Brasil precisa se impor frente à OCDE, diz Moreira

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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Em entrevista ao Jornal GGN, professor da UFBA também alerta para a necessidade de revisão do papel do Estado no desenvolvimento nacional

Uallace Moreira, professor da Faculdade de Economia da UFBA e visiting professor na Seoul National University (SNU) – Foto: Reprodução/UFBA

A entrada do Brasil na OCDE pode trazer mais desvantagens do que vantagens ao Brasil, mas os atuais governantes não só não estão preocupados com isso como estão acelerando o processo.

“Na minha avaliação, o que está acontecendo é uma armadilha grande porque estão acelerando o processo em ano eleitoral para colocar em xeque qualquer possibilidade de acordo”, diz Uallace Moreira, professor do Instituto de Economia da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e visiting professor da Seoul National University.

Em entrevista exclusiva ao Jornal GGN, Moreira compara a atual situação com a que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso colocou o país em 2002, quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva interrompeu as negociações de entrada na ALCA (Área de Livre Comércio das Américas).

“O governo brasileiro vai ter que se impor, e significa que a OCDE não vai aceitar a defesa pela soberania nacional”, diz Moreira. “O Brasil não pode se submeter a entrar na OCDE e perder sua soberania”.

E é justamente a questão da soberania nacional um dos pontos mais afetados pelo ingresso em grupos econômicos organizados por países desenvolvidos, como explica o professor da UFBA.

“Há pouco tempo vivemos como uma das maiores potências e promessas, e não pode um país que preza por sua soberania – não é o caso do atual governo e nem da direita brasileira, que deixa em evidência o caráter de subordinação do Brasil a interesses internacionais, e qualquer projeto que preze pela soberania não pode se submeter (a interesses internacionais).

Revisão de políticas e desenvolvimento

Além disso, o professor da UFBA ressalta que o Brasil precisa retomar o fortalecimento do sistema nacional de inovação. “Um ponto é retomar o papel do investimento público no desenvolvimento do país, que atualmente está nos menores patamares da história – sem isso, o Brasil não vai para lugar algum. É preciso pensar em fortalecimento do sistema nacional de inovação”.

A reforma trabalhista é um dos diversos pontos que precisam ser revistos pelo Brasil, tendo em vista que países que mudaram suas regras – como Inglaterra, Alemanha e Espanha – estão revendo suas regras.

“A Coreia do Sul passou por essa reforma, e está vendo essas questões”, diz Moreira. “Um dos pontos fundamentais para retomar o desenvolvimento é retomar suas capacidades nacionais e isso passa por estatais estratégicas, como bancos públicos, BNDES, Petrobras, Eletrobras, Ceitec”, diz Moreira.

O economista lembra que a Coreia do Sul aderiu às políticas liberais entre 1993 e 1998, mas acabou voltando atrás, e lembra que todo país desenvolvido tem uma indústria nacional forte.

Um exemplo disso é o setor de semicondutores, onde as empresas surgiram a partir de articulação com o Estado, com a construção de centros de pesquisa e de tecnologia com apoio do governo e, até hoje, esse segmento é altamente subsidiado.

“Quando você pega semicondutores, as principais empresas foram estruturadas com a participação do Estado. Nos EUA, setor de semicondutores tem subsídios e incentivos de 15% do valor investido. Na Europa, a média é de 15% a 17%. Na Ásia, a média é de 25% mas a China é de 40%, na Coreia é de 30%”.

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Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

2 Comentários

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  1. bolçodoria é um moleque de 12 anos que não sabe o que faz….
    guedis é promessinha e é bandido. A agenda dele é recheada apenas de promessas não cumpridas (e de pinos de granadas). A única coisa que ele consegue realizar é a pequena (porque é burro) expansão do próprio caixa. Sediado aqui e em paraísos fiscais.
    Como pode isso num pais que chegou a ser a 6° economia do mundo?… Fácil com o apoio da mídia entreguista golpista e seus jornalistas de programa!
    A minoria do povo dá suporte porque teleguiada morre de medo do PêTê, do “kumunismo”, e da “loira do banheiro”.

  2. A OCDE foi fundada em 1961 basicamente por países da Europa Ocidental mais EUA e Canadá, como se fosse uma “OTAN econômica”.
    Depois aderiram os anglófonos Austrália e Nova Zelândia além do Japão e mais tarde os países dissidentes da antiga URSS, “potências” como: Letônia, Lituânia, Eslovênia (não a do BBB), Eslováquia, Polônia, Chéquia, Hungria e além, Coréia Sul, Finlândia, Israel e os latinos Colômbia, Chile, México e … Costa Rica!
    Já passou da hora do “Ocidente” (com Japão e Coréia), controlado pelo capitalismo financeiro e militarismo para garantí-lo (consumindo uma grana que mitigaria a fome de milhões e milhões) aceitarem os países “comunistas” (China, Rússia?), por terem um sistema “diferente” que ameace suas “liberdades” (ou libertinagens?) econômico-financeiras que hoje já acumulam um valor 3 (TRÊS) vezes o valor do PIB mundial.
    De defenderem “democracias” como as da Arábia Saudita, Hungria, Ucrânia ou antes, Pérsias (Irã), Iraque, Paquistão, etc.
    Esta estúpida, nefasta e renitente guerra fria que não inclui neste grupo países como os BRICS não pode ter objetivos cooperativos de verdade, némêz?

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