SOS Paranapiacaba: TVGGN debate conflito ambiental e patrimônio histórico

Paranapiacaba não é apenas uma vila. Seu interesse turístico recai sobre essa ambiência única: floresta, tecnologia ferroviária e vila operária

do FADS – Frente Ampla Democrática Socioambiental

No alto da Serra do Mar, rodeada por remanescentes da Mata Atlântica, está a vila de Paranapiacaba: uma vila que nasceu e se desenvolveu às margens da primeira ferrovia paulista e se tornou destino de turismo e lazer para moradores da Metrópole Paulista.

Do tupi-guarani, Paranapiacaba significa “lugar de onde se avista o mar” ou “caminho estreito que leva ao mar”, no entanto, aquele lugar tem hoje inúmeros papeis e significados:

Localizada no extremo sul do município de Santo André, mais do que uma vila ou um destino turístico, Paranapiacaba é a porta de entrada para o Parque Estadual da Serra do Mar com várias trilhas de interesse de visitação; é área de ensino e pesquisa nas unidades de conservação que lá existem, particularmente, a Reserva Biológica do Alto da Serra do Mar; é local para reconhecer a história e memória do trabalho ferroviário e da industrialização paulista, é lugar de moradia e trabalho para cerca de 1.000 pessoas que zelam por um patrimônio natural e cultural. Além disso, a região guarda nascentes que formam o reservatório Billings, importante manancial de abastecimento da metrópole.

Enfim, Paranapiacaba não é apenas uma vila. Paranapiacaba é também a paisagem de seu entorno e seu interesse turístico recai sobre essa ambiência única: floresta, tecnologia ferroviária e vila operária. A preservação desta paisagem é a garantia do desenvolvimento turístico do complexo ferroviário de Paranapiacaba e de exploração de serviços ambientais da floresta.

Desde 1980, a vila e seu entorno têm recebido esforços pela sua preservação buscando um novo sentido para o seu desenvolvimento ligado ao turismo comunitário. No entanto, tem sido objeto, também, de ações contrárias à salvaguarda do patrimônio natural e cultural, seja pela ausência de continuidade de políticas públicas locais, seja por interesses econômicos que visam explorar a área com empreendimentos imobiliários ou centros logísticos sob a perspectiva de gerar empregos e impostos, num modelo de desenvolvimento que se repetiu por todo o século XX e já se demonstrou inviável para o desenvolvimento sustentável da maior metrópole brasileira.

Desde 2018, um grupo de moradores da vila e da região tem se manifestado contra a implantação do Centro Logístico Campo Grande, em processo de licenciamento no órgão ambiental estadual, um empreendimento imobiliário que pretende implantar a infraestrutura para uma futura implantação de galpões ou pátios de contêineres. A proposta a ser implantada às margens da ferrovia e do rio Grande irá realizar desmatamento, corte de morros e aterros, alteração da paisagem, rompendo a tranquilidade do lugar e trazendo a circulação de caminhões para a rota de bicicletas, caminhadas e carros de passeio que tem como destino a vila de Paranapiacaba.

Atentos aos impactos que podem ser gerados pelo empreendimento, pesquisadores da USP e UFABC envolvidos no projeto “Governança Ambiental da Macrometrópole Paulista face às variabilidades climáticas”, financiado pela FAPESP, se reuniram com os moradores da vila para debater alternativas de desenvolvimento local e publicaram o livro “Paranapiacaba: Conflitos, Saberes e Perspectivas de Desenvolvimento na Macrometrópole Paulista” (disponível para download em https://editora.ufabc.edu.br/interdisciplinar/83-paranapiacaba).

O Fala FADS desta quarta-feira, 20 de outubro, convidou um time de peso para apresentar alguns dos resultados dessa discussão que envolve o debate sobre impactos de empreendimentos em áreas ambientalmente sensíveis. Os convidados do programa “SOS Paranapicaba: Conflito Ambiental e Patrimônio” são:

Israel Mário Lopes – De família ferroviária, é morador de Paranapiacaba desde o nascimento. Guia de turismo, monitor ambiental e cultural nas Unidades de Conservação e Vila de Paranapiacaba. Atualmente é membro do Conselho de Gestão da Reserva da Biosfera do Cinturão Verde da Cidade de São Paulo e do Conselho Nacional da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica.

Pedro Henrique Campello Torres – Doutor em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RIO), com estágio de pesquisa (CAPES/Sanduíche) na Princeton University. Especialista em Política Urbana e Mestre em Planejamento Urbano e Regional pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional (IPPUR/) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Foi Visiting Scholar na Bren School of Environmental Science & Management (BEPE/FAPESP). Atualmente é Pós Doutorando (PD/FAPESP) em Ciência Ambiental no Instituto de Energia e Ambiente (IEE), da Universidade de São Paulo. Editor adjunto da Revista Ambiente & Sociedade.

Silvia Helena Passarelli – Arquiteta e urbanista, mestre e doutora em Estruturas Ambientais e Urbanas (FAUUSP). É docente do Programa de Pós-Graduação em Planejamento e Gestão do Território da UFABC. Desenvolve pesquisas sobre desenvolvimento urbano e patrimônio cultural e tem vários artigos publicados sobre esses temas. Desde 2018 colabora com o Movimento SOS Paranapiacaba.

Pedro Roberto Jacobi – Sociólogo, mestre em Planejamento Urbano, doutor em Sociologia. Livre docente em Educação. Professor titular sênior do Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental/Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da Universidade de São Paulo (PROCAM/IEE/USP). Membro da Divisão Científica de Gestão, Ciência e Tecnologia Ambiental do IEE/USP. Coordenador do Projeto Temático Fapesp “Governança Ambiental da Macrometrópole Paulista face às variabilidades climáticas” (MacroAmb), IEE/USP. Editor da Revista Ambiente & Sociedade. Coordenador do Grupo de Estudos Meio Ambiente e Sociedade do Instituto de Estudos Avançados da USP (IEA). Presidente do Conselho do ICLEI – Governos Locais pela Sustentabilidade, América do Sul.

Não perca o Fala FADS, quarta-feira (20/10), às 18h30, na TV GGN!

Redação

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