Com a pose típica das pessoas seguras de si, a ex-diretora de Assuntos Internacionais do Banco Central, Fernanda Guardado, ostentando o reluzente cargo de Chefe da Pesquisa para a América Latina no BNP Paribas, declara para a Bloomberg: o Banco Central tem que aumentar a taxa Selic em dois pontos nos próximos 6 meses. Assim, taxativamente!
Qual a razão?
Segundo a Bloomberg News, a grande economista decretou:
“Os diretores deveriam começar com um aumento de 0,25 ponto percentual neste mês e poderiam seguir com ajustes de meio ponto nas reuniões de novembro e dezembro, levando a Selic para 12,25% em março. As perspectivas de gastos públicos pioraram, o mercado de trabalho está apertado e o crescimento está avançando, disse ela”.
Este é o grande Leviatã: o crescimento da economia, o que sempre foi o objetivo central das políticas econômicas.
“Para o Banco Central optar pela manutenção, ele teria que mostrar de uma forma muito enfática de onde está esperando que venha o desaquecimento da economia. Hoje está bastante difícil entender de onde viria um grande desaquecimento da economia se não for pelo lado da política monetária”.
O objetivo final é alcançar o “grande desaquecimento da economia”. Não é nem conter a inflação.
Esse nonsense domina o país há décadas. Os operadores de mercado dirão: que grande pensadora, que economista notável! Ela conseguiu decorar os bordões de mercado e repetir com ênfase.
E a mídia saudará a nova fonte que apareceu recitando velhas inverdades. Tratam como normal uma “ciência” que diz que a salvação da economia está na estagnação, no não crescimento, na manutenção de altas taxas de desemprego.
Aí, a taxa Selic elevada pressiona a dívida pública. Pressionando, aumenta a relação dívida/PIB. E o que dizem os gênios do mercado para os burraldos da mídia? Se está aumentando a relação dívida/PIB tem que aumentar as taxas de juros.
Está certo que o mercado alcançou tal poder de desestabilização que o governo tem que se curvar a uma tolice desse tamanho. Mas é hora de se abrir uma discussão pública nacional sobre as chamadas políticas de austeridade e sobre o sistema de “metas inflacionárias”, introduzido por Armínio Fraga e que condenou a economia brasileira à estagnação.
É batata! A economia começa a melhorar. Melhorando, haverá mais receita fiscal, mais possibilidade do governo investir em infraestrutura, em melhorar a saúde e a educação, as pesquisas tecnológicas. Aí, o que faz o mercado? Se está crescendo, significa que pode aumentar a inflação. Então, trata de aumentar os juros para ele, mercado, se apossar do crescimento da receita fiscal.
O governo não vai ousar abrir essa discussão por razões óbvias – a possibilidade da Faria Lima desestabilizar a economia. Mas há urgência na constituição de um grupo de economistas, das principais faculdades de Economia do país, discutindo de forma aberta a mudança desse modelo torto, fundado em taxas de juros altas e cortes draconianos de despesa.
Antes dessa maluquice, o governo dispunha de ferramentas para atacar pontualmente causas de inflação. Háaviaos estoques reguladores, para enfrentar quedas de safra. Há a possibilidade de uma política ativa nos mercados de câmbio e derivativos. No início dos anos 90, praticamente sem reservas cambiais, o Banco Central logrou tourear o mercado graças a uma mesa de operações dirigida por Emílio Garófalo – um dos muitos funcionários exemplares da história do Banco Central. O mercado de consumo estava aquecido? Havia muitas ferramentas para reduzir o financiamento, como aumento do compulsório, imposição de prazos máximos para financiamento, sem impacto sobre a dívida pública.
Enquanto o país não cair na real que a gastança com juros é a principal causa da estagnação brasileira, não conseguirá virar o jogo do crescimento e do combate ao extremismo – que se alimenta, justamente, da falta de gastança do governo em políticas fundamentais.
Leia também:
Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.
Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.
A melhor notícia em relação à nova porta voz dos mercadores financeiros é a de ser ex-diretora.
A turma de “çábios” está nervosa e quer calmante de selic aumentada. Acho que Galípolo poderia atender o paciente. No próximo Copom, que começa numa terça-feira, deveria recolocar a Selic no nível técnico, digamos 7%. Aí no dia seguinte aumenta para 9%, dando o aumento de 2% de uma só vez. Nas 4 reuniões seguintes vai baixando 0,5%.
Aposto que gostariam, pois pouco se importam com o nível da taxa. Bom para eles é a taxa variar, mudar preços dos ativos e permitir que fiquem transacionando os títulos de um fundo para outro, de forma a ganharem corretagens e direcionarem lucros e prejuízos ao bel prazer das “çumidades”
No coração da mosca!
O experiente Nassif omite que a política de juros do BC tem mantido a inflação dentro da faixa da meta. Baixar a Selic agora é meio caminho para uma inflação descontrolara. Se o juro alto freia a economia, a inflação aumenta a miséria e a fome. Escolha.
O enorme peso na condução da dívida pública expresso no percentual está na raiz das dificuldades para o desenvolvimento brasileiro de forma a atingir os desprotegidos.
A máfia dos bilionários e sequazes é dominada pela ganância sem freio algum.
Jogadas empresariais com a legislação fiscal – vide zona franca de Manaus + Americanas + Eletrobrás + Vale + etc – fazem do cenário uma sequência de escândalos sob os olhos míopes do governo e cúpidos do congresso, em minúsculas.
Como bem constou do JornalGGN, seguimos colonizados material e mentalmente.
Nesta escola de samba a mídia faz a “comissão de frente” num pseudo “ar de dignidade” seguida pelas ridicularias do grupo de destaques e após o povão empurra os carros alegóricos e extravasa sua abençoada alegria em passos mil.
A banda se vira sob o compasso de um certo maestro vestido em cartola, casaca listada e, para sustentar o ridículo da cena, está em cuecas . . .
Nassif ainda bem q aqui não tem besteirol mas mudando de assunto quando eu ficar Bilionário e comprar o ggn por capricho iria mudarvo nome para JOTEX só q Nassif esse nome iria parecer muito com aquela marca de preservativo então EU DECIDI q será josernalggn ou jgn abreviado ficou legal né?
É preciso dar um basta nos “credores” da dívida pública. Eles, apoiados pela “mídia burrada”, não podem mais comandar a política monetária do país. Excelente comentário de Luiz Nassif.
Ótima análise. Um ponto a acrescentar é que, muitas vezes, precisamos sair da caixa para resolver os problemas. Essa abordagem agregada da economia tem mascarado coisas importantes e, algumas vezes, dificulta a percepção das melhores soluções. Seria o caso do conceito de pleno emprego, em políticas de controle da inflação. Abrindo os setores, o que encontraremos são gargalos, com potencial de pressões inflacionárias. Ao invés de estar desaquecendo toda economia, seria melhor ir evitando esses gargalos ao longo do tempo, com um planejamento adequado, e ainda corrigindo os que, mesmo assim, aparecerem. Até nos setores de serviços é possível amenizar gargalos, com medidas como financiamentos específicos.
Engraçado como a taxa Selic virou o vilão da história. Quando ela chegou a 26,5% em um dos mandatos do Lula, ninguém chiou…
Só chiou o então vice-presidente José Alencar, lembra????
Caiu de mais de 42%…
A cousa parece complicada, mas é simples: basta lembrar um escroto, o qual sempre dizia:
“Não vamos deixar acontecer um novo Japão no Sul do Equador”
— Henry Kissinger
Ou seja, “desaquecer” nossa economia é bom (para os de sempre…). Canalhas!
Boa desenterrada…
Enterra de novo!
Está claro que eles querem que o país continue desestabilizado, que não cresça.
E que eles continuem a exploração, e a denegrir os políticos. É parte desse trabalho.
A favor ou mando de quem eles fazem isso é que é o problema.
A quem interessa o NÃO desenvolvimento do Brasil?
O objetivo da privatização do Banco Central foi exatamente essa: Do mercado poder
controlar a Taxa Selic a bel prazer deles.
Interessante notar Nassif, é que a taxa selic representa de longe a
maior despesa governamental (são 142 bilhões de dólares pagos nos últimos doze meses).
E que é a única despesa que não passa pela aprovação do Congresso Nacional. Toda outras
despesas encontra-se listadas na LOA. E é aprovada para o ano todo.
Já a taxa Selic é aprovada durante todo o ano, e a única despesa que foge do controle
orçamentário do governo de livre escolha do Presidente do Banco Central (ou do mercado financeiro).
Excelente comentário. Sintetiza bem a porcaria toda. Obrigado
“a possibilidade da Faria Lima desestabilizar a economia.”
Como?
Por quê?
Embora quisesse mesmo era criticar esse “leviatã” lembrado por LN, para salvar um job, cedi apenas para leva-lo ao debate. E perdi o job assim mesmo. Há que torcer contra princípios e fundamentos para sobreviver – não dignamente
Os coitados dos professores são culpados de tudo. Até da arrogância dos portavozes da Faria Lima. O título correto seria “A arrogância dos portavozes da Faria Lima”, mas é mais simples fulanizar quem não tem nada a ver com a arrogância destas figuras.
A questão dos juros é uma parte do problema,Nassif. Outro é o fato de que esse crescimento econômico está sendo produzido no lombo de empregados contratados sem direitos. A Reforma Trabalhista não foi revogada por Lula e isso vai maximizar o lucro do capital. A participação do salário no PIB continuará baixo e isso manterá o mercado interno mais desaquecido do que no ciclo anterior de crescimento econômico.
O objetivo sempre foi manter o gigante adormecido. Qualquer sinal de que estaria acordando e tentando levantar é imediatamente abafado pelos agentes do mercado negro financeiro. Do jeito que está não tem solução. A mudança se dará pelo processo de educação social e politização da população brasileira,única saída para o garrote que nos submete ao sub desenvolvimento através dos séculos. Somente através da força da participação popular consciente na escolha de seus representantes e no exercício da democracia participativa poderemos sair do ciclo viciado de dominação.Esta é a obra que esperamos dos governos progressistas, não ficar dando pitaco e perdendo o precioso tempo do Amorim com ucrianices e venezuelices, que estas não tem solução mesmo, nem nos competem.
O senhor,melhor do que ninguém, sabe que não é uma questão econômica e sim política. Certamente a correlação de forças é desfavorável ao Presidente Lula. Pergunto: Quais seriam as formas EFETIVAS de precisar, além dos seus textos, pra que o governo ENTENDA que pode apertar mais a corda no pescoço do MERCADO. OBRIGADO
Senhor Nassif
Boa noite !
Quero fazer um destaque simples comparativo e educativo e uma crítica a todos todos os meios de comunicação progressistas, falta de uso de expressões simplificada do tema juros que são remunerado com impostos, isso mesmo , impostos pq se falar tributo leigo não entende, mas se falar que impostos pagam esses juros todos entendem , questão simples expressar de forma que atinge maior número de pessoas, jornalismo educativo , isso que a direita faz , educa , fundamenta e doutrina seus seguidores com fundamentos e argumentos simples sem palavras técnicas, mas com sinônimos equivalente que pode levar compreensão da mensagem que deseja passar.
É,caro Nassif eu acompanho tv ggn 20 horas às 5h de madrugada. Aqui na ponta se a gente puxar esse motivo dizem: você não sabe nada. É triste.
Pena que tão sensatas e sábias palavras não derrubem as muralhas do non sense e do interesse travestidode sapiencia
A moça pertençe ao clero que opera a favor do deus mercado, tendo inclusive pertencido a cúria BACEN cujo controle está nas suas maõs, desde o início do plano real. O mecanismo chamado de “METAS DE INFLAÇÃO” é utilizado, não para efetivamente ser usado para combate à inflação, como faz supor o nome, mas como parâmeto para balizar a rentabilidade do capital improdutivo. Qualquer pessoa de conhecimento mediano e honesta sabe, que o aumento dos juros, dependendo da dose, força a inflação para baixo, mas se a mesma for exagerada (que é o caso do Brasil) os malefícios para economia serão piores do que uma inflação um pouco acima da meta. A título de exemplo cito o caso do cidadão que está quase morrendo de sede e embora estivesse próximo de um rio, não tinha condições fisícas de alcançá-lo. Um cidadão que passava ali, viu a agonia do outro e resolveu arrastá-lo e jogá-lo no rio. O que aconteceu em seguida, foi a morte por afogamento do primeiro cidadão, mas de sede ele não morreu. Ou seja: As pessoas de baixa renda, para quem os sacerdotes do deus mercado, dizem que precisam proteger dos efeitos inflacionários, deveriam ser consultados se preferem que aumentem os juros, mesmo que isso implique na perda dos seus empregos, ou preferem correrem o risco de perda de poder aquisitivo, mas empregado? Concluio dizendo: Para o cidadão comum, a pior inflação é a do desemprego. Curiosamente, sempre que há aumento da taxa de juros, o pessoal do capital improdutivo lucra mais. É bonito issso?
A economia brasileira se acostumou a funcionar com juros acima da taxa neutra, assim o efeito do aumento dos juros para conter a inflação é sempre limitado e decrescente.
Pede a ela pra explicar porque todas as projeções do mercado sobre o Brasil falharam tão vergonhosamente…
No mundo civilizado a taxa de juros é negativa, ou seja, a baixo da inflação, a taxa de juros não pode alimentar a inflação, isso pra mim é uma coisa óbvia
O Brasil tem a dificuldade de perceber a relação da sua economia e o tamanho da população do País. Caso o País conseguisse ser de fato um país de renda média, a dimensão da sua economia seria de uma outra grandeza, o quadro do País também seria outro. Não se pode esquecer que esses analistas econômicos, falam ao público de seus interesses, não são formuladores de formas de crescer a economia brasileira. Sabem que os investimentos chamados produtivos tem necessariamente um tempo de espera maior. Os ganhos através dos juros praticados no Brasil tem feito a fortuna de muitos, e claro, mudar isso não é tarefa simples. O rentismo tomou as rédeas da política monetária há bastante tempo, focando somente as partes da sociedade realmente consideradas nas contas do País. O País que cabe nessas contas atendem a esses interesses, com crescimento ou sem crescimento. O restante do País não faz parte do raciocínio e das análises econômicas efetuadas. A grande questão é que não existe o contraponto. O Brasil desacostumou de propor rumos para o crescimento e o desenvolvimento do País e sua sociedade.