PSDB apoia Cunha porque esconde fatos da época da Telerj, aponta Janio de Freitas

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Por Janio de Freitas

Vozes da moralidade

Na Folha

A situação pessoal embaraçosa, com o presumido risco de perder milhões de dólares resguardados no exterior para não os perder, deve ter mexido com a frieza de Eduardo Cunha. Mas Eduardo Cunha exagera, supondo-se “execrado”. Muito ao contrário. Eduardo Cunha não está sozinho, não foi abandonado por causa de acusações. E tanto conta com fraternidades espontâneas, como dispõe de armas para produzir interessados em não o incomodar. Ou só fazê-lo em último desespero de causa.

A verdadeira atitude do PSDB, até ontem (10), de benevolência quando as provas contra Eduardo Cunha já levam a pedidos de sua cassação, provém de duas vertentes. Os taradinhos do impeachment preservam o presidente da Câmara porque esperam dele que instale a ação para a derrubada de Dilma e não têm pudor de dizê-lo. Aécio Neves não foi sugerir a Eduardo Cunha que se licenciasse coisa nenhuma, se nem disfarçou o desejo de que seja poupado para encaminhar o processo. O “aquilo” em que esses taradinhos só pensam não é aquilo, é o impeachment.

A outra vertente de proteção peessedebista a Eduardo Cunha veio dos mais velhos que ainda influem no partido. São remanescentes do governo Fernando Henrique. Ou seja, do escândalo das privatizações causado por grampos telefônicos que levaram à saída forçada de ministros e de outros do governo, comprometidos com fraudulências surpreendidas pelas gravações.

Confrontado de repente com uma pergunta sobre a origem das fitas, o general Alberto Cardoso, da Casa Militar, disse que foram encontradas sob um viaduto em Brasília. A verdade era outra. A maior parte dos procedimentos para as privatizações transcorreu no Rio, sede das empresas e do BNDES, além das extensões de ministérios também envolvidos, como Indústria e Fazenda. Tudo se passava, portanto, nos domínios territoriais e operacionais de Eduardo Cunha, presidente da Telerj, a telefônica estatal do Rio, no governo Collor e até a posse de Itamar Franco.

Logo, nada de extraordinário que, pelas investigações ou por dedução, o circuito fechado do governo Fernando Henrique desse as gravações como obra de Eduardo Cunha, que em anos recentes já fora dado como responsável por grampos em série. No seu “diário” de presidente, Fernando Henrique refere-se a Eduardo Cunha deste modo, transcrito da revista “piauí” pela Folha: “O Eduardo Cunha foi presidente da Telerj, nós o tiramos de lá no tempo do Itamar porque ele tinha trapalhadas, ele veio da época do Collor”. Esse “nós” é invenção da vaidade. Fernando Henrique estava indo para Relações Exteriores e nada teve com a exoneração rápida de Eduardo Cunha, decidida e feita por Itamar. Sem sequer considerar trapalhadas, mas, como muitas outras demissões, por ser ligado a PC Farias.

Gravações clandestinas não começam no exato momento comprometedor da conversa. Quem as instalou pode fazer coleções de conversas, personagens e assuntos. E quem sabe que gravações podem trazer-lhe complicações, diretas ou indiretas, não ousa contra o possível colecionador. A não ser quando o veja batido, esvaído, inerte. Como muitos têm esperado ver Eduardo Cunha, para lembrar-se de que são grandes defensores da moralidade. Privada e pública.

Mas não só de grampeamentos se fazem coleções biográficas. Como ex-presidente da Telerj, Eduardo Cunha sabe –e ninguém duvide de que também comprove– que a estatal dava dinheiro a políticos. Quantias fixas. Mês a mês. Por nada.

E Eduardo Cunha não só investigou. Também pagou. Se vai cobrar, ainda não se sabe.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

13 Comentários

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  1. A faxineira Dilma, como toda

    A faxineira Dilma, como toda boa faxineira, escancarou as gavetas para limpá-las.

    De dentro delas ( eles não saíram do armário e sim das gavetas ) pularam multidões de fascistas que, à sombra e protegidos por sócios, roubam-nos desde sempre.

    Estupradores impunes que agora estão assustados e desesperados como nunca dantes.

    Quem foi barbaramente torturado e sobreviveu não mudando de lado não tem medo de mais nada nesta vida.

    Uma mulher com essa armadura de magnífica blindagem de coragem e honestidade está escrevendo uma história inédita nesse país.

    Joana Darc brasileira.

     

     

  2. Ministério Público da Suíça

    Caso seja revelado too os que tem contas bancária na Suíça vai sobrar pouca gente para votar qualquer coisa no congresso.

    Os suplentes de deputados e senadores que se preparem, desde que é claro , também não tenham contas bancárias reveladas pelo Ministério Público da Suíça.

    1. Não tenho hábito de responder a escrotos tucano

      Mas esta é ótima. Cunha tem as penas cloacal tucanas toda na mão. O PSDB tem a cloaca presa na mão do PMDB. Kakakakakaakakakakkaakkakkakakkaak. A sua também está presa? Tá desesperado? Alem das penas vai perder a cloaca?

    2. Alex

      Até eu já sabia das malandragens do Cunha. Vcé que está por fora e ainda palpita.

      Isto sim é que é um “Messianismo” ou seria Tucanistismo? Ah! se a imprensa não fosse toda interessada nos tucanos, o Brasil seria outro. E não haveria nenhum deles soltos por aí pregando s/ moralidade, como o impávido protetor de narcotraficantes, Apartamentos em Paris e mansao no Alto de Pinheiros dada pela neta do verdureiro.

  3. Janio preciso como sempre

    Li a coluna do Janio nao UOL e o que me surpreende são os  comentarios idiotas contra o jornalista, sem argumentação sem fatos. devem ser tarados da direita. E a direita é bem seletiva como sabemos.

    Janio demonstra as falcatruas do cunha e que eu saiba o cunha nunca o processou por isso, portanto devo deduzir que é verdade.

    alias, a historia do cunha é uma sequencia de infamias.

    PARABENS JANIO POR SUA LUTA A FAVOR DA DECENCIA NA POLITICA.

  4. Entre tantos outros motivos,

    Entre tantos outros motivos, esse aí. Porque, (n) motivos é o que não faltam, afinal, “eles” têm a prática do CRIME em comum!.

  5. NASSIF

     SALVE A FAXINEIRA DILMA! O BRASIL PRECISA PURGAR ESSE VENENO. VAI SER CURADO. ELA SE SAIRÁ VITORIOSA DISSO  TUDO. ENTRARÁ PARA A HISTÓRIA DO BRASIL COMO HEROÍNA.MULHER DE CARÁTER FORTE,ÍNTEGRA. CORAÇÃO VALENTE

  6. Quando o navio afunda

    Quando um navio afunda, os peixes podres que ele guarda no porão vêm à tona, pois estão inchados pelos gases da decomposição.

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