Bolsonaro prometeu indulto para Delgatti invadir as urnas

Ana Gabriela Sales
Repórter do GGN há 8 anos. Graduada em Jornalismo pela Universidade de Santo Amaro. Especializada em produção de conteúdo para as redes sociais.
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"Se caso algum juiz te prender, eu prendo o juiz", garantiu o ex-presidente Jair Bolsonaro ao hacker

Walter Delgatti Neto. | Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados

O hacker Walter Delgatti Neto, conhecido pela Vaza Jato, afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro assegurou um indulto, caso ele fosse preso por fraudar as urnas eletrônicas. 

A declaração foi dada durante depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos atos golpistas, nesta terça-feira (17). Acompanhe ao vivo:

De acordo com o hacker, a promessa de indulto foi feita durante reunião no Palácio da Alvorada, próximo às eleições 2022. No encontro, intermediada pela deputada Carla Zambelli (PL-SP), o ex-presidente teria questionado se era possível invadir a urna eletrônica para testar a lisura do processo eleitoral.

A ideia ali era que eu receberia um indulto do presidente. Ele havia concedido um indulto a um deputado federal. E como eu estava com o processo da Spoofing à época, e com as cautelares que me proibiam de acessar a internet e trabalhar, eu visava a esse indulto. E foi oferecido no dia“, disse Delgatti.

A declaração foi uma resposta ao questionamento da relatora da comissão, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), se ele recebeu alguma garantia de proteção de Bolsonaro mediante aos pedidos de serviços ilegais.

Reuniões no Ministério da Defesa

Após essa reunião, Delgatti ainda teria sido encaminhado ao Ministério da Defesa por Bolsonaro, para uma discussão técnica com o setor de tecnologia, a afim de arquitetar a fraude, por meio de um código-fonte.

A ideia era falar sobre as urnas e sobre a eleição, e sobre a lisura das urnas. E a conversa, ela foi bem técnica, até que o presidente me disse. Falou assim: ‘Olha, a parte técnica eu não entendo, eu irei enviá-lo ao Ministério da Defesa e lá, com os técnicos, você explica tudo isso‘”, explicou Delgatti.

O hacker afirmou que foi levado a pasta Defesa pelo general Marcelo Câmara, então assessor de Bolsonaro. O militar teria questionado a ideia, mas o ex-presidente teria dito: “é ordem minha, cumpra“.

Delgatti disse que esteve, ao todo, cinco vezes no Ministério da Defesa, a partir da ideia que ele inspecionasse o código-fonte das urnas eletrônicas. No entanto, os servidores da pasta explicaram que o código ficava somente no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Por isso, segundo o hacker, essas pessoas iam ao TSE e repassavam a ele o que viam, mas não podiam levar a íntegra do código-fonte.

Bolsonaro ainda teria sugerido que o hacker pudesse grampear o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. Neste caso, Bolsonaro teria dito: “Se caso algum juiz te prender, eu prendo o juiz“.

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Ana Gabriela Sales

Repórter do GGN há 8 anos. Graduada em Jornalismo pela Universidade de Santo Amaro. Especializada em produção de conteúdo para as redes sociais.

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