Quando a farra da financeirização terminar, “nois” aqui que não vamos pagar a conta!, por Rogério Maestri

Quando isso vai ocorrer na realidade ninguém sabe, porém qualquer instabilidade política ou financeira pode levar ao desastre.

Quando a farra da financeirização terminar, “nois” aqui que não vamos pagar a conta!

por Rogério Maestri

O mundo atual está criando um verdadeiro volume de dinheiro irreal, ou seja, o volume de dinheiro não tem a mínima correspondência com a produção de produtos, ou ainda o valor do dinheiro na conta dos ultramilhionários não corresponde a quantidade de produtos que eles têm a disposição de comprar. 

Exemplificando melhor, se uma parte desse dinheiro que está aplicado em títulos públicos, ações de empresas que tipo as que estão vendendo lugar para voar até Marte, em resumo centenas de títulos podres que tem um valor de face, que se utilizados individualmente permitem comprar uma Ferrari dourada, se houver uma corrida a retirar esses valores para comprar automóveis populares, na verdade o valor desses automóveis 1.0 terão o mesmo preço da Ferrari dourada. O que causaria isso se chama a perda do valor da moeda. 

Se alguém não acredita nessa possibilidade pense porque os membros do G7 começaram a pensar na introdução de um imposto global sobre as trocas de moeda entre um paraíso fiscal a outro, a ação tem por objetivo diminuir a velocidade das transações financeiras e com isso diminuindo a circulação diminuiu o volume das mesmas. Alguém pode dizer que a ação tem por objetivo eliminar os paraísos fiscais, entretanto como esses paraísos fiscais estão ou nos países do G7 ou em Estados insulares sem o mínimo poder militar era bem mais simples proibir as remessas e retiradas desses países que seria mito mais simples e não criaria mais uma burocracia planetária extremamente difícil de administrar. 

Há outro indicador que está surgindo aos poucos, a inflação, e esse indicador mostra que se houver uma retomada na economia internacional haverá uma aceleração nessa inflação, que é geralmente combatida pelo aumento das taxas de juros nos países centrais, porém se essas taxas de juros subirem um pouco haverá uma quebradeira geral das chamadas “empresas zumbis”. O que são empresas zumbis e qual o efeito que causará a quebradeira dessas? Simples, “empresas zumbis” são geralmente empresas de médio e algumas grandes que não conseguem nem pagar os juros extremamente baixos nos países do primeiro mundo. Se fosse somente só isso teríamos o que os economistas chamam a destruição criativa, algo que é considerado extremamente positivo para o capitalismo internacional em situação normal. Entretanto as “zumbis” correspondem entre 15% a 25% (conforme o país) de todas as empresas. Se houver um aumento da taxa de juros será uma verdadeira queda de dominós nas cadeias internacionais de suprimentos com desemprego em massa e uma queda na produção que disponibilizara menos produtos para o consumo em cadeias produtivas que estão próximo ao stress devido a falta de investimento nos últimos anos. Alguém pode dizer que a queda no emprego e salários junto com a queda de produção forma um cenário neutro, entretanto como esse movimento é relativamente rápido, a única solução das empresas que são saldáveis será aumentar os preços para poder suprir o desequilíbrio de receita nesse cenário, ou seja, temos um perfeito efeito gangorra na economia internacional. 

Quando isso vai ocorrer na realidade ninguém sabe, porém qualquer instabilidade política ou financeira pode levar ao desastre. O mais interessante é que quem sairá mais prejudicado nesse efeito gangorra serão os países mais desenvolvidos, que dependem de importações de produtos primários para alimentar suas populações ou mesmo insumos para uma agricultura sofisticada. Em países mais atrasados, circuitos de produção própria de produtos básicos serão ativados em sistemas do tipo escambo, ou seja, quem fabrica modernos equipamentos com rompimento de suas cadeias de suprimento terão suas economias paralisadas. 

Isso tudo pode parecer meio bizarro e até inverossímil, porém a lógica do mercado pode levar a isso, se o raciocínio está completamente fechado, não sei, só o futuro dirá. Quem quiser criticar, que critique.

Este artigo não expressa necessariamente a opinião do Jornal GGN

Redação

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