No meio do caos, a democracia ganha um novo general Lott

Chama os militares ao brio, levanta temas esquecidos, como a honra militar, o apego à disciplina e à democracia.

A fala do Comandante Militar do Sudeste, general Tomás Miguel Miné Ribeiro Paiva, poderá ter a mesma relevância para a democracia brasileira que o papel histórico do general Henrique Duffles de Teixeira Lott que, ao impedir o golpe contra a posse de Juscelino Kubitscheck, garantiu dez anos a mais de democracia.

É um chamado histórico em defesa da honra militar, de um Exército apolítico, apartidário, defensor da pátria. Sua manifestação exibiu um contraste absoluto com a anomia de seus colegas, que aceitaram calados a formação do golpe sob suas barbas. Chama os militares ao brio, levanta temas esquecidos, como a honra militar, o apego à disciplina e à democracia. E, como um verdadeiro comandante, estende seu discurso a seus comandados permitindo, pela primeira vez em muitos anos, um sentimento de confiança em relação a uma corporação que se perdeu.

Luis Nassif

24 Comentários

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  1. A mensagem é correta. O problema é o mensageiro.
    Foi este mesmo general que abriu as portas da AMAN em 2014, para que o bozo começasse ali sua prerroração e o engajamento maciço de militares da ativa à iniciativa golpista que levou ao golpeachment primeiro e à prisão e impedimento de Lula, com o desfecho na eleição do bozo. Esse processo todo com Villas Boas e Etchegoyen na liderança.
    Não bastasse isso, foi chefe de gabinete de Villas Boas quando este era o comandante do exército.
    Se o comandante militar do planalto e o comandante do exército não forem pessoalmente responsabilizados pela proteção e facilitação da fuga de milhares de terroristas na noite de 8 para 9, esse discurso será apenas mais um capítulo da intromissão ilegal dos militares na política, com o objetivo de salvar a pele dos responsáveis maiores pelo que ocorreu de 2014 para cá.

  2. Menos Nassif… A fala do general é equilibrista. Não separou o jóio do trigo. Diante da democracia como valor universal, não cabe comtemporização, tal qual se depreende da fala do general. Atentados – mediante discursos e atos – contra a democracia não deve ser tolerado em hipótese alguma, mesmo que isso pareça cerceamento à fabula liberal “liberdade de expressão”. Com efeito, se se permite falar contra a democracia, também se permite destruí-la. Foi o que viu nesses últimos tempos, com o beneplácito e incentivo implicito nas “omissões” de militares de “altas patentes”. Isso é por demais evidente.

  3. Mirem-se neste Exemplo, Etchegoyen, Vilas Boas! Eis o que é a única declaração digna de um Soldado. Eis o que lhes Falta! Eis o que a Cidadania Exige!

  4. Menos,bem menos.
    Os milicos milicianos são irrecuperáveis.
    Vejamos o que disse o dito cujo em seu pronunciamento:”É essa convicção que a gente tem que ter,mesmo que não goste”
    Um coice no cravo e outro coice na ferradura.

  5. Poliana:”Nassif você é de um otimismo”.
    Realmente. Um otimismo que chega a ser risível, um otimismo liberal (porque o liberalismo político é essencialmente otimista, ainda carrega a ilusão setecentista e oitocentista das luzes, da ideia de progresso humano). Já apostou em Rodrigo Maia,já jogou a responsabilidade para o STF. E no entanto para o quê (ou para onde) aponta uma orientação política liberal do governo brasileiro nos próximos 4 anos: Para a acomodação à políticas mínimas de redistribuição de renda, tuteladas pelo governo (através da captação de parte dos despojos econômicos de uma economia liberal), bem como para a acomodação à políticas sociais identitárias, sendo todas estas políticas tuteladas,por sua vez, pelo sistema financeiro liberal e pelos militares (tais políticas irão até onde for permitido).O Presidente Lula não tem controle algum sobre as Forças Armadas e não terá até o final de seu governo, essa é a realidade.O Presidente também não tem força política nenhuma (de embate ou orientação) frente ao sistema econômico-financeiro liberal brasileiro.Nos seus dois primeiros mandatos o Presidente contava com uma popularidade e uma situação econômica no país, suficientemente favoráveis para estabelecer uma burocracia estatal orientada para a defesa da ordem constitucional e dos interesses do país, e não conseguiu fazê-lo (eu falo de burocracia estatal e não de governo), agora, mais fraco acredito ser impossível fazê-lo. Mais uma coisa: O Presidente é um liberal, um conciliador, politicamente possui o instinto de líder sindical, de tentar agradar a todas as partes, de fazer acordos e mais acordos, não o instinto de mando e chefia, necessário ao comandante das forças armadas.

  6. Há muitos anos, toda vez que um jovem jogador descontava como craque, era logo rotulado como o “novo Pelé”. Devagar com o andor que o santo é de barro, e os homens, maleáveis.

  7. Vejo que quanto mais o tempo passa, mais descobrimos a potência da gravidade e do altíssimo risco, que Brasil, brasileiras e brasileiros correram, com o sofrido atentado terrorista de 08 de janeiro.
    Em função de atos de traição, de covardia, de omissão e de irresponsabilidade, que os comandos das Forças Armadas protagonizaram na falta de reação, de defesa e de combate, em mais uma nova tentativa de golpe contra a democracia, contra a ordem pública, contra o estado de direito e contra a Constituição Federal.
    Tudo isto, bem de frente aos olhos e aos QGs do exército brasileiro.
    “Ajoelhou tem que rezar”, diz o dito popular. O exército vacila feio e, de tempos em tempos, se apequena mais e mais.
    Entendo que, ao se calarem e não reagirem, o exército brasileiro representou, sozinho, as três forças militares, que de forma inacreditável se acomodaram e permitiram, pelo silêncio e a falta de reação, a ajuda, o sustento e a garantia da segurança a uma horda de impatriotas, subversivos, terroristas e baderneiros, que além de destruírem, quebrarem e provocarem prejuízos imensos ao país, ainda se mostraram como ladrões de armas, documentos e mais o que ainda não se deu falta.
    Assistimos durante semanas, a chegada de hordas de impatriotas, traidores e criminosos, que com liberdade e segurança manusearam, guardaram e abasteceram uns aos outros, em armas e bombas.
    É a pura verdade, “ARMAS E BOMBAS” em pleno acampamentos disfarçados que, ao mesmo tempo, se transformavam em estruturas de paiol bélico.
    Acampamentos montados em frente aos quartéis centrais do exército e aceitos sem objeção, sem fiscalização, sem provocar qualquer exigência ou incômodo, aos diversos criminosos acampados e abraçados aos QGs envolvidos.
    Portanto, ao se ajoelhar para esse bando de terroristas traidores da pátria, sem que uma única voz decente e cirajosa de comando militar se levantasse para reprimir, denunciar ou condenar tal absurdo.
    Avalio que faltaram gravemente com suas principais obrigações patrióticas e com os deveres com a população e com o Brasil.
    Então, acredito que qualquer voz, discurso e retratação que tenha origem nas Forças Armadas será suspeita e dificilmente terá crédito ou confiança.
    Não confio e não acredito que aconteça, mas pelo histórico e pelas reincidências, que a cada dia que passa, mais se descobre sobre envolvimento de graduados militares, que ajudaram a atirar na lama, a imagem e o nome das instituições que os receberam honradamente em seus quadros, as históricas reincidência os credenciam a sofrerem as merecidas, justas e rígidas condenações, que já tarda em acontecer.
    Eu imagino que se comprovando as provas coletadas, a terrível mancha desta macabra participação das Forças Militares ficará estampada para sempre na bandeira, no uniforme, no brasão e na história, que cada uma delas, vez por outra, se atreve a modificar irresponsavelmente, ao seu bel prazer.

  8. Quanto ao otimismo de Nassif, eu confesso que fiquei surpreso pela coragem do Comandante Militar do Sudeste em se expor e contrariar uma real obsessão verde oliva, que é a usurpação do poder civil pelo poder dos militares, como em 1964. Porém, eu considero que o histórico do poder militar é comprometedor, e para um poder que reincide em se rebelar contra outras a hierarquia de dois poderes superiores aos seus limites constitucionais, ele per toda a credibilidade e a confiança das pessoas de bem e das instituições democratas e patrióticas.

  9. Voltei agora do final da feira e me surpreendeu a notícia sobre a 1a demissão do Alto Comando feita por Lula 3, e lembrei imediatamente desse post do Nassif. Acho que temos um Comandante das FFAA que deve ter pensado ligeiro tipo “Não chega a ser Lott, Prestes ou Sergio(Parasar), mas vai TU mesmo…” Que essa atitude alexandrina seja o começo do fim desse nó górdio. Acho que Nassif acertou, só ele sacou

  10. Lauri Guerra, vi as cenas de de 2014 depois de seu comentario. Está disponivel no youtube e plataformas.

    Li ainda , tambem, que o MPM iria investigar. Alguem sabe o resultado? (eu não sei)

    O promotor da epoca esta lotado como corregedor geral do MP (lotado no Conselho do MP)
    Sua atuação como corregedor acaba agora em fevereiro. Os jornalistas tem que ir atras do resultado.

  11. Muito cuidado com com estorinhas paralelas, Gabeira ontem chamou os presos destes criminosos de “presos politicos (sic).

    nada falam de governo Tarcisio.

    Tem cara de lavando a jato2. Querem continuar a comandar.

  12. Está parecendo algo orquestrado, nos moldes de um “Cavalo de Tróia”. Diante do fracasso da urdidura bolsonarista, o partido militar está gestando uma nova liderança? As estratégias estão ficando muito manjadas pois no discurso ele afirmou o óbvio, e está ganhando notoriedade porisso, curiosamente, uma manifestação política vedada aos militares. Afinal ele era o comandante da Academia Militar de Agulhas Negras em 2014, quando permitiu que Bolsonaro fizesse campanha na formatura dos cadetes, lançando-se candidato a presidente.
    Também era o Chefe de Gabinete do Gen. Vilas Boas na ocasião do golpe contra Dilma. Como comandante militar do sudeste, também manteve intocados e protegidos por mais de 2 meses os “acampamentos” golpistas ao lado do comando militar em São Paulo. Reproduz o ditado: “É necessário que algumas coisas mudem para que tudo permaneça como está.”

  13. Tem toda cara de discurso encomendado para que se justificasse sua entronização como Comandante do EB.
    O fato de que o general Ribeiro Paiva era o comandante da AMAN no dia em que o deputado Jair Messias Bolsonaro, em clara e escancarada violação dos regulamentos disciplinares das Força Armadas de Pindorama, lá dentro dessa escola de formação de oficiais do EB, lançou sua candidatura a presidente e foi ovacionado pelos aspirantes recém-formados é episódio a ser esquecido? Nonada de menos que somenos importância?
    Com mais um pouco, Nassif retomará nos seus artigos os queridíssimos termos “institucionalidade”, “republicanismo”, abandonados pouco antes do Golpe do Impeachment.
    Tudo bem: é só o nosso velho, bom e otimista Nassif sendo o nosso velho, bom e otimista Nassif. Não obstante, sem embargo e todavia, convenhamos que fechar a matéria com o Hino do Exército foi pra lá de constrangedor e muito além da conta.
    Qual será o próximo hino? Aquele da Brigada Paraquedista que plagia uma canção da Waffen-SS?…

  14. Servi minha pátria com muito orgulho e fervor no 16. BC em Cuiabá MT.
    Sempre confiei no glorioso exército brasileiro em defender este nosso Brasil e sua soberania.
    Maus brasileiros que desonra esta pátria têm que ser combatidos e punidos no rigor da lei.

  15. Jucemir e outros.

    1, sim. Houve conivência.
    2. Ele não falou do palanque, e sim de um local em que foram parados ali em direção. Conheço o local na geografia, entreguei espadim a familiar.
    3.Nao estão presentes todos os formando e não sabemos quem enalteceu, vi apenas as linhas.

    4. e por último, quem leva holsonaro lá?, vejo de costas..Mas, os vídeos tem que ser disponilizados. A Academia os têm.

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