O desespero de Moniz Bandeira apelando para intervenção do Exército, por J. Carlos de Assis

O desespero de Moniz Bandeira apelando para intervenção do Exército

por J. Carlos de Assis

O desespero político que toma conta de milhões de brasileiros progressistas em face da situação brasileira está expresso no dramático apelo do cientista político Moniz Bandeira por uma intervenção militar em defesa dos interesses nacionais. Por mais de um momento pensei na mesma coisa. Entretanto, parei na beira do abismo. Sou, sim, a favor da intervenção dos militares, a despeito do trauma de 64, como única forma de defender os valores da Pátria. Mas antes seria necessário assegurar à Nação que entrarão do nosso lado.

Meu pressuposto é que o nosso lado é o certo. Entretanto, pensam os militares do mesmo jeito? Se pensassem, talvez uma figura de perfil hitlerista como o deputado Bolsonaro não teria tanto prestígio entre eles. Por outro lado, os militares se apóiam ferreamente nos princípios de disciplina e hierarquia que formam a estrutura básica de sua organização. Sair desse xadrez, como diria Luís Nassif, é arriscado. Seu ponto fixo é a institucionalidade, mais do que valores que a luta política torna inexoravelmente abstratos.

Objetivamente, o estamento militar foi beneficiário de políticas altamente favoráveis nos governos do PT, na forma de projetos de alta qualidade técnica, como o submarino nuclear, e sobretudo quando se compara com o tratamento de jejum orçamentário que tiveram nos anos de Fernando Henrique. Contudo, também nos governos do PT foram remexidas as feridas da repressão nos tempos de chumbo, talvez de forma extremamente inábil tendo em vista a geração atual de oficiais que nada teve com a ditadura.

Os militares não são imunes à emoção, e é a emoção, não a razão, que comanda fundamentalmente a política. Justamente por isso prefiro vê-los quietinhos nos quartéis, esperando por desafios externos e mesmo ajudando nos desafios internos, como no Rio. Claro que não gosto de vê-los associados aos norte-americanos em operações conjuntas na Amazônia, mas entendo que isso não afeta seus sentimentos mais profundos de nacionalidade. Em qualquer hipótese, prefiro-os mais nos quartéis e menos na política.

Entretanto, do meu ponto de vista, não seria de todo indesejável que o general Villas Boas, com sua liderança e autoridade, sigilosamente, e sem mencionar a possibilidade de saída dos quartéis, dissesse ao Temer que vender hidrelétricas amortizadas para os chineses é um perigoso caminho de traição à Pátria. Poderia explicar ao presidente, que não entende nada disso, que as principais hidroelétricas norte-americanas foram construídas e são gerenciadas pelo Exército, entrando na categoria de instrumentos de segurança nacional.

Se o general quisesse ser um pouco mais específico, poderia dizer a Temer que, se está tão ansioso em se livrar das hidroelétricas, que as transfira para o Exército graciosamente, para o bem da economia brasileira. Finalmente, poderia lembrar ao presidente que está em circulação um manifesto puxado pelo senador Roberto Requião advertindo investidores e diplomatas estrangeiros de que, se for levada adiante a privatização das hidroelétricas, na primeira oportunidade será proposto um referendo revogatório de todas as medidas unilaterais de Temer, o que poderá trazer grandes embaraços e prejuízos para o setor privado, assim como para as relações internacionais do Brasil.

 
Redação

15 Comentários

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  1. Desistir desses milicos, são
    Desistir desses milicos, são todos golpistas.

    Ontem a Marinha condecorou um ministro golpista.

    Que se danem pra lá. Que lavem botas dos soldados americanos.

    Só quem pode tirar esses golpistas do poder é o povo, na base da porrada.

    Não vejo outra saída .

    Os jovens dos anos 60 do século passado, eram mais dispostos, encararam os milicos.

    Nós não conseguimos encarar meia dúzia de golpistas, desarmados.

  2. Desespero não. Diarreia mental mesmo

    Quem propõe a ação dos militares só pode estar ruim da cabeça.

    A lógica existencial das instituições militares brasileiras ainda é, em última instância, a da tutela. Render-se a ela significa entregar de vez a possibilidade mesma da democracia, instaurando sua inviabilidade. Significa dizer que, para o Brasil se aguentar nas pernas, é preciso sempre se agarrar ao vício das muletas de ocasião. Isso é o mesmo que decretar o fim da institucionalidade, em nome do voluntarismo.

  3. Acho melhor os militares

    Acho melhor os militares ficarem onde estão, apesar da desgraça que toma conta do Brasil.

    Os batedores de panela trajando camisa da CBF nada farão pois o ódio que têm de pobres ascendendo na vida é maior que o temor de destruição do país.

    Os militares, sejam do exército ou das polícias militares, civil ou até da PF também nada farão pois são essencialmente fascistas/nazistas, basta verificar quem é o candidato deles. Pode incluir nesta categoria a quase totalidade de vigilantes de empresas de segurança espalhadas pelo Brasil.

    Este pessoal é lobotomizado e não consegue raciocinar sobre causa e consequência de decisões econômicas ou políticas, odeiam pobre e trabalhador, são especialistas em defender ricos e propriedades particulares. Se depender desta gente o nazismo seria implantado ontem.

    Os patos amarelos jamais moverão uma palha pois são essencialmente corruptos, por isto um governo de ladrões não os incomoda.

    A reação deveria partir do povo, mas aí já é querer demais.

  4. Vamos olhar pra nós mesmos

    Tem um super assíduo participante com muito post-título de destaque,q recentemente,num deles(nunca o leio,mas aquele me chamou atenção)ao final chama o exército.E NINGUÉM POR AQUI GRITOU.Se é da confraria,se concorda,se aplaude, estre-linhas mil,mal se lê ou mal se pensa.Outra vez,este Nickname foi o único da meia dúzia q se manifestou contra um texto do Roberto Amaral pregando um golpe de esquerda (usou outras palavras)diante das dificuldades da Dilma.E novamente ninguém por aki gritou.O nível do pessoal participante é pouco reflexivo,não pára pra pensar um segundinho.Creio q reflete uma parcela da opinião pública,movida pela emoção:se é “dos nossos” é pq tá certo,nem precisa levantar as antenas.

  5. Eh a imprensa

    Daqui ha pouco vamos começar a apelar para os orixas! Ja não sabemos mais a quem pedir juizo. Não sei se da para esperar algo de bom das FFAA. Em todo caso ha varias correntes dentro das Forças Armadas, e parte dela esta participando ativamente do desgoverno Temer, condecorando Sergio Moro pelos serviços prestados aos americanos, apoiando as privatizações etc.

    Outro dia falei sobre a possibilidade das FFAA tomarem conta do Pais neste momento com meu pai e ele me disse que ele viveu o periodo da ditadura militar e achou muito triste e tenso e não gostaria nunca mais de ver o Brasil em outra ditadura, seja de onde vier.

    Se uma imprensa responsavel tivéssemos, certamente estariamos hoje vivendo outro momento.

    1. Querida Maria Luisa,
      o verbo

      Querida Maria Luisa,

      o verbo haver tem o sentido de existir (“há poucas palavras para expressar minha indignação”) e de tempo decorrido (“há 3 anos a Lava Jato vem destruindo este País”). Estou tentando entender o sentido da oração que inicia seu post, acima: daqui há pouco… não seria “daqui a pouco”, expressando tempo ainda a decorrer? Beijo no coração.

      1. Sim, seu Adolpho, agora lendo

        Sim, seu Adolpho, agora lendo o comentario que postei, percebi que troquei alhos com bugalhos. 

        Cordialmente, ML. 

  6. Nenhuma crítica ao Moniz

    Nenhuma crítica ao Moniz Bandeira!

    Eu também tenho meus momentos de desespero!

    Mas, às vezes fico olhando os acontecimentos e penso, não é que está certo?

    O que me angustia é a fome, a miséria e possível perda do que antes eram trabalhadores que por desespero se encaminhem para o crime!

    Isso me desespera também e tempo não para…

    Se tivesse havido uma intervenção, teria desaparecido esse monte de canalhice que está agora por ai!

    O Moro poderia sair puro, e um bando de politico e juízes estariam renovados para continuar sua saga de destruição subterrânea do Brasil!

    É importante que hajam pessoas que estejam anotando o nome de cada um num caderninho, para quando ai sim, houver uma intervenção pegar os juízes honestos e botar todo mundo para falar…

    A lava-jato piorou o Brasil, pois destruiu e não colocou o justo ou certo no lugar, pelo contrário está dando salvo conduto ao que há de pior no Brasil –  e eles ainda vão querer entrar na politica?

  7. Nosso lado quem, cara pálida?

    O senhor José Carlos de Assis omitiu (e sempre omite) uma questão fundamental: ele apoiou a candidatura do atual Prefeito Universal do Reino de Deus, à época senador da República Marcelo Crivella, um traidor da confiança da honrada presidente Dilma Rousseff.

    Portanto, o sr. José Carlos de Assis apoiou um traidor após o ato de traição. O autor sabia (e sabe) perfeitamente quem era o sr. Crivella e, mesmo, assim, tentou nos convencer de que era o melhor candidato.

    Assim, até que faça uma autocrítica pública, o sr. José Carlos de Assis não tem um pingo de moral para criticar / comentar / reprovar a opinião ou o compotamento de quem quer que seja em relação ao descalabro que se seguiu após o ato de traição do candidato que ele apoiou na já sofridíssima Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro.

    Atenção leitores residentes fora da sofridíssima São Sebastião: todo cuidado é pouco com bla-bla-bla desse senhor.

    O critério da verdade é a prática e a desse senhor é inteiramente diferente do que ele propugna em seus textos.

  8. Não dá pra esperar nada dos

    Não dá pra esperar nada dos militares. Uma parte é reaça, uma boa parte dos oficiais e comandantes não deve tre mentalidade muito diferente da dos coxinhas; uma parte dos oficiais médios deve contar com muitos jovens vindos da classe média com a mentalidade também de coxinha. Os soldados de patentes mais baixas devem ter muitos “pobres de direita”. Enfim, até eu me desespero por uma solução que “estanque a sangria” do brasil, mas quando penso com mais calma, desconfio que deste mato, o mato militar, não vai sair coelho.

  9. 7 de setembro

    Os milicos estarão prestando continência a esse pulha do mi$$hell.

    Se fossem patriotas e com vergonha na cara não estariam coniventes com a entrega da Amazônia e a soberania do Brasil.

    Parasitas como a elite que servem.

     

  10. “perfil hitlerista como o deputado Bolsonaro”
    Você só pode estar de sacanagem. “Perfil hitlerista como o Deputado Jaime Bolsonaro”? Agora porque o cara defende a família,quer mais segurança para o povo brasileiro através de políticas públicas que visem garantir retaguarda jurídica para as polícias na luta contra o crime organizado, ou por que ele defende o direito efetivo de legítima defesa do cidadão com a revogação do Estatuto do Desarmamentorno aprovado contra a vontade soberana do povo em plebiscito realizado para este fim, o que de fato acabou desarmando apenas a população e não os criminosos, estes que em seus delitos utilizam armamento até mais potente que os próprios policiais, ou por que ele defende uma política de direitos humanos para humanos direitos, você o compara com uma das figuras mais cruéis da história da humanidade, da mesma forma que vc o compara com Hitler vc equipara os bandidos violentos, repugnados não só por Bolsonaro mas pelas pessoas de bem,às pobres vítimas,Judeus, do terrível holocaustro. Então Judeus mortos no holocausto e bandido estão no mesmo nível é?
    Reportagem medíocre, de um jornalista imparcial, que pelo jeito defende criminoso e está corja de corruptos que assolam o país.
    E tenho dito.

    1. O Bostonaro defende a família estuprando mulheres bonitas

      O Bostonaro defende a família, é?

      Mas não é ele que defende o estupro de mulheres bonitas e o não estupro de mulheres feias?

      Sei

  11. Intervenção Militar
    Concordo…eu gostaria muito de uma intervenção militar…mas temos vários problemas para confiar em uma intervenção progressista…o mais óbvio é que a velha oligarquia iria se apoderar com a intervenção figuras como Bolsonaro está mais pra Collor de Mello quê pra estadistas.

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