Bancos europeus foram cúmplices da tragédia em Mariana, aponta ONG alemã

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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© AP Photo / Felipe Dana

Um carro sobre ruínas de Bento Rodrigues, em 6 de novembro de 2015, no dia seguinte ao rompimento de barragem de Fundão

do Sputnik Brasil

Bancos europeus foram cúmplices da tragédia em Mariana, aponta ONG alemã

Além das mineradoras BHP Billiton e a Vale, a responsabilidade pela tragédia de Mariana (MG), ocorrida em novembro de 2015, deve recair sobre grandes instituições financeiras europeia, de acordo com um levantamento divulgado por uma ONG alemã nesta sexta-feira.

O relatório da Facing Finance, com sede em Berlim, afirma que bancos da Europa foram coniventes com as duas mineradoras, donas da Samarco – esta responsável pela barragem no Complexo Minerário de Germano que se rompeu –, tendo mantido relações financeiras mesmo diante das falhas no gerenciamento.

Para a ONG, desde 2007 já se sabiam dos problemas em Mariana, mas os bancos europeus disponibilizadas 25,8 bilhões de euros para as duas empresas, entre os anos de 2010 e 2017. A organização aponta o francês BNP Paribas e o inglês HSBC como os principais parceiros das mineradoras.

“Quando se considera que os bancos estão contribuindo para violações de direitos humanos, eles também devem estar envolvidos no processo de reparação. No caso da Samarco, há uma ação legal em andamento e, portanto, os bancos envolvidos devem se submeter a esse processo em relação ao remédio — isso, no entanto, não limita sua responsabilidade”, diz a ONG alemã no documento.

“Além disso, o OHCHR afirma que ‘em todos os casos de adiamento a outros processos em andamento, o banco deve, no entanto, estar preparado para cooperar no processo de remediação, por exemplo, fornecendo informações relevantes ou outras medidas necessárias para o processo'”, continua.

O levantamento não se restringe à tragédia de Mariana, aproveitando suas 86 páginas para apontar como os principais bancos europeus estariam ligados a outros desastres ambientais ao redor do planeta, financiando atividades de multinacionais que violam os direitos humanos e as legislações ambientais.

A ONG alemã afirma que as instituições financeiras não fazem o suficiente ao não incentivarem que as empresas às quais emprestam dinheiro respeitem o meio ambiente e os direitos humanos, tampouco impõem barreiras àquelas que cometem violações nos países em que atuam.

Ocorrido em 5 de novembro de 2015, o desastre em Mariana espalhou a destruição por mais de 650 quilômetros, contaminou a bacia do rio Doce ao longo de dois Estados do Brasil, matou 19 pessoas e deixou centenas de moradores sem suas casas, naquele que foi a maior tragédia ambiental da história do país.

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

2 Comentários

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  1. Na ditadura das corporações, não haverá penalizações e o pior é

    que novamente em ano eleitoral onde o PSDB paulista grande defensor das corporações vai novamente tomar conta do estado de SP quando o reservatório do Cantareira tem nível mais baixo que o da pré-crise de 2014. O reservatório contava, na última sexta-feira (11), com 49,3% de sua capacidade (sem considerar a reserva do chamado volume morto). Em 2012 e 2013, anos que antecederam à crise, o Cantareira contava com, respectivamente, 73,5% e 61,5%. No ápice da falta de abastecimento, o nível do reservatório chegou a ficar “negativo”, sendo necessário o uso do volume morto. Quem bateu panelas vai ter de colocar lata na cabeça em breve.

    https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2018/05/12/reservatorio-do-cantareira-tem-nivel-mais-baixo-do-que-o-da-pre-crise-de-2014.htm

  2. Felas

    Sem querer desmerecer as demais coorporações bancárias multinacionais, mas, ou muito me engano, ou o HSBC dos súditos de sua majestade tem uma atração mórbida por tudo quanto é tipo de sujeira e falcatrua, urbi et orbi, uber alles, all around the world, le monde entier, todo el mundo…  

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