Covid-19 – O Ministério da Saúde não deve fazer como os estados preguiçosos.
Por Felipe A. P. L. Costa [*].
RESUMO. – Este artigo atualiza as estatísticas (mundiais e nacionais) a respeito da pandemia divulgadas em artigo anterior (aqui). Em escala planetária, já foram registrados 674 milhões de casos e 6,86 milhões de mortes; em escala nacional, 36,99 milhões de casos e 698,05 mil mortes. Máscaras e vacinas seguem sendo as melhores armas que nós temos para (i) manter as estatísticas em declínio; e (ii) impedir o surgimento de novidades evolutivas e uma nova e repentina escalada dos números.
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1. ESTATÍSTICAS MUNDIAIS: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES.
Levando em conta as estatísticas obtidas na manhã de hoje (20/2) [1], eis um resumo da situação mundial.
(A) – Em números absolutos, os 20 países mais afetados [2] estão a concentrar 74% dos casos (de um total de 674.064.499) e 68% das mortes (de um total de 6.863.186) [3].
(B) – Nesses 20 países, 483 milhões de indivíduos receberam alta, o que corresponde a 96% dos casos. Em escala global, 651 milhões de indivíduos já receberam alta.
(C) – Olhando apenas para as estatísticas das últimas quatro semanas, eis um resumo da situação: (a) Em números absolutos, a lista passou a ser liderada pelos Estados Unidos, agora com 1,12 milhão de casos; (b) Entre os cinco primeiros da lista, estão ainda o Japão (1,05 milhão), Taiwan (582 mil), Coreia do Sul (425) e Alemanha (334), o Brasil (269,6) está agora na sétima colocação; e (c) A lista dos países com mais mortes segue a ser liderada pelos Estados Unidos (13,3 mil); em seguida aparecem Japão (6,32 mil), Alemanha (2,60), Brasil (1,79) e Taiwan (1,42). Sem esquecer que houve um recrudescimento na China e que as estatísticas de lá deram um salto: nas últimas quatro semanas, foram anotadas 9.970 mortes.
2. ESTATÍSTICAS BRASILEIRAS: SEMANA 13-19/2.
O Ministério da Saúde e o Conselho Nacional de Secretários de Saúde divulgaram as estatísticas diárias da pandemia pela última vez na sexta-feira (17/2).
A julgar pelos avisos que encontrei por lá, a divulgação diária só deverá ser retomada na próxima quarta-feira (22). Serão quatro dias de voo cego (18, 19, 20 e 21/2). É preocupante.
Levando em conta as estatísticas parciais relativas à semana passada, o país chegou a um total de 36.987.682 casos e 698.047 mortes.
Nos cinco primeiros dias (13-17/2) da semana encerrada ontem (13-19/2), foram registrados 54.852 casos e 373 mortes. Não há como negar que o ‘vazio carnavalesco’ nos dois últimos dias da semana passada (18-19/2) atrapalha a análise. As estatísticas disponíveis, no entanto, já indicam que o número de mortes subiu em relação ao da semana anterior (6-12/2: 63.884 casos e 313 mortes).
3. ALGUNS TRABALHAM, OUTROS EMBROMAM.
A suspensão na divulgação das estatísticas diárias é, por si só, uma ideia ruim e inoportuna. Mas nada é tão ruim que não possa piorar.
A julgar pelo noticiário da semana passada, o Ministério da Saúde planeja suspender a divulgação diária das estatísticas brasileiras. O argumento usado – compreensível, mas não de todo justificável – é que apenas nove estados estão a divulgar suas estatísticas como manda o figurino – i.e., diariamente. (Tem governo estadual fazendo corpo mole há muito tempo, incluindo MG, DF e RJ, como chamei a atenção em inúmeros boletins anteriores.)
As estatísticas da pandemia de fato seguem a cair em escala planetária, mas ainda é cedo para empurrar tudo para a gaveta do esquecimento ou para debaixo do tapete. Como uma indicação algo arbitrária para uma linha de corte, eu sugeriria o seguinte: As estatísticas devem continuar a ser divulgadas todos os dias – incluindo fins de semana, feriados etc. – até que a média semanal no número diário de mortes por Covid-19 em todo o país fique abaixo do número equivalente de mortes provocadas por outras doenças contagiosas afins (e.g., gripe). Ou até que essa média fique abaixo de 10. O número que for mais baixo.
O governo federal não deveria se dobrar aos preguiçosos. Ao contrário, deveria fazer com que os preguiçosos, a começar pelo maior de todos, o governo do meu estado (Minas Gerais), embromasse menos e trabalhasse mais.
4. CODA.
Enquanto isso, nós, o povo, devemos ter em mente dois princípios: Máscaras e vacinas seguem sendo as melhores armas que nós temos para (i) manter as estatísticas em declínio; e (ii) impedir o surgimento de novidades evolutivas e uma nova e repentina escalada dos números. (Lembrando que a vacina combate a doença, mas não impede o contágio. O que pode impedir o contágio é o uso correto de máscara facial.)
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NOTAS.
[*] Há uma campanha de comercialização envolvendo os livros do autor – ver o artigo Ciência e poesia em quatro volumes. Para mais informações ou para adquirir (por via postal) os quatro volumes (ou algum volume específico), faça contato pelo endereço [email protected]. Para conhecer outros artigos e livros, ver aqui.
[1] Como comentei em ocasiões anteriores, as estatísticas de casos e de mortes estão a seguir o painel Mapping 2019-nCov (Johns Hopkins University, EUA), enquanto as de altas estão a seguir o painel Worldometer: Coronavirus (Dadax, EUA).
[2] Os 20 primeiros países da lista podem ser arranjados em 11 grupos: (a) Entre 100 e 110 milhões de casos – Estados Unidos; (b) Entre 40 e 45 milhões – Índia; (c) Entre 35 e 40 milhões – França, Alemanha e Brasil; (d) Entre 30 e 35 milhões – Japão e Coreia do Sul; (e) Entre 25 e 30 milhões – Itália; (f) Entre 20 e 25 milhões – Reino Unido e Rússia; (g) Entre 15 e 20 milhões – Turquia (estatísticas congeladas); (h) Entre 12 e 15 milhões – Espanha; (i) Entre 10 e 12 milhões – Vietnã, Austrália e Argentina; (j) Entre 8 e 10 milhões – Taiwan e Países Baixos; e (k) Entre 6 e 8 milhões – Irã, México e Indonésia.
[3] Nessas estatísticas (casos e mortes) estão computados os números da China. Para detalhes e discussões a respeito do comportamento da pandemia desde março de 2020, tanto em escala mundial como nacional, ver os volumes da coletânea A pandemia e a lenta agonia de um país desgovernado, vols. 1-5 (aqui, aqui, aqui, aqui e aqui). Sobre o cálculo das taxas de crescimento, ver qualquer um dos três primeiros volumes.
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