
Poesia ou o amor escorrendo em palavras, por Mariana Nassif
…pronome pessoal do caso reto.
…união de eu e você.
…laços que se misturam, se cruzam, se atam.
É assim, com a língua portuguesa como apoio, que começo a pensar devaneios sobre este presente por escrito.
Pessoal, intransferível, predicados desconhecidos e irreconhecíveis permeiam algum lugar do meu corpo que não é físico, e de tão abstrato chego a duvidar destas sensações que me provocam estar perto de nós. A dúvida então vira beijo, e o beijo transforma em abraço o que eu quero que a gente entenda e nossos olhos se encontram numa intimidade tamanha que o sorriso é conseqüência natural.
Sorriso. É muito nosso o meu sorriso, e quando a gente retribui o carinho de algo tão simples e intenso o mundo pára. Piegas, o amor é piegas – como eu não seria? Meu mundo pára, e trocaria todas as palavras do mundo por nós pra definir o que anda acontecendo, porquê estão todos os outros a dizer que meus olhos, tão seus, transbordam felicidade, e outros tantos arriscam o palpite de ter recuperado minha infância na alma. Acerto os ponteiros e redescubro a troca, o cuidado, a lágrima de saudade e a não avaliação nua e crua dos fatos, mas as entrelinhas. As nossas frestinhas.
É indecente o que nós temos: simples, complexo, completo, interrogações, sempre faltando alguma coisa, vontade de que vá embora só para ver chegar. Indecente de tão puro. Nós não precisamos de definição, embora encontre grande graça em explicar o que é que existe entre nossos laços, e de repente parar, olhar pra um lugar qualquer do espaço e sacar que palavra é pouco pra esse tanto da gente.
Hoje, e sempre, todo aquele sempre que temos por aí, os verbos, sujeitos e predicados estão à espera de nós, juntos no nosso agora. Vai comigo?
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A gramática do lirismo
Vi isso em você nos longes.
Belo texto.
Abraço da Odonir
Você – é pessoa de primeira,
Você – é pessoa de primeira, singular,
Andrógina, ora passiva, ora ativa, dando nós
Em minha primeira pessoa do singular:
Atar egos deixa – nus cegos e fora de nós!
Você – é direto objeto do desejo sem nome!
Pelos seus predicados a Você estou sujeito!
Você – é maiúscula, o mais belo dos nomes:
Unir num som só Vós com cê é o seu feito!
Você – é senhor(a) dos seus e, contra a atual lei, dos teus:
Ora vem ficando só na sua, ora vem aprontando das tuas!
Você terá o destino de Vós: o de não ter mais voz nas ruas?
Por temor e tremor, nun se chama de Você o nosso Deus!
Mesmo estando nest’instante a palavra com Você,
Mesmo a[ ]mando [de] Você, nunca vou ser – Você!
Indecência é a completude
Indecência é a completude divina. Ser incompleto é o que impele cada um de nós a buscar em outra pessoa os pedaços que faltam. Os que continuarem faltando seremos obrigados a procurar e procurar e procurar…
AMO LOGO EXISTO
Já disse o saudoso poeta que ‘Amar Se Aprende Amando’ e, de fato, o amor é exercício de aprendizado incessante. Amar é virtude que enleva a alma e eleva o espírito. Para quem tem sensibilidade, o amor é a razão maior da existência.
P.S.: Segue poeminha sobre o tema, que escrevi há muitas luas.
AMO LOGO EXISTO
Viver e amar, é o misto
Da vida que vivo e que assisto.
Bastante daquilo, e mais disto…
Se quero alcançar, não desisto.
Revejo o que eu tenho visto.
Preservo, alimento, persisto.
Venturas, vitórias, conquisto…
Viver é amar, creio nisto…
Pois amo este amar, logo existo.