Uma onda de remarcação de preços está a caminho

Quando se analisam as grandes categorias, o quadro é igualmente preocupante.  É possível que as quedas da renda e do emprego, apesar de substanciais, não segurem a onda de remarcações que vêm a caminho. O que poderá tornar mais complicado o quadro social.

A escalada de preços já chegou aos fabricantes. Aqui no interior, conversei com fabricantes de panos de prato, que alertaram para uma explosão de preços do algodão e dos produtos finais por eles fabricados. Agora à tarde, uma conversa com vendedor de colchão confirmou o clima de alta generalizada.

Lembra um pouco a história do crack de 29 (guardadas as devidas proporções). Quando o clima chega na ponta, no pequeno vendedor, há que se prestar atenção ao processo.

Os dados do IBGE comprovam a alta de preços ao produtor de forma quase generalizada.

Aqui, o gráfico das maiores altas no índice de agosto, entre os grupos de produtos.

E, aqui, as elevações desde fevereiro de 2020.

Comparei com índices de exportação, mas não explica. Muitas dos produtos em alta não registraram aumentos expressivos nas exportações.

O que parece ocorrer é um impacto da desestruturação das cadeias produtivas, em alguns pontos os reflexos da alta do dólar, e um Ministro da Economia sem nenhuma noção de como administrar pressões inflacionárias.

Na Indústria de Transformação, as altas são generalizadas. Em agosto, o índice do setor subiu 3%. Mas a alta se disseminou por todos os setores.

De dezembro de 2019 para cá, apenas dois setores registraram queda de preços.

Em agosto houve alta nos 24 setores da indústria de transformação que entram na análise. De abril para cá, apenas 3 setores registraram queda – artefatos de couro, vestuário e fumo – contra 21 em alta.

Quando se analisam as grandes categorias, o quadro é igualmente preocupante.  É possível que as quedas da renda e do emprego, apesar de substanciais, não segurem a onda de remarcações que vêm a caminho. O que poderá tornar mais complicado o quadro social.

Luis Nassif

5 Comentários

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  1. De fato, os preços têm aumentado. Muito! Porém, há um outro aumento repassado não necessariamente de forma sutil. Trata-se da diminuição da quantidade de um produto e a manutenção do mesmo preço. Isso é crime contra a economia popular. As empresas, criminosas, informam em letras visíveis só com microscópios eletrônicos essa alteração. Unilever, Nestlé, entre outras, praticam esse crime há vários anos e nada foi ou será feito. Recentemente, comprei um pacote de macarrão e a diminuição informada foi de 17,5%. Quase um quinto! Janio de Freitas mencionou essa prática criminosa em um de seus artigos e não me lembro de ter visto alguma investigação a respeito. Todo mundo quieto! Por quê?

  2. “Comparei com índices de exportação, mas não explica. Muitas dos produtos em alta não registraram aumentos expressivos nas exportações.”

    O aumento a ser estudado não é no volume exportado. O que deve ser estudado são os volumes dos lucros auferidos com o dólar chegando a 6,00.

    Depois que exportam suco de laranja com rentabilidade vazando pelo ladrão, os pés de laranja são largados forrando o chão de laranjas apodrecendo e adubando o solo…. que inclusive gera desempregos generalizados….

  3. Liberou geral!
    Se está todo mundo roubando o povo, porque não levar uma parte?
    Do leão.
    Supermercados ROUBAM muito.
    Fabricantes idem.
    O povo segue não conferindo as notas fiscais.
    Roubo do roubo!
    Mais um pouco os pastores vão elevar o dízimo para 20%.
    Sem nota.
    …..isso não vai acabar bem. Mirem-se nas revoltas de Portland e Seattle

  4. Vamos fazer um pouco de previsão:
    Para uma análise dos preços futuros não é só o valor do Dólar que vai influenciar, pois há outros componentes que estão sendo esquecido tais como os próprios custos quando se diminui a produção.
    As empresas tem além de seus custos dependentes da mão de obra, que são relativamente baixos para as grandes empresas, há custos fixos de empréstimos já assumidos, assim como os próprios custos trabalhistas das demissões, como também outros custos que serão diluídos numa diminuição de produtos causando um aumento no custo unitário.
    Também temos que levar em conta o desarranjo das cadeias produtivas que não permitem a política do “just in time” exigindo estoques que deverão ser pagos por empréstimos para fluxo de caixa (que são muito mais caros do que empréstimos para investimentos).
    Também com a provável quebradeira a nível internacional, os bancos e as próprias empresas de fornecimento de matéria prima terão que fazer caixa para cobrir prejuízos futuros.
    Além de tudo isso temos um processo de desvalorização do dólar frente ao Euro que foi do ano passado para cá em torno de 6%, com uma tendência de ainda perder mais valor devido as incertezas da política norte-americana, que para moedas atreladas ao dólar é mais um custo.
    Logo a inflação que estimo deverá estar acima de 10% somente por efeito externo.

  5. Já há notícias na construção civil de aumentos fortes chegando na ponta. Os repasses já estão acontecendo e fatalmente aparecerão, se não no IPCA de setembro, no proximo IPCA-15

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