Lava-Jato, Dallagnol e as conexões geopolíticas com os EUA

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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Operação foi usada pelo Departamento de Justiça norte-americano, diz Nassif; Ucrânia sofreu golpe político semelhante em 2014

O ex-procurador da República Deltan Dallagnol – Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Embora a decisão de se condenar o ex-procurador Deltan Dallagnol a indenizar o ex-presidente Lula (PT) por conta do power point sobre o caso do tríplex, divulgado em entrevista coletiva realizada em 2016 tenha sido correta, ela deveria ter sido tomada anteriormente.

“Eu acho que o politicamente que está se falando no caso Dallagnol é o cenário teatral, midiático. Eles convocaram uma grande coletiva com power point, em um grande hotel de Curitiba, para entregar ali ´é culpado disso, é culpado daquilo'”, diz o jornalista Marcelo Auler na TV GGN 20 horas desta sexta-feira (25/03)

“Não foi pela ação em si, mas por todo o conjunto da obra. O que ele fez foi uma midiatização para forçar a opinião pública a forçar os tribunais a aceitarem aquela denúncia”, ressaltou Auler.

Segundo o jornalista Luis Nassif, por mais que Dallagnol seja “deslumbrado e goste de dinheiro”, ele não foi o ponto central do caso. “O ponto central foram as instituições que permitiram todos esses abusos com medo de enfrentar essa onda da mídia”.

Nassif explica que o caso é semelhante ao que ocorreu na Ucrânia em 2014, quando o país sofreu um golpe semelhante ao que culminou com o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.

“Insuflado por canais de televisão de bilionários, e depois virou presidente da República, porque o presidente era pró-Rússia e não queria assinar acordos pró-União Europeia”, lembra Nassif.

OCDE fez acordo para intervir na Ucrânia

Nassif destaca algo que vem sendo pouco explorado pela grande imprensa: o acordo que ocorreu entre a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) e o Judiciário da Ucrânia – e que foi usada como parâmetro pela campanha ‘No Corruption’ do Ministério Público.

“Esse acordo da OCDE com o Judiciário ucraniano, que foi enaltecido pelo Moro, permitia a eles inclusive indicar juízes e desembargadores e ministros. Então, um dos pontos centrais que a gente vai ter que ver é essa ignorância crassa brasileira”, afirma Nassif, ressaltando que foi esse erro que viabilizou o uso geopolítico da operação Lava Jato.

“Em 2014/15 a gente começou a alertar lá trás – gente, esse negócio da Lava-Jato está sendo utilizado pelo Departamento de Justiça para propósitos geopolíticos (…) Teoria conspiratória é tudo aquilo que a gente não sabe. Se o fato existe e não se sabe é ignorância, e não teoria conspiratória. E hoje está nítido todo esse processo geopolítico”, diz Nassif.

Porém, a indicação de ação política por parte do Dallagnol pode colocar o trabalho de procuradores sérios em risco. “Você tem um procurador sério que atua contra fazendeiros que invadem terras de quilombolas – está atuando politicamente pois quem aplica a lei são os juízes, e muitos deles tem um parti pre político nítido, como está ocorrendo”

Nassif destaca que, embora Dallagnol mereça ser preso, é preciso ter em mente que o Estado é acionado no momento em que se obriga o agente público a pagar indenização. “Daí, o Estado paga a indenização e depois entra com ação contra quem provocou o prejuízo. Quando você cria essa exceção, você abre espaço”, diz Nassif.

“Aquele procurador sério que vai investir contra forças econômicas sabe que, além de poder ser pressionado pelo Conselho Nacional do Ministério Público, ele pode sofrer uma ação e ser obrigado a pagar multa. Esse é o ponto”.

Demissões no Ministério das Comunicações

A repórter Patricia Faermann detalha a denúncia envolvendo o Ministério das Comunicações. “Não é uma licitação qualquer (…) Se trata da agência de publicidade que vai levar a publicidade do governo Bolsonaro neste ano”.

“O valor da licitação é de R$ 450 milhões e, no caso, houve indícios claros de direcionamento dessa licitação”, afirma Patricia. “Essas denúncias foram embasadas por todas as outras agências de publicidade que participaram da concorrência”

“Elas trazem os argumentos, do porque há suspeitas claras de direcionamento, mas além disso um dos motes da denúncia é que há uma situação de que a agência vencedora, a agência Calia”

“A diretora de atendimento dessa agência, que é a pessoa então que lida diretamente com os clientes, ela é casada com o subsecretário de Gestão e Normas dentro do Ministério das Comunicações – responsável pela aprovação do edital de licitação”

“Divulgamos essa informação no sábado passado. Na terça-feira, como consequência, um dos subordinados do subsecretário de gestão e normas foi demitido do governo e, ontem, o subsecretário foi demitido também como consequência dessa denúncia”, diz Patricia. Contudo, a licitação não foi anulada.

Contudo, a licitação não foi anulada – “ela está paralisada. Não houve nenhum avanço, mas ao mesmo tempo a agência Calia não foi desclassificada (…)”, afirma Patricia. A reportagem completa pode ser lida clicando aqui.

Veja outras informações na íntegra da TV GGN 20 horas. Clique abaixo e confira!

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

1 Comentário

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  1. Trabalho sujo é assim: sempre feito pelos outros. Selecioná-los é fácil; servem messiânicos, deslumbrados, argentários, qualquer um, desde que não tenham visão de mundo, nem noção das consequências. Alguns se descobrem meros peões no meio do caminho; outros seguem até o fim, chegando penosamente à mesma conclusão. Ainda outros, cheios de si e vaidosos ao extremo, se recusam a admitir que foram usados, e se lançam a aventuras ainda mais ousadas – ser presidente, por exemplo.
    Joaquim, Deltan, Sérgio…prazo de validade de super-herói também chega a seu termo.
    Dizem que Bela Lugosi, de tanto interpretar papel de vampiro no cinema, já velho e doente, e sob efeito do uso constante de morfina, terminou por agir, em sua vida normal , como um.
    Joaquim Barboza, retratado como Batman, parece ter percebido o ridículo da situação, e retirou-se para sua batcaverna em Miami.
    Moro, com sua conja Lady Macbeth, acreditou nas feiticeiras, Estadonha, Globolina, e Folhícia, e quer ser presidente, mas talvez tenha que terminar seus dias juntando-se à multidão, em alguma câmara ou assembléia.
    E o Deltan? Confesso que não consigo imaginar o futuro do Deltan. Se for mesmo um messiânico, talvez vá para algum deserto, com um cajado e barba imensa, clamando o povo ao arrependimento pois o senhor vem!
    Mas creio que ele seja, dentre os adjetivos com os quais o Nassif o definiu, apenas um argentário.

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