Áudios e vídeo corroboram versão de Degaltti sobre plano de Bo

Depoimento do Hacker, Walter Delgatti Neto, na CPMI do golpe. Crédito: Lula Marques/ Agência Brasil

Novos áudios e vídeos, divulgados nesta terça-feira (22), sustentam a versão do hacker Walter Delgatti, dada à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos atos golpistas, a respeito de um plano do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para interferir nas Eleições 2022.

O material, obtido pelo site Metrópoles, narra os bastidores da execução do suposto plano golpista, entre agosto e setembro do ano passado, para colocar em xeque a lisura das urnas eletrônicas, ação que envolveria o Ministério da Defesa, além de um grampo no ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Morais.

De acordo com o veículo, o teor das conversas de Delgatti com pessoas próximas foi mantido dentro do contexto de cada áudio. No entanto, cortes foram feitos para preservar o sigilo da fonte.

Em uma das gravações de voz, feita na véspera do encontro do hacker com o então presidente, em 9 de agosto, Delgatti antecipou para uma pessoa próxima o que sabia sobre a pauta da reunião. Vale ressaltar, que algumas horas antes do áudio, o programador já havia ido à sede do PL, falar com o presidente nacional da sigla, Waldemar Costa Neto.

“Eles vão configurar o código-fonte para dar o resultado que eles querem”, disse. “Eles vão pegar agora uma urna. Eles mesmo vão fazer isso”, afirmou.

Segundo o hacker, o objetivo da ação era provocar o TSE a autorizar a fiscalização das urnas por militares, abrindo caminho para contestar uma possível vitória do então candidato à presidência, Luiz Inácio Lula da Silva.

Nesse mesmo dia, Delgatti foi gravado dentro do hotel Phenícia, em Brasília. No vídeo, ele aparece em frente ao balcão, conversando com um funcionário do estabelecimento. Foi lá, antes do encontro com Bolsonaro no Palácio do Alvorada, que um motorista, com placa fria, passou para pegá-lo, como relatou a revista Veja, em agosto passado.

Já em 22 de setembro, dez dias antes do primeiro turno, o programador dá a entender que encontrou o ex-presidente várias vezes. “O Bolsonaro, ele tá fazendo questão que eu vá lá. Aí, teve alguém da equipe que falou: ‘Irmão, é bom ele não vir aqui porque pode queimar’. Bolsonaro falou: “Quem manda aqui sou eu, e ele vai vir”.

Ainda, segundo Delgatti, o projeto beneficiaria diretamente o ex-presidente. “Ou você acha que o Presidente da República estaria correndo esse risco de me receber lá, me receber lá, se não fosse algo que ajudasse muito ele?”

O hacker, então, afirmou que Lula, indiretamente beneficiado pela Vaza Jato, não teria o acolhido da mesma forma. “O Lula nunca quis… me falou um ‘oi’ (…) O que eu vou fazer atrás de Lula? Eu nunca vou ser de esquerda. Eu sempre gostei de arma”, declarou.

Além disso, Delgatti ainda gravou áudios relatando a proximidade com a deputada Carla Zambelli (PL-SP), que teria intermediado a relação com Bolsonaro.

“Eles estenderam a mão para mim, cara. A Carla me tratou hoje como se fosse um filho, coisa que nunca aconteceu na minha vida”, disse Delgatti. “A ponto da mãe dela me servir leite com Nescau, na mesa, e acompanhado com ela”, contou o programador, revelando que jogou até vídeo-game com o filho de Zambelli.

Escute os áudios e assista o vídeo (aqui).

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