Crise hídrica atinge de forma grave 25 municípios do estado de São Paulo

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Jornal GGN – A crise hídrica só não é realidade para o governador Geraldo Alckmin, que está em campanha. Na segunda-feira todos acordam e a Sabesp lançará, por fim, o plano de enfrentamento da falta de água. Mas enquanto todos negam, 25 municípios do estado de São Paulo, cerca de 2,8 milhões de habitantes, vivem o racionamento, ou melhor, os efeitos deletérios da falta de água prolongada. Leia a matéria da Folha.

da Folha

Crise da água

2,8 milhões vivem sob racionamento no Estado de SP

Número de afetados é 32% maior do que em agosto; 25 cidades sofrem os efeitos da estiagem prolongada

Em Valinhos, que fica 18 horas sem água duas vezes por semana, rodízio deve durar mais um ano, diz a prefeitura

JOÃO ALBERTO PEDRINICAMILA TURTELLIDE RIBEIRÃO PRETOWILLIAM CARDOSO DO “AGORA”

Apesar das chuvas que atingiram algumas regiões do Estado nos últimos dias, o racionamento oficial de água já atinge 2,77 milhões de pessoas em 25 municípios.

O número de habitantes afetados é 32% maior do que em agosto, quando levantamento da Folha mostrou que 2,1 milhões viviam sob rodízio em 18 cidades.

O racionamento oficial ocorre em municípios onde o abastecimento de água e o tratamento de esgoto são feitos pelas prefeituras.

Não há na lista cidades em que o sistema é gerenciado pela Sabesp, embora a empresa venda água para algumas dessas cidades. Em todas elas não há prazo para que a interrupção termine.

Segundo a Defesa Civil, as chuvas registradas de janeiro a setembro no Estado foram 21,3% menores do que a média histórica. Foram 12.972 milímetros ante uma média de 17.174 milímetros.

Em ao menos um caso, Valinhos, a prefeitura admite que o racionamento deve seguir por mais um ano. Duas vezes por semana, a cidade fica 18 horas sem água.

Metade da água é do sistema Cantareira. A prefeitura diz que investirá na ampliação do tratamento. Com o investimento, de cerca de R$ 3 milhões, será possível captar mais do rio Atibaia.

Cravinhos só capta de poços e vive a mesma situação. “Todo ano, em períodos secos, percebemos alta no consumo, mas nunca precisamos racionar. É a primeira vez”, disse Claudio Henrique Alves Cairo, superintendente do setor de água e esgoto.

GUARULHOS

O maior município com racionamento no Estado é Guarulhos. Lá, 13% da água é captada por meio de produção própria e 87% são comprados da Sabesp. A prefeitura diz que estuda ampliar a captação em novos mananciais.

Em Mauá, que também compra água da Sabesp, o racionamento começou na última quarta (1º). Segundo o município, desde julho o fornecimento da Sabesp caiu 22%.

Moradores dizem que já sofrem com o desabastecimento há ao menos três meses.

Oficialmente, a cidade foi dividida em cinco partes e cada uma fica sem água durante um dia da semana, de segunda a sexta-feira.

O aposentado Luiz Carlos Lissoni, 56, já chegou a ficar quatro dias sem água. Ontem (3/10), estava com a torneira seca. Para minimizar os problemas, comprou uma caixa de 1.500 litros por R$ 410 e tinha outra de 1.000 litros. “Tenho uma mulher doente, que precisa de mais de um banho por dia”, afirma.

A Sabesp informou que não houve redução do envio de água para Mauá no primeiro semestre. Sobre Guarulhos, diz que reduziu a vazão para a cidade porque a ANA (Agência Nacional de Águas) exigiu a diminuição da captação do sistema Cantareira.

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

8 Comentários

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  1. Sao Paulo, primeira

    Sao Paulo, primeira megalopolis mundial a se desidratar!  Sim, eh a seca.  Mas eh a falta de gerenciamento muito mais que a seca.

  2.  Moro em Valinhos.
    O prefeito

     Moro em Valinhos.

    O prefeito aqui é PSDB, o mesmo partido do governador Alckmin.

     

    Amanhã votarei PT nas urnas.

    “O gerenciamento da crise hídrica começa nas urnas. Começa na hora de escolher quem serão os gerentes que resolverão os problemas”.

    1. Santa ignorância! Há anos e
      Santa ignorância! Há anos e anos ouvimos que devemos economizar água, usar este recurso de forma racional, e em vez disto, continuamos sendo descuidados com o uso. Agora que o que era previsto acontece, a culpa é do governo? Só pode estar de brincadeira, não é possivel… a culpa é da população, que está acostumada a usar água como bem entende, e agora ficam transferindo a culpa. Paremos de ser irracionais né, por favor. ..

      1. concordo sr. santa ignorância

        “…que está acostumada a usar água como bem entende”

        Pois saiuba senhor que agora esse povo irracional e imprevidente está até tomando banhos!!!!

        E outros mais atrevidos e perdulários, oh atrevimento, ousam bebe-la!!!

        Será que esse populacho ainda não aprendeu que esse recurso é finito?

      2. A culpa é do governo sim

        Lamento Sr. Vinicius, mas a culpa também é do governo sim.

        Realmente aqui não chove regularmente desde janeiro, mas há algo mais.

        Há alguns anos em Valinhos, uma parte expressiva da população tinha poços em casa. Em chácaras, sítios muitas propriedades eram abastecidas com poços caipiras, cavados manualmente. Retiravam pouca água, mas dava para suprir uma parte da população.

        Aí o DAEV de Valinhos decidiu “outorgar” a água encanada na cidade para todos os cidadãos. O resultado é que obrigou também quem tinha poço a lacrar, tamponar um meio que poderia suprir a população em um momento de seca como este. O consumo da rede aumentou e agora falta água.

        Eram poços com água de excelente qualidade, passavam em todas as análises e retiravam menos de 3000 litros por dia, o máximo permitido pela legislação. Alguns dizem que a prefeitura fez isto para aumentar a arrecadação, uma vez que Valinhos é um dos municípios com grande endividamento no país. O fato é que uma legislação como esta inibiu a construção de novos poços e agora a prefeitura tem de suprir sozinha sem a iniciativa privada a água para o municipio. 

        Além do mais há uma controversia legislativa; houve casos de pessoas que contestaram a lacração de poços e ganharam na Justiça em algumas cidades, pois a água do subsolo não pertence ao município e sim à União. Uma legislação conflitante com a Contituição Federal e que abre brechas jurídicas para futuros processoas contra o DAEV.

         

        Mas tem muito mais, Em Valinhos houve uma permissividade com relação à construção de condomínios; amplas áreas de floresta foram desmatadas tudo sobre as barbas do poder público. Nascentes secaram, lagoas sumiram, e o poder público tem feito vista grossa. A contrução de condomínios dá muito lucro.

        Área de cabeceira de rios, sem grandes cursos de água em uma crise se tornam muito vulneráveis. Podiam ter feito como no município vizinho, Vinhedo, onde o Prefeito Milton Serafin, aprovou uma lei proibindo a contrução de condomínios por cinco anos, para organizar a ocupação de áreas da cidade de forma ordenada  e para impedir destruição do meio ambiente. Estudar os novos projetos com calma. Não por acaso o PIB e a renda per capita de Vinhedo são muito maiores do que de Valinhos. Aliás os rios de Vinhedo são despoluídos (diferentemente de Valinhos), e existe Estação de Tratamento de Esgoto para o povo vinhedense.  

         

        E Milton Serafim prefeito de Vinhedo não é do PSDB.

        Agora o Sr. diz que o os governantes não tem nada a ver? Francamente.

         

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