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Fotos: AFP
Jornal GGN – A Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib) sabatinou os candidatos à Presidência da República com maior intenções de votos, nesta segunda-feira (20), para saber as propostas para a área de infraestrutura e equipamentos.
Representando o ex-presidente Lula, preso na sede da Polícia Federal de Curitiba, a indicada a vice na chapa com o PT, Manuela D’Ávila, do PCdoB, pode representar as propostas do líder petista.
Apesar de não estar registrada como candidata a vice de Lula, Manuela é publicamente a cotada para o posto: com Lula, caso ele possa participar das eleições, ou com Fernando Haddad, se o ex-presidente for impedido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Empresários do setor quiseram ouvir as propostas de cada candidato, em um fórum realizado em São Paulo, nesta segunda. Além de Manuela, participaram Marina Silva (Rede), Geraldo Alckmin (PSDB), Ciro Gomes (PDT), Guilherme Boulos (PSOL) e Henrique Meirelles (MDB).
Cada um teve aproximadamente uma hora para sustentar as propostas no setor de infraestrutura. Em seu dicurso, Manuela D’Ávila destacou a necessidade de se recuperar a capacidade de investimento do Estado, que foi perdida pelo governo de Michel Temer.
“Calculamos que com aproximadamente 10% do que são as reservas internacionais, junto com recursos privados do BNDES, podemos chegar a R$ 100 bilhões imediatamente para investimentos em infraestrutura”, disse a candidata a vice de Lula ou de Haddad.
Para isso, seria necessária uma reforma de Estado, para impedir que as práticas de corrupção prejudiquem os investimentos em infraestrutura no país, que foi o que ocorreu no atual governo. Ainda, apesar de o programa do PCdoB não ter defendido em seu programa as parceriras público privadas, em nome de Lula, ela afirmou que os Programas de Parceria e Investimentos (PPIs) devem integrar essa reforma de estado sustentada pelo PT.
Na área de saneamento, também mencionou que as políticas de ajuste fiscal promovidas pelo atual governo de Temer prejudicaram o setor. “Os municípios que conseguiram investimentos vultosos nisso tem parceria com recursos internacionais”, criticou.
Manuela também reafirmou que estava representando Lula porque provavelmente é ela que se tornará a vice do ex-presidente, se ele for eleito. “O dia que a candidatura de Lula for deferida, a probabilidade é que me torne vice nessa chapa”, mencionou.
Do lado oposto, o candidato tucano Geraldo Alckmin defendeu as políticas de ajuste fiscal como alternativa para recuperar a capacidade de investimento. Porque, segundo ele, os controles fiscais deem impactar no défict primário, que hoje está alto. “A primeira medida será zerar esse déficit em até dois anos”, prometeu.
Ainda sobre isso, Alckmin disse que é preciso ter uma “agenda de competitividade”, que inclui a reforma tributária, com a simplificação: “ICMS, ISS, PIS, Cofins e IPI em um só imposto. Isso é importante para a indústria, reduzir o imposto para as empresas reinvestirem no país”, defendeu.
Sobre o tema de saneamento, Alckmin disse que pretende fazer um grande investimento na área e que os recursos arrecadados de Cofins e Pasep serão colocados no setor.
Durante o evento, Alckmin foi questionado sobre o pedido de rejeição da candidatura feito por Henrique Meirelles, o indicado a sucessor de Temer pelo MDB, que por sua vez é histórico aliado dos tucanos. Meirelles disse que as atas de partidos da coligação do tucano estão irregulares. “Não faz sentido”, disse Alckmin sobre um partido que não é de sua coligação questionar isso.
Guilherme Boulos defendeu solucionar a crise com investimento econõmico e não com “ajuste fiscal”. “Se o país cresce, arrecada-se mais”, apontou. Nesse sentido, criticou que o atual governo Temer é um “fracasso”.
Também criticou a política de desonerações dos bancos – “não dá para o Brasil seguir sendo o país dos bancos. Os bancos chegam aqui e fazem o que querem”, disse – e disse que o Brasil não pode ser “fazenda da China, exportando soja e minério”. “Vamos ter investimentos pesados em ciência, tecnologia e inovação”, indicou.
Acompanhe como foi o debate:
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Do ponto de vista econômico dos bancos, Meirelles disse que pretende aumentar a oferta de infraestrutura, concluindo, por exemplo, as obras paralisadas: “Há no país 7,4 mil obras paralisadas ou quase prontas. É necessário R$ 77 bilhões para concluir essas obras. Acho que é viável, temos condições e será feito”, disse.
Defendeu abertamente as privatizações e concessões, com autonomia a agências reguladoras e acelerar as privatizações das estatais. “Existe a possibilidade de privatizarmos uma grande parcela dos investimentos”, disse, afirmando que hoje, as estatais “além de serem ineficientes, são deficitárias”.
Ciro Gomes (PDT) já apontou para o caminho da “equação fiscal nova”, com a tributação de lucros e dividendos e aumento da alíquota de imposto sobre heranças. “O Brasil tem hoje R$ 354 bilhões de renúncias fiscais, parte delas feita pela dona Dilma Rousseff, nossa presidenta, sem consultar nenhum objetivo estratégico”, disse.
Também deendeu a retomada de obras paralisadas e o aumento dos investimentos na indústria nacional. Afirmou que irá revogar o teto dos gastos públicos.
“Precisamos revogar isso porque, se não revogarmos, tudo [proposto no debate de hoje é mentira grosseira. 51,6% da arrecadação vai para juro e rolagem de dívida, 29%, para Previdência. Sobra 20% para tudo o mais: educação, saúde, infraestrutura. Em cima desses 20%, essa gente estabeleceu uma coisa, uma emenda que proíbe a expansão de investimentos por 20 anos. É de uma perversão”, disse.
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Entrevista melhor do que Debate
Essas entrevistas são mais eficazes do que os “debates” para podermos comparar os candidatos.
Se analisarmos de forma isenta, sem nossas preferências partidárias, é justo aceitar que o candidato melhor preparado é Ciro Gomes. Seus diagnósticos são fundamentados e suas propostas estão sendo copiadas pelos adversários.