Diário da Peste 1, por Fábio de Oliveira Ribeiro

Na entrada do Laboratório que existe no prédio em que fica meu escritório de advocacia o movimento era grande logo cedo. Nunca vi tantos carros estacionados no local.

Diário da Peste 1

por Fábio de Oliveira Ribeiro

Como advogado e, portanto, membro da banda que continuará a tocar até o Titanic Brasil ter afundado por causa da imbecilidade do capitão Jair Bolsonaro, farei aqui um relatório diário de minhas impressões sobre o COVID-19. Eu moro em Osasco SP e notei algumas coisas hoje.

No ponto em que pego o ônibus, no Jd. Santo Antônio, tinha menos gente. O coletivo passou no horário, mas estava quase vazio. Normalmente ele está quase cheio. O trânsito estava melhor do que o de costume. Cheguei 10 minutos antes ao local em que desço na Rua Primitiva Vianco.

Na entrada do Laboratório que existe no prédio em que fica meu escritório de advocacia o movimento era grande logo cedo. Nunca vi tantos carros estacionados no local. Mulheres entrando e saindo.

Até ontem eu estava lendo o livro “Austeridade – A história de uma ideia perigosa”. Interrompi a leitura do livro de Mark Blyth quase no final, pois a tese de que a austeridade produz crescimento econômico está condenada a ser abandonada. A peste do COVID-19 obrigou todos os governos ocidentais a aumentar as despesas públicas. No Brasil isso não será diferente.

Comecei a ler outro livro hoje. Um que talvez seja capaz de aguçar minha percepção dos absurdos da realidade cotidiana durante essa pandemia. Refiro-me à obra “Sobre a PSICOPATOLOGIA da vida cotidiana”, de Sigmund Freud.

 

3 Comentários

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  1. Covid-19, páre o mundo que eu quero descer

    Turn on, tune in, drop out

    Cadê meu doce que tava aqui, hein?

    Será que tá no tamanco do cavalo da Lombardia?

  2. Estou pensando em me embrenhar pelas caatinga.
    E só voltar o ano que vem.
    Não vou levar nem rádio.
    Se vocês estiverem ainda por aqui.
    Talvez a gente se fale.
    Ô triste vida, triste sina.

    1. Qualquer dia desses ainda pego o meu carro e sumo daqui
      Vou aonde der a gasolina
      Daí em diante ando a pé, até encontrar carona em carro de boi
      Suspendo o meu ódio e salto num vale inatingível
      Percorrerei a mata e me embrenharei por ela até chegar numa árvore, a mais alta, e tirar um cochilo jóia.

      Na chuva que os dias trouxerem,
      Esquecerei de contá-los,
      Perderei seus nomes e sequência
      Chamarei do que quiser :
      Dia Vento, Dia de Sono,
      Dia Sem Graça,
      Dia, Areia e Pó

      Os vícios e obrigações,
      Responsabilidades, relógios e cordões,
      Serão pesadelos que nem lembrarei
      Palavras se perderão, outros símbolos virão:
      Pedra cortada, o mato achatado, a seta no chão

      Descivilização

      Na chuva dos dias, meu nome vai fugir
      Escorrer pela terra, até que as plantas o suguem
      Aí ele será uma presença inaudível em todo lugar
      Como algo tão notório e que, por isso, não precisa se falar
      Sol sem brilho, luz sem cor

      Descivilização

      Porque a vida é passageira; e a morte, o trem

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