Senah “indicava ao governo quem tinha” a vacina

Em depoimento, reverendo Amilton afirma que não estava negociando a venda de vacinas, e sim indicando ao Ministério da Saúde quem tinha

Reverendo Amilton Gomes de Paula, em depoimento à CPI Foto: Pedro França/Agência Senado

Jornal GGN – A Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários (SENAH) não era responsável pela negociação de vacinas contra a covid-19 e, segundo o reverendo Amilton Gomes de Paula, a entidade indicava ao governo quem tinha – no caso, o cabo Luiz Paulo Dominguetti, que representava a Davati Medical Supply.

“O trabalho da SENAH, como foi procurado pelo senhor Dominguetti (cabo Luiz Paulo Dominguetti) e o senhor Cristiano (Cristiano Carvalho, vendedor da Davati Medical Supply no Brasil), é um trabalho humanitário. Então, a priori, eles vieram conversar conosco e nós abrimos uma conversação porque nós sabíamos que esse preço a US$ 3,50 e colocaria essa disponibilização de vacinas ao Brasil, nós fomos esses que, na verdade, indicamos”, disse Amilton em depoimento à CPI da Pandemia no Senado Federal.

O relator da comissão, senador Renan Calheiros (MDB), afirmou que Carvalho disse em seu depoimento que “essa negociação tomou dimensão muito grande através do reverendo Amilton, que fez um grande trabalho com a representação de vacinas aqui no Brasil. Muitas prefeituras do Brasil inteiro, até Estados, começaram a procurar a Davati a fim de resolver a questão da falta de vacinas. Ele soltou algumas mensagens, logicamente com o conhecimento deles, oferecendo o produto em âmbito nacional”.

Questionado sobre as características da oferta apresentada, o reverendo Amilton disse desconhecer a essa amplitude. “Eu não conversei com nenhum governador, não conversei com nenhum prefeito, não conversei com nenhum município. Foi colocado à disposição, primeiro, para o Ministério da Saúde”.

Intermediação com Ministério da Saúde

Segundo o reverendo, houve uma reunião com Dominguetti em Brasília no dia 16 de fevereiro quando “ele (Dominguetti) abriu essa disposição desse lote de 400 milhões. Ele fez uma reunião com a diretoria da SENAH e nós fizemos uma reunião preliminar. Estudamos essa questão da vacina estar à disposição, era uma quantidade muito grande, e no primeiro momento, no dia 16 nós fizemos uma reunião dia 17, dia 18 e nós decidimos fazer esse encaminhamento”.

Amilton ressaltou que esse encaminhamento foi feito via e-mail. “Nós fizemos esse encaminhamento para o SVS. Fizemos uma pesquisa pela internet e encaminhamos para o SVS – Secretaria de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde. Então nós fizemos um e-mail, encaminhando o senhor Dominguetti para uma reunião lá no SVS”.

Um ponto que chamou a atenção no depoimento foi a velocidade com que a aproximação com o Ministério da Saúde foi feito. “Enviamos o e-mail dia 22”, disse o reverendo, solicitando a reunião para o mesmo dia “para tratar de apresentação e possível negociação da vacina AstraZeneca Oxford de maneira humanitária para o governo brasileiro”, conforme o e-mail lido pelo vice-presidente da comissão, senador Randolfe Rodrigues (Rede).  

Segundo o reverendo, a venda de vacinas de forma humanitária “seria o preço menor disponível para o mundo – a US$ 3,50”, conforme foi discutido com Dominguetti. “Então o senhor mandou o e-mail às 12 horas, apontou o horário que a reunião tinha que ser às 16h30, às 16h30 já foi recebido – queria essa eficiência do setor público para a Pfizer, viu”, disse Randolfe.

Redação

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