Mais uma vez, o fator petróleo impacta a inflação, mostrando a extraordinária imobilidade do Ministro da Economia Paulo Guedes. Talvez seja a maior prova da incapacidade do chamado mercado em se viabilizar politicamente.
Para não tocar nos lucros dos acionistas, permite-se que a alta internacional do petróleo, somada à desvalorização do câmbio, seja integralmente repassada para os preços finais dos combustíveis. Explode a inflação afetando custo dos transportes e custo de vida, especialmente das faixas de menor renda e, por consequência, a política monetária do Banco Central e o custo do dinheiro por toda a economia.
Além dos desarranjos econômicos óbvios, esse tipo de política reduz substancialmente a possibilidade de reeleição do agente de mercado. Tenta-se, então, ludibriar a população através de argumentos toscos, de economistas e bolsonaristas.
Confira os dados abaixo, referentes ao último Índice de Preços por Atacado Ampliado, do IBGE.
A alta foi de 1,25% no mês e 10,67% em 12 meses. Os 9 grupos de preços registraram alta, com destaque para transportes, que aumentou 2,62%. Em setembro, dois desses grupos haviam registrado queda. É o maior valor anual desde junho de 2015, quando o IPCA explodiu devido ao choque de câmbio e juros do pacote Joaquim Levy. Com a diferença de qie, passado o impacto do choque inicial, a inflação voltou a cair. Agora, há a perspectiva de continuidade nos aumentos dos combustíveis.
Quando se analisam todos os produtos da cesta do IPCA, constata-se aumento em 191, queda em 33 e estabilidade em 25. É um dado melhor do que em setembro, que registrou 220 produtos em alta, 17 em queda e 7 estáveis. Mas é uma queda ilusória. Como o IPCA geral aumentou, muito provavelmente as quedas registradas se devem à incapacidade das empresas em transferir o aumento de custos para os preços.
Confira que apenas Transportes representou 44,21% da alta do IPCA no mês. Os outros dois grupos foram Alimentação, representando 17,69% da alta e Habitação, com 13,42% da alta. No item Habitação, porém, a maior influência foi no subgrupo combustíveis – com aumento no gás e na energia elétrica.
No Acumulado do ano, Transportes respondeu por 50,14% da alta. Se somar o peso dos combustíveis no grupo Habitação, a influência aumentará mais ainda.
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