Privatização da Eletrobras é crime contra os interesses nacionais, por Henrique Fontana

Para o consumidor brasileiro, essa privatização irresponsável produzirá imediatamente o aumento das contas de luz, já que a Eletrobras estará nas mãos de poderosos grupos econômicos que funcionam na lógica de menor investimento e maior lucratividade.

Marcello Casal Jr – Agência Brasil

Privatização da Eletrobras é crime contra os interesses nacionais

por Henrique Fontana

Para se ter uma ideia do desatino que significa a privatização da Eletrobras basta uma única pergunta. Qual país do mundo entrega uma empresa estratégica, com tantas hidrelétricas, nas mãos de estrangeiros? E, só para raciocinar, se quiséssemos tratar o assunto do ponto de vista meramente numérico, qual o governo que vende um complexo industrial que vale R$ 380 bilhões, dos quais R$ 266 bilhões lhe pertencem, por apenas 10% do valor estimado?

As duas questões não foram respondidas durante a discussão do projeto na Câmara Federal, mas ainda assim 313 deputados aprovaram e tornaram-se cúmplices da insanidade proposta por Bolsonaro e Paulo Guedes que configura um crime contra a soberania nacional, que pode e deve ser barrado pelo Senado, desde que a cidadania seja despertada.

A Eletrobras responde por 30% da geração e 70% da distribuição de energia do país. Falamos não de uma empresa obsoleta que causa prejuízo ao país, mas de um grande conglomerado que concentra a Usina de Itaipu, Companhia Hidrelétrica do Vale do São Francisco, de Furnas Centrais Elétricas, de 13 modernos parques eólicos e até de usina nuclear.

Estados Unidos, Inglaterra, China, Rússia e Canadá são alguns países desenvolvidos que compreendem a importância de manter o setor energético sob o controle do Estado. Perguntem se algum governante dessas nações se atreveu a propor repassar as estatais de energia para mãos privadas.

Para o consumidor brasileiro, essa privatização irresponsável produzirá imediatamente o aumento das contas de luz, já que a Eletrobras estará nas mãos de poderosos grupos econômicos que funcionam na lógica de menor investimento e maior lucratividade. Além da explosão dos preços, a venda da empresa também ameaça os investimentos no setor e aumenta o risco de apagão energético.

E tudo isso acontece velozmente enquanto nosso povo está com suas atenções voltadas para a pandemia, ou seja, para sobreviver à irresponsabilidade e ao desleixo do governo no combate à pandemia.

Privatizar a Eletrobras é entregar de bandeja um patrimônio construído durante 70 anos pela visão dos governantes e pela força de trabalho do povo brasileiro. É permitir que interesses privados passem a controlar as barragens e as vazões das águas e o acesso a importantes fontes hídricas do nosso país. É reduzir drasticamente a possibilidade de termos um futuro sustentável do ponto de vista ambiental e seguro quanto ao fornecimento de energia essencial para a vida dos brasileiros e para as atividades produtivas.

É um processo ainda não finalizado. Ainda temos um round importante no Senado Federal que poderá reverter esse crime lesa pátria desde que a Nação se manifeste em favor da nossa soberania.

Henrique Fontana – Deputado federal (PT-RS), presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Eletrobras e do Setor Elétrico

Este artigo não expressa necessariamente a opinião do Jornal GGN

Redação

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