Por Thomás Vasconcelos
Prezado Nassif,
Em primeiro lugar, gostaria de renovar meu enorme respeito e estima por você e pelo trabalho que você vem realizando.
Sou Engenheiro Eletricista de uma Transmissora de Energia privada e invisto nos mercados de renda fixa e variável, além de acompanhar bastante as notícias da área de economia.
O ano de 2012 não foi um dos melhores para a nossa bolsa. O índice Bovespa que em tempos de outrora ostentou grandes ganhos, no ano que passou teve ganhos reduzidos. Por conta da conjuntura internacional e pelo fato de nosso governo ter feito alguns ajustes, a economia como um todo não cresceu como esperado.
No entanto, muitos analistas de mercado e a grande mídia tem noticiado de tal forma a culpar o baixo desempenho do Ibovespa às ações da presidente Dilma. Esta afirmação não procede. Emitirei a minha opinião por setor da economia que possuem ações em bolsa:
1. Telecomunicações: depois de muito tempo a Anatel resolveu agir. Os consumidores brasileiros pagam caro por um serviço de telefonia móvel que não possui níveis mínimos de qualidade. A Anatel e o governo agiram firme com as empresas de telefonia móvel, impondo restrições por baixa qualidade nos serviços. Como consequencia, não houve uma significativa queda de receita, alegam as empresas; mas a o mercado precificou para baixo as ações. Logo, o desempenho do setor foi baixo.
2. Setor elétrico: antes um setor visto como defensivo, conservador, garantidor de ganhos e dividendos, que em 2012 teve sua imagem também abalada. A MP579 nada mais foi do que o cumprimento da Constituição. A carta magna diz que ao final da concessão, os ativos retornam à União/Tesouro para serem novamente disputados por concessionários. Com a MP, a presidente deu uma chance para a renovação automática, com redução da tarifa de MWh, uma vez que os investimentos na construção das usinas já havia sido retornado. Foi uma escolha das concessionárias CEMIG, COPEL e CESP não renovar, pois a renovação a um preço mais baixo foge das suas estratégias de mercado. E um direito delas. No entanto, o fato foi distorcido pela mídia, que ao invés de noticiar a redução nas tarifas, o objetivo da presidente, focou na não-renovação das empesas oposicionistas. O mercado, mais uma vez, precificou para baixo os preços destas ações. No caso da Eletropaulo, o esperado aumento de tarifa não veio, decepcionando os acionistas que tinham o reajuste como expectativa.
3. Setor bancário: a redução da taxa SELIC fora almejada e gritada aos quatro ventos durante todo o governo Lula. Quando a presidente resolveu baixar os juros, fora censurada pela Miriam Leitão, um absurdo. A presidente enfrentou os juros, baixou-os sem medo da inflação. Em seguida, ordenou a redução de todas as taxas do BB e da Caixa e, em momento algum, pediu diretamente para que Bradesco, Itaú e CIA fizessem o mesmo. Estes, que já ostentaram uns dos maiores lucros do mundo, não tinham escolha a não ser baixar suas taxas também. Caso não fizessem, perderiam clientes por questão de concorrência. O mercado então, precificou as já supervalorizadas ações do setor, levando para baixo as cotações.
Tenho certo receio com o que foi feito com a Petrobras. A empresa estatal fora utilizada para uma política pública de combate a inflação. A Petrobras comprava gasolina no exterior para vender aqui mais barato. O que, aparentemente, soa como absurdo, na verdade era uma forma de não reajustar a gasolina e pressionar a inflação. O que dizer aos acionistas da empresa, principalmente aqueles que investiram no maior re-IPO da história? Será que isto foi incluído nos fatores de risco da empresa quando daquela nova emissão de ações?
Com isto Nassif, dou a minha contribuição e sugestão de pauta para o estimado blog.

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