Marinha deve lançar nova geração de submarinos em 2018

Jornal GGN – A Marinha brasileira acredita que lançará, em 2018, o submarino Riachuelo, o primeiro de quatro submarinos convencionais previstos no Programa de Desenvolvimento de Submarinos (PROSUB).

O programa nasceu em 2008, através de uma parceria entre Brasil e França, e tem o objetivo de aumentar a proteção à costa brasileira e também a construção de um submarino com propulsão nuclear.

Em 2015, o programa sofreu cortes no orçamento, que caiu quase pela metade, e também com a redução de funcionários, o que provocou atrasos no andamento dos projetos.

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Do Clube da Engenharia

Marinha lançará em 2018 primeiro modelo de nova geração de submarinos

Com a certeza de que há uma significativa distância entre um programa de Estado e um programa de governo, a Marinha do Brasil (MB) está confiante no lançamento ao mar do submarino “Riachuelo”, em julho de 2018. Será o primeiro dos quatro submarinos convencionais (S-BR) previstos dentro do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (PROSUB), que tem como objetivo final o projeto e a construção de um submarino com propulsão nuclear o (SN-BR). A perspectiva é dar maior segurança à costa brasileira, à chamada Amazônia Azul, que compreende uma área oceânica de 4,5 milhões de km², praticamente a metade do território nacional. Por ali o país escoa 95% do seu comércio exterior; são extraídos mais de 90% do nosso petróleo; e as riquezas naturais são comparáveis às da floresta amazônica. Proteger todo esse patrimônio e garantir a soberania nacional são objetivos que estão hoje entre os principais desafios da MB.

É nesta direção que nasce o PROSUB, por meio de uma parceria estratégica Brasil/França, quando, em dezembro de 2008, foram assinados acordos de nível político entre os dois países. A parceria abrange sete contratos firmados pela Marinha com a empresa francesa DCNS, a Construtora Norberto Odebrecht (CNO) e a Itaguaí Construções Navais (ICN), uma Sociedade de Propósito Específico, na qual o governo, representado pela MB, detém uma ação a título de golden share, com poder de veto. A escolha da Odebrecht para as obras de infraestrutura e construção civil foi da DCNS, detentora da tecnologia a ser utilizada. O Consórcio Baía de Sepetiba (CBS) é responsável pela gestão das interfaces.

A transferência de tecnologia (ToT) e a prestação de serviços técnicos especializados capacitam o Brasil em projetos e construção de submarinos convencionais e com propulsão nuclear, exceto na área nuclear. O circuito primário da propulsão será totalmente nacional, desenvolvido pela Marinha, contando com apoio da Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, além da França, detém essa tecnologia apenas os EUA, Reino Unido, China e Rússia. A Índia recentemente anunciou o comissionamento do seu primeiro submarino com propulsão nuclear construído no país, programa que contou com significativo apoio russo no sistema de propulsão.

Cortes atrasam, mas não param as obras

Em 2015, o orçamento anual do programa, de R$ 1,750 bilhão, foi cortado praticamente à metade, para R$ 876 milhões efetivamente liberados. De um total de 2.700 empregados, o complexo da Ilha da Madeira, em Itaguaí (RJ), onde estão sendo construídos os Estaleiros de Construção e de Manutenção e a Base Naval, encolheu para 1.300 pessoas. A redução provocou alterações no ritmo do programa, mas não chegou a interrompê-lo. Uma visita à Unidade de Fabricação de Estruturas Metálicas (UFEM) impressiona pela dimensão do projeto e a dinâmica do processo construtivo dos S-BR, a cargo da ICN. Mesmo com eventuais ajustes de prioridades, o programa vai continuar, afirma o Almirante de Esquadra Gilberto Max Roffé Hirschfeld, coordenador-geral do PROSUB. Para 2016 e 2017 está prometida a recomposição de parte do valor inicial.

O PROSUB soma, no total, 6,7 bilhões de euros, parte financiada por um consórcio formado pelos bancos BNP Paribas, Societé Generale, Calyon Credit Industriel et Commercial, Natixis e o Santander. Segundo o Contra-Almirante Guilherme Dionizio Alves, Gerente do Empreendimento Modular de Obtenção de Submarino com Propulsão Nuclear, o avanço na construção do submarino  convencional (S-BR) funciona como etapa de preparação e da capacitação técnica das equipes para, em fase posterior, permitir a construção do SN-BR, de muito maior complexidade.

Como efeito da restrição orçamentária do ano passado, a Marinha optou por priorizar a infraestrutura suficiente para lançar o primeiro S-BR. O desenvolvimento dos submarinos convencionais implica a utilização da infraestrutura industrial e da rede de fornecedores, capacita equipes e testa processos que, uma vez consolidados serão utilizados no SN-BR.

Essa interdependência contratual permite a gestão dos recursos, explica o Almirante Guilherme. Por exemplo: do complexo industrial previsto, priorizou-se o Estaleiro de Construção, deixando para depois o Estaleiro de Manutenção e a Base Naval, destinados a serviços que não são necessários neste estágio do programa.

A implantação da infraestrutura no Complexo Naval de Itaguaí envolve a Unidade de Fabricação de Estruturas Metálicas (UFEM), com 57.000 metros quadrados de área construída, pronta há três anos e meio, em cujas instalações estão sendo construídos os S-BR. A Nuclep, parceira antiga da Marinha na construção de submarinos, produz as seções do casco resistente, que são entregues na UFEM, localizada ao lado, para instalação de equipamentos, tubulações, cabos elétricos, etc. No Estaleiro de Construção está em fase final de instalação um elevador de navios com capacidade para 8 mil toneladas, que lançará ao mar os submarinos, inclusive o com propulsão nuclear.

Os submarinos brasileiros serão diferentes do padrão exportado pela DCNS, que tem 66 metros de comprimento. De acordo com o Almirante Guilherme, os requisitos impostos pela MB geraram alterações no S-BR, que terá comprimento total aproximado de 71 metros. Foi inserida uma seção intermediária desenvolvida de forma conjunta por franceses e brasileiros, que também compartilham a autoridade sobre o projeto desta seção para eventual uso futuro.

Um programa de nacionalização busca qualificar a indústria nacional na produção e manutenção de equipamentos e sistemas, incluindo transferência de tecnologia para permitir encomendas no parque nacional. Iniciado em 2011, engloba 104 subprojetos, dos quais 56 têm prioridade elevada, levando em consideração aspectos estratégicos como conteúdo tecnológico e barreiras a serem suplantadas, tempo médio de reparo dos equipamentos (uma medida para a disponibilidade dos sistemas), e a importância do projeto para o S-BR. Cerca de 200 empresas já foram visitadas em negociações visando participação como fornecedoras.

Reator nuclear

Enquanto avançam os processos construtivos do Estaleiro de Construção e dos S-BR, as equipes do SN-BR continuam desenvolvendo o projeto da propulsão nuclear. Os projetistas brasileiros partiram do zero para dominar as tecnologias envolvidas na parte nuclear do SN-BR, considerada estratégica para o país. O projeto preliminar do SN-BR, em fase de conclusão, já reúne um total de 12 mil requisitos.

O contrato que trata da transferência de tecnologia (ToT) no SN-BR cobre infraestrutura; aquisição de pacote de material e respectivo sistema logístico; gerenciamento do projeto e apoio ao projeto e à construção do SN-BR no Brasil, exceto a parte nuclear, que está sendo desenvolvida pela Marinha. A nacionalização de materiais, equipamentos e sistemas, deve envolver aquisições da ordem de 100 milhões de Euros.
 

Para a planta nuclear, serão acionados fornecedores para condensadores, geradores de vapor, bombas de resfriamento, pressurizadores, estruturas mecânicas de elemento combustível, elementos combustíveis de urânio e o próprio vaso do reator nuclear, sensores de fluxo neutrônico e sistemas de controle de potência. Ao longo de 2017, as atividades estarão concentradas nos testes de segurança para obter o sinal verde do órgão licenciador – a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN).

Atualmente, está em construção uma plataforma de validação em terra para o compartimento do reator, o Laboratório de Geração de Energia Nucleoelétrica (LABGENE), instalação localizada no Centro Experimental de Aramar (CEA), em Iperó (SP), a ser concluída em 2020. Ali, o objetivo é montar um circuito primário para depois ser replicado dentro do ambiente do submarino. “Com o corte no orçamento, não paramos a construção, apenas diminuímos o ritmo”, conta o Almirante Guilherme.

O maior risco das restrições orçamentárias, segundo ele, está no processo de aquisição de equipamentos com requisitos nucleares. São produtos que não estão disponíveis no Brasil e, mesmo no exterior, não são encontrados com facilidade. “É uma questão de oportunidade poder comprar quando o fornecedor está disposto a vender. Pode ser que, mais adiante, não se encontre nas mesmas condições, o que só aumenta a complexidade do projeto.”

Atualmente, o Brasil tem cinco submarinos – Tupi, Tamoio (o primeiro construído no país),  Timbira, Tapajó e Tikuna – que começam a se aproximar do limite de vida útil, em geral de 30 anos.  No novo programa, os S-BR contemplarão capacidades operativas mais aprimoradas, em linhas gerais, terão mais autonomia, poderão ficar mais tempo submersos e serão mais “silenciosos”.

Com uma quantidade pequena de combustível, os submarinos com propulsão nuclear podem ficar mais tempo submersos, ir mais longe e bem mais rápido do que os convencionais, cuja propulsão dependem de baterias que descarregam. “Se os convencionais podem ficar semanas debaixo d’água, os de propulsão nuclear podem permanecer meses”, compara o Almirante Guilherme.

Redação

6 Comentários

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  1. O Brasil vai construir

    O Brasil vai construir submarinos modernos caríssimos… para proteger as reservas petrolíferas em seu mar territorial que estão sendo entregues a preço de banana para os norte-americanos.

    Francamente… estou quase convencido a pedir cidadania uruguaia em razão de um antepassado distante que chegou ao Brasil em meados do século XIX fugindo do pai que queria transformá-lo em padre. 

  2. Marinha….

    Agora que vai se dissipando a poeira de paixões pueris e ideológicas, que tanto atrasam este país, nos damos conta da grandiosidade das Forças Armadas Brasileiras e sua importância vital e estratégica. Quanta tecnologia?! Quanto conhecimento?! Que estrutura de profissionais brasileiros?! E mesmo com tamanho atraso, a dimensão de ter um exército e tecnologia para defender os interesses nacionais  

  3. Sem noção

          O texto acima é um conjugado de esperanças e histórias antigas, a realidade é bem diferente, o SN “Riachuelo ” pode ser “lançado” no minimo em 2019, já para o comissionamento podemos esperar um prazo de 2 a 3 anos, quanto a SN-BR ” Alvaro Alberto ” trabalhar com 2030 para lançamento é a possibilidade realista, isto é caso ele não seja cancelado.

           A India, um pais muito mais avançado em tecnologia nuclear que nós, com apoio direto russo, começou o projeto ATV ( Advanced Technology Vessel ) em 1.998, lançou o INS Arihant em 2009, completar o ciclo nuclear de propulsão em 2013, e comissiona-lo ( na frota em operacional ) em agosto de 2016.

            Muito diferente de nossa relação e contratos com os franceses (DCNS), o apoio russo a India foi tão fundamental, que até mesmo em 2012 a Marinha russa descomissionou de sua frota reserva um submarino nuclear de ataque, classe “Akula” ( K-152 ” Nerpa” ), e após reformas e apresta-lo, alugou para a India, onde está comissionado na frota como INS ” Chakra “

             Quem ainda acredita que o SN-BR não pode ser cancelado, não precisa ir longe, basta pesquisar sobre o acontecido com os submarinos nucleares da “Classe Canada “, nos anos ’90/00, ou mais perto ainda :  Na Argentina, onde o caminho para um SSN passou por estripulias bem mais interessantes que aqui, juntando alemães, argentinos e tb. canadenses, e os dois TR-1700 continuam lá, paradinhos no CINAR a espera sabe-se lá do que, um AIP da Kockuns ou um reator Candu de 25 kw.

  4. Aos nacionalistas

         Poucos perceberam, mas no inicio deste mês 07/10/2016, parte importante de nossa presente e futura soberania naval, foi vendida para um grupo de investimento norte-americano, que apesar de comandado (em tese ) por um brasileiro, tem sede em Arlington – VA -USA, próximo a Washington.

          http://www.bravoindustries.com/wp-content/uploads/2016/10/Welcome-to-Consub.pdf

          E como jornalistas brasileiros quando entram nesta area são sem noção, o Noblat, dia 07/10 em sua coluna no Globo, escreveu que a “Consub passará a ser controlada por brasileiros “, um tremendo papo furado, esta Bravo Industries formada em 2015 ninguem sabe de onde apareceu, seu CEO teve toda sua carreira nos Estados Unidos, principalmente em escritórios de lobby ( ele é ex – funcionario do Squirre – Patton – Boogs , que o AA conhece bem ).

  5. Traduzindo

        Os termos utilizados por engenheiros na industria de construção naval, o “jargão”, devem ser explicados, pelo menos em linhas gerais, ou a noticia/texto fica vaga, portanto : Lançar – Aprestar – Comissionar, são ações muito diferentes.

         1. “Lançar” : É a “festa” , o casco puro desce a rampa, bate garrafa, batiza o bicho, entra na agua, flutua, dá um showzinho de manobras basicas – em caso de um sub até submerge há uns 100 pés ( 30 metros ), depois volta.

         2. Aprestar : Após o lançamento, o navio é rebocado para o cais de aprestamento, local onde são colocados e instalados todos seus sistemas, no caso dos militares incluem-se os sistemas de combate ( armas, eletronicos, radares, comunicações etc.. ), e dinamicamente testados em varias condições, algumas simuladas ( navio aportado) e outras em saidas controladas ao mar.

         3. Comissionamento: O armador ( o cara que comprou/encomendou o navio ), ou no caso militar a Marinha, exerce o “Protocolo de recebimento e aceitação “, processo longo no qual são contempladas varias manobras, testados todos os sistemas, analisado se os parametros MTBF ( mean time between failures) estão compativeis com a encomenda original, concluido esta primeira fase do protocolo, admite-se a tripulação de “recebimento”, já previamente treinada no navio e em seus sistemas, e junto com engenheiros e técnicos do estaleiro, realiza-se um ciclo de aceitação ( viagens e manobras especificas ), e caso o navio passe com louvor por todos estes procedimentos, acontece a “entrega”.

          4. Entrega/Recebimento oficial : É substituida a “bandeira” do estaleiro, ou pela bandeira do armador, ou no caso militar pela bandeira nacional da Marinha do País, e a partir deste momento ele estará na “Frota”, comissionado nela, é operacional, liberado para cumprir missões.

           Portanto o “lançar” , no caso de um navio de guerra, significa apenas que ele “flutuou”, no caso de um “sub”, significa que os dois “cascos” , tanto o externo como o de pressão, ficaram prontos, e o sistema de propulsão e de controle de danos de casco e propulsão primaria estão funcionando, mas como uma “arma” ainda falta muito, anos.

            Para vcs. terem uma idéia, a V-34 ” Barroso ” , uma evolução unica da Classe de corvetas Inhauma, começou a construção/montagem em 1.998, foi lançada em 2002, e somente incorporada (comissionada ) a Frota em 2008, e trata-se apenas de uma corveta leve.

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