Alvos do Congresso, Temer e Aécio tentam apoio mútuo

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Aliança que formou a sustentação do governo peemedebista desde a derrubada de Dilma Rousseff, Temer quer vencer denúncia contra ele e o afastamento do senador tucano. Parceria de ambos continua, ainda que a intenção seja sair dos holofotes
 
Foto: Agência Brasil
Jornal GGN – Na berlinda por ações relacionadas a desdobramentos da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, o atual presidente Michel Temer e o senador Aécio Neves (PSDB-MG) passam pelo crivo do Congresso nas respectivas acusações a que são alvos.
 
E tanto o peemedebista quanto o tucano têm seus casos analisados nesta terça-feira (17) pelos deputados e senadores, respectivamente. Se, por um lado, o caso relacionado a Aécio não representa em si um risco de segregação da base do governo no Legislativo, Temer avista no apoio mútuo uma possibilidade de obter mais votos para o absolver na denúncia.
 
Diante deste contexto, Temer iniciou uma aproximação visitando o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), nesta segunda (16). O encontro, que ocorreu na residência do senador, foi interpretado por aliados como um sinal positivo do mandatário ao caso de Aécio.
 
Isso porque antes da chegada do presidente, foi também à casa do parlamentar o senador Antonio Anastasia (PSDB), um dos principais aliados de Aécio Neves. Eunício negou que as reuniões tiveram o tucano como tema.
 
Entretanto, os últimos movimentos do presidente da República têm sido o de atuar, por meio de articulações, para derrubar a decisão da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), sobre o afastamento de Aécio de suas funções legislativas.
 
Apesar de Aécio ter sido uma figura presente e determinante para a formação do governo peemedebista, assim que assumiu o Poder com a derrubada de Dilma Rousseff, o parlamentar mantinha sua imagem distante das articulações políticas desde que entrou para a mira da Operação Lava Jato.
 
Tanto ou mais quanto ele está Michel Temer, que não somente atua para si para derrubar as acusações da Procuradoria-Geral da República, sob o então comando de Rodrigo Janot nas denúncias, como também procura tirar a credibilidade das peças de Janot contra o seu antigo aliado Aécio.
 
O tucano é ficha descartada do PSDB para uma possível sucessão ao governo de Temer. Mas é, por outro lado, na visão do governo, uma possibilidade de reaproximar as bases PSDB e PMDB no Congresso, como uma troca de favores: as duas siglas trabalhando para absolver Temer e Aécio, na Câmara e no Senado.
 
Neste contexto entra em cena o encontro de Temer com Eunício, na noite desta segunda, na véspera da votação do Senado que vai definir se Aécio segue afastado, por determinação do Supremo.
 
Enquanto Eunício nega que Aécio tenha sido a pauta do encontro, admite que as acusações que recaem contra Temer tenham sido conversadas: “Ele veio aqui para atualizarmos as conversas após a minha viagem à Rússia. Explicou um pouco da história para o advogado da denúncia e disse que não foi proposital a declaração dele sobre os vídeos [do operador Lúcio Funaro]”.
 
Nesta terça, a visita do mandatário peemedebista foi para outro nome do PSDB, o do prefeito de São Paulo João Doria, em Brasília. À jornalista Andréia Sadi, da Globo, Doria disse que “foi um convite do presidente”. Os dois têm o encontro marcado para um jantar na noite de hoje.
 
Nos últimos meses, além de Doria, Temer tem se reunido com nomes presentes do PSDB para angariar alianças do PSDB, ainda que em parte, para derrubar a segunda denúncia contra ele na Câmara dos Deputados, que hoje, inclusive, está sendo analisada pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara.

 

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

2 Comentários

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  1. Dois inúteis?

    Vão acabar como o Cunha, perguntam os meus botões.

    Em algumas alcatéias também funcionam os bois-de-piranha, nesta curiosa zoologia brasileira.

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