Para que servem as Forças Armadas, se acabaram com o conceito de defesa nacional?

Em suma, as FFAAs entram em nova etapa de interferência na vida pública nacional, sem que se conheçam, até agora, ideias mínimas sobre um projeto de país minimamente defensável,

As observações são do historiador Manuel Domingues, um dos grades especialistas em história militar, em entrevista à TV GGN.

Qual o papel das Forças Armadas? A defesa do país, conforme expresso na Constituição. Só que a defesa do país é um sistema. Desse sistema fazem parte as FFAAs..mas também a indústria de defesa, a ciência e a tecnologia, a diplomacia assegurando alianças e paz com os países vizinhos. Todos esses parâmetros estão sendo desmontados, sem nenhuma interferência das Forças Armadas.

Ou seja, estão se imiscuindo em todos os setores da vida nacional, comandando a saúde, o meio ambiente, mas demonstrando desprezo absoluto por sua missão constitucional.

Sem uma ideia sequer sobre o sistema de defesa, qual a lógica de civis, como Raul Jungman e Aldo Rabello, se juntarem a militares da reserva, como Sérgio Etchgoyen, para defender aumento do orçamento para a defesa? Quem garante que esse dinheiro será usado para a defesa, se as FFAAs abdicaram completamente do conceito de defesa nacional?

Hoje em dia, a indústria de defesa está sendo desmontada, a venda da Embraer foi aceita sem um pio. Ciência e tecnologia estão sendo destruídos  de maneira inédita, sem uma reação sequer das Forças Armadas. O último Plano Nacional de Defesa colocava como uma das missões das Forças Armadas a defesa da Amazonia azul – a costa brasileira, onde está o pré-sal. A Petrobras está sendo desmontada, o pré-sal rifado, sem uma reação sequer dos militares.

O Plano Nacional de Defesa se tornou uma peça morta. Em vez de um projeto nacional que consultasse a academia, a indústria e outros setores envolvidos, virou uma peça decorativa e os dados das Forças Armadas, são uma caixa preta.

Em outros tempos tinha-se um país intelectualmente pobre, anota Domingues. Coube as FFAAs mapear o país, levar o Estado para os rincões mais profundos. Com o tempo o país cresceu, tornou-se complexo, com um conhecimento da sociedade civil muito superior ao conhecimento militar. Em vez de trazer esse conhecimento para dentro da corporação, as FFAAs s fecharam mais ainda, passaram a esconder os dados, a não aceitar nenhum estudo de fora. Em grande parte, devido aos expurgos ocorridos depois do golpe de 64.

Antes dele, nos anos 50,os Clubes Militares foram palco de discussões fundamentais, com pensadores de altíssimo nível, tanto os nacionalistas, como Horta Barbosa, como os liberais, como Juarez Távora. Hoje em dia, as discussões militares são um deserto de idéias, um monumento ao pensamento único com a figura do inimigo interno ocupando todos os espaços, como se estivéssemos ainda na Guerra Fria.

Com o golpe de 1964 houve um rapa nas FFAAs, com o expurgo de todos os militares que pensassem de forma diferente. Com isso, o pensamento interno tornou-se cada vez mais monofásico, sem nenhuma capacidade de absorver novas ideias, entender a complexidade da sociedade, diz Domingues.

Os militares gostam de criticar o Judiciário, continua ele, mas o comportamento é absolutamente idêntico. Criaram-se castas, nas quais os oficiais de hoje são filhos e netos de oficiais de ontem. Desde os 10 anos só convivem no ambiente militar, não tendo nenhuma sensibilidade para conhecer o mundo externou, interagir com a sociedade civil, compartilhar de princípios e conhecimento.

Há um trato com a imprensa, diz Domingues, que divulga salários dos juízes e desembargadores, mas não os dos oficias. Também não há informações que permitam avaliar a eficiência das FFAAs. Quanto custa uma obra tocada pela engenharia? Não se tem ideia. Assim como não se tem ideia da maneira como administram as tropas, a intendência, a estrutura burocrática.

Em suma, as FFAAs entram em nova etapa de interferência na vida pública nacional, sem que se conheçam, até agora, ideias mínimas sobre um projeto de país minimamente defensável,

Luis Nassif

26 Comentários

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  1. As forças armadas bem como todas as forças policiais servem unicamente para uma coisa: garantir o monopólio do uso da força e violência pelas elites, e contra os pobres.

    1. De fato . A questão é como reverter isso. As forças armadas sempre estiveram a fazer golpes. Como reverter a questão da Petrobrás. Desapropriação? . Colocar esses pessoas nos bancos dos reus. Será que vai ser possível num processo civilizatório e democrático.

  2. As forças armadas seervem para o que sempre serviram:

    “Já não se podem ter ilusões sobre o caráter dos exércitos modernos, são mantidos em permanência apenas para reprimir “o inimigo interno”; e assim que os fortes de Paris e de Lyon não foram construídos para defender a cidade contra o estrangeiro, mas para a esmagar no caso de revolta. E se fosse preciso um exemplo sem réplica, citemos o exército da Bélgica, desse país de Cocagne do capitalismo; a sua neutralidade é garantida pelas potências européias e, no entanto, o seu exército é um dos mais fortes em proporção da população. Os gloriosos campos de batalha do bravo exército belga são as planícies do Borinage e de Charleroi, é no sangue dos mineiros e dos operários desarmados que os oficiais belgas ensangüentam as suas espadas e ganham os seus galões. As nações européias não tem exércitos nacionais, mas sim exércitos mercenários, que protegem os capitalistas contra o furor popular que os queria condenar a dez horas de mina ou de fábrica de fiação”. – Paul Lafargue, Direito à Preguiça

    “A guerra é travada pelos grupos dominantes contra seus próprios súditos, e o seu objetivo não é conquistar territórios nem impedir que outros o façam, mas manter intacta a estrutura da sociedade.” – George Orwell, 1984

  3. Mas eles merecem uma comprovação de competência. Uma guerra com a Venezuela onde poderão mostrar toda sua competência e coragem. E servir a pátria que defendem: os Estados Unidos.

  4. E a recompensa, como reportagem ufanista da globo local no Paraná, a entrega no porto de Paranaguá de sucata militar desativada e estorvo do tio sam.
    Eles são os garantidores com um jeep um sargento e um soldado da entrega e submissão deste sonho e esperança Brasil.

  5. Nassif,
    Nas décadas de 70/80 os filhos e netos de militares deixaram de se interessar pelo prosseguimento de suas tradições familiares, preferiram optar pelo mundo fora da caserna.
    Deixando de lado as tendências de cada um deles, o fato é que, até então, muitos dos oficiais oficiais eram pessoas com bom ou ótimo nível intelectual, mas a tal indiferença de seus descendentes abriu a porta para o desastre, pois o pessoal que optava pelas FFAA o faziam porque precisavam comer e se vestir, eram recrutas que vinham dos grotões, sem qq tipo de formação intelectual digna do nome.
    E quem seriam os generais, almirantes e brigadeiros 40 anos mais tarde? Os antigos esfomeados, agora com um certo verniz mas ainda broncos.
    Como diz o historiador, a turma bastante inculta não consegue somar dois mais dois, foi capaz de abrir mão da Amazônia Azul, da Petrobras, da cobiçadíssima Amazônia, aquela mesma que foi considerada pelas FFAA como algo intocável, aquela que inventou a Transamazônica com o objetivo de integrar a região ao resto do país e, assim, reduzir a possibilidade de interferência internacional. Hoje, já surge uma oferta de não sei quantos bilhões de dólares e certamente já tem milico considerando a idéia como excelente.
    FFAA que têm na direção do país uns helenos, hamiltons, bragas, eduardos e coisas do gênero , tipos que só têm capacidade intelectual para ficar vendo comunistas debaixo da cama, representam um baque sem tamanho para os interesses nacionais, são grandes atores no processo de destruição que está sendo imposto por um governo que tem à frente um militar de alta estirpe, tão alta que o Exército se nega a mostrar o CV do cidadão, algo impensável há alguns anos.
    Apesar de ser crítico contumaz do período da ditadura, aquele que lançou de aviões diversos brazucas ao mar, aquele que exterminou com milhares ( 390 mortos e desaparecidos preenchem apenas uma sala de cinema de shopping, ou seja, quantidade que não passa de piada, tendo em vista a pancadaria que foi), não consigo deixar de reconhecer que a maioria dos golpistas tinha noção de pátria, já hoje…

  6. A casta das castas, pois conta com o que as outras, legalmente, não dispõe: o uso da violência. Que ironia da história: o golpe fracassado de Silvio Frota em Geisel se realizou quarenta anos depois com a eleição de Bolsonaro e gangue.

  7. Vou contar um causo que assisti ontem, na TV francesa no(versão do ) “jornal nacional” francês…..Estes últimos dias, em certas regiões da França, teve muita chuva(tempestade Alex) com enchentes, deslizamentos e mortes….Ontem, no tal do jornal televisivo, um milico de altíssima patente, paramentado a caráter e cheio de medalhas, vem a publico explicar o plano de emergência de ajuda as vitimas e a ações de engenharia para que a vida retorne ao normal, o mais rápido possível, nos locais atingidos pela catástrofe….Eu acho que os milicos Br perderam até o senso de oportunidade de “sair bem na foto” e evitar que a questão do titulo da matéria seja posta na mesa…….Ainda ressoa, nas minhas orelhas, o “phoda-se” do Gen(de pijama) Heleno……Brumadinho? “Phoda-se”…….Incêndio m todo lado? “Phoda-se”……Pandemia?”Phoda-se”……..fome Brasil a fora? “Phoda-se”……Agora aumento salarial?”To dentro”…….aposentadoria especial?”To dentro”……ter papel central num gov de doidos e entreguista até a medula?”To dentro”……sem pestanejar….
    Acho que subestimamos o alcance do “Phoda-se” do Heleno….é muito maior e mais profundo do que sonha a nossa “vã filosofia”….e parece ser a posição majoritária da turma…..”Phoda-se”, Brasil e povo Brasileiro……a parada (militar) agora é “todos pela ostentação”….

  8. Nassif e demis leitores.
    Recomendo a leitura do livro ” O Brasil no Espectro de Uma Guerra Híbrida” do Piero C. Leirner.
    Fica muito claro entender tudo que está acontecendo nas Forças Armadas e o que vem planejando e pior, pondo em prática.
    Seria interessante para o Canal GGN chamar Piero para uma entrevista.
    Inclusive, acrescenta muito à entrevista do Manuel Domingos Neto ocorrida ontem.

  9. “Acabem com [os Verde]Sauvas ou [os Verde]Sauvas acabarão com a “Lavoura” de Pindorama” — anotações por Saint-Hilaire, omitidas pela grandemídia.

    Nassif: nem preciso dizer o quanto aprecio esse tipo de artigo. Não que seja contra ForçasArmadas. Em PaisesSoberanos são uma bênção. Mas, quanto ao sentido delas no contexto dessa Nação (se é que podemos chama-la assim). Aquela de invocação do Art. 142 da CartaMagna, isso é balela filosófica proclamada pelos positivistas da EliteBurguesa e suas duas principais ramificações — CongressistasCorruptos e VerdeSauvas. Pelos primeiros a roubalheira e falcatruas são institucionalizadas, porquanto transformam uma CasaDeLeis num prostíbulo PolíticoDoutrinário. Pelos segundos, temos o braço armado que garante (ao som dum “EuTeAmo, MeuBraZil”) todas maracutáias e safadezas possíveis e imagináveis, sempre referendadas pelos Ômes-do-Delcído, a partir do Çupremu. Você já se deu conta de quantas “quadrilhas” são desbaratadas por semana? Faça levantamento dos últimos 24 meses. Não me espantaria se uma por dia. E com dezenas de “membros”. É ninguém consegue conter os facínoras? Por quê, senão pela impunidade consentida pelos VerdeSauvas, desde que não se trate de desafetos seus ou que “contrariem” seus malignos desígnios. E agora que se “associaram” aos DizimistasUngidos e PobresDeDireita, aí sim que o bicho tá pegando pros de Pindorama que não votaram neles. E agora que inventaram a DemocraciaDaBaioneta, com a qual garantem a guarda do Quintal onde moramos aos verdadeiros donos estrangeiros, agora sim, nos lascamos de Verde&Amarelo, para “bem de todos (eles) e felicidade geral da Nação”…

    Esse artigo é da maior responsa…

  10. “Acabem com [os Verde]Sauvas ou [os Verde]Sauvas acabarão com a “Lavoura” de Pindorama” — anotações por Saint-Hilaire, omitidas pela grandemídia.

    Nassif: nem preciso dizer o quanto aprecio esse tipo de artigo. Não que seja contra ForçasArmadas. Em PaisesSoberanos são uma bênção. Mas, quanto ao sentido delas no contexto dessa Nação (se é que podemos chama-la assim). Aquela de invocação do Art. 142 da CartaMagna, isso é balela filosófica proclamada pelos positivistas da EliteBurguesa e suas duas principais ramificações — CongressistasCorruptos e VerdeSauvas. Pelos primeiros a roubalheira e falcatruas são institucionalizadas, porquanto transformam uma CasaDeLeis num prostíbulo PolíticoDoutrinário. Pelos segundos, temos o braço armado que garante (ao som dum “EuTeAmo, MeuBraZil”) todas maracutáias e safadezas possíveis e imagináveis, sempre referendadas pelos Ômes-do-Delcído, a partir do Çupremu. Você já se deu conta de quantas “quadrilhas” são desbaratadas por semana? Faça levantamento dos últimos 24 meses. Não me espantaria se uma por dia. E com dezenas de “membros”. É ninguém consegue conter os facínoras? Por quê, senão pela impunidade consentida pelos VerdeSauvas, desde que não se trate de desafetos seus ou que “contrariem” seus malignos desígnios. E agora que se “associaram” aos DizimistasUngidos e PobresDeDireita, aí sim que o bicho tá pegando pros de Pindorama que não votaram neles. E agora que inventaram a DemocraciaDaBaioneta, com a qual garantem a guarda do Quintal onde moramos aos verdadeiros donos estrangeiros, agora sim, nos lascamos de Verde&Amarelo, para “bem de todos (eles) e felicidade geral da Nação”…

    Esse artigo é da maior responsa…

  11. Pra dar golpes? Afinal, foram vários ao longo da História…….ou para defender interesses estrangeiros em detrimento do povo? Ou seria para massacrar o proprio povo por falta do que fazer? Ou tudo isso junto?

  12. Mais um relevante tema trazido à discussão pelo Nassif.
    Os grandes problemas deste país, que desperdiça suas condições de ser uma das 3 ou 4 grandes do planeta, precisam ser antes de mais nada reconhecidos, entendidos e depois atacados, por um óbvio e essencial requisito: a vontade de fazê-lo, o que NÃO existe na resultante dos diversos vetores da sociedade brasileira.
    Também necessário dividi-los em 2 grupos: 1) As CAUSAS e 2) Os EFEITOS.
    1) Mesmo as pessoas mais preparadas e comprometidas com este país, eterno “trainee” de nação, focam a discussão nos EFEITOS deste caótico país: enorme concentração de renda, pífias (“africanas”) educação, saúde, segurança, habitação, saneamento, alimentação e, diante destes enormes desequilíbrios, a natural e DECORRENTE corrupção que, longe de ser um problema “causa”, é um problema “efeito” de tudo isso. Não é o ingênuo e maroto “acabar com a corrupção” que vai melhorar o país (embora evidentemente deva ser combatida, de forma séria e não política). É o inverso que vai deixá-la “residual”, como em países de altos índices de desenvolvimento humano.
    2) As causas são exatamente a exploração privilegiada da imensa riqueza natural disponível desde sempre, do descobrimento até … quando acabar, posto que extrativa e predatória. Sendo assim, é disputada sem grande esforço (afinal é pegar, usar ou levar), até mesmo com um “pequeno trabalho”, executado no início por escravizados e hoje por máquinas robotizadas, numa terra onde “se plantando, tudo dá”, até capim pro gado comer. Até o que deveria ser o recurso (e o beneficiário) principal, GENTE, existe em grande quantidade, seja para explorar, seja para consumir, posto que somos uma das 6 maiores populações do mundo!
    Saindo deste blá, blá, blá introdutório, as causas são as que IMPEDEM o equacionamento das consequências:
    1) O natural, (embora indesejado e indevido) interesse estrangeiro (desde que o mundo é mundo), que compra, coopta e controla a nossa cada vez mais meRdíocre ‘elite” (que por definição teria condições de liderar positivamente). Aquela que em vez de preguiçosamente explorar e predar a riqueza existente (pronta, disponível) para negociar externamente (não percebem que mantém um enorme mercado interno miserável, pois o externo já está “pronto”). Isto é assim desde o pau-brasil, a cana, o café, o ouro e minérios e “hodiernamente”, a soja, o milho, o petróleo e até a carne. Nem turismo conseguimos desenvolver, o nosso nacional é menor do que o da torre Eiffel…
    2) Muito mais grave do que o item acima (invertido por ordem de clareza), é exatamente esta imensa REDE de PODER entreguista que se vende por meia pataca à (1) acima, em detrimento dos seus (?), composta de empresários (financeiros, industriais e comerciais, de comunicação, do agronegócio, do ensino e até da religião), além de políticos e a estrutura de justiça (juízes, promotores, advogados…) e de segurança (polícias, forças armadas…).
    3) Esta REDE de traidores dos seus (“capatazes e corretores da nação”), uma ínfima proporção da sociedade brasileira, embora riquíssima e poderosa, é claramente o MAIOR PROBLEMA DO braZIL.
    Enquanto esta CAUSA não for “saneada”, seremos o grande GIGANTE BOBÃO do mundo, com inaceitável concentração de renda (uma das maiores do mundo!), exportadores de commodities controladas de fora, índices “africanos” (torço pela mãe África) de desenvolvimento humano, sócio-econômico, cultural,industrial, tecno-científico e … militar.
    Pior: a classe dita média do país está sendo inacreditavelmente contaminada (“convencida”) de que “este é o caminho”, por técnicas de propaganda e psicologia de massas (em rede) que fariam de Freud, Bernays e Goebbels criancinhas de creche maternal.
    Boa parte acredita que em vez de democracia (liberdade, diversidade e escolha) é melhor ter a tutela do comando cego, hierarquia e disciplina), pensando inclusive que uma instituição constitucionalmente SUBALTERNA ao poder CIVIL seria um “poder” moderador, que nunca foram! No máximo, um poder USURPADOR…
    (NB: não estamos criticando a instituição que deve ser prestigiada, mas o uso farsesco da mesma por marotos despreparados, medíocres e desprezíveis, quando não psicopatas).
    Até nossos militares (hoje mais despreparados do que nunca!), que existem para proteger os interesses do país e sua sociedade, estão voltados para submetê-la!
    Eu que trabalhei com TI & C, Planejamento, Organização, feliz de estar na Era da Informação, constato que estamos no seu inverso:
    A era da Desinformação…

    1. Tenho certeza de que o muito que você tem a dizer pode ser resumido em 1/3 desse espaço.
      Estamos na era dos 140 toques, ninguém mais aguenta ler tantos parágrafos.
      Eu li, mas se fosse menor o seu texto, certamente haveria 10 vezes mais leitores.

      1. Obrigado pela leitura, Renato.
        Não que vc esteja “errado”, mas:
        Um dos grandes problemas da desinformação que varre este país é ler as manchetes sem sequer ler o conteúdo. Ler capas e orelhas sem ler os livros.
        Construir conhecimento dá trabalho mesmo!
        Como disse, é a era da desinformação…
        Ou “dos 140 toques”…

        ….,….1….,….2….,….3….,….4….,….5….,….6….,….7….,….8….,….9….,….0….,….1.
        A escala acima é para ajudá-lo a contar os toques.

  13. Se houvesse jornalismo no Brasil, já se teria investigado a compra de obuseiros dos EUA feita pelo EB recentemente. Material de segunda linha do exercicito estadounidense que foi modernizado numa fábrica estadounidense pertencente a uma multinacional de armamentos. Ainda assim, muito longe dos obuseiros de primeira linha fabricados na Alemanha, China e Rússia. Em outras palavras, os EUA ganharam duas vêzes. Venderam material ultrapassado e ganharam dinheiro para financiar sua indústria de defesa. E a multinacional de armamentos que modernizou o material pode manter seus engenheiros ativos e bem pagos. O Brasil, por sua vez, queimou orçamento, comprou material bélico de segunda linha e não internou tecnologia.

  14. Por que não o fim, a completa extinção dessa corporação inútil e perigosa aos que a sustentam. Gente que não tem o que fazer da vida com arma na mão é um perigo. “Mente vazia, oficina do diabo”, afirma sabiamente o adágio. Já tarda a hora de criarmos um grande movimento de extinção desse monstro que se agiganta a nossa custa. No seu lugar, teríamos patrulhas de fronteira, guardas florestais, guardas costeiras, esquadrões de monitoramento e combate a incêndios florestais, desenvolvimento de linhas de defesa eletrônicas, enfim algo mais condizente com a realidade. Sustentar fardados inúteis, pontificando sobre o que muitas vezes desconhecem, cuspindo ideologias, balbuciando valores do séc. XIX, chacinando pobres aqui e alhures, pintando de branco meio-fio e tronco de árvore, fazendo ginástica e ordem unida, auferindo privilégios, profissional e intelectualmente ultrapassados, é um contrassenso. O Erário, exangue, já não pode suportar o sustento desse custo com pouquíssimos benefícios. Por que não começar aqui essa campanha de transformação das nossas forças de defesa e que passariam também a ser de preservação ambiental?

    1. A Finlândia (há outros países) tem em sua história esta abordagem de manter um exército de civis treinados para serem convocados SE necessário, como foi ao defender-se (com sucesso na fase I) da tentativa russa de invasão em 1939 (em 1944 “entregaram os anéis”…). Mas é um país peculiar.
      A despeito dos seus muitos bons (e verdadeiros) argumentos, não sei se chegaria a tanto, já que o Brasil (como país geoeconômico) é talvez um dos 3 a 5 países mais ricos da terra (que desperdício vergonhoso, não?)
      Mas certamente é um desperdício manter FFAA de forma totalmente distorcida, com custo-benefício NEGATIVO, já que além de não estarem preparados para nos defender, ainda nos “atacam” internamente, tentando impor sua visão militar sobre a visão democrática, conforme historicamente.
      Some-se que, fora este período “imbecilicoso” de Bozo, somos um país sem grandes conflitos potenciais.
      Talvez nosso maior erro em corrigir e aperfeiçoar isso seja de um lado a idolatria ignorante e de outro o desprezo pela instituição e não pelas pessoas cada vez piores que as compõem.
      Como de resto, na maioria das instituições braZileiras.

  15. Realmente falou tudo, só restou a eles o inimigo interno e a guerra às drogas, sabe-se lá o que isto significa. Hoje com equipamento militar mais pesado e mais preciso dependendo de gps e componentes eletrônicos, as autorizações para reposição ficarão cada dia mais dependentes de governos externos. E da política deles para drogas, para a amazônia, ou para os minérios bolivianos e venezuelanos. Cabendo a nós pagar a conta.

    Vou até fazer uma aposta, a nossa política em relação às drogas dura até os americanos acharem que têm tecnologia de controle e preço para criarem um mercado de drogas sintéticas e semi-sintéticas. A maconha será o primeiro passo.

  16. Gente, vamos combinar o seguinte: este pais nunca deixou de ser uma colonia, as ~forcas armadas~ sempre foram forcas de ocupacao estrangeira, do colonizador da vez.

    Os colonizadores mandaram seus soldados invadirem o mundo inteiro – Africa, Asia e Oriente Medio – menos o Brasil, porque os proprios brasileiros fazem o servico pra eles.

    Qual Marinha de uma nacao soberana – os EUA, por exemplo – assistiria calada seu maior cientista nuclear ser condenado e preso por uma juizeco de provincia por causa de uns caraminguas?

    Qual Forca Aerea deixaria o fornecedor escolher quais cacas ela deve comprar e vetar a transferencia de tecnologia e o emprego de componentes dele em produtos adquiridos de terceiros?

    Qual Exercito manteria o treinamento de seus oficiais sob o comando de outras nacao e a cooptacao escancarada deles por viagens de turismo e lazer?

    Pompeo veio aqui so pra nos dizer alto e bom som que quem manda aqui e ele.

    Entenderam?

    1. Enriquecedora discussão Marco.A, Horacio, Jura, Válber e demais.
      Faltou na lista do Jura o agradecimento público nas FFFAA americana de ter um militar com eles, pago por nós…
      Observo que nenhum país se impõe no mundo sem uma força militar NACIONAL e SOBERANA.
      Exemplos? Os nucleares China, Rússia, Índia, Israel (ou até mesmo Cuba ou Vietnam…).
      No entanto há países cujas FFAA são títeres, como por ex. os da antiga Pérsia, Arábia Saudita e braZil. Portanto o problema, pelo menos para um país naturalmente rico como somos (notemos que uma “neutra” Suiça não sofre de grandes ambições exógenas) não é termos ou não FFAA.
      É a qualidade delas, tanto em PODER BÉLICO de dissuasão (pelo menos) quanto sua IDENTIDADE genuína COM SEU país (nação).
      Termos o que não é nEM uma coisa NEM outra não significa extinguí-las, mas transformá-las.
      (o desafio é como fazê-lo, ainda mais na era da desinformação)
      Infelizmente, não será “no papo” que deixaremos de ser uma rica colônia do século XXI.

  17. Abandonaram a doutrina da Soberania Nacional e, com ela, o status de Militar
    Nassif, penso que as Forças Armadas destruíram o conceito de Soberania Nacional e o substituíram pelo de Defesa Nacional. Desde 1964, a doutrina da Soberania Nacional foi sendo substituída, nos quartéis, pela doutrina da Segurança Nacional.
    A primeira ensina aos militares que os inimigos são outros povos e o aliado é seu próprio povo. A segunda ensina que os aliados são os EUA e que até o próprio povo brasileiro é um inimigo a ser enfrentado.
    Veja a postura dos militares norte-americanos contra as ameaças de Trump de usar as Forças Armadas do país contra o próprio povo norte-americano. Foi imediata e abertamente repreendido pelos Generais: “nossos cidadãos não são nossos inimigos e nunca serão”, disse Mike Mullen.
    Aqui no Brasil o presidente ameaça o povo e os “militares” o endossam. Pior, os próprios generais saem ameaçando o povo, a democracia, a nação.
    Em verdade, nossos militares não são “Militares”. Comportam-se tão somente, ao longo da história, como milícias de impérios. O abandono à doutrina da Soberania Nacional é sintomático de uma legião armada que admite, nas entrelinhas, não ser digna de ser chamada de Militar.
    A doutrina da Soberania Nacional, desde a Paz de Westphalia, orienta a formação profissional das Forças Armadas em todos os países e define a própria essência do que é um país, isto é, uma nação que habita um território sob um Poder Soberano.
    Por Poder Soberano se entende aquele sobre o qual não existe um poder maior nem dentro nem fora das fronteiras do seu território, que não admite ingerências externas sobre as questões de poder internas e, portanto, não está submetido ao julgo ou à tutela de um poder maior nem internamente nem externamente.
    Atender a estes princípios é fundamental para que este poder seja reconhecido por outros poderes igualmente soberanos como equiparável e, assim, possa ser reconhecido como Estado e como país no contexto das nações.
    Este Poder Soberano é o resultado de uma convergência de forças econômicas, políticas, ideológicas e militares comprometidas com os interesses da nação, traduzidos na manutenção da integridade e no fortalecimento do Território, das instituições nacionais, do Estado, da economia e da sociedade.
    Por esta perspectiva, a submissão do Governo Brasileiro atual, endossada pelas Forças Armadas, aos interesses econômicos, políticos, ideológicos e militares dos EUA é apenas uma das expressões do abandono pelas FA do conceito de Soberania Nacional.
    Este abandono também se expressa no fortalecimento de grupos armados, milícias, do Crime Organizado, tráfico de armas, narcotráfico que está sendo chancelado pelas FA com o apoio às medidas de liberação de armas e afrouxamento das fiscalizações.
    Também está na submissão do governo a milícias ideológicas extremistas que, submetidas ao mais abissal obscurantismo, colocam seus representantes em postos estratégicos da administração pública para emporcalhar, desmantelar e apodrecer os serviços públicos.
    As FA se renderam a esta posição de poder tutelado dos EUA, fiadoras do desmonte das instituições e da economia, assim como de sequestro do Estado nacional por facções criminosas, crime organizado e máfias.
    Tornaram-se um poder não somente tutelado dos EUA, que abandonou a Soberania Nacional, mas que, também, volta-se contra o próprio povo brasileiro.
    É bom lembrar que, por trás do Golpe de 1964, ainda havia um projeto de nação e era capitaneado por forças históricas minimamente civilizatórias. O Golpe em andamento com Bolsonaro é um projeto de destruição da Nação capitaneado pelas forças das profundezas da barbárie extrema.

  18. Temos hoje no Brasil o que o cientista político Hélio Jaguaribe, há anos, chamou de um “exército de parada”. As outras armas (Marinha e Aeronáutica) seguem o mesmo modelo.

    Muito bons para desfilarem garbosos no 07 de setembro, e pouco mais do que isso.

    Tornaram-se “capitães do mato” a serviço de poderes maiores ($$) do Brasil e do exterior, para manter a maioria dos brasileiros na pobreza e miséria de sempre.

    Conforme manifestação do ex-presidente Lula, ao assumir a presidência em 2002, nosso “glorioso” exército era obrigado a dispensar seus praças por não ter recursos ($$) para fornecer-lhes almoço.

    Hoje, temos um almirante brasileiro servindo em Washington sob as ordens do comandante americano da quarta frota. Algo “nunca dantes” visto em nossa história.

    As FFAAs compõem a parceria que o sociólogo Jessé Souza denominou de “A Elite do Atraso”, este conluio de “endinheirados”, instituições estatais, intelectuais orgânicos e a maioria da classe média, responsáveis por manterem o Brasil como eterno país do futuro, em meio a pobreza e miséria geral.

    Na conjuntura atual, os oficiais superiores venderam-se por um aumento salarial de 50% , concedido logo após o “Capitão Cloroquina” assumir.

    As baixas patentes e seus familiares ficaram “revoltados” com o aumento de 5%.

    No golpe militar/civil de 1964, os militares de todas as armas expurgaram de seus quadros os integrantes com pensamento divergente da maioria e se isolaram em torno de suas instituições, preocupados apenas em assegurar salários, vantagens e aposentadorias generosas, às custas dos impostos pagos, majoritariamente, pela maioria pobre deste país.

    Este isolamento social das FFAAs resultou no surgimento e na proeminência dos toscos “Helenos” e “Mourões” que temos vistos em profusão nas armas e na atual administração federal.

    Além de restabelecer a “democracia e as liberdades democráticas”, e “refundar o país”, há que pensar em reformular nossas forças armadas, para que estas possam servir a um projeto de país soberano e independente.

    Soberania e independência significa romper laços físicos, logísticos e ideológicos com o império americano, investir em desenvolvimento tecnológico próprio, e em parcerias tecnológicas como aquelas estabelecidas com a França, Alemanha e Suécia.

    Há também que romper os treinamentos/estágios militares hoje realizados em solo americano, versão atual daquilo que anos atrás eram realizado na “Escola das Américas”, na zona americana do Canal do Panamá.

  19. A Pergunta foi respondida através da densidade dos comentários extremamente pesados contra as FFAA brasileiras, excetuando um que somente critica os comentaristas através de uma bobagem há diversas gradações de críticas, ou seja, o que poderíamos dizer é que as FFAA brasileiras são tão úteis como uma máquina de escrever.

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