Direita está venezuelando o Brasil, diz André Singer

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – O cientista político e teórico do “lulismo” André Singer publicou artigo na Folha deste sábado (7) avaliando que a direita brasileira decidiu radicalizar e queimar as pontes que poderiam levar o País a uma reconciliação nesta eleição, dando apoio a um candidato fascista como Jair Bolsonaro (PSL).
 
Singer analisou que a divisão da sociedade ficou latente no processo de impeachment de Dilma Rousseff, com setores de direita ganhando espaço para colocar em vigor projetos e ideais que retiram direitos, ignorando a participação do povo e princípios estabelecidos pela Constituição.
 
“Como disse um amigo, a direita está venezuelizando o país. Joga fora a Constituição de 1988 que, bem ou mal, garantiu a fase mais completamente democrática que o Brasil teve. Se forem bem-sucedidos, a instabilidade prosseguirá. Diante de tal ofensiva, fica difícil conciliar”, comentou, após lembrar do episódio desta semana, na Confederação Nacional da Indústria, quando Jair Bolsonaro saiu aplaudido enquanto Ciro Gomes (PDT) foi vaiado pelos empresários que não aceitam uma revisão nas novas leis trabalhistas.
 
Leia a coluna completa aqui.
 
Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

12 Comentários

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  1. Luta de classes.

    Eu lamento que, com esse termo “venezuelização”, o André Singer deixe de lado parte da análise que seria de maior relevância.

    Pois a conciliação passaria pela classe média e por parte da burguesia com visão de país. Esta parte ainda sofre com outras fragmentações, como a da própria classe média supostamente politizada mas que gravita em seu próprio campo e não consideram suas práticas como dignas das próprias elites, seus preconceitos. Que é um dos aspectos da fragmentação à esquerda, a propósito.

    De qualquer modo, cabe às forças progressistas fazer as análises que forem necessárias pra tirar formas de ação que sejam eficazes.

    O que não pode é cair na tautologia, que é a de convencer quem já está convencido. 

  2. Esse cara não é um cientista

    Esse cara não é um cientista político do Brasil e do mundo. Ele é um cientista político do PT.

       Demetrio destruiu seus argumentos , uma semana passada. O curioso é que ambos são amigos e estudaram na mesma escola.

                               Leia aqui:    Lógica sectária

                O sonho explícito de Ciro Gomes é encarar Bolsonaro no segundo turno. Na avaliação dele, sua marcha ao Planalto seria assegurada pela repulsa majoritária a uma candidatura da direita selvagem. 

                 Mas Ciro não enxerga a hipotética disputa com Bolsonaro sob o prisma exclusivista da oposição esquerda/direita. Seus coreografados movimentos de aproximação com o DEM podem até não dar em nada, mas evidenciam que ele aposta numa abertura rumo ao centro. O PT interpreta o cenário eleitoral em termos muito diferentes, como revela a análise de André Singer (Folha, 23.jun).

    Singer é um dos mais destacados “intelectuais orgânicos” do PT. Segundo ele, tudo que aconteceu na política brasileira recente —depressão econômica, impeachment, Lava Jato, desmoralização generalizada dos partidos e dos políticos— tem relevância apenas marginal. São “epifenômenos”, como diria um marxista antiquado. 

    No fim, a morfologia de nossa paisagem política derivaria de uma implacável “estrutura profunda”, imune às crises conjunturais. Abaixo da poeira, permaneceria decisiva a “lógica polar” esquerda/direita. A disputa PT versus PSDB, marca inconfundível das eleições presidenciais desde 1994, conheceria um novo capítulo, ainda que com nomes trocados.

    “Lula (ou quem ele indicar), Ciro, Manuela e Boulos precisarão, de algum modo, se entender”, escreve Singer, exprimindo o desejo de trancar Ciro na jaula da esquerda. Mas o principal está em outro lugar: “Tal como melancias no caminhão, o sacolejo irá arrumando as relações entre Bolsonaro, Alckmin, Meirelles (Temer), Maia e Marina”. 

    Na lógica sectária de Singer, inexistem divergências fundamentais entre Bolsonaro, de um lado, e os partidos situados na ampla faixa que se estende da centro-direita à centro-esquerda, de outro. A direita antidemocrática representaria apenas uma encarnação circunstancial do PSDB, do PMDB ou da Rede.

    Nove décadas atrás, no declínio da Alemanha de Weimar, os comunistas alemães aplicaram a estratégia do “terceiro período”, ditada a partir de Moscou. De acordo com o dogma inventado por Stálin, a revolução proletária aguardava na esquina —e, diante do espectro da insurreição, os social-democratas convertiam-se em aliados objetivos dos nazistas. Consequentemente, os comunistas rejeitaram a ideia de uma aliança com os “social-fascistas”, facilitando a ascensão de Hitler. 

    No discurso e em certas práticas políticas, o PT parece-se, cada vez mais, com os antigos partidos comunistas. Colocando no saco bolsonarista “melancias” como Alckmin, Marina, Maia ou Meirelles, Singer pouco esclarece sobre a corrida presidencial, mas revela-nos que o PT percorre o túnel escuro do “terceiro período”.

    A “lógica polar” de Singer existe realmente, sob a forma da concorrência entre os partidários da economia de mercado e os do capitalismo de Estado. Durante um quarto de século, o dilema expressou-se como disputa binária PSDB/PT. 

    Mas há algo de novo no front quando, em meio a uma crise multifacética, ergue-se uma direita nostálgica do regime militar. Nessa hora, a questão da democracia torna-se o mais elevado divisor de águas. Se Bolsonaro chegar ao segundo turno, algo que está longe de ser uma certeza, as “melancias” de centro-direita e centro-esquerda desmentirão a profecia de Singer, barrando o caminho ao nostálgico aventureiro.

    O equívoco analítico do “intelectual orgânico” não é importante. Ele, como eu, erra e acerta. O relevante, no caso, é sua olímpica indiferença diante da questão da democracia. 

    Uma possível explicação para ela reside na persistência do apoio do PT ao regime venezuelano. Se o ditador Maduro serve para nós, por que Bolsonaro, um mero candidato, não serviria para nossos rivais de centro-direita e centro-esquerda? A indagação implícita do texto de Singer sugere que há algo de podre na alma do PT.

     Demétrio Magnoli

     

  3. Caro André Singer,

    Espero que o PT não contribua ainda mias para isso, permitindo que a centro esquerda chegue ao dia 07 de outubro – 90 dias – esfacelada, e pavimente o caminho para a direita. Reuniões com os partidos de centro esquerda do tipo “é Lula ou nada” não são o caminho, viu? A responsabilidade está todinha nos ombros do seu partido, que responderá pelos atos dos próximos 90 dias.  

  4. “…a responsabilidade está

    “…a responsabilidade está todinha nos 

    ombros do seu partido”…

    E nos ombros do SEU não pesa nada?

    Esse distanciamento soa apenas aparente.

  5. em Entrevista de A. Singer na Revista Cult

    Cito “(…) De alguma maneira tanto o PT quanto o PSDB se renderam à lógica do MDB. Essa lógica clientelista penetrou nos interstícios do sistema e isso fez com que uma operação como a Lava-Jato questionasse o conjunto do sistema. Por isso eu penso que todos os partidos têm que se renovar e responder ao desafio que foi colocado pelos aspectos republicanos da Lava Jato (…) “. (página 19, penúltimo parágrafo, CULT, nas bancas ou no site ). – já deixei comentário semelhante nalgum dia e seção, não por comparação com o professor da USP. mas porque só de uma autoridade a igreja e o rebanho levam em conta. 

  6. É bem pior que isso..

    Eu sei o quanto eu pareço arrogante, mas o cientista referência do PT e das esquerdas em geral está errado.

    Quem dera tivessem nos “venezuelizando”..

    Nós temos que evoluir muito para chegar perto da Venezuela.

    Eles tem uma democracia por lá.

    Reelegeram seu presidente dentro (contexto) de uma Assembleia Nacional Constituinte, enquanto nós estamos sendo empurrados para a barbárie.

    Esse textão meu aqui explica melhor esse ponto de vista: https://jornalggn.com.br/blog/jruiz/todos-os-dias-quando-acordo-nao-tenho-mais-o-tempo-que-passou

  7. Conciliação nunca mais !

    Singer ainda tem a desfaçatez de afirmar: ” [assim] fica difícil conciliar”.  O PT não aprendeu nada até agora ? Ainda estão tentando CONCILIAR ?

    Será que os milhões de mortos e mutilados da II Guerra não serviram pra nada ?

    Por que é tão difícil compreender que com os fascistas  não tem diálogo ?

    1. Entendi que ele se posicionou
      Entendi que ele se posicionou contra a conciliação, uma vez que essa via se mostrou um fracasso a partir do momento em que a elite optou pelo golpe, descartando o voto.

  8. O PT tentou a conciliação e

    O PT tentou a conciliação e tomou uma facada nas costas da elite.

    A direita não quer conciliação de classes, eles querem mesmo é guerra de classes e pode acreditar que a terão. Já passamos do ponto de retorno para isso. Sorte nossa que os imbecis não sabem que a grande maioria dos brasileiros é pobre… Quero ver as marias antonietas de Brasília tentanto sobreviver contra 160 milhões de barrigas roncando.

    A próxima década no Brasil será um tempo de muito sangue e sofrimento, para todos.

  9. Que diabo é venezuelização

    Que diabo é venezuelização para esses caras? Não consigo entender semelhante bestialógico. Até onde eu sei, na Venezuela está no poder já faz um bom tempo, políticos nacionalistas e tendentes ao Socialismo, é o que acontece na Venezuela. E no Brasil está acontecendo algo ao menos parecido? Nem com Lula estava nessas condições, embora Lula tenha sempre apoiado Hugo Chaves, inclusive quando um golpe da direita através dos militares venezuelanos com o EUA o prendeu e tentou derrubá-lo, mas foram derrotados, com a colaboração firme do Brasil. Dilma seguiu a mesma linha, no apoio a Maduro após a morte do Hugo Chaves. Nem nessa época havia venezuelização no Brasil. Será que querem se referir ao problema da grande polarização política da população? Se for isso, as últimas pesquisas no Brasil mostram que Lula e o PT têm o apoio de cerca de 40% do eleitorado, podendo ganhar até no primeiro turno da próxima eleição, se mantida pelos golpista, que estão com dificuldade para impedi-la. E diferentemente da Venezuela, o outro lado, aqui composto por Bolsonaro, que é golpista de primeira hora e viúva da ditadura de 1964, que até aqui corre em faixa isolada, mais quinze pré-candidatos ligados ao golpe, e os de sempre, muitos dizendo-se de esquerda, mas sem um prontuário que demonstre alguma participação efetiva nesse campo. É melhor arranjar outro termo, porque não dá nem no sentido político e econômico do que acontece na Venezuela, nem muito menos na divisão política dos participantes do drama daquele país vizinho, sitiado pelos EUA, que apoia a oposição e impõe restrições econômicas, tudo como desculpas por estar de olho no petróleo venezuelano, onde se encontram uma das maiores reservas de petróleo do mundo. Aqui, enquanto todos esses que querem o lugar de Lula, e direta ou indiretamente permitem que seja mantido preso (só faltam rezar para que assim permaneça), chegando ao ridículo de culpar Lula e o PT, por manter Lula candidatíssimo como é de seu desejo, por não haver uma união da esquerda (que esquerda?), que aí, sim seria a dita venezuelização, estabelecendo dois fortes polos de disputa do poder. Levem a mal, não, a solução é Lula livre, Lula, lá, mesmo debaixo de pau, como tem acontecido na Venezuela, dando-se o mesmo por aqui, lá e cá com muito quinta coluna..

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