Fitch eleva nota do Brasil e cita “desempenho macroeconômico e fiscal melhor do que o esperado”

Agência entende agora que “o Brasil alcançou progresso em importantes reformas para enfrentar desafios econômicos e fiscais”

Dinheiro em cima de uma mesa. Notas de real
Foto: Marcelo Casal/Agência Brasil

Por Daniella Almeida, da Agência Brasil

Agência de classificação de risco eleva nota de crédito do Brasil

A agência de classificação de risco Fitch elevou, nesta quarta-feira (26), a nota de crédito do Brasil de BB- para BB, com perspectiva estável.

No anúncio, a agência justificou a nova classificação como reflexo de “um desempenho macroeconômico e fiscal melhor do que o esperado, em meio a sucessivos choques nos últimos anos, políticas proativas e reformas que apoiaram isso e a expectativa da Fitch de que o novo governo trabalhará para melhorias adicionais”.

A avaliação do Brasil tinha sido rebaixada para o patamar BB- em 2018. Mas, ao analisar o risco vigente, a Agência Fitch entende agora que “o Brasil alcançou progresso em importantes reformas para enfrentar os desafios econômicos e fiscais”.

Em entrevista coletiva à imprensa, na manhã desta quarta-feira (26), para comentar a mudança da nota do Brasil, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, avaliou que para obter o grau de investimento o país recebeu o apoio do Congresso Nacional, por meio dos presidentes das duas casas legislativas: Arthur Lira, na Câmara, e Rodrigo Pacheco, no Senado.

“A Fitch é a primeira das grandes agências que muda a nota. Eu sempre disse, e continuo acreditando, que a harmonia entre os poderes é a saída para que voltemos a obter o grau de investimento”.

Haddad acrescentou os desafios para os próximos meses. “Temos tudo para vencer este jogo, mas temos muito trabalho pela frente e o próximo ano será chave, não só para atingir as metas previstas, mas também para regulamentar o que for aprovado este ano”.

“Um país do tamanho do Brasil não tem sentido não ter grau de investimento. Temos um potencial de recursos naturais e humanos, reservas cambiais, tecnologia, parque industrial. Não tem cabimento este país viver o que viveu nos últimos dez anos. Fico muito feliz de, em seis meses de trabalho, termos conseguido sinalizar para o mundo que o Brasil é o país das oportunidades, de geração de bem-estar, emprego e renda. Tenho certeza de que este caminho vai ser seguido”, comemorou Haddad.

A nota da Fitch diz ainda que apesar de o novo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva defender um afastamento da agenda econômica liberal dos governos anteriores, “a Fitch espera que o pragmatismo e os freios e contrapesos institucionais mais amplos evitem desvios radicais de macro ou micropolítica, enquanto o governo também está buscando iniciativas para apoiar o setor privado (por exemplo, a reforma tributária).”

A agência de classificação de risco projeta, ainda, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) real em 2,3% em 2023 (antes se esperava 0,7%) e a convergência para um ritmo de tendência de 2% ao ano, a médio prazo. A projeção da Fitch é menor do que a esperada pelas autoridades brasileiras (2,6%). A Fitch justifica a projeção menor por “ainda não estar claro se eles podem avançar uma agenda econômica forte o suficiente para conseguir isso”.

A Fitch Ratings ainda avaliou o atual cenário de reformas, no país.

“Desde que assumiu o cargo, em janeiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva conseguiu garantir a governabilidade e avançar em sua agenda política, apesar de um Congresso conservador e da polarização persistente que se manifestou em protestos violentos, no início de seu mandato”.

Ministério da Fazenda

Em um comunicado, divulgado também nesta manhã, o Ministério da Fazenda fundamentou a posição do governo. “A melhora no rating leva em consideração não apenas ações já ocorridas, mas também a expectativa quanto à capacidade e vontade do país em prosseguir com a agenda de reformas econômicas”, consideradas pela pasta como essenciais para elevar o crescimento e aperfeiçoar as finanças públicas.

Por fim, o Ministério da Fazenda “reitera seu compromisso com a agenda de reformas em curso, que contribuirá não apenas para o melhor balanço fiscal do governo, mas também levará à redução das taxas de juros e à melhoria das condições de crédito, ao mesmo tempo em que assegurará a estabilidade dos preços”.

De acordo com a pasta, o Brasil criará condições “para a ampliação dos investimentos públicos e privados e a geração de empregos, aumento da renda e maior eficiência econômica, elementos essenciais para o desenvolvimento econômico e social do país”, prevê o Ministério da Fazenda, no comunicado.

Redação

5 Comentários

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  1. Ma…ma…mas o país não ia “virar uma Venezuela” em 6 meses? (NB: isso na verdade teria sido em abril, já que Lula III começou a governar em outubro de 2022. Enquanto isso o mitosco chorava depressivo no palácio, sua esposa organizava uma “discreta” mudança e colheita de moedas assassinando carpas, seus filhos destruíam provas em computadores e seus generais podres no cesto tentavam organizar um patético golpe).

  2. Lula precisa reforçar a comunicação por intermédio da TV aberta. Hoje a diarista que faz limpeza no meu escritório me disse que a picanha dela não está garantida. Tive que explicar a ela que tudo depende da economia desmanchar, mas isso não ocorreu bem ocorrerá enquanto o presidente do BC manter uma taxa de juros alta impedindo a retomada dos investimentos industriais. Ela não sabia que Lula não pode exonerar Campos Neto e que somente o Senado tem poder para fazer isso. A comunicação obviamente está falhando. Lula será culpado pelo fracasso econômico mesmo que a culpa seja da estratosferica taxa de juros.

    1. Se dá muita importância para esta classificações na minha modesta opinião.

      Algum(a) estagiário(a) gosto do jogo do Brasil na segunda.

      Mas, parabéns para seu “Andrade”!

  3. Impressionante como o histórico dessas “coisas” não afetam em nada a reputação das mesmas (pros mesmos pelo menos). Erro de mais de 300% não desqualificaria o prognóstico, liquidando a cartomante?

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