Miranda detona governo Bolsonaro a conta-gotas ao revelar propina no esquema Covaxin

Deputado recebeu proposta para receber 6 milhões de reais para abafar do lobista Silvio Assis, amigo de Ricardo Barros há 10 anos

Foto: Agência Câmara

Jornal GGN – No mesmo dia em que a Folha de S. Paulo revelou que um negociador de vacinas recebeu um pedido de propina de 1 dólar por dose, por parte de funcionário do Ministério da Saúde, a revista Crusoé divulga uma segunda bomba a respeito do governo Bolsonaro: o deputado federal Luis Miranda, que revelou o Covaxingate, recebeu oferta de suborno para silenciar e não atrapalhar a negociação em torno da vacina indiana Covaxin.

Ao que tudo indica, Crusoé obteve a informação a partir das comunicações de Miranda com um interlocutor. O deputado registrou em mensagens os encontros que teve com o lobista Silvio Assis, que falou como se fosse defensor dos interesses da Precisa Medicamentos, a empresa que atravessou o contrato do Ministério da Saúde com a indiana Bharat Biotec, para fornecimento de 20 milhões de doses da Covaxin.

No segundo encontro, Silvio, ao lado de seu amigo de 10 anos, Ricardo Barros, ofereceu 6 centavos de dólar por cada dose de vacina da Covaxin. Se Luis Miranda aceitasse deixar o suposto esquema da Precisa Medicamentos rolar, levaria para si e seu irmão, o servidor Luis Ricardo Miranda, cerca de 1,2 milhão de dólares, ou 6 milhões de reais. Conforme a Crusoé, os encontros de Miranda com o lobista Silvio Assis ocorreram em março e depois em maio.

Luis Ricardo Miranda é o funcionário do Ministério da Saúde que trabalha no setor de importação. Ele vislumbrou indícios de irregularidades nos documentos relacionados ao lote da Covaxin e reportou ao Ministério Público que recebeu pressão fora do incomum para acelerar a chegada dos imunizantes.

Quando o Ministério da Saúde anunciou a compra da Covaxin, em 25 de fevereiro de 2021, a vacina sequer tinha (e ainda não tem) aprovação da Anvisa, mas a Precisa pediu pagamento adiantado: 45 milhões de dólares, para uma vacina que não poderia ser inoculada. O contrato total é de 1,6 bilhão de reais e será cancelado pelo Ministério, por decisão do atual ministro Marcelo Queiroga.

Cinco dias antes do anúncio do contrato, os irmãos Miranda encontraram com Jair Bolsonaro de delataram o esquema. O presidente disse que o esquema era “coisa do Ricardo Barros” e prometeu acionar a Polícia Federal, mas não o fez. Na terça-feira, 29 de junho, na CPI da Covid, o líder do governo Bolsonaro, Fernando Bezerra, afirmou que Bolsonaro pediu para o ex-ministro Eduardo Pazuello investigar. Mas o pedido se deu em 22 de março – mais de um mês após o encontro com os Miranda. Pazuello foi exonerado um dia depois.

Redação

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