A luta pela democracia deve ser permanente, por Fábio de Oliveira Ribeiro

Todo o peso da responsabilidade pela perpetuação do Estado está nas costas do Poder Judiciário, algo que os malditos agentes imperiais norte-americanos estão destruindo por toda parte, como se fossem gafanhotos que assolam as plantações na África.

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A luta pela democracia deve ser permanente

por Fábio de Oliveira Ribeiro

A principal testemunha dos EUA no caso contra Julian Assange mudou seu depoimento. O hacker Sigurdur Ingi Thordarson inocentou o fundador do Wikileaks. Essa notícia é muito importante.

https://stundin.is/grein/13627/key-witness-in-assange-case-admits-to-lies-in-indictment/

Por que não estou surpreso? Onde quer que o FBI e os agentes do Departamento de Estado dos EUA usem o sistema de justiça para impor a vontade imperialista dos EUA, o resultado é sempre o mesmo: a destruição da segurança jurídica e da credibilidade dos juízes. Isso aconteceu no caso Lula no Brasil e vai acontecer na Inglaterra no caso Assange.

O colapso da American Lawfare contra Assange será quase tão importante quanto o colapso da American Lawfare contra Lula no Brasil. Em ambos os casos, entretanto, o verdadeiro perdedor não foi a Casa Branca, o FBI, a CIA, o Departamento de Estado ou qualquer outra instituição imperial dos Estados Unidos.

O verdadeiro perdedor foram os sistemas de justiça brasileiro e inglês usados ​​maquiavelicamente para cumprir os mesquinhos propósitos do governo norte-americano. O mesmo pode ser dito do processo estúpido contra Edward Snowden com base em uma lei mofada que já deveria ter sido declarada inconstitucional pela Suprema Corte dos Estados Unidos.

Nenhum império – sim, preciso dizer isso – nenhum império jamais conseguiu sobreviver ao déficit de justiça. O que mantém viva qualquer organização política é a garantia das pessoas de que não serão perseguidas injustamente sob acusações ilícitas por motivos ilegais ou políticos.

O que garante a saúde do Estado não é o Executivo (sempre sujeito à corrupção política) ou o Legislativo (cheio de idiotas presunçosos e gananciosos), nem o Exército (um parasita violento que quase sempre causa a destruição de seu hospedeiro). Todo o peso da responsabilidade pela perpetuação do Estado está nas costas do Poder Judiciário, algo que os malditos agentes imperiais norte-americanos estão destruindo por toda parte, como se fossem gafanhotos que assolam as plantações na África.

Não é a ascensão da China que ameaça os EUA. O que ameaça o futuro dos norte-americanos é o imperialismo estúpido, intolerante e impensado liderado por agentes incapazes de ver mais do que sua arrogância e sua obsessão por controle por sua American Flag.

Agora eu gostaria muito que agora você dedicasse alguns minutos de atenção ao que está acontecendo no Brasil. Jair Bolsonaro está recriando um antigo pesadelo político (o Sistema Nacional de Informação).

O presidente brasileiro está agora centralizando nas mãos de seus “capangas digitais” todas as bases de dados públicas e privadas disponíveis, o que permitirá ao governo autoritário traçar perfis refinados de cidadãos para que possam ser caçados ou processados ​​por motivos políticos.

Obviamente, isso não é um “capitalismo de vigilância”, mas uma vigilância política à moda antiga da Stasi com o uso de recursos computacionais. Uma mutação do fenômeno que Shoshana Zuboff estudou e que merece nossa atenção.

No Brasil, redes sociais como o Facebook serão reposicionadas de lucrativos instrumentos privados de vigilância para os “olhos penetrantes” do Estado vigilante opressor que quer controlar todas as pessoas o tempo todo. Pense nisso por um momento, por favor.

A luta para restabelecer as liberdades democráticas está ocorrendo exatamente ao mesmo tempo que os autocratas usam o poder público para construir tiranias que desejam controlar as pessoas dentro e fora do ciberespaço. O momento é de redobrar o esforço e não de alimentar o medo, o desespero ou a preguiça.

Fábio de Oliveira Ribeiro, 22/11/1964, advogado desde 1990. Inimigo do fascismo e do fundamentalismo religioso. Defensor das causas perdidas. Estudioso incansável de tudo aquilo que nos transforma em seres realmente humanos.

Este artigo não expressa necessariamente a opinião do Jornal GGN

Fábio de Oliveira Ribeiro

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