Temer é descartável a partir de janeiro de 2017, diz Roberto Amaral

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – O cientista político e ex-ministro Roberto Amaral avalia que, a partir de janeiro de 2017, o presidente Michel Temer ficará vulnerável e poderá ser dado como carta fora do baralho, a depender dos interesses políticos em jogo. Segundo ele, Temer está duplamente ameaçado pelo Tribunal Superior Eleitoral, que julga uma ação que pode cassar seu mandato, e pela Lava Jato, com as delações da Odebrecht a caminho. Temer já foi citado em duas delas e, nesta terça (20), o Estadão informou que tão logo os acordos sejam homologados, a Procuradoria Geral da República vai pedir o fim do sigilo. Em caso de queda de Temer, o Congresso deverá eleger o novo presidente.

Por Eduardo Maretti

Na Rede Brasil Atual

“A partir do dia 1° de janeiro, Michel Temer é uma carta descartável, que pode ser jogada fora do jogo, porque sua substituição já poderá ser por via indireta.” A previsão é do cientista político, ex-ministro da Ciência e Tecnologia e ex-presidente do PSB Roberto Amaral.

Na opinião de Amaral, Temer “vai ser descartado” com base em uma de duas justificativas. “A primeira é o aumento das denúncias contra ele nas delações da Odebrecht, porque ele está sabidamente envolvido; a outra é a eventual decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de cassar a chapa Dilma-Temer. Pesam sobre ele essas duas espadas de Dâmocles”, diz Amaral. “Apesar da maioria que o governo tem no Congresso, e está demonstrando isso nas votações, é um governo fraco. O que se pode esperar é uma crise mais profunda em 2017.”

Na semana passada, o assessor especial do presidente, José Yunes, entregou sua carta de demissão. Ele foi citado na delação premiada do executivo da Odebrecht Cláudio Melo Filho. Segundo a delação, a um emissário teria levado dinheiro vivo diretamente ao escritório de Yunes para campanhas do PMDB, em 2014. O dinheiro seria parte dos R$ 10 milhões que Marcelo Odebrecht teria destinado ao partido, supostamente a pedido de Temer durante um jantar em maio de 2014, no Palácio do Jaburu.

Yunes foi o sétimo nome forte de Temer a deixar o governo. Antes saíram os ministros Romero Jucá (Planejamento), Fabiano Silveira (Transparência), Henrique Eduardo Alves (Turismo), Fábio Medina Osório (Advocacia Geral da União), Marcelo Calero (Cultura) e Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo).

Para Roberto Amaral, o presidente está vulnerável ao julgamento do TSE previsto para o primeiro trimestre de 2017. “É o golpe dentro do golpe, com a tentativa da eleição indireta para seu substituto. O que o PSDB mais tem medo é de eleição direta. Ele foge dela como o diabo da cruz.”

Amaral lembra que os dois nomes correndo para disputar, segundo a imprensa, seriam o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o ex-ministro da Justiça e ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Nelson Jobim. “Fernando Henrique é o puro sangue do PSDB, e Nelson Jobim teria a vantagem de acalmar o PMDB.” Segundo essa visão, ressalta o cientista político, Jobim mantém boas relações com o PT, com Lula e com a atual oposição ao presidente da República.

Conforme previsão do artigo 81 da Constituição Federal de 1988, vagando os cargos de presidente e vice-presidente da República, realiza-se nova eleição direta 90 dias depois de aberta a última vaga. Porém, se a vacância acontecer nos últimos dois anos do mandato, a eleição é indireta, no Congresso Nacional.

Segundo pesquisa Datafolha divulgada no dia 11 de dezembro, 63% dos brasileiros querem a renúncia de Temer para possibilitar a realização de eleição direta. Mas a possibilidade é virtualmente irrealizável, devido ao mandamento constitucional, já que o presidente precisaria renunciar até o fim deste ano.

 

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

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