Augusto Cesar Barreto Rocha
Augusto César Barreto Rocha é Professor Associado da UFAM. Possui Doutorado em Engenharia de Transportes pela UFRJ (2009), mestrado em Engenharia de Produção pela UFSC (2002), especialização em Gestão da Inovação pela Universidade de Santiago de Compostela-Espanha (2000) e graduação em Processamento de Dados pela UFAM (1998).

Estudos da Bioeconomia no Amazonas, por Augusto Rocha

O livro foi dividido em cinco sessões: Contexto, Desafios, Startups, Ferramenta & Aplicações e Capital e Organização Social para a Inovação.

Estudos da Bioeconomia no Amazonas

por Augusto Cesar Barreto Rocha

“Estudos da Bioeconomia no Amazonas”, é um livro que será lançado no dia 30/10, organizado por mim, pelo professor Dimas José Lasmar e pela Professora Rosana Zau Mafra, publicado pela Editora Valer, já disponível para venda no site da editora e em algumas livrarias. A publicação de divulgação científica, contempla trabalhos de alunos de doutorado em Biotecnologia. Foi organizado ao longo dos últimos dois anos e cada capítulo contempla pesquisas da área de gestão dos programas de pós-graduação da Universidade Federal do Amazonas ou da Rede Bionorte.

Sua elaboração demorou algum tempo, mas conseguimos capturar e perceber que há um longo, longo caminho até a Bioeconomia deixar de ser sonho e virar realidade. Ultimamente temos visto um esforço para dizer que a Agricultura extensiva no lugar da floresta nativa seria “bioeconomia” – é assustador quando vemos estes movimentos destruidores da Amazônia. O livro poderia ter tido um nome mais amplo, mas mesmo que reduzamos o espectro do estudo apenas para um dos estados da Amazônia, vemos o quanto precisa ser feito para a Bioeconomia ganhar relevância na economia regional. Com os textos, fica compreensível porque no Amazonas predomina a indústria do polo industrial de Manaus e baixa interiorização de “desenvolvimento”.

O livro foi dividido em cinco sessões: Contexto, Desafios, Startups, Ferramenta & Aplicações e Capital e Organização Social para a Inovação. Cada uma delas possui ao menos dois capítulos com estudos em cada tema. Mesmo que a inovação tenha sido o mecanismo construtor de riqueza nos países mais desenvolvidos, percebemos como ele está ausente da Amazônia. As empresas com potencial inovador carecem de recursos e de percepções, de redes inovadoras e de pessoas. Ao concluir a organização do livro, fiquei com a nítida impressão de que, se mantivermos os esforços atuais, nos métodos atuais, demoraremos mais de um século para ter produtos inovadores e transformadores associados com a Bioeconomia.

Mesmo assim, estou muito satisfeito com a publicação. Quem sabe ela demonstre para as pessoas que se preocupam com o país a necessidade de voltar a considerar a Amazônia como uma oportunidade. Parece irreal lembrar que o Porto de Manaus já exportava, 100 anos antes da existência do Porto de Santos e um produto selvagem era a principal pauta daquele momento: a borracha. Descobrir e desenvolver um produto semelhante ao que foi a borracha e encontrar uma forma de voltar a trazer a pujança da Amazônia talvez seja uma caminhada semelhante àquela que a China está fazendo para devolver a grandiosidade econômica do país na época das Rotas da Seda.

A bioconomia pode ser a vocação do Amazonas e da Amazônia, mas sem ciência, sem gente, sem pesquisa, sem capital e sem redes tecnológicas, teremos isso como um elemento de conversa solta, enquanto a floresta é vagarosamente ou velozmente destruída. Esperamos que este texto contribua para colocar a visibilidade nos potenciais e demonstrar o quanto eles são incipientes para substituir as formas de vida atuais. Precisamos de muito mais gente, muito mais esforços e algum tempo de estudos intensos, com o propósito de gerar algumas inovações para construir e reconstruir as redes industriais com vinculação sustentável com a biodiversidade amazônica. Possível é, mas estamos distantes disto.

Augusto Cesar Barreto Rocha – Professor da UFAM.

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