Aquiles Rique Reis
Músico, integrante do grupo MPB4, dublador e crítico de música.
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Um trabalho incomum de Sonekka, por Aquiles Rique Reis

'Comum' é o novo álbum independente do compositor Sonekka, um provocador bem humorado e que se expõe com verve libertária

Um trabalho incomum

por Aquiles Rique Reis

Hoje trataremos de Comum, o novo álbum independente do compositor Sonekka. Este artista, cujo nome artístico não raro desperta estranheza em quem não o conhece pessoalmente, tem a rara capacidade de fazer crer que ele não é tudo aquilo que de fato é: um compositor desprendido de veleidades supérfluas.

            Sobre si mesmo, ele diz: “Alguns acham que meu nome artístico soa depreciativo. Eu rio. Soneca é apelido de infância, é difícil esquecer um apelido fácil, então deixei (…) Sonekka não é um artista, é um compositor que defende suas canções obstinadamente; é como Guinga, Donga, Garoto, um apelido único; até Adoniran Barbosa é apelido… Silvio Santos é apelido!”

            Quando lhe dá na telha, Sonekka pode ser um provocador bem-humorado. Suas intervenções costumam acalorar conversas em grupos de Whatsapp. Mas, numa roda de compositores, quando o violão chega às suas mãos, suas músicas são acolhidas calorosamente. E com ele não tem essa de parti pris, o cara tá sempre disponível a novas possibilidades. Sejam musicais ou políticas, Sonekka as expõe com verve libertária.

            Antes mesmo de conhecê-lo pessoalmente, eu já ouvia o saudoso Zé Rodrix falar desassombradamente do Sonekka. Zé gostava tanto do Sonekka compositor quanto da sua capacidade de aglutinação, cuja lida na Internet o destaca perante seus pares. E, principalmente, por criar o Clube Caiubi de Compositores Online, movimento que chegou a juntar mais de 8 mil pessoas e realizou, semanalmente, mostras autorais presenciais.

            Mas vamos ao álbum: metade das produções musicais é do multi-instrumentista, tecladista e guitarrista, arranjador e programador Josivan Mangoth. A outra metade é de Sonekka que, além de músico competente, é um cantor carismático das suas músicas.

            “Comum” (Sonekka) abre a tampa. Logo desponta o som firme do arranjo de Mangoth. E vem Zeca Baleiro dando show de interpretação! A guitarra de Nando Lee brilha… Grande abertura!

“Blues da Ansiedade” (Sonekka, Zé Edu Camargo e Rica Soares) vem com outro arranjo poderoso. Sonekka canta e arrasa!

            “A Verdade dos Fatos” (Sonekka e Glauco Luz)😮 piano assegura o blues. O riff da guitarra é destaque.

            “Realidade Virtual” (Sonekka e Glauco Luz): samba pop com ótima letra.
            “Não Me Leve Pra Kiev” (Sonekka e Cliff Villar): outra grande letra. A voz de Sonekka volta a brilhar.

            “Cena Paulista” (Sonekka e Cliff Villar): canção delicada, com intro do piano.
            “Caldo de Cultura” (Sonekka e Glauco Luz): Renata Pizi brilha com sua bela voz, dobrada à de Sonekka.

“Big Bem” (Sonekka): puxada pela guitarra, esta produção de Sonekka fecha Comum, álbum absolutamente incomum de um anti-herói contemporâneo.

Aquiles Rique Reis

Nossos protetores nunca desistem de nós.

PS. Sonekka já lançou Incríveis Amores (2003), Tropeçalistas (com Zé Rodrix, 2005), Agridoce (2008), Tonq (com Ayrton Mugnaini, 2009), Cisma (2015), o infantil Palavrinhas Mágicas (2016) e Forró Avacaiado (2010).

Ouvir Comum (a ser lançado em 15/03): https://sndo.ffm.to/3o2bmga

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