O gerenciamento das expectativas em torno de mudanças rápidas e seus resultados serão um dos grandes desafios do início do próximo governo, muito por conta da defasagem de medidas que podem ser tomadas e a ansiedade por mudanças rápidas.
O tema foi abordado no GGN Nova Economia desta quinta-feira (17/02) pelos jornalistas Luis Nassif e Sergio Leo, ao lado dos economistas Gabriel Galípolo e João Furtado.
“Eu tinha feito uma provocação há um tempo, para um livro do Gilberto Bercovici (…) Ele organizou um livro junto com dois outros colegas e nesse livro ele fazia perguntas sobre o pós-pandemia”, diz Furtado.
“Quando ele fez a pergunta, a gente estava imaginando que a pandemia iria durar um ano, um ano e meio, e nós já estamos entrando no terceiro ano. E, vamos dizer, nós temos hoje a noção clara de que isso ainda se arrasta por um tempo”, ressalta o professor da USP.
Com tal percepção, pode-se dizer que o primeiro ano do próximo governo federal também pode coincidir com o início da superação da crise da pandemia.
“O eixo básico do argumento que tentei apresentar é que nós estamos em uma situação tão crítica que nós precisamos juntar políticas sociais muito ativas, muito vigorosas, e acho que há pessoas muito competentes para tratar desse assunto (…) Ao mesmo tempo, existe toda uma série de preocupações macroeconômicas para as quais existem pessoas muito preparadas (…)”, ressalta Furtado.
Segundo o economista, os macroeconomistas deveriam ajudar a viabilizar as políticas econômicas – mas não o câmbio e os juros, mas priorizar mecanismos de estímulos produtivos para que o Brasil volte a funcionar.
“Quando eu digo voltar a funcionar, estou me referindo a indústria, pequenas empresas, a quem não exporta e pode exportar, agricultura familiar, aos agricultores das pequenas, das médias e das grandes propriedades que eventualmente também estão em dificuldade – veja o caso da seca no Rio Grande do Sul, por exemplo”.
Políticas sociais para alavancar a economia
Diante desse cenário, o que fazer para tirar o Brasil do buraco a partir de 2023. Segundo Furtado, não existe dúvida de que o próximo presidente – que pode ser o ex-presidente Lula – tem experiência para conduzir de forma rápida instrumentos capazes de fazer políticas sociais.
“Não estou tão convencido como outras pessoas de que nós sabemos o que vamos fazer com as políticas econômicas para revigorar o sistema produtivo que está tão debilitado há tantos anos”, diz Furtado.
“Tenho tentado cristalizar a seguinte mensagem: o melhor ministro da Fazenda que o Brasil pode vir a ter é aquele que viabiliza o protagonismo da saúde, da educação, da assistência social, da energia, dos transportes, da agricultura, etc”, diz o professor da USP.
Na visão de Furtado, o ministro da Fazenda do próximo governo deveria viabilizar o trabalho dos ministérios que possuem finalidades em si mesmo, um a vez que “a Fazenda é um instrumento para viabilizar outras coisas”.
Para o economista Gabriel Galípolo, ainda existe outra questão a ser colocada: a grande concentração da arrecadação e dos recursos com a União, e a dificuldade de se operacionalizar investimentos – até mesmo do ponto de vista legal – para quem é o responsável pelo serviço público.
“Tanto isso da operacionalização quanto viabilizar vai ser essencial que a Fazenda consiga proporcionar recursos para que esses investimentos, que são tão necessários de ocorrerem, consigam ocorrer nos municípios que é onde a dor é sentida, que é onde a pessoa vive e tá a proximidade do problema”, diz o economista.
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