Estão comemorando o quê na economia?, por Luis Nassif

O oba-oba em torno dos últimos resultados econômicos é fruto de uma miopia padrão da mídia econômica

Bolsonaro e Paulo Guedes

O oba-oba em torno dos últimos resultados econômicos é fruto de uma miopia padrão da mídia econômica. A represa tinha 20 metros de água. O nível caiu para 10. Aí subiu para 11 e comemora-se o sucesso.

Vamos aos cinco grupos e classes selecionadas da Pesquisa Mensal da Indústria do IBGE. Em relação ao mês passado, o desempenho foi o seguinte

Vamos analisar o item Bens de Consumo Semiduráveis, que teve o melhor desempenho. A linha azul mostra o índice mensal; a abóbora a média mensal de 12 meses; a cinza, a variação da média de 12 meses sobre o ano anterior. A variação foi 3% menor.

Vamos ver, agora, sobre 12 meses atrás. Houve uma melhoria em Bens de Consumo em geral, motivada pela saída da pandemia.

Agora, vamos analisar o período Bolsonaro. Houve um aumento em bens de capital. Mas Bens de Consumo sofreram queda de 8,5%; Duráveis caíram 22,7%; e Semiduráveis caíram 5,6%

Vamos a uma análise temporal dos indicadores divulgados pelo IBGE. As comparações são em relação à média de 12 meses, para impedir distorções sazonais.

A melhoria relativa em Bens de Capital se deve ao período anterior, em que houve enorme queda no investimento em novas máquinas, obrigando à sua substituição posterior.

Os indicadores que refletem efetivamente o mercado – os bens de consumo – registraram queda generalizada no período bolsonarista.

Pergunto: estão comemorando o quê?

Luis Nassif

3 Comentários

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  1. Subscrevo ao Jose Oliveira de Araújo: eles têm a mesma alma perversa do abominável presidente, aliás, esse é um reles aproveitador: soube que tinha um público que se sentia órfão sem senzala para chamar de sua, e se apresentou como o ‘aresolvedô’.

  2. No Brasil sempre vai existir em tempo de eleição, principalmente presidencial, a utilização de dados econômicos e/ou sociais para pautar a dinâmica das disputas. A mídia reflete interesses diversos e de acordo com o grau de influência desses interesses. Entre os dois pólos divergentes na disputa federal, foi pretendido o surgimento de uma chamada terceira via. Não aconteceu o emplacamento dessa tentativa, persistindo essa polarização. O fato é que o desempenho da economia brasileira em mais de uma década não é dos melhores. Como não há qualquer interesse maior em mudar esse estado de coisas, uma vez que tudo dependeria dos detentores de capital, a indefinição sobre o que vai ocorrer na eleição oferece algum tipo de condição para um posicionamento final. Os interesses do País ficam relegados a segundo plano. Quem quer o crescimento do Brasil. Goste-se ou não de um ou outro governo, pressões corretas para dar um rumo ao desenvolvimento sempre aconteceria, já que perder tempo significa perder dinheiro e oportunidades dificultando a tarefa do crescimento/desenvolvimento. As elites nacionais cruzaram os braços em relação aos destinos do País e apenas defendem as suas migalhas, que às vezes são bem robustas. Como foi bem salientado pelo GGN nessa publicação, descer e subir com efeito de dar três passos pra trás e um pra frente, festejando com alvoroço e estardalhaço tornou-se lugar comum. Os países refletem o espírito de suas elites mesmo em meio a imperfeições e contradições. Ser participantes desse processo define o lugar que ocupam no Mundo.

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