O zumbi de Alcântara, por Marcelo Zero

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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O zumbi de Alcântara

no site de Rogério Cerqueira Leite
 
O zumbi de Alcântara

por Marcelo Zero

No Brasil, há mortos-vivos. Quando você pensa que eles já se foram, acabam retornando do mundo dos mortos para nos assustar.

Um deles é o famigerado Acordo de Alcântara.

Em abril de 2000, os EUA e o Brasil (sob gestão tucana) assinaram acordo bilateral com o objetivo, em tese singelo, de permitir que empresas norte-americanas pudessem usar a nossa Base de Alcântara para lançar os seus satélites.

Conforme informações do governo da época, tal uso poderia gerar recursos de monta (cerca de US$ 30 milhões ao ano, numa avaliação muito otimista) para reativar a base que ainda está subutilizada. Para as empresas norte-americanas, este uso seria proveitoso, em razão do fato de que o Centro de Lançamentos de Alcântara está bastante próximo da linha do Equador, o que diminui significativamente os custos dos lançamentos.

Até aí, tudo bem. Nada demais em permitir que empresas de quaisquer países usem comercialmente nossa base de lançamentos, desde que paguem o preço justo e respeitem nossa soberania.

Entretanto, nas discussões ocorridas no Congresso e no âmbito da sociedade civil à época, constatou-se que o governo dos EUA havia imposto condições draconianas e atentatórias à soberania nacional para permitir que as suas empresas usassem a Base de Alcântara. A oposição, liderada pelo PT e com o apoio até dos partidos da situação, conseguiu impedir a aprovação do acordo na Câmara.

Politicamente morto, o acordo ficou enterrado na Comissão de Constituiçao e Justiça daquela Casa. O julgávamos extinto. Mas, agora, acaba de ser ressuscitado, em surdina e nas penumbras, pelo governo antinacional do golpe, que, abanando o rabo de vira-lata, quer renegociá-lo com Washington.

Pois bem, o Acordo de Alcântara intitula-se “Acordo entre o Governo da República Federativa do Brasil e o Governo dos Estados Unidos da América sobre Salvaguardas Tecnológicas Relacionadas à Participação dos Estados Unidos da América nos Lançamentos a partir do Centro de Lançamento de Alcântara, celebrado em Brasília, em 18 de abril de 2000.”

Desse modo, o Acordo de Alcântara tem apenas um objetivo manifesto: proteger tecnologia sensível de origem norte-americana (satélites, foguetes, etc.) de apropriação indevida.

Porém, o acordo firmado com o Brasil tem dois tipos de cláusulas: salvaguardas tecnológicas e salvaguardas políticas. Estas últimas não têm qualquer relação com o objetivo manifesto do acordo e não constam de qualquer outro acordo de salvaguardas tecnológicas firmados entre os EUA e outros países.

São elas:

1. Proibição de usar o dinheiro dos lançamentos no desenvolvimento do veículo lançador-VLS (Artigo III, parágrafo E, do Acordo de Alcântara);

Esta salvaguarda, ao proibir o uso dos recursos do aluguel da Base de Alcântara no programa brasileiro do VLS (Veículo Lançador de Satélites), interfere indevidamente num programa de enorme importância para o desenvolvimento espacial brasileiro. Com efeito, um veículo lançador de satélites próprio permitiria ao Brasil entrar, de forma autônoma, no lucrativo e estratégico mercado da colocação em órbita de satélites de comunicação. Ademais, tal cláusula é claramente atentatória à soberania nacional, uma vez que nenhum país estrangeiro pode ter potestade, no que tange ao uso que o Brasil faria do dinheiro provindo do aluguel de sua própria base.

2. Proibição de cooperar com países que não sejam membros do MTCR (Artigo III, parágrafo B, do Acordo de Alcântara);

Tal salvaguarda, ao proibir que o Brasil coopere com países que não sejam membros do (Missile Technology Regime Control-MTCR), impõe restrições descabidas à cooperação tecnológica nacional e confere a um país estrangeiro, os EUA, no caso, o poder de limitar o arbítrio da República Federativa do Brasil quanto à maneira de usar a sua base nacional e desenvolver seu programa aeroespacial. Saliente-se que o MTCR é um regime criado basicamente pelo EUA para impedir que países possam desenvolver a tecnologia de veículos lançadores de satélites, que também podem ser usados, com adaptações, como mísseis militares.

É necessário colocar em relevo também que a China, assim como vários outros países, não pertence ao MTCR, por considerá-lo injusto, irracional e pouco eficiente, além de ser um instrumento que tende a perpetuar as desigualdades tecnológicas entre as nações. Pois bem, o Brasil desenvolve, em conjunto com a China, em função de acordo bilateral firmado em julho de 1988, um importantíssimo programa de cooperação na área espacial: o desenvolvimento e lançamento dos Satélites Sino-Brasileiros de Recursos Terrestres (CBERS). É evidente que, caso esse dispositivo seja aprovado, os satélites sino-brasileiros não poderiam ser lançados da base de Alcântara.

3. Possibilidade de veto político unilateral de lançamentos (Artigo III, parágrafo A, do Acordo de Alcântara),

No que se refere a esta salvaguarda relacionada ao veto político unilateral de lançamentos, ela também não tem, evidentemente, nenhuma relação com o resguardo de tecnologia norte-americana. Pelo que está previsto no Acordo, os Estados Unidos poderão proibir que o Brasil possa, utilizando base instalada em território nacional e veículos de lançamento de sua propriedade (ou de propriedade de terceiros países), lançar satélites para nações desafetas dos EUA. O absurdo de tal cláusula salta aos olhos.

4. Obrigatoriedade de assinar novos acordos de salvaguardas com outros países, de modo a obstaculizar a cooperação tecnológica (Artigo III, parágrafo F, do Acordo de Alcântara).

Tal salvaguarda política, ao impor que o Brasil assine acordos de salvaguardas com outros países que venham a se utilizar da nossa Base, nos mesmos moldes do Acordo de Alcântara, representa também sério obstáculo à cooperação tecnológica. Ademais, trata-se, conforme nossa concepção, de verdadeira aberração jurídica que contraria os mais elementares princípios do direito internacional. Nações soberanas não podem ser coagidas a celebrar atos internacionais entre si em função de um acordo bilateral firmado por uma delas com outro país, e muito menos serem obrigadas a inscrever nesses atos o mesmo conteúdo do acordo. Na realidade, essa cláusula tem um endereço certo: os acordos de cooperação nos usos pacíficos do espaço exterior firmados pelo País com a Rússia, a Ucrânia, a China e a Itália, além de outros. O temor do governo norte-americano é que esses países, em decorrência das atividades de cooperação ensejadas pelos acordos, repassem ao país ou facilitem o desenvolvimento de tecnologia de veículos lançadores de satélites para o Brasil.

No caso dos outros acordos de salvaguardas tecnológicas firmados pelos EUA com a Rússia, China, Cazaquistão e Ucrânia essas cláusulas políticas não estão presentes, porque tais países já dispõem da tecnologia do veículo lançador de satélites, além de saberem defender melhor a sua soberania.

Assim sendo, o Acordo de Alcântara é um ponto fora da curva, no que se refere aos acordos de salvaguardas tecnológicas firmados pelo EUA, uma vez que contém salvaguardas puramente políticas que não possuem nenhuma relação com a proteção de tecnologia norte-americana.

Contudo, mesmo as salvaguardas tecnológicas propriamente ditas, admissíveis num acordo dessa natureza, foram redigidas de forma imprópria e atentatória à soberania nacional.

Entre outras, destacamos as seguintes:

a. Os EUA terão o direito de ter a disposição e controlar “áreas restritas” dentro da Base de Alcântara.

Tais áreas serão controladas vinte e quatro horas por dia exclusivamente pelos EUA. Brasileiros lá não poderão entrar. O governo dos EUA poderá também, conforme o Acordo, instalar aparelhagem eletrônica para melhor controlar tais áreas e nelas realizar inspeções sem aviso prévio ao governo brasileiro. Até mesmo os crachás para se adentrar tais áreas serão emitidos unicamente pelo governo dos EUA ou por seus representantes autorizados. Assim, caso aprovado o Acordo, se os senhores José Serra e Michel Temer quiserem circular livremente pela Base de Alcântara, terão de portar crachás emitidos por autoridades norte-americanas.

b. O Brasil não poderá revistar o material que os EUA fizerem ingressar na Base.

Com efeito, o Acordo prevê que os “containers” lacrados que virão dos EUA não poderão ser abertos enquanto estiverem em território brasileiro. Tais “containers” só poderão ser abertos nas “áreas restritas”, exclusivamente por pessoal norte-americano. Ou seja: a alfândega brasileira ou quaisquer outras autoridades brasileiras não poderão ter nenhum acesso às cargas que ingressarão em Alcântara. Embora se alegue que esta cláusula é vital para se “proteger a tecnologia norte-americana”, ela encerra grande perigo: o Brasil não teria nenhum controle sobre o que os EUA lançariam de Alcântara. Assim, se quiserem, os EUA poderiam lançar satélites de uso militar a partir da nossa base. Comenta-se, inclusive, que Alcântara poderia se converter numa das bases para um novo escudo antimíssil. As repercussões geopolíticas, principalmente no âmbito dos BRICS, seriam assustadoras e desastrosas.

c. Os escombros de lançamentos fracassados não poderão ser estudados ou fotografados de nenhuma forma.

De fato, o Acordo proíbe que o governo brasileiro estude ou fotografe escombros que tenham caído sem seu próprio território. Saliente-se que tal cláusula contraria tratado internacional sobre o assunto. De fato, esse dispositivo não se coaduna com os princípios do direito internacional aplicáveis ao caso, consubstanciados no “Acordo sobre o Salvamento de Astronautas e Restituição de Astronautas e de Objetos Lançados ao Espaço Cósmico”, datado de 22 de abril de 1968.

Tal acordo prevê o direito de custódia para o país em cujo território caiam os escombros, o que é negado pelo presente ato internacional, na medida em que determina a imediata restituição dos destroços.

Na época em que o Acordo estava sendo discutido na Câmara, comentou-se muito sobre a maneira descabida e desrespeitosa como foram redigidas as salvaguardas tecnológicas. Porém, comentou-se pouco sobre o gigantesco atentado à soberania nacional expresso nas absurdas salvaguardas políticas do Acordo de Alcântara.

Essas cláusulas políticas manifestam o grande objetivo do Acordo para o governo norte-americano: colocar o programa espacial brasileiro na órbita estratégica dos EUA e impedir o desenvolvimento do Veículo Lançador de Satélites por parte do Brasil.

Observe-se que, com o veículo lançador, o Brasil poderia dominar todo ciclo da tecnologia espacial e ser um player importante no mercado de lançamentos de satélites. Afinal, temos uma base de localização privilegiada, que permite lançamentos comparativamente baratos, e um acordo com a China para o desenvolvimento conjunto de satélites. Só nos falta o veículo lançador para que o nosso grande potencial nessa área crítica da tecnologia possa se concretizar.

Só que Washington não quer. Aliás, isso foi dito com todas as letras no início das negociações do Acordo de Alcântara. Os ianques disseram, na caradura, que “permitiriam” o uso da Base de Alcântara para lançamentos de satélites, desde que o Brasil extinguisse o programa do VLS e concordasse com todas as cláusulas políticas que seriam inseridas no texto.

O Executivo da época engoliu a bofetada e a ordem do Império. O Congresso, não.

Mas, agora, os neovira-latas, bons cristãos que são, querem dar a outra face.

Não se enganem: o acordo voltará de Washington tal como saiu em abril de 2000. O zumbi de Alcântara terá o mesmo corpo, o mesmo texto, o mesmo odor pútrido. Afinal, os EUA sabem defender os seus interesses.

Quem não sabe ou não quer defender os interesses de seu país é o governo neovira-lata do golpe. Com essa “renegociação”, o governo usurpador e antinacional assume que, no campo aeroespacial, assim como em outras áreas estratégicas, o Brasil será mero exportador de commodities. No caso, uma commodity geográfica. Supriremos os EUA com uma localização geográfica privilegiada. E nada mais. Nada de veículo lançador próprio. Nada de satélites competitivos.

Dizem por aí que os zumbis se alimentam dos cérebros dos vivos. É provável.

Outras Palavras [http://outraspalavras.net]: 01/02/2017.

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Marcelo Zero. Sociólogo. Especialista em Relações Internacionais. É membro do Grupo de Reflexão sobre Relações Internacionais (GR-RI).

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

19 Comentários

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  1. E nossas “forças” Armadas?

    E nossas “forças” Armadas? Néris? Num vadinha? Pickles?

    Pra mim, já deu! Que se encaminhem todos para o raio que os partam!

  2. O mais absurdo é a ausência

    O mais absurdo é a ausência das Forças Armadas em assunto de seu inegável interesse. Só está faltando uma lei com a finalidade de impor às nossas Forças Armadas o uso dos uniformes das Forças Armadas Americanas. Caso haja uma lei com essa finalidade, as nossas Forças Armadas aceitariam de bom grado a troca de seus uniformes, dizendo que o uniforme dos americanos é mais bonitinho.

  3. CBERS

       O articulista enrola, muito menos conhece os contratos Brasil – China, pois sabe-se há anos que qualquer satélite construido com colaboração e/ou parceria com chineses, é obrigatoriamente lançado por foguetes da série Longa Marcha, aliás toda industria aeroespacial funciona desta forma, vendendo satélite + lançador.

        A vantagem de “lançar chinês ou russo ( estatal ou privado ), até indiano “, é se livrar dos protocolos ITAR, mas do MTCR nenhum País livra, só se desenvolver tecnologia própria, como no caso do “brilhante” acordo comercial Brasil – Ucrania, firmado quando da “ocupação” do MCTI pelo PSB ( Governo Lula ), a Ucrania usou do MTCR inclusive para impedir que engenheiros brasileiros verificassem ( nem fotos foram permitidas ), os estágios dos motores, quando em visita a suas instalações em Dniepropretovsk, na Yuzmash/Yuzunoie.

         A politicagem quando se mete em areas técnicas, independente de ser “direita” ou “esquerda”, só resulta em: Merda.

    1. Tecnicamente não temos

      Tecnicamente não temos direito sobre a nossa soberania nacional? Nenhum país tem esse direito? Alguns têm e outros não? Como é tecnicamente a questão da soberania nacional?

    2. Antes tentar

      Do que ficar no meio fio observando a carrocinha passar. Os governos petistas fizeram coisas inéditas no Brasil. Até tentar construir veículos lançadores de satélites e submarinos atômicos. Mas o mais impressionante, que parece, a maioria não percebe, foi a quantidade de 5º colunas no Brasil. A começar pela imprensa que sempre tentou sabotar qualquer programa petista. Aquela explosão no VLS 1 está entalado em minha garganta desde 2003, exatamente pouco antes do Lula começar a mostrar a que veio fazer na presidência. Naquela época foi teoria da conspiração falar que foi sabotagem. Atualmente, depois de tantas águas rolarem debaixo desta ponte e vermos a quantidade de sabujice e vira latismo de uma grande parte da sociedade brasileira, será que uma nova investigação mais séria não apareceria o nome das bruxas? Você critica todos os programas tecnológicos, acha que só tem incompetentes ali, mas nunca deu uma sugestão de um novo caminho das pedras, apesar que, pelos seus comentários você vivenciou isto tudo e tem conhecimento de causa. Que tal ao invés de criticar dar sugestões de como melhorar. Ou vamos continuar fazendo como os tucanos? Uivar para o norte e abanar o rabo em Miame.

      1. Programa de Estado

          Tanto a industria de defesa, como a aeroespacial, aliás são “parentes”, não funcionam por  “um governo”, mas deve ser programas de Estado, não é possivel, nunca foi, que a cada 4 anos o governo que entra jogue tudo fora e comece novamente, aconteceu com Collor, que acabou com tudo, FHC assumiu e ferrou mais ainda, Lula veio e deu uma luz um pouco melhor, mas tambem começou a lotear cargos para quem não entendia nada, tirou verbas de programas que existiam a anos, e o Dr. Roberto Amaral e a AEB fizeram aquele ,malfadado acordo ucraniano, que Dilma acabou, mas deixou uma “conta” de US$ 225 Milhões, e nenhum lançador, só caixotes no Porto de São Luiz.

           Como dar sugestões para  politicos, se a cada dois anos mudavam o MCTI, ao bel-prazer das composições politicas necessárias, e descaradamente mentiam que os acordos firmados tinham transferencia de tecnologia, quando na real, tais itens não existiam, que os ucranianos chegavam para nós e cobravam o TSA com o governo americano, ou a ACS – Alcantar Cyclone não funcionaria ( sem um TSA nenhum satélite com qualquer componente de origem norte-americana, ou por eles licenciados “sobe”, sequer é acoplado a um lançador, e no mercado ocidental 80% dos satélites possuem algum item americano )

            Como após a revisão do acidente do VLS, feita pelos russos, em vez de continuarmos com o apoio mais direto com eles, fomos fazer um Acordo com a Ucrania, para agradar quem ? 

             Politicos, e outros “ólogos”, ficam falando demais, confundindo realidades diferentes, montando igrejas, escondendo fatos, como por exemplo da Russia ( em teórico embargo ), estar lançando foguetes Soyuz de Kourou na Guiana Francesa desde 2011 ( o mais recente em janeiro/2017 um satélite espanhol), em contrato de empresas : NPO, TsSKB Progress, EADS, Thales e Arianespace , um contrato firmado em 2003.

              Os Programas agora que interessam, isto se AEB o MTCIC não se meterem, é referente ao VLM e a continuidade do desenvolvimento dos motores da série S50 pela Avibrás ( claro que se ela for vendida…….sabe-se lá ), já pelo IAE temos o VSB-30 ( cooperação com Alemanha e Suécia ), o VS-40/SARA/ShefeX ( com Alemanha e Noruega ), todos promissores e ITAR-free, o SARA caso seja concluido ( verbas, e civis deixarem ) é tecnologia MTCR adquirida internamente.

               Já a FAB “foi saida” de Alcantara em 2005, a “Base” ficou com a AEB/MCTI e até hoje esta assim, o que aliás retrata um sério problema, bastante antigo ( ’80 ), referente ao dialogo entre civis e militares, sobre quem é “que manda” nos sucessivos programas aeroespaciais, cada um puxava verba para sua “igreja”, até tecnicos/engenherios eram deslocados, um programa parava, outro se iniciava, ai mudava o governo ou mesmo um ministro, e já alteravam-se as metas, outras “igrejas” eram abertas, continuidade nunca existiu.

                Sem um programa de estado, industria aeroespacial não decola, a de defesa continuará dependente de fornecedores externos diretamente ou associada a eles, e nem adianta falar, sugerir, manifestar, nossos politicos independente da ideologia, não estão nem ai para isto, assim como a maioria esmagadora de seus eleitores

         

        1. Ok, entendi.
          O que você

          Ok, entendi.

          O que você relata faz sentido, afinal estamos no Brasil, onde nem a erradicação da miséria é consenso. Mas, na minha mosdesta opinião, não podemos desistir. Jamais.

          E quanto ao programa do submarino nuclear? Sou testemunha de que ele vem da década de 80, pelo menos. Trabalhei no departamento de engenharia de uma empresa que era um potencial fornecedor de condutores especiais para o projeto e visitei locais onde estes eram especificados (na ilha das Cobras na praça XV, por volta de 1985)…

          1. Lá mesmo, lembranças

                Meu caro, pelo jeito somos “experientes”, e da uma certa raiva, até uma magoa, que a 30 anos atrás, as especificações técnicas de um SSN ( dá época, tipo um Rubis ), estavam em um celere processo de definição, selecionando fornecedores nacionais para tal empreitada, lembro ainda das configurações do aço especifico do casco de pressão duplo ( foi absorvida tecnologia da IKL ), que seria derivada para o “vaso do reator”, recordo até das especificações dos condutores, que diferem de um sistema não-nuclear, pois seriam especiais ( as ligas ) para no processo ,não transferirem radiação, do reator para os outros sistemas ( radiação “mata” sistemas eletronicos e até opticos ).

                 Infelizmente, hj. creio que o SSN ” Alvaro Alberto “, continuará a ser uma maquete, continuará a ser exposto lá em Iperó, como algo que foi sem nunca ter sido.

                 Mas ainda tenho esperança, até confio, que o reator de multi-propósito, um herdeiro do PMN ( Programa Nuclear da Marinha ), ainda irá salvar muitas vidas com seus farmácos, e ele só irá existir ( economizaremos mais de US$ 60 M ano em farmacos radioativos ), porque perseveramos em obter independencia nesta area.

                 Um SSN ( submarino nuclear ), é uma “arma”, mas esta funçao dele é a final, o que importa para a sociedade não é ele ser esta “arma”, mas toda a tecnologia independente que o processo dele conseguiu, na industria chamamos de “spin-off” as vantagens que a tecnologia de ponta militar é transferida para aplicações civis, é até muito “louco” que gerando cadeias de radioisótopos para combustivel de um SSN, possamos entender e atuar em ações médicas, tanto de investigação (contrastes ) como “acertar” melhores alvos em radioterapia.

    3. Só para complementar

      Quantos bilhões os EUA, Russia e China queimaram antes de acertar a tecnologia? Quantos submarinos atômicos naufragaram antes da tecnologia funcionar? Só os EUA perderam, que sabemos, dois submarinos em acidentes. O Thresher em ensaio de mergulhos e o Scorpion em operação mesmo com uma série de defeitos aparentemente insolúveis. Nunca deveria ter entrado em operação. Os russos tiveram a perda do K159 classe November e o K278 Komsomolets. Outro foi perdido perto de Pearl Habour e o governo americano estava resgatando suas ogivas nucleares. Da China não sabemos nada. Quanto a acidentes com foguetes, quantos explodiram e ainda explodem na decolagem nos EUA? Os americanos perderam a cápsula Apollo 1 e três astronautas em testes. Dois space shuttle foram perdidos, o Challenger na decolagem e o Columbia na reentrada. Os russos tem vários históricos de acidentes. A nave Soyuz 1 com o cosmonauta russo Komorav (foto) morreu na reentrada por que o paraquedas não abriu. Já li que houve um acidente na base de foguetes russa que matou centenas de técnicos russos mas esta história não é divulgada. Já assistiu os Eleitos? Já pensou estes países chutando o pau da barraca no primeiro acidente? Por que temos de ser nos os que desistem a primeira crise?

       

      1. Todas as histórias
        Foram divulgadas.

        E é uma história de sucessos!

        Tem um documentário da BBC que se chama :
        Cosmonauts: Como os russos venceram a corrida espacial!

        Essa é a opinião dos ingleses que sugiro que vc siga.

  4. O certo me parece que seria

    O certo me parece que seria advogados progressistas proporem ação de inconstitucionalidade pelo contrato e ação acusando os parlamentares que se prestam a entreguismo de traição, artigos 360 e 361 da CF.

    Não sei se quem não representa o estado brasileiro institucionalmente, se qualquer cidadão pode levar a órgãos internacionais a arguição sobre a validade de contratos assim lesivos, inclusive mencionando que contratos similares, como nos informa o professor, com outros países não têm as mesmas clásulas. Nem que os EUA não acatem decisão de tribunais internacionais, talvez isso estimule outros países a fazerem o mesmo.

    Não tarda a hora em que muitos países voltarão as costas ao EUA. Sem afrontar nem dar chance para alegações de ataque, simplesmente desprezar, não apenas parar de facilitar que o capital com origem no dólar seja investido mas dificultar o espalhamento desse capital.

    Soberania nacional não se vende. E se soberania não fosse importante, nem os EUA elaborariam contratos desse tipo.

  5. Mais um ato lesivo nação brasileira?

    Após tantos atos lesivos ao interesse da nação aquadrilha empoderada nos brinda com isto. Até quando seremostolerantes com esta quadrilha?

  6. Tecnologia

       Ou vc. mesmo desenvolve ou não se tem, e tecnologias criticas/sensiveis, todas reguladas por seus detentores, ninguem transfere, é básico – primeiro pela segurança e soberania, em segundo para não criar um concorrente, e tecnologia de ponta é ” Programa de Estado “, não de governo.

         Associações estratégicas com outros estados transferem tecnologia ? NÃO

         Associações de empresas nacionais com estrangeiras representam absorção de tecnologias ? Em termos, e até certo ponto, pois mesmo “sócios”, quando chega a hora de itens mais elaborados a cooperação não existe, os tratados imperam, exemplo :

         1. VANT brasileiro 1 : Em 2011 a Embraer + AEL -Elbit lançaram a “Harpia Sistemas”, destinada a desenvolver um VANT nacional, já em 2013 a Avibrás que tinha já em desenvolvimento um VANT ( Falcão ) de origem destinado a fazer parte do Sistemas ASTROS 2020 e AV-TM-300, associou-se na Harpia ficando com 9,0% da empresa e o “Falcão” seria o primeiro “produto” da Harpia Sistemas S/A, nenhum financiamento foi conseguido, a empresa foi encerrada em 07/01/2016, mas antes a Embraer entrou com capital na FT Sistemas, da qual comentarei mais adiante.

         2. VANT brasileiro 2 : Mas como temos um mercado para VANTs e o “Falcão” foi abatido, alguem veio e ocupou o pedaço, uma pequena empresa do interior de Botucatu, a “Avionic Services” lançou e já voou em 2016, um VANT da mesma classe do finado “Falcão”, como ela conseguiu ? Associou-se ( na real foi adquirida em 2013 ) pela IAI ( Israel Aerospace Industries ) e esta montando no Brasil uma versão do Heron 1 batizada de “Caçador”. 

         3. FT Sistemas: Produz vants ( minis e helivants ), já até vendeu pra a MB e Exercito, batem bumbo da nacionalidade de seus produtos, o Hórus e o FH-200, mas na realidade eles só voam, só funcionam, porque o governo americano autorizou ( tecnicamente um TAA – tecnological assistance agreement ),  que a Rockwell – Collins “do Brasil”, vende-se para a FT os sistemas de sensores inerciais e de gps ( Micro INS/GPS plataforms ), obviamente em “turn-key”

          A quantos anos o DCTA/IAE esta desenvolvendo um “sistema inercial”, o SIA ? 

           Em 2010 faltavam R$ 40 milhões – não apareceram, nem em 2014……2016 , encontra-se andando a passos de cagado

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