“O filho da atriz”, curta-metragem do jornalista Juca Badaró

Enviado por Antonio Nelson

Underground

Foto: Juca Badaró I Assista com um clik na imagem

O jornalista Juca Badaró fala sobre o “O FILHO DA ATRIZ”, curta-metragem escrito e dirigido por ele numa entrevista exclusiva! O filme circula o cibermundo rompendo as barreiras da indústria cultural. Juca traz à tona os desafios no submundo da arte na Cidade da Bahia. O filme foi lançado no dia 28 de novembro de 2012, dentro do projeto Quartas Baianas, da Dimas,Funceb. Atualmente Juca reside no Rio de Janeiro onde interage com artistas, jornalistas e profissionais de vários campos cirativos com o objetivo de romper fronteiras na labuta cotidiana. Confira.

Antonio Nelson – Como surgiu a ideia de fazer o curta?

Juca Badaró – Desde as primeiras reflexões, quando a ideia do roteiro para o curta-metragem surgiu, eu gostaria de falar dos artistas que não têm voz, daqueles que dedicam sua vida à arte e dificilmente serão valorizados por isso. Eu queria levar a mensagem dessas pessoas, que muitas vezes se encontram à margem. Meu desejo era dar voz e vez a esses personagens do submundo. E assim é Verena, a personagem principal do filme. Uma jovem atriz que sobrevive do teatro e que apesar do talento, do esforço, mal consegue pagar as contas do mês e sonha em um dia ser reconhecida com a única coisa que considera importante na vida: sua arte. Verena transita pela movimentada vida noturna do centro de Salvador e encontra em Marco, um travesti que ganha a vida dançando em boates, o seu companheiro inseparável. A princípio, gostaríamos de poder contar a história sofrida desses artistas que o mundo desconhece.   
Antonio Nelson – Quais as fontes de inspirações?

Juca Badaró – Quando decidi falar sobre a vida destes personagens marginais, várias referência vieram à minha cabeça, naturalmente. Pensei muito a respeito de Macabéa, personagem de Clarice Lispector em “A hora da estrela”. Uma figura pobre, com pouca escolaridade e vítima do preconceito por ser nordestina numa grande cidade do Sudeste. Uma marginal, antes de tudo. Uma mulher vítima da discriminação. Verena, a nossa personagen, carrega um pouco disso. A jovem artista cheia de sonhos na cabeça, que no fundo é renegada porque sua arte não é respeitada e não vale nada para a sociedade de consumo, onde a arte acontece de um processo massificado. O seu amigo e companheiro Marco talvez sofra ainda mais preconceito, numa certa medida por ser artista e ainda mais por ser homossexual, um homem que ganha a vida se travestindo de mulher. São personagens puros, que querem apenas ser felizes, mas que sofrem as consequências da sinceridade, da inocência e da fantasia. Nesse ponto enxergamos algo de “O Idiota”, de Fiodor Dostoiévski. Os de bom coração, amantes da arte, passam por idiotas, loucos, quiçá imbecis e doentes. É assim que a sociedade enxerga os artistas do submundo em:

O FILHO DA ATRIZ“.

Antonio Nelson – Quais paradigmas estão em questão?

Juca Badaró – O nosso filme, humildemente, pretende despertar nas pessoas e fazer pensar em qual realmente é o valor da arte em nossa sociedade. Qual o papel do artista e em que medida ele é responsável por quebrar paradigmas e padrões pré-estabelecidos? A história de Verena e Marco trazem à tona questionamentos a cerca de sexualidade, homossexualidade, preconceito e até espritualidade.

Antonio Nelson – Quais os maiores desafios quanto ao audiovisual?

Juca Badaró – O maior desafio foi fazer um filme sem recursos e com baixíssimo orçamento. O cinema é uma das artes mais caras e que envolvem mais pessoas na pré-produção, produção e finalização. Nós tínhamos que trabalhar na base da boa vontade mesmo e das parcerias: todos da equipe trabalharam sem cobrar nada: desde atores até os técnicos. Assumimos a falta de recursos e os riscos disso. Todos trabalharam pela simples vontade de fazer cinema. E na minha opinião o maior desafio está nisso: produzir uma coisa de qualidade com baixo ou sem qualquer aporte financeiro.

Antonio Nelson – Como foi o processo de criação da trilha sonora original do filme?

Juca Badaró – Assim como todos os outros profissionais, as músicas que compuseram a trilha sonora também fizeram tudo por amor. Tive a felicidade em contar com o arrajandor e músico Marcello Alves, que conheci quando trabalhei em Angola. Ele se juntou com outro grande amigo, o engenheiro Neto Maia, que faz música nas horas vagas. Os dois me trouxeram um material muito interessante e muito ligado à proposta do nosso curta. O filme fala de sofrimento, de dor, de descontentamento, mas ao mesmo tempo é um filme dedicado aos artistas. O artista lida com a felicidade e a tristeza com muita facilidade e elas estão juntas a todo momento. A trilha precisava fazer diálogo também e acho que conseguimos esse resultado. Os dois músicos me emocionaram no processo criativo.

 

* Ficha técnica:

Roteiro e direção: Juca Badaró
Direção de fotografia: Kleyton Cintra
Assistente de direção: Márcia Luíza Araújo
Produção executiva: Vivian Rigueira, Márcia Luíza Araújo e Juca Badaró
Atores: Vivian Rigueira e Marcos Machado
Montatem e finalização: Dico Silva
Direção musical: Marcello Alves
Trilha sonora original: Marcello Alves
Consultor artístico: Neto Maia
Edição gráfica: Will Vieira
Assistentes de câmera: Ivanildo Silva e Júlio Maciel
Som direto: Marcello Alves
Maquiagem: Uires Rocha
Figurino: Vivian Rigueira

 

 

 

 

*Antonio Nelson é jornalista, ciberativista da liberdade na rede e do software livre.

http://vimeo.com/47867272

Redação

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