Uma “inflação benéfica'”?

UMA “INFLAÇÃO BENÉFICA”? UM POUCO MAIS DE INFLAÇÃO? – Façamos um debate sobre o histórico de inflação nos EUA, até para traçar um cenário comparativo com o Brasil.

Uma breve análise sobre o histórico de inflação nos EUA, com uma amostragem de 102 anos – entre 1914 e 2015 – nos dá algumas informações importantes.

Antes dessas informações, cabe destacar que a meta atual de inflação no Brasil é de 4,5% ao ano, com margem de 02 pontos percentuais para mais ou para menos (meta entre 2,5% e 6,5% ao ano).

Vejamos algumas informações a respeito da inflação lá na terra do Tio Sam¹:

1) A média de inflação nos últimos 102 anos é de 3,2% ao ano.

2) Não há inflação acima de 5% ao ano há 25 anos, desde 1990.

3) Não há inflação acima de 6,5% ao ano há 34 anos, desde 1981.

4) Nos 102 últimos anos não há absolutamente nenhum registro de inflação superior a 20% ao ano.

5) Em apenas 10 anos, dos 102 analisados, a inflação norte-americana ficou acima dos 10% ao ano.

6) Em apenas 16 anos, dos 102 anos em análise, a inflação nos EUA ficou acima do patamar de 6,5% ao ano (teto da meta atual do Brasil).

Passemos agora ao patamar mediano de inflação nos EUA, década por década:

-Década de 10 (1914 a 1920): 10,7% ao ano;
-Década de 20 (1921 a 1930): -1,7% ao ano;
-Década de 30 (1931 a 1940): -1,6% ao ano;
-Década de 40 (1941 a 1950): 5,6% ao ano;
-Década de 50 (1951 a 1960): 2,0% ao ano;
-Década de 60 (1961 a 1970): 2,7% ao ano;
-Década de 70 (1971 a 1980): 7,8% ao ano;
-Década de 80 (1981 a 1990): 4,7% ao ano;
-Década de 90 (1991 a 2000): 2,8% ao ano;
-Década de 00 (2001 a 2010): 2,3% ao ano;
-Década de 10 (2011 a 2015²): 1,6% ao ano.

Note-se que os EUA não adotavam o sistema de metas de inflação até janeiro de 2012. A partir dessa data a meta ficou oficialmente estabelecida em 2% ao ano.

A década de 70 foi marcada por um patamar elevado de inflação. Essa inflação só foi debelada a partir de 1981 quando o então presidente do FED, Paul Volcker, elevou subitamente a taxa de juros, que chegou a ficar acima de 21% ao ano.

Esse aumento fulminante na taxa de juros debelou a inflação dos anos 70 mas quebrou vários países mundo afora, incluindo o Brasil (crise da dívida externa).

Há algumas correntes de pensamento em Pindorama que advogam a tese de que um pouco mais de inflação é algo benéfico para o crescimento econômico. É uma defesa até respeitável, mas olhando para a experiência histórica da maior economia do Planeta Terra essa tese fica carente de base fática.

Se pode perfeitamente pensar, de acordo com os dados históricos, que essa estória de um pouco mais de inflação, como mola propulsora do desenvolvimento, é pura e simplesmente uma falácia.

Cumpre destacar que pior do que a inflação muito elevada, que corrói o poder de compra das classes laborais, é a deflação. As décadas de 20 e 30 do século passado, nos EUA, ilustram bem essa questão.

A inflação média no Brasil, desde a implantação do Plano Real de Itamar Franco, em julho de 1994, até dezembro 2014, ficou em 7,6% ao ano. É um avanço em termos históricos, mas ainda é um patamar médio consideravelmente elevado.

E por fim, é preciso dizer que o problema maior do Brasil atual não é a política monetária, mas sim a política fiscal. É preciso fazer uma recomposição fiscal, eliminando o déficit primário que tivemos em 2014 (0,6% do PIB).

Somente no ano passado o governo federal perdeu R$ 104 bilhões em renúncias e desonerações fiscais diversas.

Cortando essas renúncias pela metade já se poderia atingir plenamente a meta de superávit primário para 2015, de 1,13% do PIB (meta essa que é a menor dos 13 anos de governos do PT até aqui, com exceção do déficit verificado em 2014).

Nos últimos 30 anos, desde a redemocratização, o Brasil só teve déficit primário em apenas 06 oportunidades. Foi nos anos de 1987, 1988, 1989, 1996, 1997 e 2014.

Fazendo a recomposição fiscal abre-se espaço para uma política monetária menos contracionista. Esse é o caminho correto, não o de imaginar que uma tal de “benéfica inflação” irá resolver os problemas estruturais do Brasil.

¹ Com informações do US Inflation (Table of Historical Inflation Rates by Month and Year / 1914-2015). http://www.usinflationcalculator.com/inflation/historical-inflation-rates/

² Inflação de 2015 medida até o fechamento do primeiro quadrimestre (entre janeiro e abril).

Redação

34 Comentários

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  1. Mais um ponto dever ser

    Mais um ponto dever ser incluido nessa comparação: a economia americana é muito menos indexada do que a brasileira. A indexação torna mais difícil o controle da inflação devido a inércia dos preços.

  2. A logica do dolar é muito

    A logica do dolar é muito diferente de uma moeda de menor peso.

    1.O Tesouro dos EUA não precisa se financiar com moeda. Há US$ 1,2 trilhão de papel moeda emitido em circulação e há US$17,2 trilhões em titulos do Tesouro emitidos, quase 15 vezes mais do que moeda. E o Tesouro dos EUA pode emitir tantos bonds porque tem quem compre. Todas as memissões são vendidas em cera de 3 a 4 minutos, a demanda é sempre muitas vezes superior à oferta.

    2.Sendo moeda reserva mundial o dolar tem sua logica propria que favorece muito o pais emissor da moeda.

    Mas não se pode esquecer que nos Estatutos do Federal Reserve System, artiggos 3º e 6º, está determinado que

    o objetivo do Banco Central americano e “”assegurar a estabilidade monetaria e o MAXIMO emprego””, portanto o

    controle da politica monetaria é exercido para esses dois objetivos e não somente  a meta de inflação,como faz o nosso Banco Central, que nas atas do COPOM nem sequer COGITA de que pode haver desemprego, é um problema que não o incomoda minimamente e nem é citado, o BC acha que a qustão do emprego é com o Ministerio do Trabalho.

    Nos EUA a questão do emprego é uma enorme preocupação do Banco Central, toda a logica da politica monetaria vai nessa direção tanto quanto a estabilidade da moeda, a arte está em COMBINAR essas duas variaveis porque CONTROLAR INFLAÇÃO VIA RECESSÃO não exige arte e nem ciencia, é como curar unha encravada cortando o pé.

  3. De qual EUA

    esta se falando?

    Aquele que unilateralmente (estava mais quebrado que arroz de 3ª após o debaclé no Vietnã), que após pressões francesas ( De Gaule queria a parte dele em ouro…) e denuncia Bretton Woods. Emblematicamente sob a administração Nixon, o homem de quem Westmorland dizia que não compraria um carro usado!

    Ou aquele que tem um déficit gemeo impagável e fica ludibriando o resto do Mundo?

    Ou aquele que inunda de dólares o mercado quando a coisa aperta?

    Ou aquele que esta sendo lenta mas inegavelmente sendo superado pelos comunas chineses como maior economia do planeta?

    O número em sí pouco importa, é um mero feitiche, 6% ou 0,6% , o que realmente interessa é : a economia vai bem, qual a taxa de desemprego (este sim um número explosivo) qual a qualidade dos empregos gerados (não parece que os gerados nos EUA e na Europa nos últimos anos sejam top notch! ) o GPD subiu? A distribuição de renda melhorou?

    Ou ainda ficamos pensando em GPD quando Wall Street  fala em GDI…

     

  4. EUA comparado ao Brasil

    Aqui tocamos no ponto mais crucial da dinâmica economia norte Americana: Produtividade

    Um trabalhador nos EUA produz cinco vezes mais que um trabalhador brasileiro. Como sabemos, quanto mais produção, mais oferta, e menos inflação.

    Toda a mentalidade americana é voltada para produzir mais, desde a grande depressão em 1929, é uma marca registrada deles.

    E não pense que produzem mais por que trabalham mais, mais sim por eficiencia de processos, mais máquinas, mais tecnologia. Seus bens de produção são pouco taxados por tributos. Lá a produção é sagrada, e quem produz mais paga menos impostos.

    Só a tabela de imposto de renda americana já é um incentivo a produzir mais, os mais pobres pagam mais impostos ( pois dependem mais da ajuda governamental) ao passo que quanto mais rica a pessoa fica, sua taxa de imposto de renda diminui. Uma tabela decrescente, o oposto daqui. Fizeram lá uma seleção natural dos mais eficientes e produtivos, a tabela de impostos incentiva a aumentar a renda, e pune quem não consegue produzir, há uma meta de produção, como na maioria das empresas.

    Quem não bate a meta é penalizado nos EUA, com mais tributos. Resultado, todo mundo quer produzir o máximo que puder.

    E quanto mais se produz, menos crise ( ou se sai mais rápido das crises), menos inflação, mais prosperidade.

     

    Não digo que deveriamaos simplesmente copiar esta tabela tributária aqui, mas sim, dar autonomia para cada estado formar a sua própria tabela de imposto de renda, surgiriam modelos alternativos, assim, o melhor sistema se revelaria por si mesmo.

     

    1. Está é sem dívida a pior
      Está é sem dívida a pior idéia do dia.

      Vc não entendeu nada sobre o sistema tributário brasileiro e suas diferenças quando comparado a outros.
      Sem entender nosso problema, que NÃO é o IR, fica difícil mesmo propor soluções.

      Vou te dar uma pista. O ICMS da minha conta de luz é de 38%.
      E o melhor, dos 38% o Governo Federal recebe ZERO.

      Tendo está informação, formule outra proposta.
      Sua proposta é deixar aquele que cobra 38% de imposto legislar sobre o que ele não vai receber. Se não vai receber, porque não zero?

      1. Meta de resultados

        Pera la amigão a ideia é boa. Quisera que o brasil fosse nesta direção.

        Fizeram lá uma seleção natural dos mais eficientes e produtivos, a tabela de impostos incentiva a aumentar a renda, e pune quem não consegue produzir, há uma meta de produção, como na maioria das empresas.

      2. Não entendeu

        Não entendeu a essencia da tributação decrescente. Aqui divide-se a população entre pobres e ricos, sendo que os pobres são “isentos”.

        Nos EUA divide-se a população entre quem produz, e quem não produz. Se um rico lá não produzisse, seria taxado, pois o imposto é sobre a renda, e não sobre a fortuna. Se não tiver renda, um rico poderia empobrecer lá. Da mesma forma, um pobre que tenha uma renda boa, seria beneficiado com isenções.

        Todo o setor produtivo lá é quase que isento. A tributação recai sobre quem não produz ou produz menos.

        Do jeito que tributamos, cria-se uma barreira para as pessoas que querem enriquecer, como se a riqueza fosse algo amaldiçoado, sem contar que precisamos de ricos para investir e gerar empregos.

        Quando a pessoa começa a ganhar 2000 reais e um pouco mais, tem de ser punida aqui, com tabela de imposto de renda, por ter prosperado, se aumentar um pouco mais ainda a renda é mais punida ainda, então não é de se espantar que o trabalhador brasileiro tenha uma das piores produtividades do mundo. Produzir mais aqui é quase um crime, todo mundo tem medo de produzir mais.

        Outra coisa nos EUA, é tributar quem tem bens por muito tempo, e nada produz, nem gera empregos. Se uma propriedade ficar na família por mais de uma geração, paga 50% de imposto, então a venda de imóveis é frequente lá, barateando os imóveis, e não deixando o país ficar com cara de capitania hereditária, como aqui.

        Novamente, as empresas, que geram empregos e produzem riqueza, são isentas deste imposto causa mortis, de 50%, pois lá o empresário é quase que um ser sagrado, pois gera a riqueza do país.

        Logo, lá a economia se dinamiza, o PIB é de dezenas de trilhões, pois todo mundo quer ser empresário e de alta produtividade.

         

        1. Agora entendi seu

          Agora entendi seu ponto.

           

          MAs vc colocou a idéia de forma equivocada(acho).

          Não é sobre quem produz porque vc pode produzir E não gerar renda. Produção não é mesma coisa de renda.

          Só isso.

           

          MAs é por aí mesmo o caminho. Apenas troque produção por renda.

    2. Você se equivoca sobre os dois modelos de tributação

       

      Zé Guimarães (domingo, 07/06/2015 às 10:31),

      Seu texto está muito falho de entendimento tanto da tributação americana como da tributação no Brasil. Você ou não conhece o sistema tributário dos Estados Unidos e o do Brasil ou foi mal informado sobre o funcionamento dos mesmos. Seu texto está tão por fora da realidade que até para o criticar é difícil.

      As diferenças entre os dois modelos de tributação não é no campo econômico, mas sim no campo jurídico. O que há é uma repartição de competências tributárias entre os entes da federação no âmbito da nossa Constituição que não há nos Estados Unidos.

      Nos Estados Unidos há o Imposto de Renda de Pessoa Física e o Imposto de Renda de Pessoa Jurídica. No Brasil também há o Imposto de Renda de Pessoa Física e o Imposto de Renda de Pessoa Jurídica. E nos Estados Unidos e no Brasil há o Imposto sobre Herança.

      O que os Estados Unidos não têm é o imposto de valor agregado sobre a circulação de mercadorias (Como existe na Europa e é representado pelo IVA e no Japão onde recentemente houve aumento da alíquota e como existe de certo modo no Brasil com o ICMS).

      Dois esclarecimentos, o IVA foi introduzido no estado de Massachusets e o Imposto de Renda de Pessoa Jurídica é um imposto de valor agregado. No Imposto de Renda de Pessoa Jurídica não é utilizado o mecanismo de débito e crédito com o aproveitamento do imposto já pago nas etapas anteriores, como é no imposto de valor agregado na circulação, no modelo do IVA adotado no Japão e na Europa e no Brasil no ICMS.

      O que acontece é que nos Estados Unidos a faixa de isenção dos impostos é maior do que a Brasileira, mas é também mais forte as alíquotas da progressividade que no Brasil chega ao teto com 27% no Imposto de Renda de Pessoa Física. Não sei a alíquota máxima do Imposto de Renda de Pessoa Física nos Estados Unidos, mas sei que é maior nos Estados Unidos. Além disso, lá não há como há no Brasil impedimento dos estados membros também cobrarem Imposto de Renda. Também desconheço as alíquotas de tributação do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica nos Estados Unidos, mas muito provavelmente lá a faixa de isenção é maior e a alíquota também é maior.

      Enfim, para a cobrança dos impostos os Estados Unidos adota o mesmo modelo que o Brasil. Se no Brasil há a divisão entre ricos e pobres nos Estados Unidos também há esta divisão. Se nos Estados Unidos há a divisão entre quem produz e quem não produz, no Brasil também há esta divisão. Excetuando o fato de que as faixas de isenções são maiores nos Estados Unidos e que as alíquotas também são maiores do que no Brasil, e que os Estados Unidos apresentam uma produção quase dez vezes maior do que a brasileira com uma população só uma vez e meia maior, pode-se dizer que hoje, depois que os Estados Unidos tiveram que aumentar impostos para corrigir o grande déficit que a economia deles apresentava, a nossa carga tributária se assemelha a americana. Ou seja, distribuindo a carga tributária por pessoa, um americano paga no mínimo cinco vezes mais impostos do que um brasileiro.

      Clever Mendes de Oliveira

      BH, 09/06/2015

  5. Comparar inflações é discutir quimeras

    Antes de discutir inflações e resultados econômicos, deve-se discutir as metodologias que geram esses índices de inflação e de resultados. No Brasil, por exemplo, cada um dos índices que medem a inflação, como o IPCA e o INPC, tem bases distintas de coleta de dados (ditas “cestas”) e referem-se também a bases populacionais distintas, não servindo nenhum dos dois para o cálculo de um índice de inflação que represente a real variação de todos os preços do mercado.

    Outra coisa é o como se integram esses dados, mês a mês, para que possam gerar um índice anualizado; Quem olha as tábuas da inflação histórica dos Estados Unidos ano a ano, verifica que praticamente o que fazem, para anualizar o índice, é aplicar a média aritmética das 12 inflações mensais calculadas, já no cálculo do índice, no Brasil, trabalha-se com médias ponderadas. 

  6. O Brasil “perdeu R$ 104

    O Brasil “perdeu R$ 104 bilhões com renúncia fiscal”  e perdeu R$ 1 TRILHÃO com o pagamento de juros e amortizações da dívida pública. O problema da inflação brasileira é causada por 2 fatores: problemas climáticos/sazonais e não aumento da demanda e inflação de custos: aumento da energia, telefone, planos de saúde, combustíveis, etc. Portanto, deve-se reduzir a taxa de juros da Selic para patamares civilizados, para 10%a,a, no momento, e a economia será de dezenas de bilhões de reais no orçamento federal. Com a redução da Selic haverá aumento da demanda e de investimentos, aumentando a oferta de produtos.

  7. Terra da prosperidade. Pais do futuro!

    Qdo eh que a discussão sobre a economia no Brasil vai focar as particularidades socio-cultural do Brasil e não as dos outros paises. Vivem dizendo que o brasileiro sofre de alguma coisa parecida com o complexo de vira latas, pois é… até pra se descobrir o que nos atrasa em relação aos outros usamos os exemplos dos outros sentados em cima do nosso rabo.

    O Brasil não deu certo até hoje por causa de problemas particuarissimos nossos mesmo e não dos problema dos EUA, do chile da argentina ou de cuba.

    O brasileiro sempre foi encarado pelas elites economicas como persona de segunda categoria e tratafo como tal, qdo se trata de dividir o bolo da economia. A bem da verdade o que vigora no sentimento desta elite é descaso, deboche e pouco caso com a opininião popular. Jamais houve uma democracia popular e representativa no Brasil. A exclusão social é norma reiterada adotada em qualquer pauta de discussão ao se estabelecer planos economicos. Estas discussões sobre economia esta mais para filosofia do que para qualquer tecnicidade que se baseie na realidade.

    Grupos, nichos guetos de interesses se reunem na surdina e decidem o destino da Nação, o congresso efetivamente não representa politicamente o que deseja os cidadãos. Até uma decada atras a miseria se alastrava pelos mais diversos rincões e os grupos de interesse nunca se preocuparam com isto, com o plano populista adotado nos ultimos governos isto se atenuou um pouco, só um pouco, mas a miseria continua da mesma maneira, nas periferias das cidades e nos campos. 

    A riqueza acumulada é fantastica, daria para sustentar qualquer projeto de prosperidade, porem, o que prevalece é a truculencia de um lado e a ignorancia de outro, uma sustentada por uma classe média preconceituosa e outra por um povo sem cultura. Persiste a velha luta de classes e isto ficou muito bem demonstrado na ultima eleição. A luta de classes no Brasil não se baseia na ideologia e sim na forma historica de como se formou a Nação. é tanto o entulho a ser removido, que talvez inconscientemente sabendo disto que se perde todo o tempo do brasileiro, discutindo o sexo dos anjos e a elite economica se preocupando em não fazer marolas que instabilize os criminosos privilégios alcançados.

    Tecnicamente falando a coisa é simples, somente a ganancia sem limites e o preconceito discriminatorio impedem da mudança acontecer. Se o Jucelino tivesse usado os imensos recursos para construir a capital da fantasia em projetos de infra estrutura a realidade seria diferente, mas é lógico que se sabe que o que não é simples é mudar a cabeça de cada um individualmente, um Pais é a coletividade pensando e agindo, e a nossa realidade obviamente é o reflexo das pessoas que aqui vivem. Nos finalmente é o nosso destino, mesmo. Agora a coisa aqui chegou num ponto que se deve discutir se a tão almejada mudança pode finalmente acontecer. É triste perceber que o Brasil com a imensa potencialidade existente tem que continuar de quatro se arrastando, enquanto a indiferença desdenha debochadamente com a possibilidade de mudança. É até cruel. Mas tambem é bom enfatizar, que neste ponto a crueldade de como se porta o poder diante da miseria humana não é somente defeito do Brasil é a realidade deste planeta primitivo que vivemos.

    A questão é… Chegou a hora de efetiva e definitivmente se discutir seriamente o destino desta Nação, ou não. Deixar a coisa como esta para ver como que fica.

    Eis a questão.

    Pode-se discutir e implementar planos economicos, ja testados, até o final dos tempos, que se não priorizar este povo desprezado, nada mudara. Mentes brilhantes construidas com doutorado e mestrado nas escolas mais prestigiadas se não considerarem que a generosidade é imprescindivel na hora de se pensar na resolução de nossos problemas, a solução continuara sendo protelada, o conforto de alguns estara sustentado na miseria da maioria. 

    Brasil o Gigante adormecido.

    É triste…

  8. E como você explica que os

    E como você explica que os americanos estão tentando há anos, desesperadamente, criar inflação, para sair da crise?

    Como você explica a manutenção das taxas de juros da economia americana em 0% ao ano e o drástico aumento da base monetária?

    Os EUA são reféns do próprio sistema de metas de inflação que eles criaram.

    1. Essa não é difícil

      Qualquer expansão de moeda americana é rápidamente “enxugada” pelo mundo inteiro, não fosse assim já teriam explodido há exatos 44 anos, quando mandaram o “padrão ouro” às favas e “partiram para o abraço”.

      Quanto à “meta” deles, é da boca pra fora. O que vale por lá é o “resultado”.

    2. Explico assim:

      Explico por um fenômeno bastante simples e que se chama Crash. Mais especificamente, o Crasch de 15 de setembro de 2008, só comparável em termos financeiros e econômicos ao famoso Crash de outubro de 1929.

       

      Os EUA de fato estão tentando “fabricar” um pouco mais de inflação desde o final de 2008, através dos programas de Quantitative Easing (afrouxamento monetário). Estes programas, foram 03 ao total, iniciaram em novembro de 2008 com George W. Bush e tiveram mais duas versões com Barack Obama. O últimos Quantitative Easing terminou em outubro do ano passado, depois de uma colossal injeção de mais de US$ 04 trilhões no sistema financeiro norte-americano.

       

      A manutenção dos juros nos EUA em 0,25% ao ano, de forma ininterrupta desde dezembro de 2008, somente comprova a extensão e o alcance do Crash de setembro de 2008. E nem teria como ser diferente, senão os EUA entrariam em deflação, algo terrível e pavoroso, igual ao que houve na década de 30 do século XX.

       

      O que temos atualmente é o fim dos QEs, como foi dito antes, e uma espera pela normalização da política monetária norte-americana. A expectativa é que o FED aumente a taxa de juros neste ano de 2015, depois de longos 08 anos de imutabilidade. Isso favoreceria a economia brasileira, em que pese ter como efeitos iniciais um barateamento ainda maior do preço das commodities e um aumento de curto prazo em nossa inflação. 

  9. dúvida

    Supermercado no Brasil: Queijo branco R$ 21,80. Na semana seguinte: o MESMO! queijo: R$ 12,80. Mas se você tem o cartão de crédito do supermercado você vai pagar “apenasmente” R$ 10,80. E vários outros produtos seguem essa “dança” de engana trouxa.

    Isso é manipulação ou “se colar colou” e não inflação.  Diferente dos mercados americanos, aqui os preços são mudados TODOS  os dias para que o povo não tenha a referência do preço e caia no golpe da “promocã”.

    E na fila do caixa a culpa da inflação é sempre do Lula e do PT!

    1. Os produtos alimentícios “frescos”, no Brasil

      São comprados pelos supermercados nos entrepostos, em leilões!

      No dia em que “barateiam” no supermercado, algum produtor rural se ferrou.

  10. Justificar o injustificável

    Ao comparar Brasil e Estados Unidos, o autor mostra o que quer fazer: justificar o injustificável. Uma economia dependente ser comparada com o centro do capitalismo mundial. 

    1. .

      Não há justificativa alguma no texto. O que é injustificável e que deveria ser justificado? No texto há um histórico das taxas de inflação nos EUA e nada mais. 

       

      De qualquer sorte, da próxima vez não vou comparar o Brasil com os EUA, mas sim com Ruanda, Burundi, Laos e El Salvador… 

  11. O problema são os juros

    1.       Sobre a discussão em torno da relação entre inflação e crescimento.

    Índices de inflação baixos não é privilégio dos EUA; os países avançados têm geralmente índices baixos de inflação. Seria talvez mais proveitoso comparar os índices de inflação do Brasil com os de outros países emergentes.

    Os EUA cresceram com inflação baixa, outros países não (Japão).

    O Brasil cresceu com inflação relativamente alta (5,8% a.a.) nos oitos anos de governo Lula.

    2.       O problema maior do Brasil atual não é a política monetária, mas sim a política fiscal.

    O problema maior do Brasil é gastar 6% do PIB com pagamento de juros, para financiar sua dívida pública, quando a maioria dos países, mesmo os emergentes, pagam muito menos.

    O outro problema é a elevada margem de intermediação dos bancos (spread), que desvia recursos do circuito da produção para o circuito da especulação (bolsa, commodities, derivativos, câmbio), impõem juros absurdos às empresas e às famílias, restringindo o investimento, consumo e o mercado interno.

    Quanto ao governo federal ter “perdido” R$ 104 bilhões com as desonerações fiscais, há um estudo acadêmico, citado recentemente neste blog, que diz que, sem as desonerações, o prejuízo teria sido maior.

     

  12. Caro Diogo,sua preocupação

    Caro Diogo,

    sua preocupação em trazer dados é muito bem vinda, pois acrescenta e muito ao debate.

    Trago outros dados para comparar;

    O primeiro diz a respeito da fonte. É o Bureau of Labour Statistics quem fornece dados oficiais da inflação americana. Tirei os dados de 2002 a 2015, tanto da inflação ajustada como da não ajustada por estação (a diferença é mínima, apenas em 2008, de 0,1%). E do CPI completo: lembre que o Fed utiliza o Core CPI que elimina da conta comida e energía, como forma a mostrar uma inflação menor que permita manter uma política monetária expansiva de forma permanente. O sistema financeiro americano e mundial é abastecido de dólares que jorram dos computadores do Fed de uma forma ou de outra.

    Os dados:

    Em 2008, a inflação lá bateu 5,5% a.a. antes da crise, e o Fed seguia cortando juros (começou a descida em Agosto de 2007 depois do fechamento do fundo do Black Rock de subprimes, até chegar a 0,25%, e ainda acrescentou os programas QE I, II, III e Infintiy até menos de um ano atrás). Aquí Meirelles, vendo miragens de inflação, apertou os juros até plena crise de 2008.

    Sobre a confiabilidade dos dados:

    Existe outra fonte de dados, muito utilizada pelos detratores do Fed nos EUA, chamada Shadow Stats (http://www.shadowstats.com/alternate_data/inflation-charts). Critica-se a manipulação dos dados de forma a acomodar a frouxa política monetária americana. Estas constantes alterações nos cálculos vam sendo feitas desde os ’80s. Segundo o Shadow Stats, a inflação americana hoje está quase em 4% a.a. segundo a velha metodología.

    Os dados sobre desemprego também não dizem toda a verdade sobre o mercado de trabalho americano. São eliminados do cálculo aquelas pessoas que desistem de procurar emprego após 6 semanas. Hoje o desemprego de 5,5% é calculado apenas sobre o 64% da população econômicamente ativa. Existe um indicador do BLS, chamado de U-6, que mede o desemprego de forma mais ampla. Chegou a mais de 16% na crise, e hoje está na casa dos 10%.

    Sobre a correlação superávit fiscal/ crescimento econômico:

    O déficit fiscal americano é monstruoso, chegou até quase 2 trilhões anuais. A dívida pública é de mais de 100% do PIB. No Japão nem se fala nisso, já que a dívida pública supera os 240%.

    A UE aceita déficits fiscais de 2%. Só pede ajuste da Grécia, por inadimplente.

    Superávit fiscal como mola do crescimento não funciona, retrasou a recuperação europeia em 4 anos, até a crise de 2011.

    Cocordo que uma política frouxa do ponto de vista monetário deve ser acompanhada por uma política fiscal mais comedida. Isso é o que o Bresser-Pereira apregoa desde 2009, como forma de manter a inflação sob controle enquanto desonera a economia. Uma coisa ajuda a outra: paga-se menos na conta juros e ao mesmo tempo gasta-se um pouco menos desde a política fiscal, deixando mais dinheiro nas mãos do setor privado, que, estimulado pelos juros e inflação baixa, investe mais. Acho que no Brasil não se tentou nunca esse caminho: ou aperta ou afrouxa tudo ao mesmo tempo.

    Concordo também com as observações do André Araújo a respeito do papel do dólar no mundo. Não podemos esquecer duas coisas: 1) pelo fato de ser moeda de troca internacional e reserva, os EUA sempre deverão ter déficits em conta corrente para abastecer o mundo de dólares, e 2) dessa forma, os EUA exportam inflação. Quem nos dera poder pagar com Reais as importações como fazem os EUA com sua moeda!

    Sds

  13. A doença infantil do governismo volta a atacar

    Tanto blábláblá só para tentar defender a imbecilidade de se cortar investimentos, aumentar impostos, aumentar o superávit primário a custo do sangue e suor do povo brasileiro para, simultaneamernte, aumentar-se a taxa de juros e transferir todo esse rendimento arduamente consquistado aos rentistas.

    Todas as vezes que um governista desses tentar argumentar algo, é só respondê-lo, como um mantra:

    Defendes um governo que, em meio a uma recessão, aumentou a taxa de juros.

    Defendes um governo que, em meio a uma recessão, aumentou a taxa de juros.

    Defendes um governo que, em meio a uma recessão, aumentou a taxa de juros.

    Não haverá nunca, mas nunca, algum argumento válido que ele possa usar para se defender desse crime (não é imbecilidade, é crime, mesmo).

  14. Oraculo

    Eh dificil entender.

    Na russia tem o putin, cria da kgb e patrocinou o roubo colossal da riqueza sovietica em beneficio proprio e do grupo que esta no poder.

    A china pelo tamanho extraordinario de seu territorio, vive historicamente como se o resto do mundo não existisse. Com governos fortes centralizadores.

    A india se mantem milernamente com certa estabilidade social inibida pela ideologia de sistema de castas.

    São paises com centenas de anos de historia e que de certa forma explica porque são o que são.

    Com o brasil acontece alguma coisa de dificil compreensão racional, talvez, só o mistico pra explicar.

    Todos os indices desfavoraveis sociais são creditados para o brasil.

    E se situa dentre as oito maiores economias mundial.

    Como explicar?

    1. Essa, já foi respondida há muitos anos, por Pero Vaz de Caminha

      Descrevendo a terra: “…a terra em si é de muito bons ares, assim frios e temperados (…) Águas são muitas; infindas. E em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo, por bem das águas que tem”.

      1. Resposta Divina

        Aos protestos dos outros povos sobre os privilegios naturais concedidios ao Brasil.

        Esperem pra ver a elite dominante que la nascera…

  15. Inflação destrói o político, reduz a dívida e distribui renda

     

    Diogo Costa,

    Este seu post “Uma “inflação benéfica'”?” de domingo, 07/06/2015 às 08:08, dá continuidade a debate antigo mas que foi recomeçado com o post “A inflação benéfica ou a irracionalidade do plano Levy-Tombini, por André Araujo” de sábado, 06/06/2015 às 08:05, em que Andre Motta Araujo defende uma inflação um pouco mais elevada. Aliás, é uma discussão tão constante e perene que não dá para que ela seja recomeçada. É só um pouco anterior, por exemplo, o post “Falando um pouco sobre juros, por Gunter Zibell” de quarta-feira, 03/06/2015 às 09:47, aqui no blog de Luis Nassif e que traz algumas opiniões de Gunter Zibell – Pró-Rede, justificando o uso do juro para combater a inflação.

    E lá no post “A inflação benéfica ou a irracionalidade do plano Levy-Tombini, por André Araujo” há intervenções suas censurado a defesa que o Andre Araujo faz de uma pequena inflação. Na verdade a discussão é mais sobre o regime de metas de inflação. De certo modo, o Andre Araujo tem birra com o Regime de Metas de Inflação porque o Regime de Metas de Inflação desmoraliza a inflação.

    Não vejo a opinião de Andre Araujo como uma opinião oportunista para fazer a crítica ao governo da presidenta Dilma Rousseff, mas já li alguns livros de Andre Araujo e não lembro dele ter-se colocado favoravelmente a uma inflação maior. Eu particularmente fico satisfeito com este que me parece ser um novo posicionamento dele.

    Agora minha intenção aqui é mais destacar dois pontos que ficam completamente ausentes em todos os comentários sobre inflação.

    O primeiro ponto diz respeito ao fato de a inflação ser mais um fenômeno político do que um fenômeno econômico. É claro que o aumento de preços é um fenômeno econômico, mas se formos analisar que efeito tem a inflação na economia praticamente não encontraríamos nada de relevante a não ser o que foi alegado por Fábio SP em comentário enviado sábado, 06/06/2015 às 10:38, lá no post “A inflação benéfica ou a irracionalidade do plano Levy-Tombini, por André Araujo” dizendo que a inflação é uma poupança forçada. Para os que defendem a poupança como mola propulsora do crescimento talvez coubesse falar em inflação benéfica.

    Agora sob o aspecto político a inflação é uma lástima. As grandes revoluções mundiais tiveram como fermento a hiperinflação. A França da Revolução Francesa, a Rússia da Revolução Russa, a China da Revolução Chinesa eram países convivendo com processos hiperinflacionários. Os movimentos reacionários na América Latina na década de 60 e 70 também tiveram como fermento processos inflacionários mais agudo.

    O massacre da Praça da Paz Celestial também ocorreu em período de alta da inflação na China (20% ao ano). Então em uma democracia o efeito corrosivo da inflação na popularidade de um governante retira qualquer possibilidade de se trabalhar em processos eleitorais de reeleição com índices mais elevados de inflação.

    E o segundo aspecto pertinente a inflação e que não é comentado é que ela corrói a dívida pública (E a dívida privada também). Basta ver o que aconteceu com a dívida pública americana após a Segunda Grande Guerra até o início dos anos 80, e em especial na década de 70, quando tivemos os índices mais altos da inflação e o que ocorreu de 1980 para cá em que a inflação foi só caindo e a dívida pública foi só aumentado.

    Há um terceiro ponto e para o qual eu sempre dei bastante atenção e que recentemente eu o vi exposto também por Marcelo Mitehof. No artigo “Conservadorismo atávico” publicado na Folha de S. Paulo e que saiu aqui no blog de Luis Nassif no post “Conservadorismo atávico, por Marcelo Miterhof” de sexta-feira, 12/12/2014 às 06:07, ele transcreve a seguinte frase no início do artigo:

    “Se os preços sobem porque os salários se elevaram mais do que a produtividade, a desigualdade é reduzida”.

    Eis ai uma qualidade da inflação que permite falar em inflação benéfica. A inflação, ao contrário do falso slogan “a inflação é o mais injusto dos impostos pois incide nos mais pobres”, pode ser um aliado na melhora da distribuição de renda.

    Clever Mendes de Oliveira

    BH, 07/06/2015

    1. Seguem os links de posts mencionados em meu comentário anterior

       

      Diogo Costa,

      Fiz um comentário para junto do comentário de Pedro Mundim enviado domingo, 07/06/2015 às 18:36, aqui para este post em que deixo o link para o post “A inflação benéfica ou a irracionalidade do plano Levy-Tombini, por André Araujo”. Ficou faltando o link para o post “Falando um pouco sobre juros, por Gunter Zibell” que pode ser visto no seguinte endereço:

      https://jornalggn.com.br/blog/gunter-zibell-pro-rede/falando-um-pouco-sobre-juros-por-gunter-zibell

      Outro post para o qual eu deveria ter deixado o link e que ficou faltando em meu comentário anterior para você é “Conservadorismo atávico, por Marcelo Miterhof” que pode ser visto no seguinte endereço:

      https://jornalggn.com.br/noticia/conservadorismo-atavico-por-marcelo-miterhof

      Bem esta discussão sobre inflação nunca será exaustiva. Talvez eu faça um comentário junto ao post “A inflação benéfica ou a irracionalidade do plano Levy-Tombini, por André Araujo”, de autoria de Andre Motta Araujo, deixando indicado mais posts em que se debata ainda que sem profundidade a questão da inflação. A simples apresentação de uma opinião diversa nesse debate ainda que feita por um leigo e que se ressalte que eu sou leigo em economia e que, portanto, possa não ter a profundidade ou a boa fundamentação econômica requerida já serve para mais bem orientar o nosso conhecimento sobre a matéria.

      Clever Mendes de Oliveira

      BH, 07/06/2015

  16. A inflação é a solução para o governo

    Tenho notado uma presença cada vez maior de artigos e opiniões por aí querendo fazer acreditar que o Plano Real foi uma maldade dos neoliberais e a inflação é uma coisa boa. De fato, como eu já repeti várias vezes, a inflação só é problema para quem usa o dinheiro; para quem emite o dinheiro, não é problema, é solução: basta emitir mais dinheiro que os rombos do governo estão magicamente cobertos e a fatura vai para o povo, que a paga com a perda de seu poder aquisitivo. Produzir inflação permite também abaixar os salários, o que é proibido por lei: basta dar reajustes inferiores ao índice de inflação. Não é preciso muito esforço para entender porque o governo deseja tão ansiosamente ter este instrumento em suas mãos. A inflação é como um roubo ultra sofisticado, que até prescinde de ter que tirar as cédulas do seu bolso.

    Daí que eu estou inclinado a acreditar que toda essa campanha pela volta da inflação é o novo projeto do governo: uma vez que o congresso barrou o aumento da carga tributária e o judiciário barrou a captação de verbas pela via da inflação, a terceira opção que se abre é roubar o povo via inflação.

    1. Se a lei (Regime de metas de Inflação) libera, o roubo é lícito

       

      Pedro Mundim (domingo, 07/06/2015 às 18:36),

      Creio que o que se discute é exatamente se, dado que é melhor para o conjunto da sociedade que haja o que você chama de pequeno roubo, não se deveria permitir um roubo até um pouco maior.

      Esta questão fica mais fácil de ser visualizada do jeito que você a apresentou no seu comentário enviado sexta-feira, 05/06/2015 às 16:44, para o post “A inflação benéfica ou a irracionalidade do plano Levy-Tombini, por André Araujo” de sábado, 06/06/2015 às 08:05, aqui no blog de Luis Nassif e com texto de Andre Motta Araujo. No seu comentário lá você diz:

      “Quando se diz que o índice de inflação é 8%, o que se quer dizer é que de cada 108 moedas de 1 real emitidas pela Casa da Moeda, 8 são falsas. Isso é necessário para criar empregos? Ora, empregos criados com dinheiro de mentira são empregos de mentira, gerados à custa da perda do poder aquisitivo daqueles que já estão empregados. É como se o seu patrão chegasse para você e dissesse: vou descontar 8% do seu salário para dar emprego àquele seu colega que está desempregado. Não deixa de ser uma redistribuição de riqueza – do trabalhador para o trabalhador!”

      Não se pretende discutir se a inflação é um roubo, uma discussão tão infindável quanto aquela em saber se o capitalismo é um roubo. O que se quer é que a lei permita este roubo desde que ele aconteça como você o descreveu, isto é, como um desconto do salário de um empregado para dar ao colega que está desempregado. Ou seja, a lei permite o roubo na suposição que este roubo venha possibilitar a geração de mais empregos.

      O que justificaria este roubo seria a frase a seguir transcrita e retirada do artigo “Metas inflacionárias” de Antonio Delfim Netto publicado no Valor Econômico de terça-feira, 04/10/2011, e que reproduzido aqui no blog de Luis Nassif no post “As metas inflacionárias, por Delfim Netto” de terça-feira, 04/10/2011 às 11:38. Diz lá Antonio Delfim Netto:

      “A igualdade de oportunidade é objetivo fácil de ser enunciado, mas esconde enormes problemas conceituais e práticos. De qualquer forma, deve começar com a chance de todo cidadão ganhar a vida com o seu esforço. De todos os desperdícios de recursos naturais de uma sociedade, nenhum é mais injusto, mais prejudicial à integração social e à autoestima do cidadão, do que negar-lhe a oportunidade de viver honestamente e sustentar a família com o resultado de seu trabalho”.

      O endereço do post “A inflação benéfica ou a irracionalidade do plano Levy-Tombini, por André Araujo” é:

      https://jornalggn.com.br/noticia/a-inflacao-benefica-ou-a-irracionalidade-do-plano-levy-tombini-por-andre-araujo-0

      E o endereço do post “As metas inflacionárias, por Delfim Netto” é:

      https://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/as-metas-inflacionarias-por-delfim-netto

      O grande problema da inflação é que o trabalhador ainda tem uma visão individualista e não solidária e assim ele não aceita o desconto de 8% no salário dele para ser concedido a outro trabalhador. Vão ser necessários muitos anos de aprendizado para que o valor de solidariedade seja adquirido pela maior parcela da sociedade.

      Clever Mendes de Oliveira

      BH, 07/06/2015

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