O presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos atos golpistas, deputado Arthur Maia (União-BA), afirmou nesta quarta-feira (23) que a colegiado não irá investigar a suspeita de venda ilegal de joias intens de luxo recebidos como presentes oficiais pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A declaração foi dada após Maia rejeitar colocar em pauta requerimentos referentes ao episódio, como a quebra de sigilo do ex-presidente. Ele falou com jornalistas ao sair de uma reunião com o comandante do Exército, general Tomás Paiva, no quartel-general da corporação.
Na visão do deputado, a venda ilegal dos itens de luxo oficiais nada tem a ver com os atos golpistas que culminaram na invasão dos Poderes, no dia 8 de janeiro, em Brasília.
A base governista, no entanto, defende uma investigação minuciosa sobre o caso, uma vez que o dinheiro adquirido por meio dos presentes oficiais podem ter financiado os atos golpistas.
“Será que alguém aqui, em juízo perfeito, vai imaginar que o presidente Bolsonaro estava lá mandando Pix, da conta dele, para patrocinar invasão do Palácio do Planalto ou do Congresso Nacional no dia 8 de janeiro? Obviamente que não“, afirmou Maia.
“A não ser que chegue na CPI alguma vinculação que possa demonstrar que havia algum tipo de ação nessa natureza, eu não vejo sentido para quebrar o sigilo apenas porque é o ex-presidente da República“, continuou.
“Se quiserem fazer uma CPI para discutir presente de ex-presidente, venda de Rolex, negócio de joias, façam outra CPMI. Eu cumprirei o meu papel como presidente da CPMI de garantir que se investigue o que ocorreu antes, durante e depois do 8/1, mas tudo relacionado ao 8/1”, reiterou Maia.
“Democracia é coisa frágil. Defendê-la requer um jornalismo corajoso e contundente. Junte-se a nós: www.catarse.me/jornalggn”
Quebras de sigilos de Zambelli
Por outro lado, Maia destacou a importância do requerimento de quebras de sigilos da deputada Carla Zambelli (PL-SP), que foi incluído na pauta da comissão desta quinta-feira (24).
Ontem (23), o tema gerou uma discussão entre os parlamentares governistas e de oposição, o que levou ao cancelamento da sessão.
A quebra dos sigilos de Zambelli passou a ser requerida pela relatora da CPMI, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), após o hacker Walter Delgatti confirmar ao colegiado que deputada intermediou um encontro entre ele e Bolsonaro, em 2022, ocasião que teria sido discutido um plano de fraude nas urnas eletrônicas.
“Eu penso que, depois daquele depoimento do hacker, é importante que isso seja colocado, né? Haviam vários requerimentos nesta direção [de quebra de sigilo de Zambelli]“, disse o presidente da CPMI.
“A relatora reputa importante. Havia a proposta de que a deputada fosse convocada, mas a relatora, com razão a meu ver, reagiu dizendo que não poderia inquirir ninguém sem ter elementos para fazer a arguição. Então, partimos para a decisão de pautar. O plenário vai decidir se aprova ou não o requerimento“, concluiu Maia.
Leia também:
Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.
Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.