
O beijo bissexual…
por Régis Barros
Uma nova situação polêmica! O comentário do jogador da seleção brasileira de vôlei num post de mídia social e o sequenciamento de mensagens de desculpas “não desculpadas” dele mesmo.
Pois bem, de novo, temos aqui a discussão sobre a qualificação da liberdade de expressão. Até onde ela vai? Somos livres para expressar tudo que pensamos? Temos, aqui, uma discussão de natureza ética. Nem tudo que alguém defende como o certo é, de fato, o certo.
O entendimento moral vai sendo moldado na linha histórica e o certo de outrora pode ser o errado de agora. O mundo vai mudando, os valores se modificando e os paradigmas sendo reformulados. O ontem é totalmente diferente do hoje. Cabe-nos entender isso. Cabe-nos respeitar as mudanças.
Você pode até não concordar, mas é preciso respeitar a mudança e as pessoas que motivaram esse mudar. O mundo de hoje é plural. O mundo de hoje abre-se para essa pluralidade. Não basta respeitar o diferente por receio do rigor de leis ou normas. O melhor é aceitar que há diferenças e pluralidade. Aceitar as pessoas mesmo que elas ocupem perspectivas diferentes da sua.
Na verdade, sempre existiram essas diferenças. O que mudou foi que, após muita luta e coragem, existe uma busca por inclusão e por produzir uma sociedade menos estigmatizante e menos preconceituosa.
Numa época em que a comunicação ocorre em tempo real, por incontáveis mídias sociais, é obrigatório compreender que o que escrevemos ou falamos viaja e se espalha rapidamente. E se formos uma pessoa pública, o dinamismo ainda é maior.
Diante disso, temos que ter muito cuidado com o que defendemos publicamente. Se defesas justas e honestas são atacadas pelo simples fato de se contrapor a outras ideias, imagine se você defender, criticar e açoitar pessoas ou se você, ao se achar o baluarte da moral, atacar esse mundo plural.
Que mal tem um beijo gay? Que mal tem um beijo bi? Que mal tem se o Superman, o Batman, o Lanterna Verde e o Jaspion for gay ou de outra orientação. Julga-se as pessoas e até os quadrinhos por aquilo que “achamos o certo” quando não há o certo.
A primeira postagem do jogador de vôlei, que é uma pessoa pública, traz um medo e diz “vai ver onde vamos parar..”! Como se o beijo gay, o beijo bi e o beijo trans fossem capazes de destruir a sociedade. Como se alguém virasse gay por ver, numa revista de quadrinho, um super-herói dando um beijo gay.
Não! A destruição não virá desses beijos e a orientação sexual não será construída por isso. A destruição virá por uma sociedade sem valores humanos e sem empatia. Virá por uma sociedade perversa…
Este texto não expressa necessariamente a opinião do Jornal GGN

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