O Banco Central e a marcha inapelável para a estagnação, por Luís Nassif

O cenário provável é uma marcha para a estagnação, abrindo espaço para a volta das milícias que se aglutinaram em torno do bolsonarismo

O Ministério Público das Contas – do Tribunal de Contas da União – abriu uma investigação sobre as suspeitas de manipulação da taxa Selic. O incansável procurador Lucas Furtado quer saber se há conluio entre instituições financeiras para manipular expectativas e manter a taxa elevada. Com acesso aos dados do Relatório Focus – e às declarações públicas do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto – não haverá como não constatar a manipulação.

Seja quais forem as consequências, é a primeira vez que se entra na cidadela de informações do BC, o último dos redutos indevassáveis do setor público, ao lado dos serviços de inteligência das Forças Armadas.

Há décadas, os BCs têm se constituído no principal empecilho ao desenvolvimento das nações. E isso se deve ao ponto mais vulnerável das economias: o mercado cambial, quando se permite o livre fluxo de capitais.

A lógica é massacrante. O mercado cria um ambiente negativo, há uma saída de dólares. Com menos dólares, ocorre uma desvalorização do real, com impactos sobre os produtos comercializáveis. Aí o BC aumenta os juros, os dólares voltam, provocando uma valorização do real.

Esses volteios fazem a festa dos grandes traders, aqueles que controlam e, por isso mesmo, sabem se antecipar aos movimentos de reversão de expectativas.

Mas, ao mesmo tempo, é o principal empecilho para o capital que interessa: o de investimentos.

E aí entramos em uma diferenciação fundamental, mas que, invariavelmente, é escondida pela imprensa: os diversos tipos de capital estrangeiro. Todo esse movimento em torno da Selic beneficia exclusivamente o chamado capital-gafanhoto – aquele que entra, morde e sai. Interessa-lhe apenas ganhar com os juros da dívida pública ou fazer operações de arbitragem, adquirindo empresas em dificuldade e passando para frente. Ou então, entrando na lambança com privatizações fajutas, como as recentes com refinarias e distribuidora da Petrobras, Eletrobras e outras empresas de serviço público.

O capital virtuoso é o que entra, ergue fábricas, gera empregos e traz novas tecnologias. E esse capital foge das oscilações cambiais como o diabo da cruz.

O retorno de um investimento produtivo pode ser mensurado na moeda local. Estuda-se o mercado de consumo, estima-se uma curva de vendas, de custo e, a partir daí, estima-se a rentabilidade do investimento em reais.

Na hora de converter os dividendos em dólares, no entanto, dependem fundamentalmente da taxa de câmbio do momento. Se for desfavorável, pode-se perder no câmbio tudo o que se ganhou na atividade operacional. E vice-versa, pode-se ganhar também. Mas essa instabilidade não é adequada à atividade produtiva.

Assim, todo o jogo especulativo em torno da Selic, das taxas longas e do câmbio, atraem apenas capital-gafanhoto. No entanto, tem-se uma economia prisioneira dessa escalada especulativa, pelo receios dos governantes de montar controles de capital ou, ao menos, penalizar o capital-gafanhoto.

Em algum ponto do futuro, essa corrente será rompida. No Brasil, provavelmente depois que todos os países desenvolvidos aposentarem essa loucura da política de metas inflacionárias – que propõe o remédio juros para qualquer tipo de doença.

Mas só ocorrerá quando baixar dos céus o Senhor Crise. E ele está distante, na medida em que o país ficou prisioneiro, também, da comodidade de reservas cambiais robustas.

O cenário mais provável, portanto, é de uma marcha inexorável para a estagnação, abrindo espaço para a volta das milícias que se aglutinaram em torno do bolsonarismo, jogando fora todos os trunfos que permitiriam ao Brasil voltar a ser um nação de futuro.

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11 Comentários

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  1. Gostaria de perguntar…E o Haddad que disse que (14.mai.2024) a ata do Copom apresentou um posicionamento “técnico” dos diretores do Banco Central quanto ao corte de maio na Selic.
    É ingênuo, coluna do meio ou foi cooptado?

  2. Rapaz, uma medalha para o procurador, que resolveu procurar a fórmula da água e o nexo causal entre hidrogênio e oxigênio.

    Ufa.

    Pensando bem, o “incansável”(e quem sabe mal pago e trabalhando em condições parecidas a de um gari ou um lavrador (quem sabe?) está sendo homenageado por procurar o óbvio.

    Nestes tempos bicudos, é sim, um ato de coragem (sem ironia).

    Me espanta que em pleno século XXI, Nassif, que como eu vem do outro século, acredite que haja “capital virtuoso”.

    Hehehehe.

    Tão útil como uma freira no bordel.

    E não estou falando mal das “primas”, mas sim da péssima influência que deve ser a freira, que simboliza e acredita em uma virtude que se justifica em hábito e celibato.

    Não pode ser sério, né, por isso prefiro a ética das primas:
    “Lavou tá novo, e pagando bem,que mal tem?”

    Voltando ao “capital virtuoso”, Nassif nos brinda com manobras de retórica, ensina o economês, mas não desvenda o mistério:

    Se o capital pode ser virtuoso, onde e quando ele se transforma nesse “monstro” insaciável e como vamos evitar essa metamorfose?

    Conversando?

    Mostrando que vale esperar 5 a 10 anos de taxa de retorno de 4 a 6% ou até 10, ao invés de lucrar isso em 3 meses?

    Capital virtuoso seria o capital patriota?

    Olha, em outro século, o XIX, um velho barbudo disse que o capital é apátrida.

  3. Eles estarão garantidos porque as milícias, naturalmente formadas por covardes, só atacam indefesos; jamais os atingirão. E depois tem os jatinhos “tenho porque posso”… pra qualquer emergência, né?
    Ademais, também precisam justificar pra si próprios que o Brasil não vale a pena… PRA MORAR, óbvio.

  4. Vamos assistir de camarote o capital gafanhoto agir Cobaso e Petz se uniram, em SP há muitas lojas uma perto da outra e tchau tchau empregos enquantp isso a extrema direita disfarçada de direita conservadora alimenta e estimula seus soldados raivosos Tchauu tchau direita conservadora, já a esquerda q ao bem da vdd já tá criminalizada até mesmo pelos vídeos massacrantes e hipniticos da internet tem o seu publico só q essa “esquerda do crime ” nem é esquerda é um setor humanista social desenvolvimentista rotulada de mal,a vítima maior nas eleições será a diteita tradicional mesmo ela se fingindo de Bolsonarista,o modus operandi das eleições
    passadas reflete já nestas pesquisas, a esquerda do mal a frente e os isolados do ódio atrás combatendo com a ajuda da bolha da internet !!! OBS.; Iria escrever bem mais mas sem mais obg ggn !!!

  5. Quando os juros ainda estavam com viés de alta, Nassif, resolvi chutar o pau da barraca. Denunciei o presidente do BC no STF alegando que ele estava cometendo crime contra a economia popular e só de sacanagem transcrevi na petição o que o ChatGPT disse sobre a questão dos juros:

    “Há alguns dias, um economista laureado com o prêmio Nobel disse que a taxa de juros brasileira equivale a uma sentença de morte (doc. anexo). Apesar dessa notícia, a taxa de juros foi mantida em níveis estratosféricos (doc. anexo). O denunciado defendeu publicamente essa taxa de juros (doc. anexo).

    A taxa de juros recomendada pelo denunciado penaliza a economia brasileira reduzindo a capacidade do Brasil de deter o processo de desindustrialização e passar a competir no exterior com países que praticam taxas de juros mais baixas e até negativas. Os juros elevados não apenas punem o empresariado nacional e reduzem a capacidade do Estado de cuidar dos problemas sociais e de fazer investimentos para proporcionar emprego e renda à população. Na verdade, para entender a decisão recomendada pelo denunciado é preciso levar em conta outra notícia: os Bancos brasileiros querem aproveitar a nova crise bancária que começou nos EUA e se propagou para Europa para crescer no exterior. Portanto, o Banco Central está deliberadamente empossando a riqueza nacional nos Bancos para maximizar os lucros dos banqueiros a fim de permitir que eles realizem seus planos ambiciosos. O fato disso causar desemprego, fome, desespero e prejuízo aos demais setores industriais é considerado apenas um detalhe irrelevante pelo denunciado.

    O presidente do BC não têm e não quer ter qualquer compromisso com a economia brasileira. Ele se limita a deformar nossa economia com juros autos para que os Bancos que emprestam dinheiro ao Estado possam crescer no exterior.

    O requerente é advogado e não está em condições de debater juros. Mas para entender melhor o que está acontecendo vale a pena observar o resultado de uma consulta feita à inteligência artificial vulgarmente denominada ChatGPT:

    “Fábio: Manter os juros baixos é bom.

    Open AI: Manter os juros baixos pode ser bom em algumas situações e contextos, mas não necessariamente é sempre benéfico. Em geral, manter os juros baixos pode ter os seguintes efeitos positivos: Estímulo ao consumo: Com juros baixos, as pessoas tendem a gastar mais e investir mais em bens e serviços, o que pode impulsionar a economia. Incentivo ao investimento: Com juros baixos, as empresas podem obter empréstimos mais baratos, o que pode incentivá-las a investir em projetos de expansão e contratação de novos funcionários. Estímulo ao mercado imobiliário: Juros baixos podem tornar as hipotecas mais acessíveis e incentivar as pessoas a comprar imóveis, o que pode impulsionar o mercado imobiliário. No entanto, manter os juros baixos também pode ter consequências negativas, como: Aumento da inflação: Se houver uma demanda excessiva por bens e serviços, os preços podem subir, levando a uma inflação alta. Desvalorização da moeda: Quando os juros são baixos, os investidores tendem a buscar retornos em outros países, o que pode levar à desvalorização da moeda local. Desestabilização financeira: Manter os juros baixos por muito tempo pode levar a bolhas financeiras, com investidores tomando riscos excessivos em busca de retornos mais altos. Portanto, manter os juros baixos pode ser benéfico em algumas circunstâncias, mas é importante equilibrar os prós e contras e avaliar cuidadosamente as consequências de longo prazo de qualquer política monetária adotada.

    Fábio: Manter os juros altos é bom.

    Open AI: Manter os juros altos pode ter algumas vantagens, mas também pode ter consequências negativas. Algumas das possíveis vantagens de manter os juros altos incluem: Controle da inflação: Juros altos podem ajudar a controlar a inflação, pois tornam os empréstimos mais caros e desencorajam o consumo excessivo. Atração de investimentos estrangeiros: Juros altos podem tornar os investimentos em um país mais atraentes para investidores estrangeiros, o que pode ajudar a financiar o crescimento econômico. Fortalecimento da moeda: Juros altos podem tornar a moeda de um país mais forte em relação a outras moedas, o que pode ajudar a atrair investimentos e reduzir a inflação importada. No entanto, manter os juros altos também pode ter algumas desvantagens, como: Desestímulo ao consumo e investimento: Juros altos podem tornar os empréstimos mais caros, desencorajando tanto o consumo quanto o investimento das empresas. Desaquecimento da economia: Se o consumo e o investimento forem afetados, isso pode levar a uma desaceleração da economia. Aumento do endividamento público: Se o governo precisar contrair empréstimos para financiar seus gastos, juros altos podem aumentar o custo dessa dívida, levando a um aumento do endividamento público. Portanto, manter os juros altos pode ter algumas vantagens, mas também pode ter consequências negativas, dependendo do contexto econômico e das políticas fiscais adotadas pelo governo.

    Fábio: Num país hipotético o cenário econômico tem as seguintes características: desemprego elevado, atividade industrial e comercial em declínio, aumento do número de falências, endividamento crescente das famílias, PIB e arrecadação fiscal em declínio. Nesse cenário o que é melhor? Manter os juros altos ou baixos?

    Open AI: No cenário descrito, a economia está em recessão, com desemprego elevado, atividade industrial e comercial em declínio, aumento do número de falências, endividamento crescente das famílias, PIB e arrecadação fiscal em declínio. Nessa situação, é geralmente recomendado manter os juros baixos para estimular a atividade econômica e ajudar a reverter a recessão. Ao reduzir os juros, o governo pode incentivar o consumo e o investimento das empresas, reduzir o custo do crédito e tornar as dívidas mais acessíveis para as famílias e empresas endividadas. Isso pode impulsionar a atividade econômica, criar novos empregos, aumentar a arrecadação fiscal e reduzir o número de falências. No entanto, é importante ressaltar que manter os juros baixos pode ter efeitos colaterais, como o aumento da inflação e a desvalorização da moeda local. Por isso, é importante que o governo equilibre cuidadosamente os prós e contras de qualquer política monetária adotada e busque outras medidas complementares, como estímulos fiscais, para impulsionar a economia e promover o crescimento sustentável.”

    Em qualquer das hipóteses levantadas pelo ChatGPT os juros não devem ser mantidos altos apenas para beneficiar os Bancos ou para permitir que eles se internacionalizem. Juros é o preço do dinheiro, ou seja, de uma mercadoria muito especial da qual depende toda a economia. O presidente do BC não pode se comprometer com os lucros dos banqueiros destruindo os negócios dos empresários ou mantendo uma parcela da população desempregada e sem renda causando ou aprofundando deliberadamente uma recessão desnecessária.

    Como o juros é o preço do dinheiro ele não pode ser elevado artificialmente para satisfazer a ganância do sistema financeiro com prejuízo crescente da economia real, dos empresários dos outros setores produtivos, da população brasileira e do próprio Estado. Isso configura em tese o crime descrito no art. 173, §4º e §5º , da Constituição Federal.

    Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei.
    § 1º ……………………………………………………………………..
    § 2º ……………………………………………………………………..
    § 3º ……………………………………………………………………..
    § 4º A lei reprimirá o abuso do poder econômico que vise à dominação dos mercados, à eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros.
    § 5º A lei, sem prejuízo da responsabilidade individual dos dirigentes da pessoa jurídica, estabelecerá a responsabilidade desta, sujeitando-a às punições compatíveis com sua natureza, nos atos praticados contra a ordem econômica e financeira e contra a economia popular.

    Todo o mercado brasileiro está sendo dominado pelos Bancos com ajuda do denunciado. O juros estratosféricos não visam o bem-estar da população e sim facilitar a internacionalização dos Bancos brasileiros, pois eles estão sendo alavancados à força contra a vontade do governo, com prejuízo dos setores produtivos que tomam dinheiro a juros e mediante a banalização do sofrimento inenarrável dos economicamente vulneráveis. Vítima do crime, o Estado não pode nem mesmo cumprir suas funções essenciais.

    A armadilha em que o Brasil foi lançado pela autonomia do BC é evidente. Mas isso não significa que o presidente daquela instituição não possa responder na forma da legislação que regulamenta o art. 173, §4º e §5º , da Constituição Federal.”

    O processo autuado sob número Pet 11.118 e distribuído ao Min. Dias Toffoli. Ele indeferiu o pedido sob o fundamento de que o presidente do BC não foi qualificado (art. 319, II, do CPP), que as provas do fato supostamente criminoso não foram indicadas (art. 319, VI, do CPP), que a tipificação do suposto crime não foi mencionada na petição e, por fim, que o pedido decorre de uma “narrativa” em que foram debatidos os prós e contras dos juros altos.

    Eu recorri dessa decisão pelas seguintes razões:

    “Em primeiro lugar, o relator parece ter feito uma confusão entre ilícito penal e ilícito civil. As duas coisas emergem da conduta do denunciado, pois ele favorece um setor econômico específico (Bancos e investidores) com prejuízo para o restante da economia brasileira. A ilicitude civil da conduta dele poderia ser objeto de questionamento, mas apenas por aqueles que estão sendo prejudicados.

    Por outro lado, a conduta descrita na inicial (e comprovada pelos documentos que a acompanham) configura ou pode configurar uma clara violação do dispositivo constitucional que o relator se recusou a interpretar de maneira correta (art. 173, §4º e §5º, da Constituição Federal). A legislação penal que regulamenta o texto da Constituição Cidadã curiosamente revogado pelo Ministro relator existe (DECRETO No 52.025, DE 20 DE MAIO DE 1963, Decreto nº 97.057, de 1988 e Decreto nº 177, de 1991) e não precisava ser reproduzida na peça inicial, pois quem exerce a jurisdição tem o poder/dever de aplicar ao caso concreto a norma jurídica correspondente. Ao cidadão compete apenas delinear os
    fatos que fundamentam a pretensão.

    Nunca antes da história judiciária do Brasil uma decisão do STF ousou revogar o princípio Da mihi factum, dabo tibi jus. O relator fez isso sem sequer se dar ao trabalho de citar a doutrina e a jurisprudência em que apoia sua decisão. Ele obviamente pode manter sua decisão negando provimento ao presente recurso, mas para fazer isso o relator terá que cumprir sua obrigação constitucional e legal de apresentar fundamentos jurídicos sólidos e plausíveis no sentido de que o princípio Da mihi factum, dabo tibi jus é repelido pela legislação brasileira.

    O agravante não é o titular da ação penal contra o presidente do Banco Central. Portanto, ele não tinha e não tem obrigação de seguir rigorosamente as prescrições legais impostas ao PGR. Mas isso não significa que o pedido pode ser descartado como se os fatos narrados na inicial não fossem juridicamente relevantes.”

    Ao julgar o recurso, o STF decidiu por unanimidade que não foram fornecidos quaisquer argumentos capazes de infirmar a conclusão de que a petição inicial não preencheu os requisitos legais e que o advogado deveria saber quais são os requisitos da petição inicial mas ofertou uma inicial cheia de irregularidades dela são evidentes e insanáveis. Ele também zombou do fato de eu ter mencionado o ChatGPT dizendo que o autor “reproduziu seus argumentos na forma de uma transcrição de conversa com um algoritmo de inteligência artificial, fundamentação que por si só, não se traduz em argumentação, menos ainda em comprovação.”

    Como sou irritante, protocolei Embargos de Declaração contra a decisão do STF pelas razões que transcrevo abaixo:

    “No Acórdão embargado, o referido fez a seguinte afirmação:

    “…Fábio de Oliveira Ribeiro afirmou na exordial que “não está em condições de debater juros” e reproduziu seus argumentos na forma de transcrição de conversa com um algoritmo de inteligência artificial, fundamentação que, por si só, não se
    traduz em argumentação, menos ainda em comprovação.”

    Essa afirmação contém uma omissão que chega a ser paradoxal. Em primeiro lugar, o Ministro relator não indicou o fundamento constitucional, legal, jurisprudencial e doutrinário que impede a parte de utilizar inteligência artificial para fundamentar a petição indeferida,
    Essa omissão chega a ser paradoxal quando consideramos o fato de que o próprio STF utiliza recursos de inteligência artificial para auxiliar os Ministros a proferir decisões. Na verdade já se tornou impossível saber quais Recursos Extraordinários são descartados mediante decisões proferidas por Ministros do STF de carne e osso e quais tiveram o processamento indeferido pelo sistema VICTOR (https://portal.stf.jus.br/noticias/verNoticiaDetalhe.asp?
    idConteudo=471331&ori=1 – documento em anexo).

    Sem indicar qualquer fundamento constitucional, legal, jurisprudencial e doutrinário que supostamente impediria o embargante de utilizar recursos de inteligência artificial para fundamentar sua pretensão o Ministro afirma que a conversa com um algoritmo não constitui argumentação ou comprovação legítima. Se a afirmação dele for considerada verdadeira, todas as decisões interlocutórias proferidas com ajuda do VICTOR deveriam ser consideradas nulas (afinal, o STF também não poderia fazer o que o Ministro disse que não pode ser feito pelo embargante).

    É evidente que o STF não desistirá de utilizar o VICTOR. Apesar da Lei não autorizar os Ministros a utilizar recursos de inteligência artificial para proferir decisões, eles continuarão assinando despachos que não se deram ao trabalho de redigir usando seus cérebros e mãos. Sendo assim, o relator precisa sanar a omissão do Acórdão e esclarecer porque proferiu uma decisão desautorizando o uso de inteligência artificial pelo autor quando todas as decisões com uso desse recurso pelo STF são e serão consideradas válidas e eficazes.

    Essa não é uma questão de menor importância, pois o fundamento omisso do Acórdão levanta dúvida não somente acerca da legalidade e da legitimidade da decisão proferida neste feito. Todas as decisões proferidas com ajuda do VICTOR podem ser e eventualmente serão com base na jurisimprudência do Ministro relator nos autos do presente processo.”

    Toffoli está com o processo concluso para decidir os Embargos de Declaração desde 28/11/2023. Ele não pode desautorizar o uso de IA porque disso depende todo o futuro projetado pela cúpula do Judiciário, mas também não pode aceitar o uso de IA por alguém que questionou a taxa de juros abusivas e criminosas praticadas pelo BC. Enquanto o viés dos juros estavam em queda ele poderia simplesmente dizer que o problema levado ao conhecimento do STF pelo advogado irritante havia sido resolvido. Mas agora que os juros voltaram a subir ele não pode mais fazer isso e terá que dizer que a IA pode e não pode ser utilizada num processo judicial. Pode se for para empoderar o juiz, não pode se for utilizada por um advogado irritante. Você percebe a ironia aqui? Nem uma IA resolve o problema dos juros no Brasil, quer porque o BC é irracional (e pró-lucros dos especuladores) quer porque o STF só bate pesado nos Zé Roelas que invadiram Brasília em 08 de janeiro de 2023, mas se recusa a prejudicar os negócios como de costume dos vagabundos que enriquecem atrasando o desenvolviemento do país.

    1. Neste dia, 29/05/2024, para mim, o Jornal GGN é brindado com um novo divisor: o Jornal GGN de antes e o Jornal GGN e depois do comentário publicado por Fábio de Oliveira Ribeiro.
      Muito bom, muito explícito e repleto de razões e fundamentos. 👏👏👏👏👏

  6. A estagnação é para o País e o restante da sua sociedade. Para parte dele e para o capital que explora essas fragilidades, não dependem da economia nem do crescimento ou desenvolvimento do Brasil. Aqueles que dependem do trabalho, que dão empregos e sustento às famílias e ao conjunto do País, esses sim necessitam de uma economia em melhores condições. Do contrário quebram. Vivem caindo e se levantando, fracassam numa coisa e têm que tentar de novo. É causa de sobrevivência. Certos tipos de investimentos jamais poderão ocorrer, pois exigem volumosos recursos. Como o País está sentenciado a uma limitação que impede ascender, prosperar e progredir; ninguém com esse quadro de condução na política monetária vai se dar aos riscos de perder dinheiro. O conjunto do País tem chance de melhorar econômica e socialmente, tudo que é banhado por todo o derivado disso também. Esse faz de conta em torno da inflação, das metas e das finanças públicas não deixa o País chegar a lugar nenhum. Não é atrativo para o capital que cria desenvolvimento, ciência, tecnologia, capacidades, etc. Apenas ao capital explorador, aquele que te elogia e fala das suas qualidades apenas pra inflar o seu ego. Enquanto te espolia.

  7. A estagnação da economia é um dos principais objetivos dos controladores do BCB. Aos rentistas não interessa o desenvolvimento econômico, pois se tal ocorrer, o deus mercado deixa de ser o principal controlador dos rumos do país. Não é por acaso, que os economistas sacerdotes e agentes midiáticos do deus mercado, utilizam a expressão emprestada do setor naval, a tal da âncora fiscal, pois serve examente pra issso: Travar a evolução da nau econômica.

  8. A presidência do BC atual é defendida pela Globo, estadão, folha, veja e toda a porcaria ideológica que tem ferrado o Brasil no últimos anos
    Só por isso já sabe o tamanho do estrago que essa instituição promove no país
    Como diria Brizola com toda a razão: se a Globo defende eu sou contra.

  9. Um investidor sério, que acredita no potencial da economia brasileira, ao perceber esse conluio entre Banco Central, Faria Lima e mídia para manter taxas de juros absurdas, deve ficar pensando: em que buraco fui me meter? Daí, das duas uma: ou entra também na ciranda financeira, ou dá no pé. As últimas manipulações foram tão acintosas, que fico imaginando quantos projetos de investimento produtivo não foram simplesmente jogados no lixo, ou mesmo redirecionados para outros países. Empregos deixam de ser gerados, a oferta também não cresce (reduzindo o PIB potencial e aumentando a inflação), a arrecadação fica abaixo do que poderia ser e o câmbio é duplamente afetado: pela necessidade de importar o que poderia ser produzido aqui, bem como pela saída do capital para produzir em outras praças. Ganham apenas os gafanhotos de sempre. PF neles.

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