É absurdo ver vitória de Trump como retrocesso, diz Mangabeira Unger

Enviado por Almeida

É absurdo ver vitória de Trump como retrocesso, diz Mangabeira Unger

Os brasileiros não têm por que achar a eleição de Donald Trump “incompreensível” – e considerá-la um retrocesso é “absurdo”

As opiniões do filósofo e teórico Roberto Mangabeira Unger fogem do tom catastrófico usado com frequência para discutir o triunfo do republicano, eleito presidente dos EUA na semana passada.

Em entrevista à BBC Brasil, Unger, que é professor da Universidade Harvard e foi ministro de Lula e Dilma, disse que a surpresa brasileira é injustificada, pois vivemos um vazio na política semelhante ao dos Estados Unidos. Além disso, também teríamos uma maioria trabalhadora abandonada pela esquerda.

“O Brasil é o país do mundo mais parecido com os Estados Unidos. A tragédia dos dois é negar instrumentos e oportunidades à maioria, que é cheia de energia, mas sem condições de transformá-la em ação fecunda.”

Apesar dos paralelos, o professor, que deu aula para o atual presidente americano, Barack Obama, não faz previsões sobre o surgimento de um “aventureiro” como Donald Trump nas eleições de 2018.

Ele apoia uma possível candidatura do ex-ministro Ciro Gomes (PDT) que, espera, seja um outro tipo de outsider – um rebelde contrário à linha dominante, que traga um novo rumo para o país.

Para Unger, após a derrocada do nacional-consumismo dos governos petistas, o Brasil vive sem um projeto nacional. O modelo ideal, diz, seria um “produtivismo includente”, que incentive e qualifique a produção, gerando igualdade a partir do trabalho.

Leia na página os principais trechos da entrevista.

Redação

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  1. Ascensão evangélica é positiva, diz Mangabeira

    Ex-ministro de Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva, Roberto Mangabeira Unger, 69, elogia a ascensão política dos evangélicos e diverge da interpretação de que a eleição municipal representou o avanço da direita e do conservadorismo pelo país.

    Definindo-se como “pensador de esquerda”, o ex-peemedebista, hoje filiado ao PDT, colabora com a possível candidatura de Ciro Gomes à Presidência em 2018. Em entrevista à Folha, disse que o governo de Michel Temer mostra “falência intelectual”.

    *

    Folha – Quais as consequências da ascensão política dos evangélicos?

    Mangabeira Unger – O desmerecimento preconceituoso dos evangélicos é um dos maiores escândalos de nossa vida nacional. Eles encarnam a nova consciência que se afirma no país: cultura de autoajuda e de iniciativa.

    Difunde-se essa consciência a partir de pequena burguesia empreendedora, evangélica e católica, e alcança número crescente de trabalhadores mais pobres.

    A teologia da prosperidade pode ser produtiva economicamente?

    O cerne da teologia neopentecostal não é o culto da prosperidade conquistada pelo esforço individual; é a reverência pelo empoderamento dos crentes. Há muito a criticar, a começar pela tentação de isolar-se em comunidades pautadas por padrões superiores de conduta em vez de lutar para reconstruir as instituições econômicas e políticas. Se estiver, porém, calcada no desrespeito e no desconhecimento, a crítica não presta.

    Então, é positiva a ascensão dos evangélicos para o país?

    Como pode não ser boa se são mais de 40 milhões de brasileiros? Como se pode imaginar vida política no país sem a sua participação? É uma distorção da ideia republicana imaginar que as pessoas não possam legitimamente inspirar as suas convicções políticas em convicções religiosas.

    Há setores na esquerda que acham incompatível ter simpatia pelo segmento evangélico e empreendedor.

    A ideia central da esquerda —do único tipo de esquerda que vale a pena preservar— é a concepção do engrandecimento dos homens e das mulheres comuns. A diminuição das desigualdades é acessória a esse objetivo. Não repitamos no Brasil a trajetória calamitosa da esquerda europeia, que demonizou a pequena burguesia, ajudando a convertê-la em sustentáculo dos movimentos de direita e distanciando-se das aspirações reais dos trabalhadores.

    As eleições municipais representam vitória para a direita?

    A interpretação de que a eleição foi avanço da direita e do populismo sem definição programática é distorcida.

    Vários dos políticos eleitos são classificados como de direita porque são próximos a essa pequena burguesia empreendedora a que me referi. A esquerda gosta de vê-los como conservadores e seus representantes, portanto, como políticos de direita, mas eles não se veem assim.

    O que mostram os resultados?

    O eleitor tratou de sobreviver: defender-se e resguardar sua comunidade. Desprezou rótulos ideológicos convencionais. Escolheu sem levar a sério o discurso que os partidos preferem porque imaginam, falsamente, que o povo quer açúcar.

    Confia na saída da crise pelo programa do governo Temer?

    O governo que acaba de ascender na onda do desastre apresentou como fórmula o corte das despesas públicas, condição necessária, porém radicalmente insuficiente.

    Ao cingir-se a essa fórmula, as forças que tomaram o poder decretaram falência intelectual: não têm a menor ideia do que fazer, a não ser trancar o cofre e deixar chaves nas mãos dos credores da dívida pública, na esperança vã de que tanta obediência produza muito investimento.

    http://www1.folha.uol.com.br/poder/2016/11/1829646-ascensao-evangelica-e-positiva-diz-mangabeira.shtml

    1. Se ha UMA coisa que eu

      Se ha UMA coisa que eu recomendaria em relacao aos evangelicos eh…  fique de olho neles.  NAO confie em evangelicos:  eles sao mentalmente aleijados e programados pra destruicao.

      1. Ivan, discordo veementemente de ambas as análises do Mangabeira

        Tanto a do post quanto aquela que coloquei no comentário anterior.

        Só quis dar mais um exemplo de que o MU, na ânsia de querer ser um pensador excêntrico, é capaz de fazer análises totalmente equivocadas.

        1. Alias, ele faz tantos erros

          Alias, ele faz tantos erros de analise que esta dizendo aos brasileiros o que deveria estar dizendo aos americanos, pois eh eles que estao perplexos em primeiro lugar.

        2. De fato. O Unger está

          De fato. O Unger está completamente alienado, simplesmente não enxerga o que tem diante dos olhos. A ideia de que o neopentecostalismo encarna uma filosofia de “auto-ajuda” e de “empoderamento” das camadas mais humildes da população é completamente sem nexo. Como pode ser empoderadora uma relação viciada pela extorsão do dízimo?

  2. Compartilho da mesma opinião

    Compartilho da mesma opinião do Professor Mangabeira Unger.Pior que Trump era a adversária dele.Pior não,mil vezes pior.Guardadas as devidas proporções,aqui no País do Fim de Feira,temos ao borbotões figuras bem piores que o Repuplicano Trump.Nao me digam que vocês não conhecem José Serra,muito menos Aecio Neves,imaginem Eduardo Cunha.Vamos descendo a escala da escória.Uma tal de Ana Amélia,um tal de Magno Malta,um monumento a indignidade,Aloísio 300 mil,Paulinho da Força e Gedel Vieira Lima.Se eu descer ao esgoto,vou bater de cara com Bolsonaro,Pastor Everaldo e Roberto Freire.Acho melhor parar por aqui.

  3. Esse 50% brasileiro declarou

    Esse 50% brasileiro declarou o seu voto do outro lado.

    Em relação aos evangélico discordo.

    Vivo no meio desse povo pois sou um deles. Sei o que são capazes.

    A capacidade intelectual desse grupo é muito baixa, são programados para serem ovelha obedientes. Ovelhas desgarradas nesse rebanho logo são descartadas.

    Ao primeiro grito do pastor “atacar” essas ovelhas irão destruir tudo à sua frente.

  4. Só faltava essa: cientista

    Só faltava essa: cientista outsider..quer dizer, doido mesmo…,,.sem eira nem beira…meu amigo, deixa essas excentricidades pros malucos que nem nóis…se você lida com o conhecimento o buraco é mais embaixo, um pouco de racionalidade faz bem,,ou será que dá prá levar a sério o “Direito Quântico” do Ayres Brito…..rss

  5. Compartilho da mesma opinião

    Compartilho da mesma opinião do Professor Mangabeira Unger.Pior que Trump era a adversária dele.Pior não,mil vezes pior.Guardadas as devidas proporções,aqui no País do Fim de Feira,temos ao borbotões figuras bem piores que o Repuplicano Trump.Nao me digam que vocês não conhecem José Serra,muito menos Aecio Neves,imaginem Eduardo Cunha.Vamos descendo a escala da escória.Uma tal de Ana Amélia,um tal de Magno Malta,um monumento a indignidade,Aloísio 300 mil,Paulinho da Força e Gedel Vieira Lima.Se eu descer ao esgoto,vou bater de cara com Bolsonaro,Pastor Everaldo e Roberto Freire.Acho melhor parar por aqui.

  6. Unger não vê que o PT, para

    Unger não vê que o PT, para além de tentar estabelecer um nacional-consumismo, esforçou-se para fomentar um nacional-produtismo. Não foi uma mas várias as providências dos governos petistas no sentido de estimular a inclusão do micro empreendedor nas instituições.

    Talvez não passe de um Cristóvam Buarque sofisticado porém tão impostor quanto.

    1. Renato, o Cristóvão Buarque é

      Renato, o Cristóvão Buarque é fraco em tudo, inclusive no currículo profissional. O Mangabeira foi o mais novo professor ritular de Harvard, com 28 anos. Foi consultor de quem você nem acredita (da China a Ingalterra). É uma pessoa que rem idéias originais, e já vi direitistas tentarem sem saber o seu currículo ou ter lido algum de seus livros.

      1. Quanto título, né?

        Sim, e Cristovam Buarque, Ministro de Estado e Senador da República de uma das dez – num mundo de centenas – mais importantes economias mundiais, além de engenheiro, economista, professor universitário e reitor da UnB. E tão farsesco quanto.

        Unger, tanto quanto Buarque, ou melhor, até mais, é teatral e compõe um personagem exótico e quase autista: não apenas não ouve ninguém como impõe caras, bocas e sotaques a quem ousa inquirí-lo sobre o que ele mesmo diz. Autoritário, não admite que se lhe julguem menos do que genial. Não esbraveja mas adota tom professoral afetado. O que, ao fim e ao cabo, não afeta em nada o interlocutor exceto na sensação de que algo está sendo escondido atrás da máscara, e o mais importante: o que está sendo escondido e porque?

        Mas para além das aparências, esse senhor tende a crer que o que ele é e pensa é o que o mundo é. Por exemplo, a visão dele de que o Brasil é o país mais parecido com os EUA do mundo. Mas de que mundo, além do dele próprio? Seu discurso subjetivo entusiasma, enaltece o interlocutor de uma forma que é o avesso do contrário: deixa-lhe a impressão de que está sub-aproveitando as próprias potencialidades à moda da mais reles auto-ajuda, sempre embalada por termos inusuais (quando não por artificial confusão entre idiomas).

        E não se engane, caro francisco bt, não é o único nem em Harvard nem no mundo que faz assim. É… títulos tanto quanto máscaras e roupas, podem esconder incompetências profundas. Ah, se as embalagens refletissem o produto…

        [video:https://www.youtube.com/watch?v=YgGvd1UPZ88%5D

        1. Marcelo, foi muito bom o que

          Marcelo, foi muito bom o que você escreveu. O que continuo a acompanhar as idéias de Mangabeira é sua honestidade intelectual, o que não se pode comparar com o Cristovan. No currículo de Cristovan, como engenheiro, sua turma confunde energia elétrica com voltagem (unidade de tensão elétrica). Ele sempre aproveitou da onda para se inserir no poder.

          O autismo de Mangabeira que você se refere muito bem, para mim é, pode ser ponto positivo, pois a sua preocupação são as suas idéias.  Veio da UFRJ e em Harvard conseguiu ser o mais novo professor titular. No nosso Brasil, tem professor titular de universidade pública que não tem nem nível, por razão de honestidade e dedicação, de ser professor em qualquer instituição de educação (do curso primário ao universitário). Falo isto como um professor titular de universidade pública.  

  7. Hitler também não foi
    Hitler também não foi retrocesso para a Alemanha afinal ele tirou o país do buraco econômico. Mas a que preço. O perfil dos eleitores de um e de outro é muito proximo.
    Desde a eleição os episódios de intolerância se multiplicam por toda a América. Pichações com suásticas, ameaças e coisas do gênero contra negros, latinos, muçulmanos, judeus. Nesse passo em algum tempo veremos outra noite dos cristais, as paradas dos orgulhosos Kkk e cantaremos de novo Strange Fruit. Mas isso nao é retrcesso….

    1. “alt-right”

      O que pensa o polêmico grupo acusado de racismo e antissemitismo que terá representante no alto escalão do governo Trump

      Simpatizantes da direita alternativa vibram com anúncio de estrategista-chefe e conselheiro de Trump

      A vitória de Donald Trump trouxe à luz um polêmico movimento nascido no submundo da internet – e que agora poderá ter um representante num cargo-chave da Casa Branca.

      Simpatizantes da chamada “alt-right” (abreviação de “alternative right”, “direita alternativa”, em português) vibraram com o anúncio, no domingo, de que Trump nomearia o executivo Steve Bannon como estrategista-chefe e conselheiro sênior de seu governo.

      Já críticos, de diferentes espectros ideológicos, inclusive da direita, dizem que a nomeação deixará o governo americano sob a influência de um movimento racista, antissemita e que acredita na superioridade dos brancos.

      Como serão os primeiros dias do governo Trump?Por que Hillary perdeu a eleição mesmo recebendo mais votos que Trump

      Bannon presidiu o Breitbart News, site de notícias que ele próprio definiu como a “plataforma da alt-right”. Deixou a função para ser o estrategista-chefe da campanha de Trump.

      O site já comparou o trabalho de uma agência que provê assistência para o aborto ao Holocausto, chamou de “judeu renegado” um comentarista conservador e aconselhou mulheres que se queixam de assédio online a sair do computador e parar de “arruinar a internet para os homens”.

      Para o Southern Poverty Law Center, ONG que monitora crimes de ódio nos EUA, Bannon é o principal responsável pela transformação do Breitbart News numa “máquina de propaganda etno-nacionalista branca”.

      Antes tido como marginal, o site ganhou importância na eleição ao apoiar ferozmente Trump em seu embate com o presidente da Câmara dos Deputados, Paul Ryan, após declarações inflamadas do candidato sobre mulheres, minorias e até veteranos de guerra.

      “A extrema-direita racista, fascista estará representada a poucos passos do Salão Oval”, escreveu no Twitter John Weaver, assessor do governador de Ohio, John Kasich, que concorreu com Trump pela candidatura republicana.

      O chefe de gabinete nomeado por Donald Trump, Reince Priebus, que disputará com Bannon o poder de influência sobre Trump, defendeu a escolha do presidente eleito e definiu Bannon como “uma força do bem”.

      Reince Priebus cumprimenta TrumpImage copyrightGETTY IMAGESImage captionChefe de gabinete de Donald Trump, Reince Priebus, defendeu a escolha do presidente eleito e definiu Bannon como ‘uma força do bem’

      “Eu não vi nenhuma dessas coisas que as pessoas estão gritando sobre ele. É uma bom time, funciona”, afirmou. Ele ainda sugeriu que as pessoas olhassem para ele, o conhecessem antes de emitir uma opinião.

      Já o ex-líder da Klu Klux Klan (principal movimento supremacista branco nos EUA) David Duke elogiou a escolha de Bannon e disse que o assessor cuidará do aspecto mais importante do governo: a ideologia. Trump já foi criticado por não se distanciar claramente da KKK.

      Identidade europeia X multiculturalismo

      A ‘alt-right’ não tem uma definição única. Já foi chamada de extrema-direita da era digital e agrega grupos distintos com, em comum, uma intensa atuação nas redes sociais, muitas vezes provocadora. Não por acaso o Breitbart News, ‘plataforma da alt-right’ é o quarto site do mundo em total de comentários, segundo o próprio Bannon.

      O termo foi cunhado em 2008 pelo jornalista Richard Spencer, considerado um dos principais ideólogos do movimento. Spencer preside o National Policy Institute, que se define como uma “organização dedicada à herança, identidade e ao futuro de pessoas de ascendência europeia nos EUA”.

      Formado em filosofia política na Universidade de Chicago, Spencer já declarou que o ativista negro Martin Luther King Jr. (1929-1968) era uma “fraude” e um símbolo da “desconstrução da Civilização Ocidental”. Ele também afirmou que imigrantes latinos nos EUA estavam “se assimilando ao longo das gerações rumo à cultura e ao comportamento dos afro-americanos” e lamentou que o país estivesse se tornando diferente da “América Branca que veio antes”.

      Milo YannopoulosImage copyrightGETTY IMAGESImage captionPara Milo Yiannopoulos (acima no meio), jovens são seduzidos pela ‘alt-right’ pelos mesmos motivos que os jovens dos 1960 eram atraídos pela nova esquerda: ‘porque ela promete diversão, transgressão e o desafio de normas sociais que eles simplesmente não entendem’

      Um artigo no Breitbart News coassinado pelo britânico Milo Yannopoulos, editor do site e tido como um dos porta-vozes da alt-right, diz que o movimento agrega várias correntes de pensamento unidas mais pelo que querem destruir do que construir.

      O principal alvo do movimento é o multiculturalismo, a crença de que povos com diferentes culturas podem conviver harmonicamente num mesmo espaço. “A alt-right acredita que algum grau de separação entre os povos é necessário para que uma cultura seja preservada”, afirma o texto.

      Por que Hillary perdeu a eleição mesmo recebendo mais votos que Trump

      O movimento, que defende conter a imigração nos EUA para preservar a cultura branca e europeia, abraçou com entusiasmo a candidatura de Trump e sua proposta de construir um muro na fronteira com o México.

      Em agosto, a candidata democrata Hillary Clinton citou a alt-right ao acusar Trump de promover o preconceito e a paranoia na campanha. Ela definiu a alt-right como uma “ideologia racista emergente”.

      Membros do movimento agradeceram a publicidade. “A alt-right sempre se lembrará do dia em que você ajudou a nos tornar a verdadeira direita”, tuitou um simpatizante.

      Racista ou racialista?

      O professor de ciência política do City College of New York Thomas Main, que está escrevendo um livro sobre a alt-right, define o movimento como “racialista”.

      “Racialismo é uma ideologia, a noção de que a minha identificação política está ligada à minha raça e de que eu buscarei avançar as bandeiras dela, mesmo que à custa de outras raças”, ele diz à BBC Brasil.

      Main distingue a alt-right de grupos como a Klu Klux Klan e neonazistas. “Esses são grupos violentos, quase criminosos, formados por iletrados. A alt-right não é violenta, não prega a violência”.

      Membros da Klu Klux Klan nos EUAImage copyrightAPImage captionEx-líder da Klu Klux Klan (principal movimento supremacista branco nos EUA) David Duke elogiou a escolha de Bannon

      O professor afirma que o movimento vem ganhando corpo desde o início deste século, período em que ocorreram os ataques de 11 de Setembro, sucessivas guerras no Oriente Médio, o colapso financeiro de 2008 e a eleição do primeiro negro como presidente dos Estados Unidos.

      “Esses fatos chacoalharam muitas pessoas na direita, que pensaram que o velho sistema de pensamento conservador não estava funcionando mais, que era preciso buscar outras estratégias, outras retóricas. Isso deu fôlego à alt-right.”

      Por que Vladimir Putin está mais poderoso que na semana passada

      Em sua pesquisa para escrever o livro, Main mediu o alcance dos principais sites ligados ao movimento. Ele afirma que, no último semestre, a audiência desses sites – Breitbart News à frente – cresceu 86% por mês e que eles tiveram em média 85 milhões de visitas mensais.

      Em comparação, os principais sites da direita tradicional (como os das revistas National Review e Weekly Standard) tiveram 46 milhões visitas por mês e um crescimento mensal de 13,7% na audiência.

      Apesar dos crescimento, o professor diz que o movimento ainda é pouco conhecido nos EUA, embora possa ter tido um papel relevante na eleição.

      Ele afirma que a alt-right “forneceu ideias e um vocabulário que foram usados por muitos dos apoiadores de Trump, e nesse sentido pode ter sido útil para a vitória dele”.

      Donald TrumpImage copyrightGETTY IMAGESImage captionChefe de gabinete de Donald Trump elogiou a escolha do presidente eleito

      Durante a campanha, simpatizantes da ideologia identificada com a ‘alt-right’ inundaram as mídias sociais com memes favoráveis ao candidato. Essa atuação intensa nas mídias sociais já levou o movimento a ser classificado de extrema-direita da era digital.

      Em agosto, após trazer Steve Bannon para a campanha, o candidato negou manter qualquer laço com a alt-right e disse que “ninguém sabe o que é isso”. De fato, a maioria dos americanos desconhece a denominação, mas a chance de já ter se deparado com as ideias expressas por simpatizantes é grande.

      O ex-presidente da Câmara dos Deputados Newt Gingrich, cotado para assumir um cargo importante no próximo governo, rebateu as suposições de que a administração Trump será influenciada pela alt-right.

      “Donald Trump é um conservador tradicional que quer golpear profundamente a esquerda”, ele afirmou na segunda, após as reações negativas à nomeação de Bannon.

      Diversão e desafio das normas

      No artigo no Breitbart News em que explica o movimento, Milo Yannopoulos diz que, desde os anos 1960, a mídia e o establishment político consideram aceitáveis discursos de movimentos de “mulheres, LGBT, negros e outos grupos demográficos não-brancos, não-héteros e não-masculinos, mesmo quando desembocam em puro ódio”.

      Por outro lado, afirma que “qualquer discussão sobre a identidade branca, ou os interesses brancos, é vista como uma ofensa herética”.

      Ele diz que muitos “jovens rebeldes” aderem à alt-right não por serem “instintivamente conservadores” nem por viverem um “despertar intelectual”.

      Ironicamente, afirma Yannopoulos, esses jovens são seduzidos pela alt-right pelos mesmos motivos que os jovens dos 1960 eram atraídos pela nova esquerda: “porque ela promete diversão, transgressão e o desafio de normas sociais que eles simplesmente não entendem”.

      1. Alt right é um eufemismo
        Alt right é um eufemismo barato para camuflar um movimento de extrema direita. Fica na mesma categoria de expressões como nacional industrialismo e nacional produtivismo usadas por esses grupos neofascistas para se auto definir. A dura verdade é que são todos neonazis americanos.

        1. Certamente alt right é um eufemismo para extrema direita

          O mais engraçado é a defesa que o pessoal dele faz para dizer que o Trump não é da alt right:

          “Donald Trump é um conservador tradicional que quer golpear profundamente a esquerda”

          hahahahahaa

          E ainda tem gente de esquerda daqui defendendo o cara. 

  8. Compartilho da mesma opinião
    Compartilho da mesma opinião do Prof.Mangabeira Unger.A adversária de Trump era pior quê ele.Pior não,mil vezes pior.Aqui no País do Fim de Feira,guardadas as regulares distâncias,vocês nunca ouviram falar em José Serra,desconhecem Aécio Neves,e não venham me dizer que nunca ouviram falar em Eduardo Cunha.Desça um pouco a escala moral,vamos encontrar uma tal de Ana Amélia é um tal de Magno Malta.No esgoto vamos dar de cara com Aloísio 300 mil,Paulinho da Força e Geddel Vieira Lima.Vou parar por aqui.

  9. Revoluções Coloridas nos EUA

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    Antes da eleição, eu já torcia pela vitória do Trump.

    Não por acreditar que ele é o melhor candidato – melhor que os Clintons ele é, já que a ex-Secretária de Estado, além de implodir a mediação Brasil/Turquia com o Irã, ainda é a queridinha de Wall Street; sem nos esquecermos que em 1994 o Clinton que fuma mas não traga, colocou uma pá de cal na regulamentação dos mercados financeiros, desregulamentação iniciada nos anos 1970 e que resulta na crise de 2007 / 08 – mas por quê ele dará inicio a desagregação do federalismo gringo.

    Como brasileiro, acredito que o fim do império, emergirá, efetivamente, um mundo multipolar.
     

    O manual das Revoluções Coloridas, de George Sharp, tão bem aplicada nas franjas da Rússia, agora poderá ser testada no território mais fértil para esta teoria – os EUA – onde desde o assassinato de Lincon e de Kennedy, está a espera de uma oportunidade para florescer.

    Antes deste texto abaixo, não conseguia encontrar algo ou alguém que pude simbolizar esta sensação latente, mas é interessante notar que não estou sozinho. Trump, o Gorbatchov gringo.

    http://gazetarussa.com.br/opiniao/2016/11/18/donald-trump-o-gorbatchov-americano_648943

     

     

  10. Mas também pode não ser um avanço

    Não retrocedemos nem avançamos, muito pelo contrário.

    Esse Mangabeira Unger é um jenio. Só arguém desengarrafá-lo

  11. Mais preocupa o povo americano elegê-lo do q ele ser presidente

    Como com os britânicos no Brexit. A menos que ocorra fenômeno semelhante ao da Alemanha da década de 30, entendo que o presidente, mesmo aparelhando tudo e tendo maioria no Congresso não consegurá cometer (muitas) loucuras.

    O que preocupa mesmo é o povo do país dito mais “desenvolvido” do mundo (eu discordo, é ainda o mais poderoso) eleger um estrupicio desses, com um Congresso cada vez mais vendido, todos reféns de instituições cada vez mais poderosamente desequilibradas, sem freios, caminhando para a truculência política, financeira e social.

    Sendo otimista, as vezes os excessos redirecionam ao (re)equilíbrio.

    Outras, à barbárie mesmo!

    A ver.

  12. Exclente entrevista e

    Exclente entrevista e análise. Destaquei:

    – Trump não é uma resposta adequada.

    Mas em política tudo tem a ver com as alternativas. Então, o que é melhor? Continuar com essa ortodoxia conservadora do Partido Democrata ou virar a mesa? Essas são as alternativas reais da política real

     

    A base essencial da eleição de Trump foi o grande vazio criado na política americana, há meio século, pelo abandono dos interesses da maioria trabalhadora branca do país.

    O Partido Democrata substituiu o projeto do New Deal (série de programas implementados entre 1933 e 1937 pelo democrata Franklin Roosevelt para reformar a economia americana) por concessões aos interesses das minorias e pela representação da visão de mundo da classe que mora nos subúrbios ricos

     

    Não é questão de se sentir ou não se sentir representado, é a verdade dos fatos.

    O projeto que estava no poder não atendia aos interesses da maioria trabalhadora e lhes dava como compensação que pelo menos ela não seria ofendida em suas convicções morais e religiosas.

    Era algo como “vamos abandoná-los, mas evitaremos que suas crenças sejam excessivamente ofendidas”.

    Em algum momento, isso deixou de ser suficiente e criou a oportunidade que um aventureiro aproveitou. Se não fosse Trump, seria outro

     

    – É uma situação análoga à do Brasil. Os brasileiros não têm razão para considerar esse acontecimento tão absurdo e incompreensível. O Brasil é o país do mundo mais parecido com os Estados Unidos.

    Como eles, nosso atributo mais importante é a vitalidade, hoje encarnada numa pequena burguesia empreendedora e numa massa de trabalhadores pobres que vêm atrás dela.

    A tragédia dos dois (países) é negar oportunidades à maioria, que é cheia de energia, mas sem condições de transformá-la em ação fecunda.

    Na nossa realidade, o formato desse enigma foi ter confiado num projeto baseado na massificação do consumo e na produção e exportação de commodities. Enquanto a mineração e a pecuária pagavam as contas, funcionou. Quando deixaram de pagar, ruiu.

    Na discussão brasileira, os dois substitutos são as agendas (anticorrupção) da Polícia Federal e do conserto das contas públicas. É isso que serve de substituto para um projeto nacional que não existe. Também há um grande vazio na política brasileira, embora com outra feição e origens. Mas o resultado é semelhante

     

    – Na relação com os Estados Unidos, temos uma grande oportunidade agora.

    Hoje temos uma dependência completa dos Estados Unidos em matéria de defesa e de segurança. O Brasil é objetivamente um protetorado dos americanos.

    O grupo dominante no Partido Democrata aderia à doutrina do imperialismo liberal, tinha uma visão fixa da América Latina, na qual o nosso papel era ser uma linha auxiliar dos Estados Unidos em tudo, inclusive na defesa.

    Já Trump volta-se para os problemas internos. Com relação à América Latina, fora a problemática migratória, ele não tem posição fixa. Portanto, há um grande espaço

     

    – Temos no Brasil 40% da população brasileira na economia informal. Na economia formal, uma parte crescente dos trabalhadores está em situação de trabalho precarizado. Se você somar os informais e os precarizados, é a maioria da força de trabalho do país. Quem os representa? Qual é o projeto para organizar, proteger e qualificar essa maioria?

    A esquerda tradicional não faz isso. Ela faz parte do corporativismo das minorias organizadas, que comandam o país.

    Se você me disser que o outsider é aquele que se rebela contra esse corporativismo, quero esse outsider.

     

    – Não quero ver o Brasil repetir o erro trágico da esquerda europeia, de demonizar a pequena burguesia que, em seguida, virou o sustentáculo dos movimentos de direita. Isso não aconteceu agora, mas ao longo do século 20.

    Há mais pequenos burgueses do que há proletários industriais. E a população tem aspirações que começam por serem burguesas: um pequeno negócio, uma casa, uma modesta prosperidade. Temos que vir ao encontro dessas aspirações e oferecer opções que possam torná-las mais generosas

     

  13. Distributivismo Desconcentrante

    O problema do capitalismo não é a produção, o problema do capitalismo é a superprodução. Em sendo assim, a solução não é o produtivismo, pois este depende da expectativa de demanda efetiva e da eficiência marginal do capital, isto é, da taxa de lucro, primeiramente você tem que criar a expectativa de demanda efetiva, começando por distribuir a riqueza existente entre aqueles cuja demanda é reprimida em decorrência da miséria em que vivem.

    O produtivismo includente não vai a lugar nenhum pois bota o carro na frente dos bois. Quer primeiro investir para só depois criar a expectitativa de demanda efetiva, incluindo desempregados e inválidos.

  14. Frases, adjetivos e retrocesso

    Trump vendeu aos trabalhadores desempregados a idéia de um retorno ao velho capitalismo americano. Uma promessa de indústrias com sede e com empregos em solo americano vendendo para o restante desindustrializado do mundo. Defendidos pela força das armas e também  pela força de um sistema de produção de  conhecimento centrado em território americano e de posse de americanos. Mas apesar de Trump ser a figura do velho capitalista, aquele que manda e que desmanda, as grandes corporações hoje são dirigidas por CEOs, gerentes que mandam mais do que os donos, porque falam todo o tempo pelos acionistas,( de qualquer nação),  que por sua vez formam o tal do mercado, que não tem sede nem país, mas apenas interesses. E quando na decada de 90, proliferaram os downsizing ( desempregos em massa) , e a exportação das plantas industriais se  prenunciou mudanças radicais, que fortaleceram mais e mais a idéia de globalização, visando uma legislação global que garantisse a realização de lucros para os acionistas e claro CEOs. Em um país criado com a ideologia do sonho americano, baseado em você se vire porque existem oportunidades, não houve  sequer  a criação de uma política clara de saúde e de assistência social  e nem mesmo de educação para vastos setores.  Sob comando dos CEOs, e acionistas, as oportunidades em solo americano diminuiram para o trabalhador. Uma globalização real da pesquisa e da produção do conhecimento  e uma sofisticação da tecnologia exigiu a importação de cérebros, visto que o sistema educacional americano também não deu conta da mudança. E se de alguma forma se ampliou a demanda por cérebros e por uma formação sofisticada uma parcela significativa da classe trabalhadora continuou qualificada para as antigas tecnologias, que foram exportadas para países onde a mão de obra é mais barata.  Nos anos que se seguiram  Democratas e Republicanos gerenciaram interna e externamente o neo-liberalismo e esta transformação. E até a explosão da crise vendiam a idéia de uma única política economica possível. Com a crise     se lembraram do New Deal mas  apenas   para injetar dinheiro no sistema financeiro, enquanto continuava o descompasso entre os lucros financeiros imateriais e a materialidade  da produção e da vida social. Mesmo as tentativas tímidas de criar um colchão de proteção social, como o Obama Care, tem a oposição até  daqueles que mais precisam, pois ainda sonham com o velho país das oportunidades. Me parece que o que está posto é uma contradição interna, que faz com que os trabalhadores americanos se coloquem contra a globalização e contra o neo liberalismo defendendo o velho capitalismo. Eles se colocam contra esta figura mítica e mentirosa do livre mercado, na esperança que se retorne ao  livre mercado apenas para as indústrias americanas. E é esta mesma insatisfação que faz com que grupos fascistas excitem os velhos fantasmas do racismo e da xenofobia. Isto é um rastilho de pólvora num mundo completamente assimétrico e radicalmente conflitado, pelo aumento da marginalização de vastas porções da humanidade. Trump  para ser Trump, não pode conversar nem com Republicanos nem com Democratas, e só lhe restará o Tea Party e suas adjacências. O velho capitalismo não se coaduna  com o neoliberalismo nem  com a globalização.  E Trump para ser Trump não aponta para frente mas sim  na direção do retrocesso. Não confundamos tudo isto com o nazi-fascismo da velha Europa, mas no novo mundo vive-se criando novas  formas  Quanto ao Brasil, vivenciamos no interior do golpe uma briga surda entre  uma velha oligarquia que sempre viveu do estado (sintetizada no PMDB)  e uma parcela associada  ao capital estrangeiro e adepta do  neo-liberalismo globalizante (PSDB). E estes dois grupos contraditórios se uniram para destruir um  PT, mas já estão em conflito pelo poder.  Resumir os governos petistas ao adjetivo  nacionalismo-consumista, não passa de frase de efeito,  mas  não traz nenhum conceito.  Resumi-lo assim é negar toda a construção feita no país durante quase duas décadas. Reduzir ganhos reais da classe trabalhadora ao consumismo é um equívoco pejorativo. Jamais esqueçam que este foi um golpe palaciano e não popular. De fato pouco sabemos sobre o que a população realmente pensa sobre os governos petistas. Mas sabemos que a grande mídia diz sobre o que a população pensa. Mas parece que a mídia tem de fato muito poder, pois anda influenciando até mesmo nossos intelectuais.

    1. “Em um país criado com a

      “Em um país criado com a ideologia do sonho americano, baseado em você se vire porque existem oportunidades, não houve  sequer  a criação de uma política clara de saúde e de assistência social  e nem mesmo de educação para vastos setores”:

      Nao.  Nao existem.  Nao existe “oportunidade” nos EUA que nao leva diretamente a gigolagem ou trabalho escravo.

      Isso eh so ideologia mesmo, como voce disse.

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