As lições políticas deixadas pelas recentes crises econômicas nos EUA

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

Para professor de Stanford, é difícil separar efeitos de curso prazo do que poderia ter ocorrido ou do efeito defasado de políticas anteriores

Foto de Pixabay

A economia norte-americana passou por duas crises expressivas ao longo da última década e meia, o que levou o Federal Reserve e as equipes de economia dos governos na ocasião adotarem soluções que levaram a um processo lento de recuperação.

A primeira crise a ser citada foi a crise de 2008/2009, que levou o desemprego no país para a casa dos 10% e a uma recuperação que foi “dolorosamente lenta”, como explica Michael J. Boskin, professor de economia da Stanford University e integrante sênior da Hoover Institution.

Em artigo publicado no site Project Syndicate, Boskin relembra que o Federal Reserve se viu obrigado a adotar uma série de medidas não convencionais, além de derrubar a taxa base de juros para zero e implementar diversos pacotes e medidas para “estímulo” da economia.

“É difícil separar os efeitos de curto prazo de diversas políticas daquilo que poderia ter ocorrido em qualquer caso, ou do efeito defasado de políticas anteriores”, pontua o articulista.

Boskin destaca ainda que a desigualdade estava em queda e os salários avançavam de forma mais rápida antes da pandemia, em 2020, que acompanharam a reforma fiscal de 2017 do Presidente Donald Trump e a inversão do excesso de regulamentação por parte da administração anterior.

Contudo, a pandemia de covid-19 no começo de 2020 levou os governos federal e estadual a fecharem boa parte da economia, levando o desemprego a saltar de 3,5% para 14,8% no espaço de dois meses.

“A Fed baixou novamente a sua taxa alvo para zero, comprou grandes volumes de títulos do Tesouro e títulos garantidos por hipotecas e criou múltiplos canais de empréstimo e liquidez”, relembra o economista, destacando ainda os mais de US$ 4 trilhões direcionados para uma série de iniciativas que ajudaram o país a se recuperar de forma mais rápida do que no ciclo pós-Grande Recessão (por conta também da vacinação).

Diante disso, Boskin afirma que “nunca se deve presumir que as taxas de juros permanecerão baixas para sempre”, embora a capacidade de endividamento dos países desenvolvidos tenha se mostrado maior do que o imaginado.

“Ainda não sofremos aquela que teria sido a recessão mais esperada da história. Mas acabará por haver outra recessão, e a lição final das crises recentes é que, se não conseguirmos aprender com o passado recente, os políticos serão novamente tentados a responder com itens dispendiosos da lista de desejos, ou a usar a crise como mais uma desculpa”, ressalta o articulista.

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