Após defender democracia e contra a ditadura, bispo é intimado pelo TRE

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Foto: Reprodução da notificação divulgada pelo G1
 
Jornal GGN – A Justiça Eleitoral proibiu um bispo da Arquidiocese de Olinda e Recife de se manifestar favorável a Fernando Haddad (PT). O Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco enviou uma intimação ao bispo-auxiliar, Dom Limacêdo Antônio, que durante uma missa manifestou-se contra a ditadura e as práticas de tortura do período do regime militar no Brasil.
 
“Não se pode votar em quem defenda a tortura. Quem defende tortura não defende a vida. (…) Defesa da vida não é votar em quem alimenta e defende a tortura. É votar em quem defende a democracia. Quem defender a ditadura, não vote, pelo amor de Deus”, disse o bispo-auxiliar.
 
Por conta desta defesa da democracia e contra as práticas de tortura e alertando para os riscos que o país hoje sofre com a eleição do candidato da extrema-direita Jair Bolsonaro, Limacêdo Antônio foi intimado pelo TRE-PE.
 
Durante a sua fala, entretanto, o bispo não citou o nome de Jair Bolsonaro ou de Fernando Haddad, mas indicou que estava se referindo às eleições 2018. “Defender a vida é defender políticas públicas para as pessoas estudarem e para o jovem ter acesso à universidade. É cuidar dos idosos”, disse.
 
De acordo com o assessor do TRE-PE, o bispo não falou em nomes de candidatos ou de partidos, mas ainda assim se configuraria em suposta propaganda eleitoral irregular. “Ele pode votar e continuar presidindo missas normalmente. Caso ele se torne reincidente, o juiz da propaganda pode abrir um procedimento”, informou ao G1.
 
Em resposta, a Arquidiocese de Olinda e Recife informou que “Dom Limacêdo defende direitos humanos, o direito à vida e a uma vida plena, segura e justa, livre de qualquer injustiça, conforme é ensinado no Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo”.
 
“Este é o pensamento que deve nortear qualquer cristão, principalmente no momento social em que nos encontramos, no momento do voto, na escolha do líder que irá direcionar os próximos passos da nação brasileira”, defendeu a Arquidiocese.
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

8 Comentários

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  1. Vai faltar papel então para

    Vai faltar papel então para intimar todas as igrejas evangélicas que pedem voto em Bolsonaro de forma explícita. Ou elas podem?

  2. Bispo intimado

    Espero que a Igreja não se intimide com o recado desses “doutores” que, em lugar de defender a Justiça e o próprio país prestam-se a um serviço dessa natureza.

  3. Desfaçatez e covardia

    Estou com o Jorge Luis – por que os líderes de algumas (várias?) igrejas evangélicas não são nem mesmo admoestados por estes doutos juízes? Dois pesos, duas medidas… e sempre a favor do inominável candidato fascista. Muita covardia e desfaçatez deste já desacreditado judiciário brasileiro… que infâmia! 

  4. Desfaçatez e covardia

    Estou com o Jorge Luis – por que os líderes de algumas (várias?) igrejas evangélicas não são nem mesmo admoestados por estes doutos juízes? Dois pesos, duas medidas… e sempre a favor do inominável candidato fascista. Muita covardia e desfaçatez deste já desacreditado judiciário brasileiro… que infâmia! 

  5. Instituições funcionando? Onde cara pálida.

    Juro que estou ficando com muito medo destas instituições.

    Bispos evangélicos declaram voto em Bolsonaro desde o início das eleições, mas bispos católico não podem ser a favor do outro candidato? Que democracia é essa?

    Dói ver os presidentes dos 3 poderes ir em canais de televisão dizer que as instituições estão funcionando. 

     

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