Palácio confirma que foi ouvido pela reportagem de O Globo

Nos anos Geisel, havia dois tipos de fontes no Palácio, ambas em off.

Os jornalistas de cima falavam com Golbery; os de baixo, com o Sargento Quinsan.

Era um tipo folclórico, quase ajudante de ordens de Golbery, mas que falava pelos cotovelos.

Ambos eram “fontes do Palácio”. Ou não?

Pelo que me contaram, Quinsan ainda vive, aposentado em alguma casa em Brasilia. Mas seu fantasma ainda persiste.

Agora há pouco O Globo recorreu à cizânia: “Planalto considera desastrosa fala de Temer” (http://oglobo.globo.com/brasil/planalto-considera-desastrosa-fala-de-temer-ministro-diz-que-foi-fora-de-contexto-17401874). Depois, incluíram um porém no título.

Temer falara o óbvio: Dilma não resistiria a 3 anos com 7% de popularidade. Quem fez a pergunta, recebeu a resposta óbvia. As vivandeiras resolveram causar e deram manchete à fala.

Aí O Globo coloca mais lenha na fogueira com a matéria sobre o Palácio.

A matéria entrevistou o Palácio, que disse que a fala foi desastrosa.

Entrevistou também os humanos que habitam o Palácio. O habitante do Palácio Edinho Silva disse que a frase foi tirada do contexto e garantiu que Temer é “extremamente leal”.

Não se sabe o que o Palácio respondeu ao Edinho, porque a reportagem não ouviu mais o Palácio.

Mas, agora há pouco, entrevistei o Palácio para saber da veracidade de suas afirmações.

Eu – Palácio, o que você tem a dizer?

Palácio – Que no Palácio as paredes têm ouvidos e os livros têm orelhas.

Eu – Sempre soube disso, mas nunca soube que Palácio fala.

Palácio – Sempre falei. Sou o amigo dos repórteres. Cada vez que o repórter tem que repercutir alguma coisa a não consegue falar com ninguém, vem falar comigo. E, como sou amigo dos repórteres, confirmo o que eles quiserem, desde que declarem a fonte: o Palácio.

Eu – Mas o repórter veio te ouvir?

Palácio – Não precisa. Como só falo em off, ninguém ouvirá uma declaração em on minha desmentindo qualquer declaração em off que me seja atribuída.

Eu – E a Dilma não fica brava com suas declarações?

Palácio – Não porque na presença dela fico mudo e quedo.

Luis Nassif

33 Comentários

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  1. Libertinagem de imprensa..

    Até quando a libertinagem de imprensa vigorará?? Enquanto a educação no Brasil não for prioridade nº 1! No país dos analfabetos com diploma na mão, o que vigora é a manipulação da mídia, a corrupção de governos, mercado e sociedade.. Tristes Trópicos!

  2. KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK,,,
    Exa

    KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK,,,

    Exato o que eu pensei!

    Pera la, Nassif, esse merece um upgrade.  “KKK 2.1”, entende?

    LLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLL…

    (funcionou?)  (se nao funcionou eu vou pro “m”!)

  3. anyway

    A pergunta que não quer calar é: O que fazia o vice-presidente da RFB, a saber MT, num evento promovido pelo “Movimento Acorda Brasil”?

    ****

    (…) Era uma noite promovida com auxílio do Movimento Acorda Brasil, o menor entre os pequenos grupos que procuram, de qualquer maneira, derrubar Dilma de seu cargo — numa ação que, se conseguir superar inúmeros obstáculos e não incluir a queda de Michel Temer no mesmo compasso, pode abrir espaço para que ele venha assumir a vaga da titular até 2018. Disponíveis da internet, as propostas do Acorda Brasil contêm um elemento que deveria constranger Temer e simplesmente impedir sua presença no local.

    Numa de suas cláusulas na luta contra o que chama “totalitarismo” no Brasil, o movimento inclui uma medida que, tomada ao pé da letra, pode levar à extinção do Partido dos Trabalhadores, que permitiu a Michel Temer instalar-se no Palácio Jaburu, como você poderá ler alguns parágrafos adiante.   

    Havia algo de arroz-de-festa na presença do vice-presidente, sem interlocutores à altura naquele lugar. Nenhuma fatia do PIB estava por ali, nenhuma liderança capaz de fazer o dólar subir ou recuar.

    A principal organizadora, Rosângela Lyra, é alta executiva da multinacional Dior. Profissional com vida própria, muito bonita e respeitada no meio, Rosângela Lyra foi personagem mais frequente em colunas sociais quando era sogra do craque Kaká. (…)

    http://www.brasil247.com/pt/blog/paulomoreiraleite/195705/TEMER-EM-%C3%81GUAS-TURVAS.htm

    1. Ingênuos

      Pois é, Vania, todo mundo é bobinho e acha normal o VICE se reunir com golpistas. Neste caso a questão não é como e o que o Globo publica, mas o que o VICE foi fazer na tal reunião, palestra, ou o que seja. Vão dizer agora que ingênuo é o Temer…

  4. Olhe pra pgn ao lado.
      Sumiu

    Olhe pra pgn ao lado.

      Sumiu o Fora de Pauta.

      E lá vou eu caminhar pra busca-lo.

       Dá meu tênis Master.

       Porque a caminhada será longa.

      1. Dona Lourdes,
        Só assim não

        Dona Lourdes,

        Só assim não vai: mande por e-mail um desenho, infográficos, mapas, e se não for pedir muito, um GPS. 

        Pode até ser que ele consiga entender. 

  5. Até uma Corveta no

    Até uma Corveta no Mediterraneo a Globo sabe que resgatou imigrantes  libaneses para levar a Itália a pedido dos comandantes  do Barco Italiano.Se tiver  uma  corveta  nas ilhas Salomão  ancorada  Globo sabe.Eles tem espiões no mundo inteiro seja  terra seja ar  seja mar.Por isso que  tudo que é delação  sai na Globo, antes   do acerto das folhas nos processos  Globo já sabe o que ta escrito!!!Sem falar    que a maioria  do mundo  político tem o rabo  preso  com essa empresa.Outra coisa intrigante, é  a receita Federal não cobrar  a dívida da Globo de sonegação  !

  6. Moro num país animista…

    Palácios que informam, empresas que corrompem ou são corrompidas, internet que noticia… Hoje mesmo tive uma discussão (delicadíssima de minha parte) sobre esse “li a notícia na internet” com uma comerciante bitolada e golpista. Ela disse que “já tinha dado na internet” a notícia de que a Lava Jato acabava de descobrir uma doação de 180 milhões da Odebrecht (a empresa, é claro) ao Lula. Respondi que sua informação era totalmente equivocada. Primeiro, disse a ela, internet não informa ninguém, é uma rede mundial de transmissão de dados: imagens, música, texto, entre estes últimos, notícias. Quem dá a informação não é ela, são portais, jornais eletrônicos, blogs, redes sociais etc. Dentre estes há fontes fidedignas e outras não, porque assim como o papel aceita qualquer coisa (disse a fonte dessa grande verdade e aconselhei a leitura do Memorial de Aires), esses meios de comunicação eletrônicas via internet também. Onde a senhora leu a notícia? Saiu no Facebook, ela respondeu. Voltei à carga: Não é propriamente o Facebook que dá notícias, mas uma pessoa, uma agência de notícias, um jornal etcétera que tenha uma conta no Facebook. Depois empresa não doa nada a ninguém, não pratica nenhuma corrupção. Por acaso sua loja assina cheques, quem assina os cheques em nome da sua empresa não é a senhora, um sócio ou outro alguém (humano necessariamente)? Na Odebrecht, idem. Uma quantia dessa monta, aliás, teria sido necessariamente passado pela aprovação do presidente da empresa.

    A mulher ficou sem saber o que dizer, mas como queria porque queria acreditar no suborno milionário da Odebrecht ao Lula, única pessoa de carne e osso no seu universo onde as coisas agem de per si, e talvez porque eu falava educadamente, talvez porque não quisesse perder o cliente da loja às moscas (não comprei nada, mas porque ela não tinha o que eu queria), não disparou contra mim a ultima ratio, carregada de desdém dos reacionários convictos: o senhor é petista!

     

  7. Estranho

    Deve ser porque o palácio fala aos jornalistas que eles não estranham que um helicóptero faça, sozinho, contrabando de quase meia tonelada de pasta-base de cocaína…

  8. alguém poderia responder?

    Depois que os palhaços, no picadeiro do Circo midiático, afirmam que todos aqueles que ainda não foram julgados e condenados, são ladrões e bandidos, o que irá acontecer com esses palhaços, caso um único condenado antecipadamente seja inocentado?

  9. Mas se lembre que em Macbeth

    Mas se lembre que em Macbeth até as paredes falavam. A floresta andava. Um homem não nascido de mulher apareceu. Eu diria que 7% de estabilidade de popularidade não resiste ao tempo: ou sobe, ou desce.

  10. Ouvi os trechos do Temer. O

    Ouvi os trechos do Temer. O trecho que me impressionou foi quando ele disse que, se o tse impugnar a chapa dele e dilma, ele vai pra casa feliz (sic). Está mais do que claro que Temer está dizendo nas entrelinhas: não tenho nada a ver com esse governo. Façam o que acharem melhor. E o ponto de ruptura foi o desastre da tentativa de implementar a cpmf. Com mais uma barberagem politica, Dilma afastou Temer de vez e por pouco não perde Levy ( só não perdeu porque Trabuco entrou em campo ). 

    1. Desastre coisa nenhuma. A

      Desastre coisa nenhuma. A CPMF é necessária sim. Quem é contra esse imposto são os rendistas, os megaempresários, os famosos que ganham fortunas para  falar bobagens e fazer asneiras na tv. Ora, quem movimenta mais dinheiro que pague mais imposto. A maioria da população nem sentiria. Mais é justamente o povão que repete a choradeira e as ameaças da elite. Reproduzem o discurso do opressor e ainda se acham inteligentes e sensantos

  11. Palácio

    Gente!
    Vocês não conhecem o Palácio??
    Como assim??
    O Palácio é aquele Irmão Gêmeo Univitelino do Mercado.
    Sim, do Mercado aquele que já disse que ia ter apagão, que o Dolar ia ser vendido a R$ 10,00, o mesmo que disse que Lula eleito todos os investimentos nacionais e estrangeiros fugiriam do Brasil,

  12. Se Temer não quer ajudar, não

    Se Temer não quer ajudar, não deveria atrapalhar. Ao participar de um evento do tal “Movimento Acorda Brasil”, o Vice Presidente mostrou de que lado está nesse momento. Para mim, é oportunismo puro.

    Mas francamente, chamar de óbvia a relação entre popularidade baixa (em avalições realizadas por grupos que pregam diariamente o golpe) e queda de uma governante eleita legitimamente pelo povo de seu país passou da conta do razoável. Gostaria de saber como, onde e quando houve tal relacão de causa e efeito? Jango e Getúlio não passaram por isso por serem impopulares, muito pelo contrário.

    Quanto o que as organizaçóes golobos dizem, “tô nem aí”, eles são cadaveres insepultos.

  13. Quem tá fazendo papel de bobo é o Temmer
    Essas armadilhas do PiG ja são manjadas. Estão criando ao menos 2 factoides por dia. Nao é muito cedo pra começar a campanha?
    Só as velhinhas que ficam esperando a novela começar que acreditam.
    Temer fica dando corda pra essa gente, deveria saber que o que eles querem e apenas causar!
    _______________________________
    Em entrevista nesta sexta-feira ao americano The Wall Street Journal, um dia depois de ter dito que seria difícil a presidente Dilma concluir seu mandato diante dos atuais índices de popularidade, o vice-presidente afirmou ter certeza de que ela ficará no poder até 2018 e que sua popularidade deve subir até meados do ano que vem; Michel Temer afirmou ainda que não haverá qualquer tipo de distúrbio institucional e manifestou confiança no ministro da Fazenda, Joaquim Levy, em meio a intensas especulações de perda de espaço no governo; “Você pode escrever isso: eu tenho certeza absoluta que isso irá acontecer, que será útil para o País, que não haverá nenhum tipo de perturbação institucional”, disse Temer; Dilma continuará a governar “até o final, até 2018”, completou

    5 DE SETEMBRO DE 2015 ÀS 10:05
    do BRASIL247
    http://www.brasil247.com/pt/247/poder/195761/Temer-ajusta-discurso-e-diz-que-Dilma-fica-até-2018.htm

  14. Já era.

    Isso prospera mais e mais com um governo que insiste – não sei mesmo por que cargas dágua, já desisti mesmo de tentar ver alguma “razão” – em governar mudo, crendo candidamente na edição que essa imprensa vai fazer das falas cerimoniais, das “entrevistas” tumultuadas nas chegadas e saídas de eventos e das coletivas dadas pra quem não quer entender nada, e quer somente “provocar” declarações pra serem usadas como peças de propaganda.

    Nunca antes na história desse pais… Nunca antes na face do oeste, aliás, um governo perdeu a comunicação assim por W. O.

    … E isso em plena “era da informação”….

  15. Não, gente, tem o …

    Não, gente, tem o Pedro Gentil PALÁCIO (singular mesmo), um “bode velho” (apesar disso, gente boa), nascido em Codó (terra do Barão, o grande macumbeiro), negrão forte mesmo (1,80mt com toda a melanina que Olurum lhe deu na pele) aqui em Brasília e que já foi do Palácio (o local) pode ser que os jornalistas (aqueles que foram reprovados na creche) tenham o entrevistado o negrão PALÁCIO!

  16. Às 8 horas da noite da

    Às 8 horas da noite da terça-feira 18, São Paulo ardia com os protestos contra o aumento das passagens, inclusive na mesma Avenida Brigadeiro Faria Lima onde, metros à frente, carros importados deixavam as mulheres mais elegantes (e ricas) da cidade. A partir da entrada do Museu da Casa Brasileira, porém, a deferência dos seguranças e o lounge pasteurizado anunciavam, porém, uma ilha segura, povoada por longos e tailleurs, sapatos e bolsas de grife a serpentear atrás de Rosângela Lyra. Pois se tantos ícones do jetset paulistano se arriscaram a sair “no meio da bagunça” foi para prestigiar quem decide qual Dior todas vão usar – a mesma mulher que lhes afaga a consciência ao levar suas roupas e a palavra de Deus aos pobres e ainda acha tempo para representá-los (os ricos), cuidar de suas chagas urbanas e aconselhá-los sobre como e onde gastar seu dinheiro.

    Flashes e flûtes à parte, todos estavam ali para agradecer por mais um serviço da “prefeitinha” da Oscar Freire. No caso, o guia Jardins & Afins, com suas 328 páginas de dicas de compras e serviços assinadas por Lyra e seus “curadores” como Glória Kalil. “Os Jardins têm nela um suporte”, diz a estilista, Chandon borbulhando na mão. “É ótimo ter um interlocutor acessível e eficiente como ela.” Exemplo. “Um dia achei que tinha muito lixo na Oscar Freyre, um horror. Liguei para a Rosângela e ela imediatamente resolveu.” Outro gole e Glorinha define o papel de Lyra para o bairro. “Pra gente, ela é uma vereadora, mas sem o ônus da corrupção e da inatingibilidade. É quase nossa porta-bandeira, e ainda vestida de Dior.”

    Do alto dos 20 centímetros das botas Dior, o 1,74 metro de altura (coberto, claro, pela mesma grife) parece ainda mais altivo. Em cinco minutos a presidente da marca no Brasil se curva para beijar Solange Medina e Bete Arbaitman,  acena para um grupo de engravatados e, com destreza, some de uma roda de socialites empunhando pastéis para emergir no meio de um buquê de empresárias da moda. Anedotas sobre os Jardins acompanham as fotos delas no telão. “Linda!”, diz Lyra. Ela dá entrevistas à tevê. Autografa guias para uma fila de senhoras. Como se pairasse, soberana, sobre o pequeno reino de consumo a gravitar em torno da Oscar Freire. Um paraíso de luxo, glamour e paz, enredado pelas avenidas Paulista, Rebouças, Brigadeiro Luís Antônio, Juscelino Kubitschek e Marginal Pinheiros – ao menos nos Jardins imaginários do mapa anexo ao guia.

    Explicar como essa carioca virou a conselheira dos ricos paulistanos demanda uma genealogia da fé nos negócios e na religião. “Sou da época em que moda era o marido abrir uma butique pra esposa parar de encher”, diz ela, uma contadora de histórias tão versada na Bíblia (que cita volta e meia) como na história do luxo nacional. Quando entrou para a Dior, 28 anos atrás, em plena economia fechada, aprendeu a transformar moldes europeus e tecidos locais em grife. O que explica seu jogo de cintura e a intimidade com a elite. Em 2001 virou “católica apostólica romana”. Para as más línguas, graças à filha, então namorada do jogador Kaká e pastora evangélica. Os embates foram bíblicos. “Eu amo Nossa Senhora e os evangélicos têm implicância com ela”, afirma. Terços e imagens da Virgem povoam sua casa. “Mas, fora a ‘questão marial’, somos íntimas.” Foi uma vizinha quem a chamou para Deus. Lyra mora no Itaim Bibi, ao lado dos Jardins, região mais católica da cidade. “Eu tinha uma Bíblia em casa, cheia de pó. Daí fui chamada para um grupo de oração. Amei.”

    E partiu para a ação. “Sabe aqueles ‘tercinhos’ nos carros? Eu que fiz. Imprimi 10 mil e colei, de joelhos.” Distribuiu ainda 10 mil folhetos com temas bíblicos espinhosos. E convenceu socialites a encampar o movimento ABCD (Amigas de Bom Coração Desapegadas) e doar 1,2 mil peças de grife para um bazar em prol da Aliança de Misericórdia. Também promove jantares beneficentes. Mas não circula só entre os bem-aventurados do bolso. Qual uma Santa Perpétua dos Jardins, participa de “vigílias” religiosas no Centro. “Os moradores de rua querem ser olhados nos olhos”, garante. “Até falei inglês com eles.”

    Não é um paradoxo passar o dia na venda de itens de luxo para meia dúzia de endinheirados e a noite a ajudar um exército de desamparados em andrajos – entre fomentar o consumo para poucos e a ajuda aos que nada têm? “Ela faz  a ponte entre esses mundos”, filosofa a mãe, Fernanda.  “Com Deus como suporte emocional, ela transita muito bem entre o lado material e o espiritual.” A filha concorda. “Já saí da Dior e fui direto pro Anhangabaú. São dois extremos. Mas neles encontro o equilíbrio.”

    Fluente nesse pragmatismo influenciado por Deus, Rosângela Lyra quis ajudar os seus. Em 2004, a Oscar Freire foi eleita a oitava região mais luxuosa do mundo. “Mas era feia, quebrada, uma tristeza”, suspira. “Daí decidi revitalizar a região eu mesma. E criei a Alof.” A sigla responde pela Associação de Lojistas da Oscar Freire. Em sua sede, nos Jardins, na cabeceira de uma comprida mesa de reuniões, ela conta como convenceu empresários a abrir as carteiras e a prefeitura a deixar a burocracia de lado para aplicar “a primeira PPP da história deste país”. Os fios foram enterrados, as calçadas refeitas e mobiliários urbanos  instalados. “Conseguimos a operação delegada, resolver o lixo. A gente não, né? Eu.”  O entorno virou um “oásis”. E a socialite caiu de vez nas graças da elite paulistana.

    “As pessoas me ligavam o tempo todo. Ai, onde lavo meu casaco de couro, onde emolduro meu quadro. Alguns são tão conservadores que só comem no mesmo restaurante, o mesmo prato. Com tantos endereços incríveis aqui!” Para sanar as carências dos desconhecedores da (parte da) cidade que habitam, ela criou a própria editora e o próprio guia. “Dizem: ah, é um guia elitista. Não é. Tem até a Vila Olímpia. É democrático.” Pausa. “Quer dizer, democrático pra quem tem bom gosto.”

    No lançamento da publicação, tal democracia assustou mais que os protestos nas ruas. “Não conta pra ninguém, mas não comprei o guia”, dizia, sentada num canto do salão, a desiludida Ivete Giorgetti. Sócia do Clube Paulistano e habitué dos Jardins, apesar de morar no Paraíso (o bairro com esse nome), ela esperava dicas exclusivas. “E não isso – olha, gente, Almanara! Parece as Páginas Amarelas.” Mas a maioria dos presentes, fãs incondicionais de Lyra, elogiou a audácia editorial. “Como não gostar dessa mulher, gente?”, gritava a socialite Ana Cristina Wald. “Ouve. Estava eu em casa, aqui na Faria Lima, quando decido ver o que era aquela zona.” Eram os protestos de segunda-feira. “Desço e, no meio da passeata, com quem dou de cara? Com a elegantérrima Rosângela Lyra defendendo os pobres.”

    Lyra sorri com modéstia. “Se o tema são valores, justiça, estou dentro. Então fui e gritei: quem for contra o aumento dá um pulinho!” Pois não se pode acusá-la de alienação por lançar um guia de luxo no auge dos protestos populares, iniciados, dizem, por  20 centavos. Verdade, há anos ela não pisa em metrô (ônibus, então, nem pensar). Mas, graças a ela, parte do 1% mais rico do País recebeu, ao comprar o guia, escondido entre as páginas de propaganda, um inédito mapa do sistema de transporte metropolitano de São Paulo.

    Cidade luz. “Imaginem a minha surpresa ao perceber que São Paulo”, diz Lyra na introdução de seu guia, “dona de esfuziante vigor econômico, de uma multicromática palheta social  (…) – não tinha um guia à altura de sua grandeza.”

    Cão fino. Na seção “Au Au” há desde pet shop com “hidratação com vinhoterapia, perfumes com notas naturais e pet grooming” a uma rotisseria que prepara “pratos gourmet e dietas personalizadas” criadas “por uma chef de cozinha”. Tem ainda agência matrimonial canina e um crematório, “para aqueles que acreditam que seu pet é um membro da família”.

    Roteiro básico. Para um dia em São Paulo, Lyra sugere um café da manhã na Cristallo”, seguido por uma “caminhada pelo Quadrilátero de Charme”. Dica: Aceite alegremente a tentação das compras a céu aberto.” Segue um  almoço na Rodeio e uma tarde no Masp, “afinal, não é qualquer museu do mundo que tem Picasso, Van Gogh, Renoir…” . Café e chocolate na Oscar Freire, um jantar no Gero e um drink no Alucci Alucci completam o passeio. Total, fora as compras: R$ 700.

    Prioridade. Entre as seis opções de lojas para comprar uniformes para empregados domésticos, uma delas garante: “utiliza tecidos que não agridem o meio ambiente”.

    http://www.cartacapital.com.br/sociedade/enquanto-isso-nos-jardins-6803.html

    1. Resposta a Palácio

      São Paulo adoeceu. E não é de hoje. Desde a abertura, não viu um presidente de origem paulistana sentar na cadeira da presidência da república. Como a sociedade paulista em grande parte ainda se acha acima, com algo dos tempos dos Barões do Café, fica complicado até hoje aceitar mais uma derrota e ainda por cima por margem de certa maneira apertada. O povo paulista quer mandar. Odeia ser mandado. Mais ainda por quem não tem “Aparência” de presidente da república que é o quesito número 1 de uma cidade que elege duas vezes quem rouba, mas faz.

  17. MEIA BOCA …

    Agora, pessoal, esse Edinho é meia-boca de tudo hein! Putz da onde Dilma desenterra esses ministros sô? O cara vive mais escondido que o Joselino Barbacena… Aí não querem que ficamos relembrando a “era Franklin”. Aquele sim era um assessor de comunicação, um ministro da comunicação, um porta-voz. O cara era capaz de fazer tudo e bem!

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