Em plena Lava Jato, depois que uma tropa de choque dela voltou dos Estados Unidos com a missão de prender o Almirante Othon, conversei com um dos poucos procuradores sérios da força tarefa. E ele me disse algo simbólico:
- No Ministério Público Federal tem gente de esquerda e de direita, mas todos são patriotas.
Retruquei que o problema não era o patriotismo ou não, mas a profunda ignorância de não perceber o jogo geopolítico por trás da operação.
A maneira com que a operação envolveu Ministros do Supremo, a mídia em peso, o Judiciário, figuras ilustres da República, ao lado do rebotalho intelectual que ascendeu, ajuda a esclarecer o preço do subdesenvolvimento nacional: é o nível extraordinariamente baixo da opinião pública dita esclarecida.
No auge do mensalão, o Ministro Ayres Britto, presidente do Supremo, acatou a tese de que a Visanet era empresa pública porque seu nome era Companhia Brasileira de Meios de Pagamento (CBMP). E se tem brasileiro no nome, dizia o brilhante Ministro, só pode ser empresa pública.
Dizia ele, em sessão no Supremo:
- Constatei e verifiquei que a Companhia Brasileira de Meios de Pagamento figurava no ativo permanente do Banco do Brasil. Aliás, o próprio nome Companhia Brasileira já evidencia que é uma companhia integrante do setor público.
Todo esse besteirol sendo falado em uma sessão da Suprema Corte! E não se ficou nisso. A quantidade de asneiras, de narrativas, de notícias falsas espalhadas pela opinião pública, por mais de uma década, evidenciam o pouco apreço do país, nem se diga pela análise mais sofisticada, mas por conceitos básicos de democracia, de sistema jurídico e de bom senso.
Essa catarse coletiva se espalhou pelo país inteiro. Baixarias, assassinatos de reputação, linguagem de ódio, direito penal do inimigo, tudo isso consumia o país, enquanto ativos nacionais, como o pré-sal, eram distribuídos a companhias estrangeiras.
O caso Elon Musk
Agora, é inacreditável que, em pleno 2024, com acesso online às principais publicações internacionais, os maiores jornais tenham ficado do lado do Elon Musk contra o Supremo Tribunal Federal, e só baixando as críticas quando a imprensa mundial mostrou o óbvio: a megalomania do sujeito e a disputa global entre estados nacionais e redes sociais.
Aí caiu a ficha de que esse mesmo conflito perpassa as relações da União Europeia, da Índia, da Turquia com as redes sociais. E, agora, vem a informação de que um juiz dos Estados Unidos condenou Musk pela manipulação da rede contra Kamala Harris. E o bordão mais utilizado para descrevê-lo é que está fora de prumo.
Não se tratava de informação irrelevante: a disputa entre estados nacionais e redes sociais é tema recorrente em todo o Ocidente.
Mas, em nome de um antilulismo cego, aceitam-se todas as bobagens, minimizam-se todos os avanços e cria-se toda uma fantasia em torno do suposto esquerdismo de Lula.
Qual a diferença de um Pablo Marçal deblaterando contra o consórcio comunista – que englobaria todos seus adversários – e os jornalões equiparando o Brasil à Venezuela? Ou vendo qualquer laivo de esquerdismo em Lula?
O padrão Jorge Paulo Lemann
Do mesmo modo, há uma infinidade de exemplos sobre a tragédia recorrente do assalto às empresas públicas de saneamento e energia. Em todos os lugares em que houve a privatização, os novos controladores trataram de esvaziar as empresas, vender seus ativos, reduzir manutenção e investimentos, para tirar o máximo possível de lucro no curto prazo. Mas essa discussão não penetra na mídia nacional.
Mesmo depois do fracasso rotundo das Americanas, da Boeing, da General Eletric, até hoje são enaltecidos os seguidores de Jack Welch e sua contraparte brasileira, Jorge Paulo Lemann.
No livro “Reinventando o capitalismo na era digital”, Stephen Denning disseca bem o que é este capitalismo de resultados, interessado apenas em tirar o máximo possível das empresas nop curto prazo.
Diz ele sobre o estilo Maximizar o Valor do Acionistas (sigla MSV):
“MSV não só gerou desigualdade. Ironicamente, também teve o efeito oposto do que era pretendido. MSV sistematicamente destruiu valor de longo prazo para acionistas, em vez de aumentá-lo. Os principais expoentes corporativos de MSV estão, em sua maioria, com desempenho abaixo da média das empresas do S&P 500. Assim, a crescente desigualdade é apenas uma das consequências negativas do capitalismo de acionistas.
Maximizar o valor do acionista (MSV) conforme refletido no preço atual das ações não era apenas uma prática financeira esotérica: refletia um vasto movimento político, inicialmente personificado pelo presidente Ronald Reagan nos Estados Unidos e pela primeira-ministra Margaret Thatcher no Reino Unido, e mais recentemente com os cortes de impostos corporativos introduzidos pelo presidente Trump. O movimento político vive em ficções como “os cortes de impostos corporativos pagam por si mesmos”.
O MSV não apenas gerou desigualdade. Ironicamente, também teve o efeito oposto do que era pretendido. O MSV sistematicamente destruiu o valor do acionista de longo prazo, em vez de aumentá-lo. Os principais expoentes corporativos do MSV estão, em sua maioria, com desempenho abaixo da média das empresas do S&P 500. Portanto, a crescente desigualdade é apenas uma das consequências negativas do capitalismo do acionista.
Durante o último meio século, grandes empresas, particularmente nos Estados Unidos, adotaram o MSV. Embora essa narrativa semelhante a um vírus tenha sido chamada mais tarde de “a ideia mais idiota do mundo” por um de seus expoentes mais famosos, Jack Welch, o ex-CEO da GE, a narrativa se tornou a política oficial dos negócios americanos, com a declaração de 1997 da Business Roundtable.
Enquanto isso, as evidências mostraram que maximizar o valor do acionista encorajou o curto prazo e destruiu o valor do acionista de longo prazo. Também encorajou a ganância corporativa, deprimiu injustamente a remuneração dos trabalhadores, estimulou a remuneração grotesca dos executivos e exigiu a continuidade da burocracia hierárquica”.
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“A quantidade de asneiras, de narrativas, de notícias falsas espalhadas pela opinião pública, por mais de uma década, evidenciam o pouco apreço do país, nem se diga pela análise mais sofisticada, mas por conceitos básicos de democracia, de sistema jurídico e de bom senso.”
A Cuba grande, dos Fulgêncio Batista continuará cabaré do potência da vez.
Como disse Raul Seixas, o dólar deles paga o nosso mingau.
Quebraram Mauá, mataram Delmiro, prenderam Othon… qualquer um que ameace severamente seus tutores – e o mingau deles recebido – receberá paulada nas fuças. Essa é a República dos eternos traidores da pátria, cinicamente auto intitulados (argh!)… patriotas.
NÃO É IGNORÂNCIA; É VILEZA MORAL MESMO. Não esqueço o torpor na elite nacional quando foi noticiado que a economia do Brasil ultrapassaria a da Inglaterra. Cachorros vira-latas.
A televisão é o anestésico da memória!
A economia do Brasil já é maior que todos os países nórdicos … E daí viúva da extinta URSS ? Continuamos com educação e saneamento básico de nível Nigeriano.
Esta visão imediatista tem levado o mundo ocidental para a estagnação e, como tentativas de sair do buraco, as guerras colonialistas e movimentos teoricamente pacíficos mas objetivamente idênticos: a dominação de mercados consumidores e fontes de insumos.
É a essência do capitalismo ocidental, exacerbada pelo ganho rápido para a formação de fortunas “da hora”.
É o mundo ideal dos grandes financistas.
Em contraste, o agigantamento de outra forma: o pensamento de longo prazo e política amistosa trazida pela China. Com Putin a Rússia também passou um bom tempo crescendo e ausente no enfrentamento.
A imposição e a proposição.
No ocidente, vimos o constante espraiamento das guerras intervencionistas e da OTAN no cerco ameaçador contra a Rússia, nos dias atuais escancarada pela pretensa entrada da Ucrânia na organização e instalação de mísseis na fronteira russa.
O rico e imenso espaço russo sempre esteve no pensamento ocidental. Napoleão e Hitler pagaram o preço pela cobiça e suas derrotas estão na raiz de suas quedas.
Ao longo do tempo se verá quem terá resultados mais duradouros e com menos custo.
A cobiça pelo imenso território russo e suas riquezas está na raiz do atual enfrentamento.
A considerar que a queda, improvável, da Rússia trará a China para alvo e, não por acaso, já vemos união entre Rússia e China.
Este imbricamento parece caótico mas, na realidade, fazem parte do mesmo quadro.
O subdesenvolvimento não é um estado, uma condição, uma circunstância; é a realidade inamovível de um “país”, uma “nação”, que nasceu colônia. Uma vez colônia, sempre colônia. Colônias existem para gerar riqueza para suas metrópoles; exaurida ou extinta essa riqueza, um “país”, ou “nação”, cessa de ter importância, e, portanto, deixa de existir na prática. Que o diga o Haiti. Temos, grosso modo, dois exemplos de luta anticolonial sistemática na história recente do mundo: as américas, nos séculos XVIII e XIX, e a África, no século XX. Deixo de lado a China e a Índia, cujo desenvolvimento histórico é bastante peculiar, assim como seus períodos coloniais. A “independência” desses “países”, ou “nações”, é basicamente este: o esgotamento do modelo de exploração colonial nessas regiões gerou, 1) insatisfação das populações criollas, verdadeiras ‘rainhas da inglaterra’, opulentas, mas sem autonomia de qualquer ordem, política principalmente, e 2) empobrecimento escandaloso da população restante, burros de carga da opulência dos extratos criollos. Capitalizando a insatisfação dos segundos, os primeiros, utilizando-se deles, como de hábito, como bucha de canhão, ‘combateram’, ‘expulsaram’, e ‘libertaram-se’ das metrópoles, proclamando, orgulhosos, a própria independência. Ora, comparemos com a seguinte situação: em 13 de maio de 1888, da noite para o dia, todos os escravos do Brasil se tornaram livres. Aí, eles se entreolharam e disseram: “E agora, o que a gente vai fazer?” Alguns responderam: “Não sei. É melhor perguntar ao nosso ex-dono”. E foram vender sua força de trabalho, único bem de que dispunham, primeiramente em troca de um teto e uma refeição, e, posteriormente, a troco de um salário, o que veio a dar no mesmo. A única diferença, e única liberdade de fato concedida, foi a de poder escolher um novo ‘dono’. Também conhecido como empresário, ou industrial, ou comerciante. E, sempre e em qualquer circunstância, patrão. Qualquer semelhança com o destino de nossos continentes, América do Sul, e África, após se ‘libertarem’, não é mera coincidência. Nossas ‘burguesias’ nacionais, nossas elites, seguiram sendo o que sempre foram. Apenas, em alguns casos, as metrópoles originais foram substituídas por outras, incluindo uma neófita, os Estados Unidos da América do Norte, que superou, de longe, seus precursores nessa especialidade humana, a exploração de terceiros. De resto, não creio ser necessário pegar o Ayres Britto para Cristo, e expor dessa forma o que seria sua obtusidade cognitiva ou intelectual. Ele não é burro, nem ignorante. É um acólito da ‘burguesia’ nacional, de nossa Elite dominante; tanto quanto estas são de seus ‘donos’, o Binômio Bancos/Corporações. Binômio que tem, em suas carteiras, as Metrópoles de outrora. O Subdesenvolvimento é nosso estado natural, amigos, como “ex”-colônia; de outra forma, o Binômio não se sustenta. E manter a massa explorada na mais completa ignorância é a condição imprescindível para que toda essa estrutura permaneça de pé. A ignorância é a nossa, Nassif, imposta a nós, ou simplesmente cultivada pelas elites, em seus jardins. Somos nós nesse jardim, e, donos diligentes e cuidadosos, eles nos regam com a Moral e os Bons Costumes, com a luta anticorrupção, com tantos diversionismos que já se provaram, à exaustão, eficazes e indiscutíveis. O principal deles? A Democracia, filha dileta da Liberdade. Cujo gosto sentimos, de quatro em quatro anos; e só. Liberdade a nós concedida por eles, e que, como se sabe, não é conquista, é dívida. A eterna ignorância é a consequência do subdesenvolvimento, não seu preço. O preço do subdesenvolvimento é a nossa servidão: a dívida. E a estamos pagando pontual e regiamente, para que nossas elites a repasse ao Binômio, antiga Metrópole, sob a forma de juros bancários.
Uchoa, uma das formas de manutenção da nossa dependência e submissão é recontar a história de forma conveniente, mantendo vivo apenas os movimentos reacionários de cada época. É verdade que estes movimentos venceram, o que comprova a tese de que, a história que fica é a dos vencedores. A abolição da escravidão foi bem mais do que apenas a libertação dos escravos que foram perguntar aos patrões o que fazer. O movimento abolicionista era bem mais ambicioso e queria conformar uma nova sociedade. Infelizmente perderam. A república foi a resposta reacionária da oligarquia a tudo isto, para manter a frase dos vitoriosos: “plus sa change plus c’ést la même merde” E no caso a república não foi sequer uma tentativa de formar uma burguesia capaz de fazer uma revolução industrial, foi apenas uma forma de se repaginar o poder e manter os mesmos.
Reduzir o movimento abolicionista a um bando de gente perguntando ao patrão o que faço? é negar que houve uma cruel repressão aos negros e trabalhadores livres, para manter as mesmas famílias no poder. Esta repressão se escondeu no racismo e nas questões étnicas. Importar servos da Europa para trabalhar nas plantações, sob desculpas de embranquecer o país, apenas branqueou as mãos do trabalho escravo nas plantações de café. Nossos barões do café, quando se tratava de exploração, não tinha preferencia racial. Expulsar os negros foi uma questão política, era preciso evitar qualquer levante ou movimento. Foi preciso também criar no imaginário social, que os negros simplesmente obedeceram. Era preciso extinguir o movimento abolicionista. Obviamente a sociedade é dinâmica e mais tarde houve uma certa industrialização mas dominada pela oligarquia com suas associações ao capital externo ou de rendas. Não trouxeram da Europa técnicos, engenheiros, professores, ou operários qualificados e politizados. Estes últimos só vieram quando os países de origem os expulsaram. Nossa classe dominante, não foi feita de estúpidos e ignorantes, mas de cruéis exploradores do trabalho alheio. Não eram ignorantes, pois apenas eles tiveram acesso ao conhecimento, o que não os fez mais humanos, logo se apropriaram da burocracia estatal e da política. Não é uma questão de inteligência ou não, é uma questão de se ter as armas para continuar se mantendo no poder. Sempre souberam usar todos os meios para garantir seu próprio lucro e negócio. Quando o negócio não vai bem, vendem ou se associam ao capital externo e se tornam rentistas. Eles só lembram do nome nação quando dá ou defende seus lucros. Na imprensa eles adoram falar mal do brasileiro.
O processo é continuo e a história do país vem sendo recriada a cada passo. Para recriá-la é crucial a campanha discursiva e judicial e política que há anos, décadas, querem reduzir os trabalhadores a uma massa sempre submissa. Por isto, há anos, se quer reduzir o Partido dos Trabalhadores há algo semelhante ao que os partidos conservadores e reacionários sempre foram. O movimento anticorrupção no país quis apenas destruir a história do único partido criado a partir das lutas operárias do ABC, antigo centro industrial do país. Isto significa esconder todas as lutas e vitórias dos trabalhadores. Foi preciso reprimir com as armas e depois partir para a destruição moral. Tentaram sepultar sob o discurso do mensalão e Lava jato e continuam a fazer isto diuturnamente. A nossa imprensa esconde vitórias de políticas sociais e ou públicas e econômicas dos governos do PT ; é preciso esconder a todo custo as vitórias e a importância da política internacional. É preciso todo dia dizer que o presidente que governou durante os melhores períodos econômicos e sociais do país é um ignorante, analfabeto; se há um resgate no plano internacional é necessário dizer na imprensa que ele é um anão diplomático e que deveria se submeter aos diplomatas do Itamaraty. Na economia, os mesmos que queriam Paulo Guedes, colocam todas as vitórias, ou no boom de commodities, ou algo externo ou então em Haddad apesar de Lula. Este ataque é mais uma tentativa de dizer que, o operário deve perguntar ao dono o que é que deve fazer. Enquanto isto a nossa casta “superior” tenta fazer uma boquinha na riqueza de Elon Musk, adora Milei e ataca Moraes, já apoiou o presidente amigo do America First, que cedeu a base de alcântara e se apoia no mesmo grupo que foi algoz do Almirante Othon. Portanto não é o povo que quer se submeter, apesar de tudo, a maior parte da população subiu a rampa com Lula e não com os vândalos golpistas. Agora os jornais da velha oligarquia promovem com escárnio e interesse um influenciador que faz questão de dizer que ele fala idiotices porque o povo é idiota. Vivem falando em polarização como se não fizessem parte disto. Vivem querendo igualar Lula a Bolsonaro, isto tudo para uma vez mais fortalecer a única bandeira ideológica de nossas elites e oligarquia: “plus sa change plus c’est la même merde”.
Prezado Frederico, pelo que pude ver, sua visão de mundo – e do Brasil – é, basicamente, a mesma que eu tenho. Se me referi aos ex-escravos que chegam a conclusão de que é necessário perguntar ao ex-proprietário deles ‘o que fazer’, não foi minha intenção minimizar ou reduzir a importância do movimento abolicionista, e sim sublinhar que, em países de origem e desenvolvimento colonial, a História não se desenvolve mediante a sucessão de processos que se imbricam e evoluem dentro de um padrão ou de uma lógica histórica, surgindo do esgotamento e da superação desses diferentes processos que se sucedem, e sim aos solavancos, ao sabor das necessidades práticas da elite nativa, e das movimentações da metrópole, e de outras nações que aqui tenham, ou vislumbrem, algum interesse. Por isso coloco – ou sempre tento me lembrar de colocar – a palavra “burguesia” entre aspas, pois não é isso o que temos aqui, e sim uma elite medíocre e parasitária, que seria incapaz de fazer o que sua homônima europeia fez, ou seja, uma revolução que se tornou o marco de uma nova Era na História. E, como você diz, os abolicionistas não lograram a totalidade de seu projeto, e sim, apenas o que era conveniente à Inglaterra, que desde o Tratado de Methuen tinha Portugal sob a sua tutela. Sintomático, não? Os Estados Unidos tentaram se desfazer de seus ex-escravos (inclusive vendendo ou dando alguns deles ao Brasil), e depois “resolveram” o problema encarcerando-os, e empregando-os em trabalhos forçados. A Argentina os mandou morrer na Guerra do Paraguai, e em outras escaramuças internas. Prometendo a eles o que: a liberdade, caso sobrevivessem às balas do inimigo. No Brasil, isso não funcionou, já que o contingente de ex-escravos era muito maior. A solução foi a que eu apontei: “vocês são livres, se virem.” Eu quis, assim, equacionar o destino dos ex-escravos ao destino das elites criollas após se “libertarem” das metrópoles: “Vocês não queriam ser livres? Se virem!” E a essas elites sim, só restou se submeter, ou procurar novos donos, em razão da vocação parasitária. E esse quadro é ainda mais trágico na África, onde até hoje a exploração e a rapina tem contornos mais dramáticos. No mais, concordo inteiramente com você, e já comentei, diversas vezes, aqui mesmo no GGN, que Lula é apenas tolerado pelos países centrais, pelo mundo capitalista, desenvolvido – e que eu chamo, aqui, de Binômio Bancos/Corporações – pois é um político moderado, conservador, que não perturba nem incomoda ninguém lá fora; apenas e tão somente, os descendentes mais taludos de nossa antiga elite, imperial ou republicana (os mesmos), se veem, aqui e ali, na obrigação, para manter seus privilégios depravados, de sabotar, denegrir, e eventualmente encarcerar, um político que ousa destinar algumas raspas e restos do orçamento fiscal do país, aos extratos mais pobres da sociedade. Se, sendo o que é, conciliador e moderado, e tendo se contentado em direcionar apenas algumas migalhas do orçamento a programas sociais, a reação tomou essa dimensão, imaginem se, em 2003, ele resolvesse tentar implantar um programa minimamente socialista, como Salvador Allende (outro moderado) tentou fazer no Chile. Certamente, os tempos são outros, os métodos também. Mas a essência do problema é a mesma. Lula, de certa forma, aceitou e se conformou com esse papel. Eu disse aqui, uma vez: O Lula de hoje é o mesmo de 2003; apanha, apanha, apanha, mas afaga a mão que o apedreja; e prefere fingir não saber que o beijo é a véspera do escarro. Só a ruptura salva, amigo. Meu medo é que, do jeito que as coisas vão, nem essa opção nos restará. Rússia, China, e Índia, cada um a seu modo, e com os problemas internos e vícios de origem que carregam em si, estão fazendo isso. E nós aqui, esperando um Prêmio Nobel da Paz que torne visível ao mundo toda essa movimentação social da qual você fez, com toda justiça, o elogio, em seu comentário. Mas creio que vamos ter que nos contentar com o infame Barack Obama, e seu “Esse é o cara!” É muito pouco, e insuficiente. Um abraço.
Me surpreende, e muito, o Nassif não receber pedidos de respostas. 90% das vezes, bate, merda e não assopra. E não importa se foi ou é ministro.
Deve ser porque sabem que isso só vai piorar as coisas. Sabem que o Nassif costuma ter mais cartas na manga para retrucar e provar.
O Grupo Pão de Açúcar tinha como razão social “Companhia Brasileira de Distribuição”. Estatal, óbvio! 😀
Agora, esse gráfico do livro é o nu frontal do neoliberalismo; mostra exatamente a que veio e a quem serve essa escola econômica nefasta. E também explica a raiva da burguesia brasileira contra Lula, por reajustar o salário mínimo pela inflação+PIB, garantindo que a remuneração do trabalhador esteja alinhada com os ganhos de produtividade e crescimento do país.
Os pastores, influenciadores, as escolas militarizadas e o PIG estão ai para comandar a massa. A boiada estoura cada vez em uma direção diferente. Cacarecos são eleitos a cada dois anos. Deolanes (conheci hoje) tem trocentos bilhões de seguidores…
Só uns poucos percebem o engodo. Acho que são trinta mil. Os mesmos que bolçonário considerava matar.
Sem educação não vai!
Ou melhor, VAI.
Para o brejo.
Ayres Brito já falou coisas piores quando se meteu a falar de Mecânica Quântica, mostrando uma falso pedantismo e a arrogância dos ignorantes, pois do alto de sua toga se achava no controle até do que não sabia. Porém quem sou eu para falar do Juiz, já que estudei por mais de 40 anos e ainda acho que sei muito pouco. Porém, eu não posso relevar a questão da visanet. Com esta leviandade toda ele colocou Pizolato na prisão apenas porque queriam de qualquer forma encontrar alguem ligado ao PT para corroborar a farsa do mensalão. Hoje Pizolato já foi preso, execrado e o mensalão juntamente com a teoria do Domínio do Fato passaram a ser verdades inquestionáveis. Eu duvido que Ayres Brito e Barbosa não saibam disto. Mas hoje Ayres Brito talvez tenha dúvidas quanto a se Bolsonaro pode ou não ser acusado pelo que seu staff golpista fez. No momento a grande questão é: será que Bolsonaro sabia ou não do que Cid andou fazendo?
A opinião foi muito importante!
A propósito do próprio subdesenvolvimento, o País não consegue ter uma normalidade saudável no quesito institucional. O enraizado patrimonialismo de difícil superação, trouxe a prática do personalismo nas instituições brasileiras. Aquele que pode se apresentar acima das instituições, colocando à qual serve subordinada aos interesses necessitados, aquele que acomoda as coisas apenas para atender um fim. Não obstante toda a distorção e destruição promovida ao direito, isso traz a desmoralização institucional do País. Com o Mundo digital essas situações rapidamente se tornam conhecidas, oferecendo uma imagem de como as coisas podem funcionar. No caso de MUSK e seu “X” , apostou nisso. A guerra híbrida é centrada nisso. Quando os parâmetros legais podem ser deixados de lado por algum ator que se disponha a fazê-lo, se sobrepondo às instituições. Como foi citado; nesse momento de clamor de uma opinião pública conduzida, se fazem negócios obscuros e raramente do interesse coletivo.