Corte de gastos, Copom, dólar: entenda as decisões econômicas da semana

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Haddad afirmou que o presidente Lula irá finalizar hoje as medidas de corte de despesas do Orçamento.

Fernando Haddad, ministro da Fazenda. Foto: Diogo Zacarias/MF

Depois de um final de semana turbulento, concluindo com a alta do dólar, que atingiu na última sexta (01) o segundo maior valor nominal da história, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, decidiu cancelar a viagem à Europa e fez gestos que agradaram o mercado e teriam influenciado o retorno dos indicadores a normalidade.

Haddad afirmou que o presidente Lula irá finalizar hoje as medidas de corte de despesas do Orçamento.

Além de outros fatores, essa fala, feita na manhã desta segunda, impulsionou a alta da Bolsa de Valores de São Paulo e o recuo do dólar comercial, que caía 1,68% pela manhã, e do turismo a 1,34%.

Não foi só a fala de Haddad

Mas esta não foi a única medida que impulsionou os ativos financeiros: as eleições dos Estados Unidos, que ocorrem amanhã (05), tem forte peso no dólar. Ao longo da última semana, as chances aumentadas de Donald Trump obter uma vitória fizeram com que a moeda americana valorizasse até sexta-feira.

No final de semana, contudo, a candidata democrata Kamala Harris teve uma leve recuperação nas pesquisas eleitorais, o que também impactou para uma diminuição da moeda nesta segunda. Além disso, o aumento do preço do minério de ferro, que impacta nas ações da Vale, e indicadores da China também influem nos indicadores nacionais.

Anúncio do corte de gastos

Economistas apontam, contudo, que a alta dos índices da Bolsa de Valores de São Paulo ocorreram logo após a fala de Haddad. Ainda pela manhã, o Ibovespa marcava um aumento de 1,59%, além das quedas do dólar. A maior alta reistrada pela manhã foi do Magazine Luiza, que teve ganhos de 9,26% das ações, supostamente impulsionados pelas medidas de corte de gastos.

O ministro anunciou que as medidas de contenção de gastos públicos estavam “muito avançadas” e que o governo deverá trazer novidades ainda nesta segunda, após uma reunião ministerial com o presidente Lula.

Caberá ao presidente definir a comunicação das medidas de cortes fiscais, mas a expectativa do mercado é que esse anúncio dos detalhes do pacote de ajustes será feito hoje.

Para decidir estes detalhes é que o ministro também cancelou a sua viagem à Europa: “Como o presidente pediu para eu ficar, e como as coisas estão muito adiantadas do ponto de vista técnico, eu acredito que nós estejamos prontos nesta semana para anunciar”, afirmou Haddad.

“Por deferência ao presidente, ele que vai organizar a comunicação, a reunião da tarde tem essa finalidade, vamos aguardar algumas horas, ele que vai definir quem comunica, como comunica. Peço algumas horas para termos um encaminhamento da parte dele”, completou.

E a taxa Selic

A decisão do governo de dar as respostas para os cortes fiscais coincide com uma semana decisiva do Copom (Comitê de Política Monetária), que anunciará nesta quarta-feira (06) a decisão sobre a taxa Selic, se manterá os juros ou se aumentará.

Como de praxe, no início da semana, o Relatório Focus já traz uma previsão da decisão do Copom, com inflação, PIB e juros. Investidores vêm pressionando para o aumento da Selic como justificativa para “conter a inflação”. Mas o governo espera que o anúncio das medidas de corte de gastos devem gerar a queda dos juros no país.

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