O Sul de Minas nas batalhas gloriosas de 8 de janeiro, por Luis Nassif

Região segue em polvorosa após expedição à capital federal; enquanto uns voltaram com tornozeleira eletrônica, outros pularam pela janela

Foto: Joedson Alves/Agencia Brasil

O Sul de Minas ainda está em polvorosa com os expedicionários que participaram da gloriosa expedição de 8 de janeiro para Brasília.

A volta não foi das mais gloriosas. Gordinho, de óculos, Miguel da Laranja, de Areado, foi visto pisoteando o Supremo Tribunal Federal. Voltou para Areado com tornozeleira eletrônica e ainda recebeu uma bronca pública da senhora Miguel das Laranjas:

“Seu abestado, você não tem dinheiro para me levar em Alterosa e vai aprontar em Brasília. E ainda volta com esse troço na canela”.

Outro personagem épico, uma espécie de Anita Garibaldi da Mantiqueira, foi uma senhora de Poços de Caldas, de 83 anos. Ela encrespou na saída, quando descobriu que o motorista do ônibus era petista. Tiveram que convencê-la de que ele era apenas um trabalhador.

Mas o petista salvou pelo menos 19 passageiros.

Na verdade, chegaram um pouco atrasados para a grande batalha épica. Resolveram sair duas da manhã para não atrapalhar o movimento das suas lojas. Quando chegaram, a bagunça já estava armada.

O motorista petista, então, deu ideia de uma fuga estratégica. Levou o ônibus para Luziânia, de lá para Uberlândia, depois para Uberaba até voltar para o sul de Minas.

Só ficou em Brasília a Anita Garibaldi idosa, que acabou voltando para Poços de tornozeleira.

Agora, o pânico grassa na região. Sabendo disso, um advogado espertalhão chegou na região e convenceu alguns viajantes que estavam fichados. Dispôs-se a acompanhá-los até a delegacia da Polícia Federal de Pouso Alegre mediante honorários módicos de R$ 15 mil.

Os incautos foram convencidos a tempo que, posto que nem desceram dos ônibus, não estavam sendo procurados.

Um deles, um pouco mais assustado, foi se refugiar na casa de um tio, na zona rural. Ficou escondido, sem avisar sequer a família.

Mas quase se entregou quando chegou outro tio, acompanhado de um fotógrafo de O Alfenense. O tio tinha trazido um bolo de chocolate meio grande e pediu para o fotógrafo ajudar a carregar. Só isso. Mas provocou uma fuga do sobrinho pela janela dos fundos, escondendo-se no mapa até os visitantes iram embora.

6 Comentários

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  1. Eu também não posso contar vantagens: daqui da minha cidade também foi grampeado um; dos mais notórios da baderna. Rsrsrsrsrsrs

  2. O que me impressiona nessa história, que é similar a inúmeras que surgiram depois daquele dia, é a capilaridade da preparação do atentado, preparação que chegou a mobilizar pessoas simplórias em pequenas cidades do interior. Como foi possível isso e a Abin não saber de nada? Como foi possível fretar centenas de ônibus por todo o Brasil e ninguém em Brasília desconfiar de nada? Abin, serviço de inteligência do Exército, da Marinha, da Aeronáutica, das diversas polícias militares, ninguém sabia de nada? Todos eles foram tão surpreendidos quanto eu, um anônimo joão-ninguém de São Paulo? Todos eles ficaram tão perplexos quanto eu, diante das primeiras cenas na tv, naquele dia 8 de janeiro?

  3. Nassif, estou para o Sul de MG neste final de semana (Santa Rita do Sapucai, Cachoeira de Minas, Pouso Alegre). Vou me esforçar o máximo ao ver algum expedicionário com tornozeleira e cair na gargalhada (não me garanto KKKKKKKKKKKKKK)

  4. Que tristeza ver a ignorância dos conterrâneos. É incrível como as mídias locai reproduzem os jornalões que atendem às elites de São Paulo sem um mínimo censo crítico!

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