O mal-estar social decorrente do empobrecimento atingiu seu patamar mais elevado em dez anos, atingindo assim a pior situação de toda a série histórica do estudo elaborado por João Saboia, professor emérito do Instituto de Economia da UFRJ, iniciada em 2012.
Saboia e outros pesquisadores elaboraram um indicador para mensurar a intensidade da miséria e do retrocesso na qualidade de vida das famílias. O indicador de miséria vai de zero a um, e quanto mais alto, pior a situação das famílias.
Atualmente, o indicador está em 0,947, um aumento de quase 60% em relação ao visto em 2020, quando estava em 0,591.
De acordo com os dados do estudo, a renda dos 20% mais pobres caiu de R$ 244,50 em 2020 para R$ 187,50 per capita em 2021, o que corresponde a uma perda de 23,3%, bem acima da média geral de 7%.
Na comparação com o melhor momento dessa faixa social, que foi em 2014, a perda do poder de compra chegou a 27,3%. Por outro lado, os ganhos dos 20% mais ricos representam 21,1 vezes os dos 20% mais pobres, ante 16,9 vezes vistos em 2020.
Com informações do jornal O Globo
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Assim, na prancheta, com numerinhos em estatísticas, olhando, ninguém percebe.
Tanto quanto no governo FHC, a fome e a miséria voltaram com força e indiferença total. Só não vê quem não sai na rua.
A maior demonstração de que o Brasil tem feito mal a sua lição de casa, se expressa sempre com a velocidade em que o número de miseráveis aumenta. Não existe uma multiplicação da riqueza gerada que permita a redução consistente desses índices. Pouca mobilidade de ascenção social é uma espécie de espelho do quanto a sociedade é incapaz de produzir oportunidades. Pode não ser condição exclusiva, mas há uma enorme dificuldade de encontrar caminhos e alternativas que possibilitem aproveitar o potencial do País. Do ponto de vista das condições estruturais apresentadas em relação a todo o conjunto de coisas, que integradas, determina o País como nação organizada e capaz de garantir o funcionamento do que representa ser, encontra-se a uma certa distância. A seriedade ou não desse ESTADO/SOCIEDADE, tem que ser oferecida por todos os seus componentes, sejam individual, coletivos, privado, público, institucional, etc. O País precisa deixar de estar à mercê de eventualidades e passar a cuidar de si mesmo, entendendo que essa vergonhosa situação de miséria não é apenas desse grupo de pessoas, mas de todo o Brasil. É sinal de que paralisou-se a evolução civilizatória.