bilaterais. Só os ativos reais serão aceitos. Isso muda tudo no comércio global e na acumulação de capital. Usada a régua lógica dos meios reais de produção física, o poderio dos governos ocidentais ficarão seriamente enfraquecidos, pois já dilapidaram suas riquezas e dependem de energia externa. O dólar desmanchando seu poder econômico. A força de trabalho empobrecida. Restará o poderio militar como ameaça efetiva. É de certa forma o que já vem acontecendo.
Não sei porque o Blog do Nassif não tem um cantinho para ouvir as reclamações dos internautas. Dou um exemplo marcante que os Blog e a mídia em geral parece que não está acontecendo Nada.Um Blog também é de interesse dos seus colaboradores, vou dar um exemplo marcante: O INSS e o trf1 estão de mãos dadas no sentido de prejudicar aqueles que mais precisam. Cortam BPCs de maneira vil e o trf1 aprova. De maneira indiscriminada.Assim não né Lula!!!!!!!
Brilhante…. Estouro da bolha está próximo e é inevitável
E é a bolha das dívidas globais