USP perde posições em ranking internacional de universidades

Do Estadão

USP cai novamente em ranking internacional de universidades
 
Instituição perdeu ao menos 11 posições na lista que mede a reputação das instituições pelo mundo, publicada pelo Times Higher Education
 
Bárbara Ferreira Santos
 
A Universidade de São Paulo (USP) caiu em mais um ranking internacional de universidades. Desta vez, foram ao menos 11 posições na lista que mede a reputação das instituições pelo mundo, publicada pelo Times Higher Education (THE), revista britânica que faz os principais rankings mundiais de ensino superior.

No ranking de reputação de 2014, a universidade ficou na posição 81-90, contra a posição 61-70 no ano passado. Na lista, as universidades são citadas por posição até o 50º lugar e, depois disso, enquadradas em grupos de dez até a 100ª posição.

Embora o desempenho da universidade tenha caído, a USP ainda é a única universidade da América Latina a ser citada. O ranking novamente apontou uma elite mundial de universidades dos Estados Unidos e do Reino Unido que ocupam as dez primeiras posições: Universidade Harvard; Instituto de Tecnologia de de Massachussetts (MIT); Universidade Stanford; Universidade de Cambridge; Universidade de Oxford; Universidade da Califórnia em Berkeley; Universidade Princeton; Universidade Yale; Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech); Universidade da Califórnia em Los Angeles.

Logo em seguida, em 11º, aparece a primeira universidade de fora desses países, a Universidade de Tokyo, que no ano passado estava em 10º no mesmo ranking. 

Os Estados Unidos são, de longe, o país com mais universidades no top 100. Além de ocupar os três primeiros lugares, têm oito no top 10 e 46 no top 100. Dessas 46 instituições, somente 14 perderam posições.

O Brasil continua tendo apenas um representante, a USP. Quando se considera o desempenho dos países – apenas 20 foram citados no ranking –, o Brasil está em penúltimo lugar e perde apenas para Israel, país que também só tem um representante, o Instituto de Tecnologia de Israel (Technion), que está nas posições 91-100.

Segundo o editor dos rankings do Times Higher Education, Phil Baty, o Brasil, embora tenha excelência nas pesquisas acadêmicas, tem uma “disseminação de pesquisas que parece estar limitada”. “Nossos dados sugerem que a USP não é bem reconhecida por sua pesquisa de excelência em locais estratégicos e importantes do mundo – especialmente no Leste da Ásia, por exemplo. Isso pode prejudicar a reputação internacional da universidade.”

Por outro lado, explica Baty, esse ainda é um bom resultado para o Brasil. “Essa lista representa apenas 0,5% das universidades do mundo, e o Brasil tem uma instituição bem estabelecida entre uma pequena elite global. Outras economias emergentes, como a Índia, não tiveram nenhum representante”, diz. “Então, esse resultado para a USP pelo menos assegura que o Brasil tem uma poderosa bandeira nacional para atrair atenção mundial e construir oportunidades para o País e toda a região (América Latina)”, complementa.

Metodologia. O ranking de reputação foi feito com base na avaliação de 10.536 professores, pesquisadores, cientistas e intelectuais de 133 países ouvidos entre março e maio de 2013 pelo THE. É um ranking subjetivo, em que é considerada a opinião desses especialistas sobre as universidades. Entre os fatores que influenciam a citação das universidades, estão o número de pesquisas científicas, importância acadêmica em determinadas áreas, importância no cenário mundial e número de prêmios Nobel dados a ex-alunos e cientistas. Segundo a publicação, os acadêmicos foram escolhidos, não podem se voluntariar para esse cargo e as instituições não podem “credenciar” alguém.

Rankings anteriores. A USP vem caindo em todos os principais rankings publicados em 2013 e 2014. No último levantamento da Times Higher Education (THE), que levava em conta as 100 melhores universidades do mundo, com critérios como número de pesquisas acadêmicas, proporção de professores para o total de alunos e aulas em inglês, a universidade perdeu posições em relação ao ano anterior – saiu do 158.º lugar, em 2012, para a faixa entre o 226.º e o 250.º lugares em 2013.

Nenhuma universidade brasileira aparece entre as dez melhores no ranking de países emergentes, também produzido pela THE e divulgado no fim de 2013. Novamente a mais bem colocada, a USP ficou na 11.ª colocação. Em outro ranking, o Quacquarelli Symonds University (QS) sobre universidades dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), ela aparece em 8.º lugar. Na comparação entre países, o Brasil tem a 3.ª posição, com 17 instituições entre as top 100, atrás de China, com 40, e Rússia, com 19. 

Já no ranking geral do QS, a universidade aparece em 127º lugar e MIT, Harvard e Cambridge ocupam os três primeiros lugares, respectivamente.

USP. Segundo a USP, entre as ações voltadas para a internacionalização da universidade neste ano está a agência USP de Cooperação Acadêmica Nacional e Internacional, criada no último Conselho Universitário (CO) e que substituirá a Vice-Reitoria Executiva de Relações Internacionais. A Agência será dividida em três áreas: Relações Acadêmicas Internacionais, Relações Acadêmicas Nacionais e Mobilidade Acadêmica. 

De acordo com a universidade, a agência terá como finalidade estabelecer estratégias de relacionamento entre a USP, instituições universitárias, órgãos públicos e a sociedade, para dar  “suporte à cooperação acadêmica em matéria de ensino, pesquisa, cultura e extensão universitária, no âmbito nacional e internacional”.

 

Redação

11 Comentários

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    1. Que tal com esta chamada:

      A única universidade brasileira entre as melhores do mundo, a USP, administrada pelo governo do estado de São Paulo, perdeu 11 posições no ranking de reputação universitária. Esta agora na posição de 81º a 90º. Se for considerado o desempenho total da universidade a USP ocupa uma posição entre 226º e 250º. A segunda melhor universidade brasileira na mesma classificação também é paulista, a Unicamp, na posição 300.

      Apenas o governo paulista tem instituições superiores de ensino relacionadas entre as 400 melhores do mundo. Nenhuma universidade administrada pelo governo federal, as federais como a UFRJ, etc. etc. etc., está classificada entre as melhores do mundo. Embora o PT esteja há quase doze anos responsável por elas, durante os 8 anos de mandato do presidente Lula e quase 4 anos da presidente Dilma, foi incapaz de elevar a qualidade da educação como comprova a ausência das universidades federais no ranking das melhores do mundo.

      1. Jogaram pedra no Cristóvam

        Jogaram pedra no Cristóvam Buarque quando ele disse que o Brasil não precisava de mais vagas no ensino superior federal. Eu concordo com ele. Muito dinheiro gasto com expansão de vagas e criação de novas universidades federais, quando o que o país precisa é investimento maciço em educação básica numa ponta, e pesquisa e inovação em outra.

        Só que injetar dinheiro para criar centros e financiar maciçamente a pesquisa não traz votos no curto prazo, mais vantajoso é expandir o número de vagas em universidades para ter um slogan eleitoral e o agradecimento eterno dos moradores das regiões em que se situam novas universidades/estudantes que entraram no sistema de cotas.

        Muito legal interiorizar as federais, criar mais vagas, mas como é que conseguiremos trabalhos científicos de ponta: investindo nos centros de excelência já existentes (como por exemplo a Ufrj ou a Unifesp), ou criando vagas na Universidade Federal do interior de não sei aonde, sem injetar o dinheiro necessário para a pós-graduação?

        Como “foram criados não sei quantas universidades e não sei quantas mil vagas” é um slogan mais bonitinho que “espere um pouco, que estamos investindo para daqui há 10, 20 anos começarem a aparecer as primeiras pesquisas bem-sucedidas”, a solução todos conhecem e aplaudem.

        O problema é quando saem ranking’s internacionais, como o THE, onde as federais passam mais vexame que a Usp e Unicamp.  Só que, como para este ninguém se importa, ainda é mais vantajoso usar dinheiro que poderia ser aplicado em pesquisa para criar novas vagas e universidades.

        1. Oi Taguti

          Pela primeira vez sou obrigado a concordar com voce…. De fato, em parte.. mas é por ai.. De qualquer forma em algumas carreiras é  importante aumentar oferta de vagas.

           

      2. Mas q bobagem

        Daqui a pouco vai dizer também que quem as colocou no “ranking” (qual deles?) foi o “governo” (tucano), que as encontrou melhor e as vem derrubando sistematicamente.

        Por falar nisso (discretamente), desenvolvi um projeto na área de tecnologia e, inicialmente, o apresentei a diversas empresas e instituições acadêmicas de entidades federais e estaduais paulistas.

        Durante as discussões com acadêmicos, eu (que nem o sou), recebi três papers de autorias “diferentes” sobre o tema do meu projeto (concebido, desenvolvido, produzido e comercializado por mim, ou seja: tecnologia no mundo real), para que eu os considerasse e/ou “aproveitasse” (evidentemente sob participação).

        Para não envolver nomes e maiores detalhes, vou resumir: os 3 “papers” não passavam de “anagramas” do mesmo trabalho, com autores diferentes … uma espécie de “ramdom cut & paste” organizado para não perder o sentido.

        Como se sabe, um dos critérios de classificação nestes “rankings” é a “produção” acadêmica…

        Não raro, anabolizada.

  1. Ranking Direcionado

    Eu acho uma grande bobagem a divulgação da posição das universidades brasileiras nestes rankings que servem para avaliar o quanto uma instituição de ensino está alinhado com o modelo de ensino anglo-saxão.

  2. Independente de o ranking

    Independente de o ranking imprimir um padrão anglo-saxônico ou não, a USP fica para trás de inúmeras e inúmeras universidades de língua não-inglesa. Verifique-se que, mesmo entre os países emergentes, em que deveria disputar a primeira posição, não fica nem no Top 10.

    Com um desempenho universitário pífio (e decadente) para quem almeja o papel de potência, não é a toa que nossa indústria padece de uma enfermidade crônica de falta de competitividade e inovação

    O governo federal pode zerar os impostos, os juros, colocar o câmbio abaixo, que ainda assim não seremos competitivos no mercado de bens de alta tecnologia, simplesmente porque não temos capacidade de fabricá-la.

    Se não conseguimos fazer nem a lição de casa (investir maciçamente em pesquisa, e ter bons resultados), a discussão econômica no Brasil é do tipo “sexo dos anjos”, que vai levar o país do nada ao lugar nenhum.

     

     

     

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