Sigilo em delação da Odebrecht protege governo Temer, afirmam petistas

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – A decisão de Cármen Lúcia de homologar as delações da Odebrecht sem retirar o sigilo do conteúdo intensifica a crise política e institucional e permite vazamentos seletivos, além de criar uma brecha para proteção de nomes do governo Temer que já foram citados em depoimentos e seguem a vida como se nada tivesse acontecido. É a avaliação de deputados federais do PT, como Wadih Damous e Paulo Pimenta.

Para Damous, a presidente do Supremo Tribunal Federal tomou uma “decisão pela metade” ao “criar sigilos artificiais para permitir vazamentos seletivos”.

Segundo Pimenta, “só há uma maneira da sociedade brasileira ter tranquilidade: é que este processo seja conduzido com isenção por parte do Ministério Público Federal. É jogando luzes, tornando públicas para que possamos saber e acompanhar o conteúdo dessas delações.”

Decisão de Cármen Lucia é pela metade e protege cúpula do governo Temer, afirmam petistas

Do PT na Câmara

Os deputados da Bancada do Partido dos Trabalhadores, Wadih Damous (RJ) e Paulo Pimenta (RS) criticaram duramente a decisão da presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, que ao homologar as delações premiadas dos 77 executivos da Odebrecht, nesta segunda-feira (30), decretou sigilo dos depoimentos de funcionários e executivos da empresa. “Nós sabemos que sigilos só valem para advogados de defesa e para os réus, porque para determinado órgão de imprensa esse sigilo é conversa fiada”, denunciou Damous.

“Então, a ministra Cármen Lúcia está errada. Se ela defende tanto a transparência, a moralidade, deveria concretizar isso no seu ato. Seu ato foi tomado pela metade. Além de ter homologado, ela deveria também determinar a quebra do sigilo. Porque já que nada é sigiloso, não vamos criar sigilos artificiais para permitir vazamentos seletivos”, afirmou Wadih Damous, que fez questão de deixar claro que é defensor da manutenção de sigilos, desde que seja para todos.

“Já que vaza para A, B, C D ou F, que vaze para todo mundo também, até porque a delação por si só não é prova”, sustentou.

Na opinião do deputado do PT do Rio de Janeiro, a magistrada segue o modus operandi do juiz Sergio Moro, responsável pela Operação Lava Jato, da Policia Federal. “Ela deve estar facilitando uma praxe que o juiz Sérgio Moro usa muito, que procuradores da República e delegados da PF também usam muito que é o do vazamento seletivo”, lembrou Wadih Damous.

Com essa prática, alertou o deputado, a ministra pode estar protegendo “um determinado senador que já foi citado mais de 30 vezes, em diversas investigações que apontam que ele teve suas despesas pagas por marqueteiros, com dinheiro proveniente de propina”.

“A ministra pode estar protegendo outro senador – atual ministro de Estado – que, segundo delação, teria recebido R$ 23 milhões em caixa dois. Ela pode estar protegendo um determinado ocupante da cadeira presidencial do Palácio do Planalto que, segundo delação, teria pedido propina no valor de R$ 10 milhões e já foi citado em diversas outras delações”, lembrou o petista.

Crise institucional – Na avaliação do deputado Paulo Pimenta, a decisão de manter o sigilo dos depoimentos da cúpula da Odebrecht pode agravar a crise institucional que o país vive. O deputado recomenda que a ministra Cármen Lucia retire o sigilo.

“É preciso que ela torne pública as 77 delações. Se isso não ocorrer estaremos diante de um fato inusitado. Conselheiros do Tribunal de Contas da união (TCU), que foram citados nas delações continuarão julgando como se nada tivesse acontecendo? Ministros de altas cortes do Poder Judiciário, eventualmente delatados e denunciados continuarão julgando como se não tivessem impedidos? ”, questionou Pimenta.

Lembrou também Paulo Pimenta que parlamentares, ministros do governo golpista de Michel Temer envolvidos no processo continuarão agindo como se não fizessem parte da investigação ou como se não tivessem interesse direto no resultado da ação.

“Só há uma maneira da sociedade brasileira ter tranquilidade: é que este processo seja conduzido com isenção por parte do Ministério Público Federal. É jogando luzes, tornando públicas para que possamos saber e acompanhar o conteúdo dessas delações”, disse Pimenta que ainda defende o amplo direito de defesa dos envolvidos, mas de maneira transparente.

“Se isso não ocorrer, a Rede Globo vai vazar aquilo que interessa a ela. Os advogados de defesa, a partir das homologações, passarão a pinçar fatos que interessam aos seus clientes. Aí, teremos uma manipulação de informação sobre aquilo que consta nas delações”, lamentou o petista, se mostrando preocupado com a situação.

Benildes Rodrigues

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

5 Comentários

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  1. A escumalha de todas as
    A escumalha de todas as siglas agindo a pleno vapor, seja para abafar, seja para jogar fumaça, ontem ouvindo uma rádio o locutor imbecil (inventaram o rockeiro coxinha) disse que esperava que o empresário denunciasse lula e Dilma, mas nem um pio sobre as contas do careca ou os três por cento do.mineirinho. É o fantástico mundo dá midia mafiosa e corrupta.

    1. Essa gente entrará em estado

      Essa gente entrará em estado de choque se algum dia a verdade vier à tona. Muitos enfiaram a cabeça num buraco para não ver. Morrem de medo de descobrirem que foram enganados, que o tempo todo apoiaram os bandidos e apedrejaram os mocinhos.

  2. A escumalha de todas as
    A escumalha de todas as siglas agindo a pleno vapor, seja para abafar, seja para jogar fumaça, ontem ouvindo uma rádio o locutor imbecil (inventaram o rockeiro coxinha) disse que esperava que o empresário denunciasse lula e Dilma, mas nem um pio sobre as contas do careca ou os três por cento do.mineirinho. É o fantástico mundo dá midia mafiosa e corrupta.

  3. A nobreza rentista e parasita

    A nobreza rentista e parasita deu um golpe na nobreza produtiva, nos trabalhadores e plebeus. Os entreguistas aplicaram um golpe contra os nacionalistas. Por aí vai, A coisa está além da disputa direita X esquerda. Até um zé mané feito eu já entendeu.

  4. Seletas delações publicadas.
    A “ordem unida” da mídia: “deve-se manter o sigilo das delações, sob o risco de os delatados, conhecendo o teor das delações, construam uma linha de defesa e desqualifiquem as delações”.
    Foi com esse discurso que Ricardo Boechat introduziu sua fala na abertura do seu programa na Band News.
    Não pode haver democracia onde só existe uma parte a impor seu ideário.

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